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CAPÍTULO VINTE E CINC O: A JORNADA ATRAVÉS DE IOWA


CAPÍTULO VINTE E CINCO

A JORNADA ATRAVÉS DE IOWA

QUANDO OS SANTOS cruzaram o rio Mississipi e entraram em Iowa, deram início à procura de um lar onde poderiam edificar o reino de Deus sem opressão. O caminho para esse novo refúgio não era fácil; exigiu esforço, sacrifício e vidas. A primeira parte da jornada — a travessia do território de Iowa — foi a mais difícil. A parte principal do “Acampamento de Israel” levou 131 dias para cruzar quase quinhentos quilômetros através de Iowa. A Companhia Pioneira, um ano depois, levou apenas 111 dias para cobrir quase 1700 quilômetros de Winter Quarters até o vale do Grande Lago Salgado. Falta de preparo, ausência de guias experientes, atrasos, tempo ruim e terreno difícil tornaram a jornada através de Iowa uma das mais árduas da história da Igreja. Apesar disso, aquelas pessoas corajosas não conheciam a palavra fracasso. A jornada através de Iowa simplesmente fortaleceu-lhes a determinação e proporcionou importante experiência para o futuro.

A JORNADA TEM INÍCIO EM MEIO À TRISTEZA

Os primeiros carroções partiram de Nauvoo em direção à balsa em 4 de fevereiro de 1846. Assim que atravessaram o Mississipi, abriram uma trilha de aproximadamente quinze quilômetros até Sugar Creek, onde acamparam e esperaram a chegada de Brigham Young. Durante o mês de fevereiro, mais de três mil pessoas cruzaram o rio sob a direção de Hosea Stout, capitão da polícia de Nauvoo, e reuniram-se em Sugar Creek.

Partir de Nauvoo foi um ato de fé para os santos. Eles partiram sem saber exatamente para onde iam e quando chegariam a um lugar próprio para estabelecerem-se. Sabiam apenas que estavam prestes a serem expulsos de Illinois por seus inimigos e que seus líderes haviam recebido a revelação de procurarem um local de refúgio em algum lugar entre as Montanhas Rochosas.

Apesar do tempo primaveril facilitar a partida apressada de Nauvoo, logo as condições climáticas pioraram, o que provou ser tanto um estorvo quanto uma bênção para o êxodo precoce. Nevou no dia 14 de fevereiro, e no dia 19 de fevereiro um vento nordeste fez cair vinte centímetros de neve, numa noite muito fria, causando “muito sofrimento no acampamento, pois havia muitos sem barracas ou um local confortável para abrigarem-se; muitas barracas foram carregadas pelo vento, algumas delas estavam incompletas e não tinham paredes”.1Depois que Brigham Young partiu de Nauvoo e cruzou o rio para a margem de Iowa, a lama tornou-se tão profunda que suas juntas tiveram que ser dobradas para puxar os carroções morro acima, até o acampamento de Sugar Creek.2Uma semana depois, a temperatura caiu vertiginosamente, e o rio Mississipi congelou, apressando a saída de Nauvoo, pois muitos santos puderam atravessar o rio por cima do gelo. Devido ao frio intenso, porém, muitas pessoas, inclusive Brigham Young e Willard Richards, ficaram doentes em Sugar Creek. Além disso, muitas mulheres deram à luz no frio acampamento provisório. Elas e seus bebês recém-nascidos foram os que mais sofreram com o frio, o vento e a neve.

A falta de alimentos também provocou sofrimento entre os santos que partiam. Desejando estar com seus líderes, muitos deixaram de seguir o conselho de prepararem-se antes de partir. Brigham Young, Heber C. Kimball e alguns outros haviam partido de Nauvoo com provisões para um ano, mas a maioria das pessoas tinha bem pouca comida. Essa falta de preparação fez com que alguns que haviam levado provisões e estavam dispostos a compartilhar esgotassem seus suprimentos em poucas semanas. O Presidente Young tinha a assoberbante responsabilidade de ser um pai para todos. Um dos registros de seu diário expressa seu desânimo: “A menos que as pessoas sejam mais unidas em espírito e parem de orar por aquilo que foram aconselhadas a evitar, isso vai causar-me a morte. Emagreci tanto que o casaco que quase não me servia no último inverno agora tem uma folga de quase trinta centímetros. É com muito esforço que consigo deixar de lado o desejo de deitar-me e dormir para esperar a ressurreição”.3

Apesar das árduas condições, havia alguns momentos de alegria no acampamento. Quase todas as noites a banda de metais de William Pitt tocava grandes marchas populares, polcas e galopes da época. As pessoas dançavam em volta das fogueiras ao som da rabeca, entoando suas canções favoritas e outras que compunham especialmente para a ocasião. Uma delas era “O Norte da Califórnia”:

Ó norte da Califórnia — é o melhor lugar para mim!
Entre montanhas altaneiras e o oceano sem fim
Nessa terra os santos terão prosperidade
E provarão o doce sabor da liberdade.
No norte da Califórnia — é o melhor lugar para mim!4

O Norte da Califórnia referia-se a uma grande região de limites imprecisos pertencente ao México, que abrangia a maior parte dos atuais Estados de Utah, Colorado, Nevada e Califórnia.

Brigham Young escreveu que os santos “eram pacientes e suportavam todas as provações sem reclamar”. Um mês depois, ele acrescentou: “Não creio que, desde os dias de Enoque, tenha havido um grupo de pessoas como este, que tenha sido forçado a suportar condições de vida tão difíceis quanto as enfrentadas por este povo, com tão poucas reclamações; e fiquei contente em saber que o Senhor estava satisfeito com a maioria do Acampamento de Israel”.5

O ACAMPAMENTO DE ISRAEL MARCHA PARA OESTE

Os santos não começaram a deixar o acampamento em Sugar Creek até 1º de março de 1846. Os últimos sete a dez dias foram em grande parte utilizados no debate dos planos de viagem e na organização da ordem de marcha. Desde o início, o corpo principal dos santos era conhecido como “Acampamento de Israel” e Brigham Young era seu presidente. Assim como na antiga Israel, havia companhias e capitães de cem, de cinqüenta e de dez. Nos dois anos seguintes, mais paralelos com o Velho Testamento foram estabelecidos, exemplificados por expressões comoSião será firmada no cume dos montes, povo escolhido, êxodo, monte Pisga, rio Jordão, Mar Morto, fazer o ermo florescer como a rosa e Moisés moderno, referindo-se à pessoa de Brigham Young.

