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CAPÍTULO VINTE E DOIS: O MARTÍRIO


CAPÍTULO VINTE E DOIS

O MARTÍRIO

Desde quando começou seu ministério, o Profeta Joseph Smith sabia que talvez tivesse que morrer por sua religião. Enquanto traduzia o Livro de Mórmon, o Senhor prometeu-lhe a vida eterna se ele fosse “firme na obediência aos mandamentos que te dei; e se fizeres isto, eis que te concedo vida eterna, mesmo que sejas morto”. (D&C 5:22) Um mês depois o Senhor falou novamente a respeito de uma possível morte violenta. “E mesmo se vos fizerem o que fizeram a mim, bem-aventurados sereis, pois habitareis comigo em glória.” (D&C 6:30) Mas o Profeta também recebeu várias promessas de proteção com respeito a sua missão terrena. Vários anos mais tarde, na cadeia de Liberty, o Senhor prometeu-lhe: “Teus dias são conhecidos e teus anos não serão diminuídos; portanto não temas o que o homem possa fazer, pois Deus estará contigo para todo o sempre”. (D&C 122:9)

Em 1840, no leito de morte, seu pai prometeu-lhe: “‘Tu viverás para terminar tua obra’. Ao ouvir isso, Joseph ergueu a voz, chorando: ‘Ó, meu pai, viverei?’ ‘Sim’, respondeu o pai, ‘viverás para estabelecer o plano de toda a obra que Deus te designou’.”1Joseph Smith, atendendo ao sussurro do Espírito, corajosamente terminou sua missão, sofreu o martírio e qualificou-se para uma recompensa gloriosa; e assim as profecias foram cumpridas.

PRESSÁGIOS DE MORTE

Enquanto o Profeta continuava seu ministério durante o período de Nauvoo, ele sentiu cada vez mais fortes presságios do Espírito de que seu ministério na Terra estava chegando ao fim. Ele expressou esses sentimentos às pessoas mais próximas e ocasionalmente falou a respeito delas aos santos em geral. Para uma grande congregação no incompleto Templo de Nauvoo, em 22 de janeiro de 1843, Joseph falou do poder do sacerdócio ser usado para estabelecer o reino de Deus nos últimos dias. Ele explicou que a investidura do templo iria “preparar os discípulos para sua missão ao mundo”. Referindo-se a seu papel, Joseph declarou: “Compreendo minha missão e tarefa. O Deus Todo-Poderoso é meu escudo, e que pode o homem fazer se tenho Deus como amigo? Não serei sacrificado até que chegue minha hora. Então, serei oferecido de livre e espontânea vontade”.2

Uma das profecias mais diretas e tocantes a respeito do martírio de Joseph Smith foi feita ao Quórum dos Doze Apóstolos na primavera de 1844. Orson Hyde relembra essa ocasião: “Estávamos em conselho com o irmão Joseph quase diariamente por várias semanas. O irmão Joseph disse em um desses conselhos: Algo irá acontecer; não sei o que, mas o Senhor tem-me apressado a conceder-lhes sua investidura antes de o templo estar concluído. Ele conduziu-nos por todas as ordenanças do santo sacerdócio, e quando terminou, ficou muito alegre e disse: Agora mesmo que me matem vocês possuem todas as chaves e todas as ordenanças e podem conferi-las a outras pessoas, e nem as hostes de Satanás serão capazes de destruir o reino tão rapidamente quanto vocês serão capazes de edificá-lo”.3

Como todos, o Profeta desejava viver. Ele queria desfrutar a companhia de sua esposa, brincar com seus filhos, falar aos santos e conviver com pessoas boas. Apesar de saber que provavelmente morreria em breve, ele era um homem que amava a vida. Ele reunia-se freqüentemente com os santos, e alguns de seus melhores discursos foram proferidos semanas antes de seu martírio.

A CONSPIRAÇÃO CONTRA O PROFETA

Em nítido contraste com a retidão da maioria dos santos que moravam na próspera Nauvoo havia a apostasia que grassava em seu meio. William Law, segundo conselheiro de Joseph Smith, e seu irmão Wilson lideraram a conspiração contra o Profeta. Nos primeiros meses de 1844, seus seguidores aumentaram gradualmente a aproximadamente duzentas pessoas. Outros líderes inclusive os irmãos Robert e Charles Foster, Chauncey e Francis Higbee e dois homem influentes que não eram mórmons — Sylvester Emmons, membro do conselho municipal de Nauvoo, e Joseph H. Jackson, um notório criminoso.