Parte do atraso na partida dos santos deveu-se à preocupação de escolher a melhor rota de viagem através de Iowa. O leste de Iowa havia sido aberto para colonização a partir da Guerra com os Índios de 1830–1832, mas depois de 160 quilômetros a oeste do rio Mississipi a região era esparsamente povoada, havendo poucas estradas, que eram de má qualidade. Além disso, havia muitos rios e riachos a serem cruzados. O acampamento também teve que decidir onde cruzar o rio Missouri. Os santos queriam evitar passar pelo Estado de Missouri, onde ainda havia antagonismo contra os mórmons.

Quando os santos retomaram sua marcha, planejavam chegar a Missouri na metade de abril, plantar alguns hectares ao longo do caminho para os que viessem depois, estabelecer uma parte do grupo em algum lugar a oeste de Missouri numa fazenda ou posto temporário para os viajantes futuros e enviar uma companhia ligeira para as montanhas com sementes que seriam plantadas para a colheita da primavera. Uma Companhia Pioneira liderada por Stephen Markham foi enviada à frente para escolher as melhores rotas, localizar postos de troca, construir pontes e fazer outros preparativos.

Três problemas fundamentais, porém, dificultaram o progresso dos santos em Iowa. O primeiro foi a falta de suprimentos adequados. Cada companhia tinha dois agentes responsáveis pelos suprimentos que tinham a tarefa de entrar em contato com os moradores locais e negociar a compra de alimentos e provisões. Devido à falta geral de provisões, muitos homens procuraram trabalho nas cidades do leste de Iowa para pagar os suprimentos necessários. A banda de metais de William Pitt apresentou-se em concertos formais em muitas comunidades de Iowa para arrecadar fundos. Como havia grande número de homens trabalhando em vez de conduzindo os carroções, o avanço era dolorosamente lento. Isso explica por que a maior parte do acampamento parava por quase três semanas em Richardson’s Point, a apenas noventa quilômetros de Nauvoo. Brigham Young tinha cruzado apenas metade do caminho através de Iowa quando, devido a sua generosidade, as provisões de sua família esgotaram-se. Os outros Apóstolos encontravam-se na mesma situação.6Em 24 de março, Hosea Stout relatou que metade de seus homens estavam sem mantimentos. E o problema piorou antes de chegarem ao rio Missouri.

O segundo problema foi a desorganização do acampamento, que se espalhava por quilômetros através do leste de Iowa. Vários homens a cavalo mantiveram-se atarefados no trabalho de levar mensagens entre os líderes das companhias separadas. Exasperado com a desordem e o espírito aventureiro, independente e competitivo de pessoas como o bispo George Miller, Brigham Young considerou necessário estabelecer um controle mais rígido sobre o acampamento. Ele exigiu obediência estrita e cooperação e enviou uma carta de repreensão aos que estavam muito adiante do restante do acampamento, ordenando-lhes que retornassem para um conselho.

Parley P. Pratt, que estava com Miller, foi severamente repreendido junto com os outros. O que se seguiu demonstrou que o Espírito estava inspirando Brigham Young. Parley P. Pratt disse: “Quanto ao bispo Miller, que liderava e trabalhava ativamente em nosso acampamento, ele deixou-nos e seguiu seu próprio caminho, recusando-se a ser liderado pelos conselhos da Presidência; e mudou-se para o Texas. Gostaria de acrescentar que, apesar de meus próprios intentos serem puros, o quanto conheço de meu próprio coração, apesar disso agradeço ao Senhor pela oportuna repreensão. Aprendi com ela, que me motivou a ser mais cuidadoso e atento no futuro”.7

Em 26 de março, às margens do rio Chariton, Brigham Young e Heber C. Kimball reagruparam o acampamento em três companhias de cem famílias. Apesar de a viagem tornar-se mais ordenada daí por diante, a organização melhorada não conseguiu superar o terceiro e mais difícil problema de todos: o clima úmido da primavera. O degelo repentino, a chuva quase constante, os riachos transbordantes, a lama interminável e o vento violento retardaram o progresso. O comentário de Brigham Young no final de março, de que haviam passado o dia inteiro na lama, “que tinha quase dez quilômetros de extensão”, ilustra os efeitos do degelo e das chuvas de primavera, que havia deixado as estradas e os locais de acampamento um brejo.8Os diários dos santos mostram que choveu e nevou por pelo menos onze dias em março, a partir do dia dez. O tempo continuou a piorar em abril, e choveu e nevou metade do mês, inclusive toda a última semana. Tantos carroções atolaram na lama que a viagem ficou reduzida a menos de um quilômetro por dia.

Tiveram um dia particularmente ruim em 6 de abril. Hosea Stout disse: “Foi uma das manhãs mais escuras e chuvosas, apesar do dia claro que tivemos ontem. (…) Este dia foi o pior de todos os de nossa viagem. A estrada estava pior que já testemunhei, subindo e descendo encostas através de atoleiros com enormes sulcos cheios de água e profundos charcos, a chuva caía torrencialmente e os rios transbordavam. Os cavalos às vezes afundavam até ficar com o ventre na água e os animais estacavam quando tinham que descer uma ladeira. Trabalhávamos e esforçavamo-nos por mais da metade do dia e tínhamos que abandonar alguns de nossos carroções e dobrar as parelhas para conseguirmos avançar”. Naquela noite, depois que a maioria do acampamento estava adormecida, o vento começou a soprar. Hosea não havia prendido sua barraca com cordas e “tive que levantar do leito para segurar a barraca por muito tempo no vento e na chuva, que me fustigaram até deixar-me encharcado, mas não podia largá-la pois caso contrário seria carregada pelo vento”. Ele ficou ali até que outros irmãos foram ajudá-lo.9

Eliza R. Snow escreveu que o vento era “um perfeito vendaval acompanhado de chuva torrencial — e muitos de nossos abrigos foram derrubados e a cobertura dos carroções escaparam por pouco de ser destruída pelos elementos”.10Os cansados viajantes acordaram na manhã seguinte para enfrentar um pouco mais de neve, uma leve geada e a cheia do rio. Por estarem com as roupas e os leitos encharcados, estando a temperatura muito baixa, sua jornada tornou-se ainda mais difícil devido a doenças freqüentes e mortes ocasionais.

Em 15 de abril, o acampamento chegou a Locust Creek, próximo à fronteira atual entre os Estados de Iowa e Missouri. William Clayton, frustrado com o lento progresso do acampamento e com o fardo de cuidar de uma grande família, recebeu com alegria a notícia de que uma de suas esposas, Diantha, que havia permanecido em Nauvoo para cuidados e segurança, tinha dado à luz um menino saudável. Ele então compôs um novo hino de louvor ao Senhor, intitulado “Tudo Vai Bem” (hoje conhecido como “Vinde ó Santos”), que tornou-se o hino de muitos pioneiros mórmons que posteriormente cruzaram as planícies até o vale do Lago Salgado.

“Vinde, ó santos, sem medo ou temor;
Mas alegres andai.
Rude é o caminho ao triste viajor,
Mas com fé caminhai.
É bem melhor encorajar
E o sofrimento amenizar;
Podeis agora em paz cantar:
Tudo bem! Tudo bem!

(…) 

Sem aflição, em paz e sem temor,
Encontramos um lar.
Hoje, libertos do pesar e dor,
Vamos todos cantar.
Partindo de nosso coração
Bem alto e com resolução
O nosso glorioso refrão:
Tudo bem! Tudo bem! 11

Como continuasse a chover, enchendo ainda mais o riacho Locust Creek, os líderes da Igreja começaram a rever seus planos. Os angustiantes atrasos, o sofrimento dos viajantes, a precária condição de seus animais, o preço extremamente alto dos cereais, a falta de conserto para seus carroções e equipamentos, a comida que rapidamente se esgotava e nenhuma perspectiva de melhoria das condições climáticas contribuíram para a reavaliação do curso a ser tomado pelos santos. O sonho de chegarem às Montanhas Rochosas naquele ano aos poucos foi se desfazendo.

O ESTABELECIMENTO DE PONTOS DE PARADA E O AVANÇO PARA MISSOURI

Em Locust Creek, os líderes da Igreja delinearam em espírito de oração um novo plano de estabelecer fazendas ou pontos de parada ao longo da rota para oeste. Em 24 de abril, os pioneiros deram o nome de Garden Grove à região localizada a quase cem quilômetros de Locust Creek e na metade do caminho através de Iowa. Em três semanas, eles limparam 289 hectares de capim bravo da pradaria, construíram cabanas e estabeleceram uma pequena comunidade. Um sumo conselho foi chamado para cuidar tanto dos assuntos da Igreja quanto cívicos, e duzentas pessoas foram designadas a fazer melhoramentos no primeiro ponto de parada.

Garden Grove não tinha suficiente madeira para acomodar todas as companhias que logo chegariam de Nauvoo, por isso os irmãos enviaram batedores para explorar a região. Parley P. Pratt localizou algumas colinas cobertas de grama coroada com belos bosques, a 40 quilômetros ao noroeste de Garden Grove. Ele ficou extremamente contente. Referindo-se às montanhas de onde Moisés viu a terra prometida, Parley exclamou: “Este é o Monte Pisga” 12

Poucos dias depois, Brigham Young chegou e imediatamente organizou um segundo ponto de parada em Mount Pisgah. Outro sumo conselho foi designado, e vários milhares de hectares foram cercados, plantados e cultivados em mutirão. Um dos novos líderes, Ezra T. Benson (bisavô do décimo terceiro Presidente da Igreja), declarou: ‘Este é o primeiro lugar em que meu coração teve o desejo de permanecer, desde que partimos de Nauvoo”.13Em pouco tempo, Mount Pisgah superou Garden Grove em tamanho e importância. Os dois locais, porém, foram importantes pontos de parada de pioneiros, entre 1846 e 1852.

No dia primeiro de junho de 1846, uma companhia de vanguarda, que incluía alguns membros dos Doze, partiu de Mount Pisgah em direção ao rio Missouri. Apesar de estarem dois meses atrasados em relação ao cronograma original, os líderes da Igreja ainda tinham a esperança de que uma companhia expressa conseguiria chegar às Montanhas Rochosas no outono. Levaram apenas quatorze dias para cobrir os mil e seiscentos quilômetros finais até a região de Council Bluffs, junto ao rio Missouri, em parte porque encontraram trilhas secas e muito capim. Sedes temporarias foram estabelecidas em Mosquito Creek, nas terras dos índios pottawattomies. Descobriram que sua primeira tarefa seria preparar embarcadouros para que uma balsa pudesse transportar os carroções para o outro lado do rio Missouri. Isso foi feito em apenas duas semanas.

Apesar disso, duas questões permaneciam sem resposta. Onde os santos passariam o inverno junto ao rio Missouri, uma vez que ainda se encontravam em terras indígenas? E havia ainda tempo para que alguns dos Apóstolos e outras pessoas se apressassem para chegar ao oeste antes da chegada das tempestades de inverno. A segunda questão ficou resolvida depois de consultarem o capitão James Allen, do exército dos Estados Unidos, que chegou no dia 1º de julho para formar um batalhão de soldados mórmons. Com a perda de tantos homens para o batalhão, a migração para oeste foi adiada em um ano.