No dia 24 de março de 1844, domingo, Joseph Smith falou no templo a respeito da conspiração, tendo acabado de receber essa notícia de um informante. Ele revelou alguns de seus inimigos e disse: “As mentiras que Higbee inventou e sobre as quais fundamentou sua obra, ele disse que eu cortei a cabeça de alguns homens em Missouri e que enfiei a espada no coração de pessoas que quis tirar de meu caminho. Não farei uma acusação juramentada contra eles, pois não temo qualquer um deles. Eles não assustariam nem um bando de galinhas”.4

Na conferência geral de abril, os conspiradores procuraram conseguir a queda do Profeta. Confiantes de que a maioria dos santos iria opor-se ao princípio do casamento plural, eles planejaram levantar o assunto na sessão de assuntos da Igreja da conferência. Estavam também preparados para argumentar que Joseph Smith era um profeta decaído, porque poucas ou nenhuma de suas profecias haviam sido publicadas nos meses anteriores. Em uma tentativa de impedir a ação dos conspiradores, o Profeta testificou no início da conferência que ele não era um profeta decaído, que nunca se sentira tão próximo de Deus como naquele momento e que mostraria aos presentes antes do final da conferência que Deus estava com ele.5No dia seguinte, ele falou durante duas horas na conferência, proferindo o que ficou conhecido como o Discurso King Follett. Naquela ocasião, os fiéis testemunharam a majestade de seu Profeta.

O CASO DO EXPOSITOR

Os líderes da conspiração foram divulgados no Times and Seasons e excomungados da Igreja. Como seus planos foram frustrados, os dissidentes decidiram publicar um jornal de oposição. A primeira e única edição de seu jornal, que ficou chamado de Nauvoo Expositor, surgiu em 7 de junho de 1844. Nesse jornal, Joseph Smith foi acusado de ensinar princípios indecentes, praticar prostituição, defender a assim chamada “esposas espirituais”, conquistar poder político, pregar que havia muitos deuses, blasfemar contra Deus e promover uma inquisição.

O conselho municipal reuniu-se em longas sessões no dia 8 de junho, sábado, e novamente na segunda-feira. Suspenderam um de seus integrantes, o que não era mórmon Sylvester Emmons, que era redator do Expositor, e falaram sobre a identidade dos editores e suas intenções. Usando o famoso jurista inglês William Blackstone como autoridade legal e examinando várias leis municipais, o conselho decidiu proibir a circulação do jornal como atentatório à ordem pública por difamar moradores da cidade. Além disso, argumentaram que se nada fosse feito para silenciar o jornal difamatório, os anti-mórmons seriam instigados a rebelarem-se e atacar.

Joseph Smith, o prefeito, ordenou ao oficial de justiça da cidade, John Greene, que destruísse a prensa, espalhasse os tipos e queimasse todos os exemplares restantes do jornal. A ordem foi cumprida no intervalo de horas. O conselho da cidade agiu legalmente para impedir um atentado à ordem, apesar de que a opinião legal da época permitisse apenas a destruição dos exemplares publicados do jornal difamatório. A demolição da oficina tipográfica foi uma violação dos direitos de propriedade.6

Depois da destruição da prensa, os editores seguiram imediatamente para Carthage e obtiveram uma ação legal contra o conselho municipal de Nauvoo acusando-o de instigar ações do populacho. Em 13 e 14 de junho, porém, Joseph Smith e outros membros do conselho foram libertados por um habeas corpus perante o tribunal municipal de Nauvoo. Isso deixou o público ainda mais exaltado. Além disso, apesar de Illinois ter testemunhado vinte destruições semelhantes de oficinas tipográficas nas duas décadas anteriores sem que fosse provocada tamanha reação, os inimigos da Igreja declararam que o incidente do Expositor era uma violação da liberdade de imprensa.

Essas ações estimularam grupos de cidadãos do condado de Hancock a pedir a expulsão dos santos de Illinois. Thomas Sharp veementemente expressou os sentimentos de muitos inimigos da Igreja, ao publicar em um artigo no Warsaw Signal: “A guerra e o extermínio são inevitáveis! Cidadãos, ERGUEI-VOS, TODOS VÓS!!! Como podeis suportar esses DEMÔNIOS DO INFERNO e permitir que roubem propriedades e direitos das pessoas sem exigir vingança? Não há tempo para comentários, cada homem fará o seu próprio! Que isso seja feito com PÓLVORA E BALAS!!!”7

A situação tornou-se tão perigosa que Joseph Smith escreveu ao governador Ford colocando-o a par das circunstâncias e anexando vários documentos que explicavam as ameaças feitas aos santos. Hyrum Smith escreveu a Brigham Young pedindo aos Doze e todos os outros élderes em missão política que retornassem imediatamente a Nauvoo. Hyrum declarou: “Sabe que não estamos com medo, mas acho melhor estarmos preparados e prontos para o que irá acontecer”.8Joseph mobilizou seus guarda-costas e a Legião de Nauvoo, e em 18 de junho colocou a cidade sob lei marcial. Enquanto isso, os cidadãos do condado de Hancock pediram ao governador Ford que mobilizasse a milícia estadual e levasse os ofensores de Nauvoo perante a justiça.