O RECRUTAMENTO DO BATALHÃO MÓRMON

Em 1845, os Estados Unidos anexaram o Texas, provocando a ira do México, que ainda reivindicava a posse de grande parte do território do Texas. Tropas mexicanas e a cavalaria dos Estados Unidos tiveram um confronto em 24 de abril de 1846, mas o Congresso somente declarou guerra em 12 de maio de 1846. Os expansionistas americanos estavam excitados com a guerra porque ela oferecia uma oportunidade de obterem terras que se estendiam até o oceano Pacífico. O próprio Presidente James K. Polk era um expansionista e incluiu em seus objetivos de guerra a ocupação do Novo México e do norte da Califórnia. O exército dos Estados Unidos no oeste recebeu a incumbência de conquistar esse vasto território.15

A guerra com o México aconteceu exatamente quando os santos dos últimos dias estavam pedindo ajuda a Washington, D. C., para mudarem-se para o oeste. Antes de partir de Nauvoo, Brigham Young pediu ao Élder Jesse C. Little que presidisse a Igreja no leste e que fosse à capital do país com um pedido de ajuda. O Élder Little foi auxiliado por seu amigo de vinte e quatro anos, Thomas L. Kane, filho de John Kane, um importante juiz federal e associado político do Presidente Polk. Thomas havia trabalhado com o pai como secretário de justiça e por isso era bem conhecido em Washington. Juntos, Little e Kane negociaram com autoridades do governo contratos de construção de casas de alvenaria e fortes ao longo da trilha do Oregon, mas a guerra com o México proporcionou uma oportunidade melhor para que os santos e o governo se ajudassem mutuamente.16

Por insistência de Kane, o Élder Little sugeriu em uma carta enviada ao presidente Polk que apesar de os santos serem americanos leais, a recusa do governo em ajudá-los poderia “forçá-los a procurar ajuda de estrangeiros”.17Polk não queria que os santos aderissem aos interesses britânicos no território do Oregon nem antagonizassem os voluntários de Missouri do exército do oeste, por isso, após várias conversas com o Élder Little, ele autorizou o recrutamento de quinhentos voluntários mórmons depois que os santos chegassem à Califórnia. Desse modo, ele poderia manter a lealdade dos santos sem antagonizar os anti-mórmons. Mas quando o secretário de guerra William Marcy escreveu ao coronel Stephen W. Kearny em Fort Leavenworth, Polk aparentemente havia mudado de idéia, porque Kearny foi autorizado a alistar imediatamente um batalhão mórmon. No final de junho, Kearny enviou o capitão James Allen aos acampamentos mórmons no sul de Iowa para recrutar voluntários.

O capitão Allen dirigiu-se primeiramente à nova comunidade mórmon de Mount Pisgah. Ali, ele encontrou ferrenha oposição ao plano. O Élder Wilford Woodruff, a caminho de reunir-se com os outros Apóstolos que estavam junto ao rio Missouri, tinha suas suspeitas. Ele escreveu: “Eu tinha minhas razões para acreditar que fossem espiões e que o Presidente não tivesse participado dessa decisão. Mas nós os tratamos com civilidade e enviamo- los para Council Bluffs a fim de expor o caso perante o Presidente”.18

Os mensageiros enviados pelo Élder Woodruff avisaram Brigham Young a respeito da missão do capitão Allen, dois dias antes de sua chegada a Council Bluffs. Antes de recebê-lo, Brigham Young, Heber C. Kimball e Willard Richards reuniram-se às pressas na barraca de Orson Pratt, onde “decidiram que seria melhor encontrar o capitão Allen pela manhã e deixar que recrutasse os homens necessários”.19O Presidente Young concluiu que o pedido de Allen deveria ser resultado das negociações do Élder Little. Os líderes da Igreja também reconheceram que o pedido de homens mórmons proporcionaria a oportunidade de conseguirem o dinheiro de que necessitavam tão desesperadamente para continuar o êxodo e também uma justificativa para estabelecerem comunidades temporárias em território indígena. Durante as negociações, o capitão Allen assegurou à Igreja que poderiam permanecer em território indígena durante o inverno.

Depois de Allen ter recrutado homens em Council Bluffs, o Presidente Young falou aos santos e tentou limpar-lhes a mente de preconceitos contra o governo federal. Ele disse: “Supondo que fôssemos aceitos na União como Estado e o governo não nos convocasse, iríamo-nos sentir rejeitados. Que os mórmons sejam os primeiros homens a colocar os pés no solo da Califórnia. (…) Esta é a primeira proposta que recebemos do governo que nos trará algum benefício”.20Em 3 de julho, Brigham Young, Heber C. Kimball e Willard Richards foram até o leste recrutar mais homens. Antes de sua chegada a Mount Pisgah, todos os santos dos últimos dias eram contrários à empreitada, mas depois de vários discursos de convocação, muitos homens capazes se apresentaram.

O recrutamento continuou até 20 de julho, um dia antes da partida do batalhão para Fort Leavenworth. Em três semanas, foram organizadas cinco companhias de cem homens. Thomas L. Kane e Jesse C. Little chegaram ao rio Missouri e asseguraram aos santos de que não havia qualquer estratagema maléfico por trás do pedido do governo. Os líderes da Igreja prometeram cuidar e suster as famílias dos voluntários. Brigham Young escolheu os oficiais de cada companhia e aconselhou-os a serem como um pai para o restante dos homens. Ele também aconselhou os voluntários a serem soldados fiéis, a guardarem os mandamentos e a seguirem o conselho de seus líderes. Ele prometeu que caso se comportassem devidamente, não precisariam lutar. Um baile de despedida em honra do batalhão foi realizado em uma clareira às margens do rio Missouri na noite de 18 de julho, sábado. Ao meio-dia da terça-feira, 21 de julho, eles iniciaram sua histórica marcha.