A excitação era tamanha que o governador Ford publicou uma carta aberta pedindo calma e depois foi a Carthage para neutralizar uma situação que ameaçava dar início a uma guerra civil.9Ele também escreveu a Joseph Smith insistindo que somente um julgamento dos membros do conselho municipal perante um juri não-mórmon, em Carthage, deixaria a população satisfeita. Ele prometeu completa proteção para os acusados se eles se entregassem. O Profeta não acreditava que o governador fosse capaz de cumprir sua promessa. Ele escreveu-lhe em resposta: “Fomos informados que foram emitidos mandados contra nós em várias partes do país. Por que motivo? Para arrastar-nos de um lado para o outro, de um tribunal a outro, através de riachos e pradarias, até que algum vilão sedento de sangue tenha a oportunidade de alvejar-nos. Não ousamos apresentar-nos.”10

Aconselhando-se com seus irmãos, Joseph Smith leu uma carta do governador que não parecia mostrar qualquer misericórdia para com eles, e pensaram no que fazer depois. Enquanto procurava encontrar uma solução para a situação, o rosto de Joseph iluminou-se, e ele declarou: “O caminho está aberto. Está claro em minha mente o que preciso fazer. Eles querem apenas Hyrum e eu; então digam a todos que prossigam com seus afazeres, não se reúnam em grupos, mas não se dispersem. … Cruzaremos o rio esta noite e fugiremos para oeste”.11Stephen Markham, um amigo íntimo do Profeta Joseph Smith, estava presente no conselho que durou toda a noite, tendo ouvido Joseph Smith dizer que “a voz do Espírito era para que ele fosse para o Oeste, entre os nativos e que levasse Hyrum e vários outros com ele, procurando um local para a Igreja”.12

Bem tarde da noite de 22 de junho de 1844, Joseph e Hyrum despediramse tristemente de suas famílias, e juntamente com Willard Richards e Orrin Porter Rockwell, cruzaram o rio Mississipi em uma canoa. O barco estava tão cheio de buracos e o rio tão cheio que levaram a maior parte da noite para chegar à outra margem. Bem cedo pela manhã, um grupo armado chegou a Nauvoo para levar Joseph e Hyrum presos, mas não os encontraram. O grupo voltou para Carthage, depois de ameaçar os cidadãos com a invasão de tropas se Joseph e Hyrum não se entregassem. Naquela mesma manhã, alguns dos irmãos que foram visitar Joseph reclamaram que as turbas expulsariam os santos de suas casas apesar da fuga de Joseph. O Profeta respondeu: “Se minha vida não tem qualquer valor para meus amigos, então também não tem valor para mim”. Joseph e Hyrum então fizeram planos de retornar a Nauvoo e entregarem-se para serem presos no dia seguinte.13

JOSEPH E HYRUM SEGUEM PARA CARTHAGE

Depois de voltar a Nauvoo, Hyrum realizou a cerimônia de casamento de sua filha Lovina com Lorin Walker. Essa pequena alegria precedeu a tristeza que se seguiria em breve. Joseph queria falar mais uma vez aos santos, mas não teve tempo para isso. Foi para sua casa encontrar-se com sua família, ciente de que provavelmente seria a última noite que passaria com eles.

Às 6h30 do dia 24 de junho, segunda-feira, Joseph, Hyrum, John Taylor e quinze outros membros do conselho municipal de Nauvoo partiram a cavalo para Carthage, acompanhados de Willard Richards e alguns outros amigos. O tempo tinha estado chuvoso por várias semanas, mas aquele dia amanheceu claro e ensolarado. Parando em frente ao terreno do templo, o Profeta olhou para o sagrado edifício depois para a cidade, então disse: “Este é o lugar mais agradável e estas são as melhores pessoas que existem sob o céu; mal sabem quais as tribulações que os aguardam”.14Para os santos reunidos ele disse: “Se eu não for para lá [Carthage], o resultado será a destruição desta cidade e seus habitantes; e não posso imaginar meus irmãos, irmãs e crianças sofrendo aqui em Nauvoo o mesmo que sofreram em Missouri; não, é melhor que seu irmão Joseph morra por seus irmãos e irmãs, pois estou disposto a morrer por eles. Minha obra está terminada”.15

Por volta das dez horas, o grupo chegou a uma fazenda que ficava a seis quilômetros e meio a oeste de Carthage, onde encontraram-se com uma companhia montada de sessenta integrantes da milícia de Illinois. O capitão Dunn apresentou a ordem do governador Ford de que todas as armas pertencentes ao estado em posse da Legião de Nauvoo fossem entregues. A pedido de Dunn, Joseph Smith concordou em voltar a Nauvoo para impedir que houvesse resistência. Joseph então enviou uma mensagem explicando seu atraso ao governador que estava em Carthage. Antes de voltar a Nauvoo, Joseph profetizou: “Vou como um cordeiro ao matadouro, mas estou calmo como uma manhã de verão. Para com Deus e os homens, tenho a consciência limpa. Se me matarem, morrerei inocente e meu sangue do solo clamará por vinagança, e ainda será dito de mim: ‘Foi assassinado a sangue-frio!’”.16

Ao regressar a Nauvoo, Joseph ordenou que três pequenos canhões e cerca de duzentas armas de fogo fossem entregues à milícia. Esse ato reviveu a lembrança dolorosa do desarmamento mórmon que precedeu o massacre de Missouri. O Profeta também teve outra oportunidade de despedirse de sua família. Ele partiu para Carthage às 18 horas.

Cinco minutos antes da meia-noite do dia 24 de junho, o capitão Dunn e sua companhia e sessenta homens montados da milícia de Augusta cavalgaram para Carthage com Joseph e Hyrum Smith e outros membros do conselho municipal de Nauvoo como prisioneiros voluntários. Joseph e Hyrum estavam cansados de tanto fugir, esconder-se e ser ameaçados de morte. Apesar disso, os dois irmãos eram figuras imponentes enquanto cavalgavam para a cidade: o Profeta, com trinta e oito anos, e Hyrum, com quarenta e quatro. Ambos mais altos do que a maioria dos outros homens.

Carthage estava em estado de euforia. Multidões de cidadãos e fazendeiros de todo o oeste de Illinois estavam festejando a prisão do profeta mórmon. Estavam ansiosos para ver os prisioneiros. Entre a turba estavam mais de mil e quatrocentos milicianos baderneiros, inclusive os Carthage Greys locais. Multidões rodavam pela cidade durante todo o dia, bebendo e fazendo algazarra. Queriam pôr as mãos nos irmãos Smith. Graças aos esforços do capitão Dunn, os prisioneiros foram levados em segurança para o hotel Hamilton House. Os Greys ainda gritavam que queriam ver Joseph Smith. Por fim, o governador pôs a cabeça para fora da janela e acalmou a multidão anunciando que o Sr. Smith seria conduzido perante as tropas no dia seguinte.

Bem cedo pela manhã do dia seguinte, Joseph e seu irmão entregaramse ao delegado David Bettisworth sob a antiga acusação de provocar tumultos. Quase imediatamente em seguida, Joseph e Hyrum foram acusados de traição contra o Estado de Illinois por declararem lei marcial em Nauvoo. Às 8h30 daquela manhã, o governador ordenou que as tropas se reunissem na praça pública, onde fez um discurso para elas. Disse-lhes que os prisioneiros eram perigosos e talvez culpados, mas que estavam nas mãos da lei, e que a lei deveria ser seguida. Esses comentários apenas incitaram ainda mais a ira dos soldados.

Joseph e Hyrum foram então exibidos em desfile perante as tropas, tendo que suportar muitos insultos vulgares e ameaças de morte.

Às quatro horas da tarde, uma audiência preliminar foi realizada perante Robert F. Smith, um juiz de paz que também era capitão dos Carthage Greys e membro atuante do partido anti-mórmon. Cada membro do conselho municipal de Nauvoo foi libertado mediante o pagamento de uma fiança de quinhentos dólares, sendo intimado a comparecer na próxima sessão do tribunal itinerante. A maioria dos acusados voltou para Nauvoo, mas Joseph e Hyrum permaneceram para uma entrevista com o governador Ford. Naquela noite, um delegado apareceu com um mandado de prisão assinado pelo juiz Smith, ordenando que Joseph e Hyrum fossem mantidos na cadeia para serem julgados por traição, um crime extremamente grave. Joseph e seus advogados protestaram da ilegalidade do mandado, pois essa acusação não havia sido mencionada na audiência. Seu protesto foi levado ao governador, mas ele disse que não podia interferir no cumprimento do dever de um oficial civil.

O juiz Smith, como capitão dos Greys, enviou seus soldados para cumprir o mandado de prisão por ele assinado como juiz de paz. Joseph e Hyrum foram arrastados para a cadeia de Carthage, em meio a grande alvoroço pelas ruas da cidade. Oito de seus amigos acompanharam-nos, inclusive John Taylor e Willard Richards. Dan Jones com um caniço e Stephen Markham com sua bengala de nogueira, a que dava o nome de “espancador de moleques”, caminharam ao lado do Profeta e seu irmão afastando a multidão embriagada. Dadas as circunstâncias, a cadeia de pedra era o lugar mais seguro da cidade. Vários amigos de Joseph e Hyrum receberam permissão de ficar com eles.

No dia seguinte, 26 de junho, foi realizada uma audiência para julgar a acusação de traição. Os acusados não tinham qualquer testemunha presente. Como traição era um crime inafiançável, teriam que permanecer na cadeia até a audiência seguinte, a ser realizada no dia 29 de junho. Alguns dos líderes da Igreja procuraram o governador Ford e disseram-lhe que se ele fosse para Nauvoo, Joseph e Hyrum não estariam seguros em Carthage. Ford prometeu que levaria Joseph e Hyrum com ele. Joseph passou a tarde ditando a seu escrevente, Willard Richards, enquanto Dan Jones e Stephen Markham rasparam a porta empenada de sua sala na cadeia com um canivete, para que ela pudesse ser fechada firmemente, caso fossem atacados.