O ESTABELECIMENTO DE WINTER QUARTERS

Após a partida do batalhão, devotou-se toda a energia para a procura de um lugar adequado no qual passariam o inverno. Mesmo antes da convocação do batalhão, Brigham Young havia chegado à conclusão de que a maioria dos santos deveriam estabelecer-se em Grand Island localizada no rio Platte. Era a maior ilha fluvial da América, com solo rico e muita madeira. Um empecilho, porém, era a presença de índios pawnees hostis na região. A chegada de Thomas L. Kane e Wilford Woodruff no acampamento na metade de julho modificou o plano de estabelecerem-se em Grand Island. Kane sugeriu que o Escritório Federal de Assuntos Indígenas iria intervir menos com os estabelecimentos mórmons em Missouri do que em outros locais mais a oeste.

Ao Élder Woodruff chegaram as tristes notícias de que Reuben Hedlock, que era temporariamente a autoridade presidente da Igreja na Inglaterra, estava desviando dinheiro originalmente destinado para ajudar a imigração para enriquecimento próprio. Além disso, o apóstata James J. Strang havia enviado Martin Harris à Inglaterra para trabalhar com as congregações de santos dos últimos dias. Se algo não fosse feito imediatamente, a Igreja acabaria enfrentando grandes perdas nas ilhas britânicas. O Élder Woodruff também reportou as condições dos santos de Nauvoo que eram pobres demais para viajar para oeste. No final de julho de 1846, os líderes da Igreja concluíram que um acampamento principal seria estabelecido na margem oeste do rio Missouri e outros acampamentos espalhados pelo oeste de Iowa. Além disso, Orson Hyde, Parley P. Pratt e John Taylor foram enviados à Inglaterra para resolver os problemas que a Igreja enfrentava naquele país.

Em agosto, exploradores identificaram um local temporário, conhecido como Cutler’s Park, cinco quilômetros a oeste do rio. Mas depois de negociações tanto com os chefes das tribos de índios otoe quanto com os índios omaha, os líderes da Igreja decidiram estabelecer o acampamento mais perto do rio. Uma boa área próxima a um local previsto para a construção de um embarcadouro de balsas foi escolhido no início de setembro e as pesquisas de terreno começaram. No final do mês, uma cidade de 820 lotes havia sido demarcada e alguns lotes foram reservados. Winter Quarters, como os irmãos chamaram a comunidade, havia sido criada.

O RESGATEDOS “SANTOS POBRES” DE NAUVOO

Mais de dois mil santos partiram de Nauvoo na metade de março de 1846, e centenas mais partiram em abril e maio. Muitos, porém, permaneceram na cidade. Antes de partir, o Presidente Young havia designado três homens — Joseph L. Heywood, John S. Fullmer e Almon W. Babbitt — para agirem como curadores legais para a venda de propriedades particulares e da Igreja, pagar as dívidas e obrigações mais urgentes, e cuidar da partida em segurança daqueles que inevitavelmente seriam deixados para trás. Ele também designou Orson Hyde a supervisionar a conclusão e a dedicação do Templo de Nauvoo.

Os trabalhadores do templo terminaram sua designação no final de abril, e o edifício sagrado foi preparado para a dedicação. Wilford Woodruff chegou de sua missão na Inglaterra a tempo de participar da cerimônia. Em 30 de abril, numa cerimônia dedicatória reservada, Joseph Young proferiu a oração dedicatória. Orson Hyde, Wilford Woodruff e cerca de vinte outros homens vestidos com as roupas do templo dedicaram a casa do Senhor.

Wilford Woodruff recorda: “Apesar das muitas falsas profecias de Sidney Rigdon e outras pessoas de que não terminaríamos o telhado nem concluiríamos a casa e as ameaças das turbas de que não a dedicaríamos, conseguimos fazer todas essas coisas”.21

No dia seguinte, 1º de maio de 1846, Orson Hyde proferiu a oração na dedicação pública. Os Élders Hyde e Woodruff partiram então para Iowa a fim de reunirem-se com o restante dos Doze.

Quando os opositores da Igreja perceberam que nem todos os santos partiriam de Nauvoo no verão, a perseguição reiniciou. Homens e mulheres que colhiam trigo foram atacados e alguns gravemente espancados. Esse tipo de abuso durou todo o verão e o início do outono de 1846.

Enquanto isso, o Quórum dos Doze Apóstolos decidiu vender o Templo de Nauvoo para levantar fundos para equipar os santos que permaneceram em Nauvoo. Todas as tentativas de vender o edifício fracassaram. Na metade de agosto, menos de mil e quinhentos santos ainda permaneciam em Nauvoo, alguns deles recém-conversos do leste que haviam chegado tarde demais para unirem-se às primeiras companhias. A maioria havia esgotado suas economias para chegar a Nauvoo e sua única esperança de viajar para o oeste estava nos líderes da Igreja.

Na segunda semana de setembro, os anti-mórmons estavam decididos a expulsar os santos de Nauvoo. Aproximadamente oitocentos homens equipados com seis canhões prepararam-se para sitiar a cidade. Os santos e alguns dos novos cidadãos, num total de 150 homens aptos, prepararamse para defender a cidade. A Batalha de Nauvoo teve início em 10 de setembro, tendo sido disparados alguns tiros. Durante os dois dias seguintes houve alguns pequenos confrontos. Um contra-ataque vigoroso liderado por Daniel H. Wells salvou o dia, mas houve baixas em ambos os lados. A batalha continuou no dia seguinte, que era domingo.

Em 16 de setembro, o “comitê de Quincy”, que havia ajudado a manter a paz nos meses anteriores, intercedeu novamente. Os santos foram obrigados a render-se incondicionalmente, a fim de salvar a vida e ter a chance de fugir atravessando o rio. Apenas cinco homens e suas famílias receberam permissão de ficar em Nauvoo para vender as propriedades. Todos os que puderam cruzaram o rio rapidamente sem levar mantimentos nem roupas extras. Por fim, o populacho invadiu a cidade, saquearam as casas e profanaram o templo. Alguns santos que não conseguiram escapar a tempo foram espancados e jogados no rio pelo populacho.

Campos de refugiados de quinhentos a seiscentos homens, mulheres e crianças despojados de tudo, inclusive os que haviam sido deixados por estarem muito doentes para viajar, espalharam-se ao longo de três quilômetros das margens do rio acima de Montrose, Iowa. A maioria das pessoas tinha apenas cobertores ou cabanas de galhos de árvores como abrigo e pouco além de milho cozido ou torrado para comer. Algumas pessoas morreram. O bispo Newel K. Whitney comprou um pouco de farinha e distribuiu entre os pobres dos acampamentos. Os curadores da Igreja visitaram cidades ao longo do rio, inclusive St. Louis, pedindo dinheiro e mantimentos para os refugiados, mas devido a preconceitos religiosos conseguiram arrecadar apenas cem dólares.

Em 9 de outubro, quando a comida estava particularmente escassa, grandes bandos de codornas voaram para o acampamento e pousaram no chão e até nas mesas. Muitas delas foram apanhadas, cozidas e comidas pelos santos famintos. Para os fiéis, esse foi um sinal da misericórdia de Deus para com a moderna Israel, como um episódio semelhante da antiga Israel. (Ver Êxodo 16:13.)

Mesmo antes de tomar ciência da terrível situação dos santos de Nauvoo, os líderes da Igreja em Iowa haviam enviado uma missão de resgate. Assim que a notícia da Batalha de Nauvoo chegou a a Winter Quarters, uma segunda missão foi mobilizada. Brigham Young declarou:

“Que o fogo do convênio que fizeram na Casa do Senhor queime em seu coração, como uma chama inextinguível, até que vocês próprios ou representantes seus (…) [possam] erguer-se com suas equipes e ir sem demora buscar parte dos pobres de Nauvoo (…)

Este é um dia de ação e não de palavras”.22As equipes de resgate chegaram a tempo de salvar os santos da fome e do frio. Os santos pobres foram distribuídos pelos vários acampamentos do oeste de Iowa. Um pequeno grupo deles chegou até Winter Quarters.

ISRAEL NO DESERTO

Durante o outono de 1846, quase doze mil santos dos últimos dias em várias regiões do meio-oeste prepararam-se para o inverno da melhor maneira possível. A sede da Igreja ficava em Winter Quarters, em território indígena, onde quase quatro mil santos estavam morando no final do ano. Outros dois mil e quinhentos estavam acampados em terras dos índios pottawattomies, na margem leste do rio Missouri. Estima-se que setecentas pessoas estavam em Mount Pisgah, seiscentas em Garden Grove, pelo menos mil estavam espalhadas por outras regiões de Iowa e quinhentos estavam no Batalhão Mórmon, a caminho da Califórnia. Muitos santos reuniram- se para passar o inverno em cidades ao longo do rio Mississipi; a população mórmon de St. Louis cresceu para mil e quinhentas pessoas.23Nunca os membros da igreja haviam estado tão espalhados e encontravam- se em tal situação de penúria. A expressão “Israel no deserto” descrevia bem a difícil situação da Igreja durante o inverno de 1846–1847.

Mesmo sob essas condições, os irmãos presidentes tentaram prover um governo civil e eclesiástico adequados para os santos. Foram organizados sumos conselhos nos acampamentos principais para supervisionar os assuntos municipais e eclesiásticos. Em Winter Quarters, esse conselho chamava- se “sumo conselho municipal”. No início de outubro, Brigham Young dividiu Winter Quarters em treze alas, mas logo aumentou esse número para vinte e duas a fim de facilitar o cuidado dos membros da Igreja. Em novembro, o sumo conselho votou para que alas ainda menores fossem criadas e “que cada homem apto trabalhasse um em cada dez dias para ajudar os pobres ou pagasse o equivalente a seu bispo”.24Apesar de por meio desse acerto os bispos cuidarem principalmente das necessidades materiais das pessoas, ele foi um passo na direção da atual organização das alas da Igreja.

A fim de melhorar sua situação financeira, muitos dos santos acampados para o inverno faziam negócios com as comunidades do norte de Missouri e de Iowa, a fim de obter porcos, cereais, hortaliças e suprimentos para a viagem. Alguns rapazes procuraram ganhar dinheiro para pagar esses mantimentos. Os santos juntavam suas economias para o bem de todos.25

A doença e a morte assolaram os acampamentos dos santos. A partida apressada de Nauvoo no meio do inverno no ano anterior, a exaustiva jornada através de Iowa, as intermináveis tempestades de primavera, a escassez de mantimentos, a precariedade dos abrigos improvisados, o êxodo forçado dos pobres de Nauvoo e o ambiente pouco saudável das margens do rio, todas essas coisas provocaram doenças e mortes. Durante o verão, muitos viajantes contraíram doenças relacionadas à exposição aos elementos, como malária, pneumonia e tuberculose. A falta de verduras frescas provocou uma praga de escorbuto, que os santos chamavam de “cancro negro”. As doenças graves não respeitavam pessoas ou cargos, e muitos dos líderes, inclusive Brigham Young e Willard Richards, ficaram gravemente enfermos. Wilford Woodruff escreveu: “nunca vi os santos dos últimos dias em situação em que estivessem passando maiores tribulações ou definhando mais rapidamente do que agora”.27Mais de setecentas pessoas morreram nos acampamentos até o final do primeiro inverno.28

Mas nem tudo era tristeza, especialmente em Winter Quarters. A vida conseguia ser geralmente agradável, recompensadora e significativa. As reuniões da Igreja eram realizadas duas vezes por semana, e os discursos dos líderes elevavam o moral de toda a comunidade. Muitas reuniões de família eram realizadas também. Depois que grande parte do árduo trabalho de estabelecer a comunidade estava terminado, Brigham Young incentivou as alas a comemorar com banquetes e danças. As mulheres freqüentemente se reuniam em grupos para juntar alimentos, costurar, trançar palha, pentear os cabelos umas das outras, cerzir, lavar roupas e ler cartas.