Naquela noite, Willard Richards, John Taylor e Dan Jones permaneceram com Joseph e Hyrum na cadeia. Oraram juntos e leram trechos do Livro de Mórmon. Joseph prestou seu testemunho aos guardas. Mais tarde, Joseph estava deitado no chão ao lado do capitão Dan Jones. “Joseph sussurrou a Dan Jones: ‘Tem medo de morrer?’ Dan respondeu: ‘Acha que chegou a hora? Estando engajado numa causa como esta não creio que a morte seja tão aterrorizante’. Joseph disse: ‘Você ainda irá para o país de Gales [a terra natal de Jones] e cumprirá a missão que lhe foi designada antes de morrer.’17O Élder Jones cumpriu essa profecia e serviu numa missão no país de Gales.

Por volta da meia-noite, vários homens cercaram a cadeia e começaram a subir a escada que levava até o quarto onde estavam os prisioneiros. Um dos irmãos pegou uma arma que havia sido levada em segredo para o quarto naquele dia. Os integrantes da turba, parados junto à porta, ouviram que os prisioneiros estavam acordados e hesitaram. “O Profeta, então, com ‘uma voz de profeta’ gritou: ‘Venham, assassinos, pois estamos prontos para enfrentá-los. Estamos dispostos a morrer tanto agora quanto à luz do dia’.”18A turba recuou.

TRAGÉDIA EM CARTHAGE

Na manhã seguinte, 27 de junho, quinta-feira, “Joseph pediu a Dan Jones que descesse e perguntasse aos guardas a causa dos distúrbios da noite anterior. Frank Worrell, o oficial da guarda, que era membro dos Carthage Greys, de modo bastante hostil, declarou: ‘Tivemos muito trabalho para trazer o velho Joe até aqui para deixá-lo escapar com vida. A menos que queiram morrer com ele, acho melhor partirem antes do pôr-do-sol. (…) Vocês verão que posso profetizar até melhor do que o velho Joe (…)’

Joseph ordenou a Jones que procurasse o governador Ford para informá- lo do que lhe fora dito pelo oficial da guarda. Enquanto Jones estava indo para o local em que o governador Ford estava hospedado, ele viu um grupo de homens reunidos e ouviu um deles, aparentemente o líder, fazer um discurso, dizendo: ‘Nossas tropas receberam ordens de se dispersarem esta manhã. Sairemos da cidade por algum tempo. Mas assim que o governador e as tropas de McDonough partirem para Nauvoo esta tarde, voltaremos e mataremos aqueles homens, nem que tenhamos que demolir a cadeia para isso’. O discurso foi aplaudido pela multidão.

O capitão Jones procurou o governador e contou-lhe o que ocorrera naquela noite, o que o oficial da guarda havia dito e o que ouviu enquanto estava a caminho dali, pedindo sinceramente que o governador afastasse o perigo.

Sua excelência respondeu: ‘Você está-se preocupando demais com a segurança de seus amigos, meu senhor, essas pessoas não são tão cruéis assim’.

Irritado com esse comentário, Jones argumentou que era necessário colocar homens melhores para guardá-los do que assassinos professos (…)

(…) Jones declarou: ‘Se não fizer isso, tenho um único desejo, (…)

(…) que o Todo-Poderoso preserve-me a vida, para que no local e ocasião adequados eu possa testificar que o senhor foi avisado a tempo do perigo que eles corriam. (…)

(…) Jones recebeu ameaças de morte, e Chauncey L. Higbee disse-lhe na rua: ‘Estamos decidos a matar Joe e Hyrum. É melhor você ir embora daqui para salvar sua vida’.19

Naquela manhã, Joseph escreveu a Emma: “Estou bastante resignado com meu destino, sabendo que estou justificado perante Deus e fiz o melhor que pude. Transmita meu amor a nossos filhos e a todos os meus amigos. (…) Que Deus os abençoe a todos.”20O Profeta também enviou uma carta ao famoso advogado Orville H. Browning, pedindo-lhe que fosse a Carthage para defendê-lo. Pouco depois, os amigos de Joseph, com exceção de Willard Richards e John Taylor, foram forçados a sair da cadeia.

Contrariando sua promessa, o governador Ford partiu naquela manhã para Nauvoo, sem levar Joseph e Hyrum. Em vez disso, levou consigo os soldados do condado de McDonough, liderados pelo capitão Dunn, as únicas tropas que haviam demonstrado imparcialidade. No caminho, enviou a ordem de que todas as tropas de Carthage e Warsaw se dispersassem, com exceção de uma pequena guarnição dos Carthage Greys que deveria tomar conta da cadeia. Os Greys eram os mais hostis inimigos de Joseph e pouco fariam para protegê-lo. Faziam parte da conspiração, fingindo defender os prisioneiros quando os inimigos do Profeta atacaram a cadeia.

Em Nauvoo, Ford insultou os cidadãos com seu discurso, dizendo: “Um grande crime foi cometido aqui ao ser destruída a prensa do Expositor e declarada lei marcial na cidade. É necessário que uma grande reparação seja feita, portanto preparem-se para uma emergência. Outro motivo de escândalo é o fato de haver tantas armas de fogo na cidade. As pessoas têm medo de que sejam usadas contra o governo. Sei que existe muito preconceito contra vocês por causa de sua estranha religião, mas vocês devem ser santos devotos e não santos guerreiros”.21

Enquanto isso, o coronel Levi Williams da milícia de Warsaw leu para seus homens a ordem do governador de que se dispersassem. Thomas Sharp então fez um discurso aos homens e pediu-lhes que marchassem para leste, até Carthage. Conclamaram-se aos gritos voluntários para matar os irmãos Smith. Alguns dos homens disfarçaram-se, sujando o rosto com lama misturada com pólvora, e partiram em direção a Carthage.

Na cadeia, os quatro irmãos transpiravam no sufocante calor da tarde. Joseph entregou uma pistola de tiro único a Hyrum e preparou-se para defender a si mesmo com um revólver de seis tiros que lhe fora entregue secretamente naquela manhã por Cyrus Wheelock. Bastante deprimidos, os irmãos pediram a John Taylor que cantasse um hino muito popular chamado “Um Pobre e Aflito Viajor”, que falava a respeito de um aflito desconhecido que por fim revelava ser o Salvador. Joseph pediu a John que cantasse novamente, e ele o fez. Em vista das circunstâncias, uma das estrofes era-lhe extremamente tocante:

Na prisão, um dia, o vi chorar
Sob o rigor da humana lei;
As torpes línguas fiz calar
E sob escárnio honra lhe dei.

Por ele me pediu morrer
Senti a carne, vil, tremer
Mas forte o espírito venceu
E respondi-lhe: “Aqui estou eu”. 22

Às dezesseis horas, houve a troca da guarda da cadeia. Frank Worrell, que havia ameaçado Joseph Smith naquela manhã, assumiu o posto. Poucos minutos depois das cinco, uma turba de cerca de cem homens com o rosto pintado de preto chegaram à cidade e dirigiram-se à cadeia. Os prisioneiros ouviram uma algazarra no andar de baixo seguida de gritos ordenando aos guardas que se rendessem e três ou quatro tiros. O Profeta e os outros correram para a porta a fim de combater os atacantes que subiram a escada e enfiaram suas armas pela fresta da porta entreaberta. John Taylor e Willard Richards tentaram repelir as espingardas com suas bengalas. Uma bala atravessou o chão e atingiu Hyrum no lado esquerdo do rosto. Ele caiu, exclamando: “Sou um homem morto!” Joseph, inclinando-se sobre Hyrum, exclamou: “Oh, meu querido irmão Hyrum!” John Taylor disse que a tristeza que viu estampada no rosto de Joseph ficou para sempre gravada em sua mente. Joseph então caminhou até a porta, postou-se junto ao batente e descarregou seu revólver no corredor apinhado. Apenas três dos seis cartuchos detonaram, ferindo três atacantes.

Os tiros detiveram os atacantes por apenas um instante. John Taylor tentou pular da janela, mas foi atingido por um disparo de espingarda. O tiro atravessou a janela, vindo de baixo, e atingiu o relógio que estava no bolso de seu colete, parando-o às 5h16, e jogou John Taylor de volta para o quarto. Ele caiu no chão e foi novamente atingido no punho esquerdo e pouco abaixo do joelho esquerdo. Arrastando-se para debaixo da cama, ele foi novamente atingido no quadril esquerdo por um tiro vindo da escadaria. Seu sangue manchou o chão e a parede. “Joseph, vendo que não havia segurança no quarto”, tentou fugir pelo mesmo caminho. Imediatamente a turba abriu fogo, e Joseph caiu mortalmente ferido da janela, exclamando: “Oh, Senhor, meu Deus!” A multidão que se encontrava na escadaria correu para fora da casa a fim de certificar-se de que Joseph estava morto.23

Willard Richards foi o único a não ser ferido, tendo apenas recebido um tiro que lhe passou de raspão pela orelha. Joseph havia profetizado anteriormente, na presença de Willard, que um dia ele veria as balas passarem zunindo a sua volta, mas escaparia sem ser ferido. Somente então Willard compreendeu plenamente o significado do que Joseph havia dito. Ele arrastou John Taylor, que estava gravemente ferido, até o quarto ao lado, deitou-o sobre a palha e cobriu-o com um velho e sujo colchão. O Élder Taylor disse acreditar que a palha lhe salvou a vida, ajudando a estancar o sangramento. Enquanto isso, Willard, esperando ser morto a qualquer momento, ficou surpreso quando a turba fugiu e deixou-o sozinho com seus companheiros mortos e feridos.