Por todo o inverno de 1846–1847, outros preparativos foram feitos para continuar o êxodo para oeste. Apesar de a Igreja e seus membros terem sofrido mais do que se pode descrever no ano anterior, os santos ainda tinham grandes esperanças no futuro. Muito do que foi aprendido em 1846 renderia enormes dividendos no futuro.

NOTAS

  1. Willard Richards, History of the Church, 7:593.

  2. Ver Juanita Brooks, ed., On the Mormon Frontier: The Diary of Hosea Stout, 1844–1861 (Salt Lake City: University of Utah Press, 1964), p. 123.

  3. Elden J. Watson, Manuscript History of Brigham Young, 1846–1847 (Salt Lake City: Elden Jay Watson, 1971), pp. 150–51.

  4. Thomas E. Cheney, ed., Mormon Songs from the Rocky Mountains, reprint ed. (Salt Lake City: University of Utah Press, 1981), p. 68.

  5. Watson, Manuscript History of Brigham Young, pp. 44, 131.

  6. Ver “History of the Church,” Juvenile Instructor, 1º out. 1882, p. 293.

  7. Parley P. Pratt, ed., Autobiography of Parley P. Pratt, Classics in Mormon Literature series (Salt Lake City: Deseret Book Co., 1985), p. 307.

  8. Watson, Manuscript History of Brigham Young, p. 106.

  9. Brooks, On the Mormon Frontier, p. 149; ortografia e pontuação corrigidos.

  10. Eliza R. Snow, “Pioneer Diary of Eliza R. Snow,” Improvement Era, Abr. 1943, p. 208; spelling standardized.

  11. “Vinde, ó Santos”, Hinos, no. 20.

  12. Pratt, Autobiography of Parley P. Pratt, p. 308.

  13. Journal History of The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints, 16 jul. 1846, Historical Department, Salt Lake City, p. 21.

  14. John R. Young, Memoirs of John R. Young, Utah Pioneer, 1847 1847 (Salt Lake City: Deseret News, 1920), p. 19.

  15. Este parágrafo baseia-se em James B. Allen e Glen M. Leonard, The Story of the Latter-day Saints (Salt Lake City: Deseret Book Co., 1976), pp. 225–26.

  16. Ver Allen e Leonard, Story of the Latter-day Saints, p. 227.

  17. Watson, Manuscript History of Brigham Young, p. 217; ver também B. H. Roberts, A Comprehensive History of The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints, Century One, 6 vols. (Salt Lake City: The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints, 1930), 3:72.

  18. Wilford Woodruff Journals, 26 jun. 1846, LDS Historical Department, Salt Lake City; pontuação e uso de maiúsculas corrigidos.

  19. Watson, Manuscript History of Brigham Young, p. 202.

  20. Watson, Manuscript History of Brigham Young, p. 205.

  21. Wilford Woodruff Journals, 30 abr. 1846; ortografia, pontuação e uso de maiúsculas corrigidos.

  22. Journal History of the Church, 28 set. 1846, pp. 5–6.

  23. Ver Richard Edmond Bennett, “Mormons at the Missouri: A History of the Latter-day Saints at Winter Quarters and at Kanesville, 1846–1852—A Study in American Overland Trail Migration,” Ph.D. diss., Wayne State University, 1984, pp. 173–175.

  24. Watson, Manuscript History of Brigham Young, (História Manuscrita de Brigham Young), p. 464.

  25. Baseado em Allen e Leonard, Story of the Latter-day Saints, p. 236.

  26. Hubert Howe Bancroft, History of Utah (História da Utah) (Salt Lake City: Bookcraft, 1964), p. 246.

  27. Wilford Woodruff Journals (Diários de Wilford Woodruff), 17–21 Nov. 1846.

  28. Bennett, “Mormons at the Missouri” (Os Mórmons no Missouri), pp. 280–292.

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pioneer parents burying a child

The Winter Quarters monument, located in Omaha, Nebraska, was dedicated 20 September 1936. The monument depicts the agony of pioneer parents burying a child. On the monument is the following inscription:

“That the struggles, the sacrifices and the sufferings of the faithful pioneers and the cause they represented shall never be forgotten. This monument is gratefully erected and dedicated by The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints.

“First Presidency: Heber J. Grant, J. Reuben Clark, Jr., David O. McKay.

“Sculptor, Avard Fairbanks, a descendant of pioneers buried here.”

Cronologia

Data

 

Evento Significativo

4 fev. 1846

Os santos começam a cruzar o rio Mississipi

1º mar. 1846

O Acampamento de Israel parte de Sugar Creek

26 mar. 1846

Reorganização do Acampamento de Israel junto ao rio Chariton

15 abr. 1846

O hino “Vinde ó Santos” é composto em Locust Creek

24 abr. 1846

Fundação de Garden Grove

16 maio 1846

Fundação de Mount Pisgah

14 junho 1846

A Primeira Companhia Pioneira chega ao rio Missouri

1º–20 jul. 1846

Recrutamento do Batalhão Mórmon

Set. 1846

Estabelecimento de Winter Quarters

Set. 1846

A Batalha de Nauvoo e a retirada dos santos pobres

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William Pitt

William Pitt, a British convert and all-around musician, was the leader of the Nauvoo brass band, both because he was well versed in music and because when he left England he took with him a large collection of music arranged for brass instruments. Pitt had a reputation as an excellent flutist, but he preferred the violin and other instruments. He was one of three members of the band to travel to the Salt Lake Valley with the original Pioneer Company.

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map of Iowa

Two important Mormon trails crossed Iowa. The northern trail was the route of the handcart companies in 1856. The pioneers of 1846 traversed the southern route. Most of the camp remained at Richardson’s Point for nearly two weeks to improve their organization during a spell of bad weather. Nevertheless, by the time they reached Chariton River, about one hundred miles west of Nauvoo, they had only averaged two to three miles per day, many people were widely scattered, and some had even returned to Nauvoo. A major reorganization was required.