Samuel Smith, o irmão do Profeta, ficou sabendo das ameaças de morte a seus irmãos e seguiu apressadamente para Carthage. Chegou a Carthage naquela noite, fisicamente exausto por ter sido perseguido pelos desordeiros. Por causa dos esforços e cansaço de ter sido perseguido e ameaçado de morte, Samuel contraiu uma febre que acabou provocando sua morte, em 30 de julho. Em Carthage, Samuel ajudou o Élder Richards a transportar os corpos de seus irmãos martirizados até o Hamilton House. Depois de responder a um interrogatório feito por um magistrado, Willard Richards escreveu aos santos de Nauvoo: “Joseph e Hyrum estão mortos”.24

Os desordeiros fugiram para sua cidade, Warsaw, e depois, temendo a vingança dos mórmons, continuaram fugindo e atravessaram o rio até o Estado de Missouri. O governador Ford recebeu a notícia dos assassinatos pouco depois de partir de Nauvoo para Carthage. Quando chegou a Carthage, ordenou aos poucos cidadãos restantes que evacuassem a cidade e providenciou para que os registros do condado fossem transferidos para Quincy, por segurança. Nenhuma dessas medidas era necessária. Quando os santos souberam da morte de seus queridos líderes, ficaram tomados pela tristeza e não pelo desejo de vingança.

Na manhã de 28 de junho de 1844, os corpos dos líderes mortos foram gentilmente colocados em dois carroções, cobertos com ramos para protegê- los do forte sol de verão e levados para Nauvoo por Willard Richards, Samuel Smith e Artois Hamilton. Os carroções partiram de Carthage por volta das oito horas da manhã e chegaram a Nauvoo por volta das três da tarde, sendo recebidos por uma grande multidão. Os corpos foram expostos no dia seguinte na Mansion House, e milhares de pessoas passaram silenciosamente diante dos caixões. A morte dos mártires foi um tremendo choque para suas famílias. Joseph e Hyrum foram secretamente enterrados no porão da Nauvoo House, para que aqueles que desejavam ficar com a recompensa oferecida pela cabeça de Joseph não conseguissem encontrar os corpos. Um funeral público foi realizado e caixões cheios de areia foram enterrados no Cemitério de Nauvoo. Por semanas, os santos choraram profundamente a tragédia de Carthage.

A NOBREZA DE JOSEPH SMITH

O Élder John Taylor, que milagrosamente sobreviveu a Carthage, escreveu um relato do acontecimento e uma homenagem ao Profeta, que se encontram em Doutrina e Convênios 135. “Joseph Smith, o Profeta e Vidente do Senhor, com exceção só de Jesus, fez mais pela salvação dos homens neste mundo do que qualquer outro homem que jamais viveu nele.” (Versículo 3) John Taylor prosseguiu dizendo que os nomes de Joseph e Hyrum Smith “serão incluídos entre os dos mártires da religião; e os leitores de todas as nações se lembrarão de que o Livro de Mórmon e este livro de Doutrina e Convênios da igreja foram publicados à custa do melhor sangue do século dezenove para a salvação de um mundo arruinado”. (V. 6) O martírio, disse ele, cumpriu um importante propósito espiritual: Joseph “viveu grande e morreu grande aos olhos de Deus e de seu povo; e como a maior parte dos ungidos do Senhor dos tempos antigos, com o seu próprio sangue selou a sua missão e suas obras; assim também o seu irmão Hyrum. Em vida não foram divididos e não foram separados na morte!” (V. 3)

Apesar de Joseph Smith ter vivido apenas trinta e oito anos e meio, suas realizações no serviço da humanidade são incalculáveis. Além de traduzir o Livro de Mórmon, ele recebeu centenas de revelações, muitas das quais estão publicadas em Doutrina e Convênios e Pérola de Grande Valor. Ele desvendou princípios eternos em um legado de cartas, sermões, poesia e outros escritos inspirados que preenchem volumes. Ele estabeleceu a Igreja restaurada de Jesus Cristo na Terra, fundou uma cidade e supervisionou a construção de dois templos. Ele apresentou o trabalho de ordenanças vicárias pelos mortos e restaurou as ordenanças do templo, por meio das quais as famílias podem ser seladas para a eternidade pelo poder do sacerdócio. Ele concorreu à presidência dos Estados Unidos, serviu como juiz, prefeito de Nauvoo e general comandante da Legião de Nauvoo.

Josiah Quincy, um preeminente cidadão da Nova Inglaterra, que veio a tornar-se prefeito de Boston, visitou Joseph Smith dois meses antes do martírio. Muitos anos depois, ele escreveu a respeito das pessoas que mais o impressionaram durante a vida. A respeito de Joseph Smith, ele escreveu: “Não é de modo algum improvável que em algum livro didático do futuro, destinado a uma geração ainda por vir, haverá uma pergunta semelhante a esta: Que americano da história do século dezenove exerceu a influência mais poderosa sobre o destino de seus compatriotas? E de modo algum é impossível que a resposta seja a seguinte: Joseph Smith, o profeta Mórmon.25

NOTAS

  1. Lucy Mack Smith, History of Joseph Smith, ed. Preston Nibley (Salt Lake City: Bookcraft, 1958), pp. 309–10.

  2. Wilford Woodruff Journals (Diários de Wilford Woodruff), 22 jan. 1843, LDS Historical Department, Salt Lake City; ortografia, pontuação e uso de maiúsculas corrigidos; ver também Richard Lloyd Anderson, “Joseph Smith’s Prophecies of Martyrdom”, Sidney B. Sperry Symposium, 1980 (Provo: Brigham Young University, 1980), pp. 1–14.