The 1846 route hugged the Missouri border because of the proximity to civilization. Church leaders intended to cross northwestern Missouri to Banks Ferry, an important staging place for points west on the Missouri River. Hostile reaction from the Missourians led them to turn north again.

Further west, at Locust Creek, William Clayton composed the hymn “Come, Come, Ye Saints.” Garden Grove, one of two “permanent” settlements, was just about halfway across Iowa, being 144 miles west of Nauvoo and 120 miles east of the Missouri River. The Saints reached Garden Grove on 24 April, and on 18 May, Mount Pisgah was designated by Parley P. Pratt as the second permanent camp. Brigham Young celebrated his forty-fifth birthday there on 1 June 1846.

Nebraska

Iowa

Missouri

Illinois

Mormon Handcart Route (1856)

Mormon Pioneer Route (1846)

Missouri River

Winter Quarters (Florence in 1854)

Council Bluffs

Des Moines

Iowa City

Davenport

Mississippi River

Mount Pisgah

Garden Grove

Locust Creek Encampment

Chariton River Camp

Richardson’s Point

Sugar Creek

Nauvoo

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William Clayton

William Clayton (1814–79) was born in England and was among the first to accept the gospel there in 1837. He emigrated to Nauvoo in 1840, and his skills in writing and accounting were quickly recognized. In 1842 he became Joseph’s clerk and private secretary, and he served in similar capacities throughout his life.

He was the Nauvoo Temple recorder. In Utah he was treasurer of ZCMI, territorial recorder of marks and brands, and territorial auditor of public accounts. He is perhaps most noted for recording the revelation on plural marriage on 12 July 1843 and for writing “Come, Come, Ye Saints” near Corydon, Iowa.

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map of Iowa settlements

The first permanent camp established for the benefit of those to follow was Garden Grove. Samuel Bent, Aaron Johnson, and David Fullmer were called to preside over the settlement at Garden Grove.

John R. Young remembered, “They were instructed to divide the lands among the poor without charge; but to give to no man more than he could thoroughly cultivate. There must be no waste and no speculation.”14

Samuel Bent died in Garden Grove on 16 August 1846.

Missouri

Mount Pisgah

Garden Grove

Lewis

Red Oak

Grove City

Redfield

Adel

Des Moines

Rising Sun

Bridgewater

Spaulding

Osceola

Chariton

Corydon

Sewal

… botna River

Nodaway River

Grand River

Weldon River

Medicine Creek

Locust …

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monument at Mt. Pisgah

Mount Pisgah, the second permanent camp in Iowa, was established 18 May 1846 and presided over by William Huntington, Ezra T. Benson, and Charles C. Rich. Many of the Saints who left Nauvoo after Brigham Young caught up with the camp here, and part of the Mormon Battalion was recruited here.

Pisgah was maintained as a camp until at least 1852 and at its height had a population of over three thousand Saints. Noah Rogers, who had recently returned from a mission to the South Sea Islands, was the first to die and be buried here. Many others also died and were buried here. In 1886 the Church purchased the one-acre plot where the cemetery lay and in 1888 erected a monument to mark the site.

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Jesse C. Little

Jesse C. Little (1815–93) was serving in 1846 as president of the mission in the New England middle states. He left his family temporarily in the East and traveled to Nebraska, where he joined Brigham Young and the original Pioneer Company seventy miles west of Winter Quarters.

After entering the Salt Lake Valley, he returned to the East where he continued serving as a mission president until 1852, when he and his family went to Utah. In 1856 he was called to serve as second counselor to Edward Hunter in the Presiding Bishopric, a position he held until 1874.

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map of Missouri River settlements

This map shows the main Mormon settlements along the Missouri River in 1846–47. Grand Island was west along the Platte River. There were about twelve thousand Church members scattered throughout the country in 1846; approximately four thousand were in Winter Quarters.

Nebraska

Iowa

Elkhorn Camp

Cutler’s Park

North Mormon Ferry

Winter Quarters

Kanesville Tabernacle

Council Bluffs (Miller’s Hollow Kanesville)

Cold Spring Camp

Council Point

Camp of Mormon Battalion

Hyde Park

Middle Mormon Ferry

Omaha Indian Village

Otoe-Missouri Indian Village

Platte River

Missouri River

Otoe-Missouri Indian Village

South Mormon Ferry

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Jane Richards

Jane Richards (1823–1913) made the trek across Iowa late in 1846 without her husband, Franklin D. Richards, who was on his way to England. Franklin D. Richards was a high priest who would be called into the Quorum of the Twelve Apostles three years later. Jane’s little daughter, Wealthy, was ill and died at Cutler Park after weeks of incredible suffering. Sister Richards recounted the incident:

“A few days previously she had asked for some potato soup, the first thing she had shown any desire for for weeks, and as we were then travelling, we came in sight of a potato-field. One of the sisters eagerly asked for a single potato. A rough woman impatiently heard her story through, and putting her hands on her shoulders, marched her out of the house, saying, ‘I won’t give or sell a thing to one of you damned Mormons.’ I turned on my bed and wept, as I heard them trying to comfort my little one in her disappointment. When she was taken from me I only lived because I could not die.”26

Courtesy of Daughters of Utah Pioneers, Ogden, Utah

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Winter Quarters plat

Once the location for “winter quarters” was decided upon, the first necessity was to survey the site. The plat was laid out in forty-one blocks with 820 lots. Streets and spacing of buildings were properly supervised.

Turkey Creek

Missouri River

Cutler Street

Cahoon Street

Pratt Street

Woodruff Street

Russell Street

Smith Street

Joseph Street

Hyrum Street

Samuel Street

Carlos Street

Spencer Street

Hunter Street

Second Main Street

First Main Street

(Mormon Street)

Eldredge Street

Chase Street

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