  3. In “Trial of Elder Rigdon,” Times and Seasons, 15 set. 1844, p. 651; ortografia, pontuação e uso de maiúsculas corrigidos.

  4. Wilford Woodruff Journals, 24 mar. 1844; ortografia, pontuação e uso de maiúsculas corrigidos.

  5. Ver Wilford Woodruff Journals, 6 abr. 1844.

  6. Ver Dallin H. Oaks, “The Suppression of the Nauvoo Expositor”, Utah Law Review, Winter 1965, pp. 890–91.

  7. Warsaw Signal, 12 jun. 1844, p. 2.

  8. History of the Church, 6:487.

  9. Os seis parágrafos anteriores baseiam-se em James B. Allen e Glen M. Leonard, (Salt Lake City: Deseret Book Co., 1976), pp. 191–93.

  10. History of the Church, 6:540.

  11. History of the Church, 6:545–46.

  12. Carta de Stephen Markham a Wilford Woodruff em Fort Supply, Wyoming, no dia 20 de junho de 1856, LDS Historical department, Salt Lake City, p. 1; escrita padronizada.

  13. History of the Church, 6:547–49.

  14. History of the Church, 6:554.

  15. Dan Jones, in “The Martyrdom of Joseph Smith and His Brother, Hyrum”, Ronald D. Dennis, trans., Brigham Young University Studies, inverno 1984, p. 85.

  16. History of the Church, 6:555; ver também Doutrina e Convênios 135:4.

  17. History of the Church, 6:601.

  18. Carta de Dan Jones a Thomas Bullock, 20 jan. 1855, in “The Martyrdom of Joseph and Hyrum Smith”, citada em Brigham Young University Studies, inverno 1984, p. 101.

  19. History of the Church, 6:602–4.

  20. History of the Church, 6:605.

  21. In History of the Church, 6:623.

  22. History of the Church, 6:615; ou Hymns, nº 15 Um Pobre e Aflito Vigor.

  23. History of the Church, 6:617–18.

  24. In History of the Church, 6:621–622; ver também Dean Jarman, “The Life and Contributions of Samuel Harrison Smith”, Tese de Mestrado, Brigham Young University, 1961, pp. 103–105.

  25. Josiah Quincy, Figures of the Past from the Leaves of Old Journals, quinta ed. (Boston: Roberts Brothers, 1883), p. 376.

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mob standing over body of Joseph Smith

Forces of Evil by Gary Smith

Cronologia

Data

 

Evento Significativo

24 mar. 1844

Joseph Smith revela aos santos uma conspiração contra ele

6 abr. 1844

Joseph Smith frustra planos dos conspiradores na conferência geral

7 jun. 1844

Os conspiradores publicam a primeira e única edição do Nauvoo Expositor

10 jun. 1844

O conselho da cidade de Nauvoo ordena a destruição do Expositor

18 jun. 1844

Joseph Smith coloca Nauvoo sob lei marcial

22 jun. 1844

O governador Ford insiste para que Joseph e Hyrum Smith viajem até Carthage para responder às acusações contra eles

24 jun. 1844

Joseph e Hyrum viajam para Carthage

27 jun. 1844

Joseph e Hyrum são assassinados por uma turba em Carthage

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Nauvoo Expositor

The Nauvoo Expositor, published on 7 June 1844, attempted to rally anti-Mormons against the Church in Nauvoo. The suppression of the paper, the destruction of the press, and the accidental razing of the building brought legal charges against Nauvoo mayor Joseph Smith, which resulted in his going to Carthage.

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map of Carthage area

Iowa Territory

Illinois

City of Nauvoo Nauvoo Township

La Harpe

Fountain Green

Macedoia

Duncan

Carthage

Augusta

Warren

Warsaw

Carthage

Carthage and Warsaw Road

Nauvoo and Carthage Road

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map of Carthage

Nauvoo Road

Buchanan

Fayette

Marion

Madison

Adams

Washington

Warsaw and Carthage State Road

Main Street

Railroad Street

Wabash

Cherry

Locust

Quincy Road

Jail

Court House

Public Square

Hamilton Hotel

Carthage was the county seat of Hancock County and the location of the county jail. Many of the mob were state militia who had been released from duty and came to Carthage on the road from Warsaw.

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Hamilton House

The Hamilton House was an inn where Joseph and Hyrum stayed when they first went to Carthage and where their bodies were taken after the Martyrdom.

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diagram of Carthage Jail

The jail was begun in 1839 and completed two years later at a cost of $4,105. It was used for about twenty-five years. Later it was used as a private residence and became one of the nicest homes in Carthage. Under the direction of President Joseph F. Smith, the Church purchased the building and property in 1903 for $4,000. In 1938 the Church restored the building.

  1. This is where Hyrum Smith lay after the bullet penetrating the door hit him in the face. This room was also the jailer’s bedroom.

  2. Willard Richards stood behind the door and tried to ward off the attackers with a cane.

  3. John Taylor crawled under the bed after being wounded.

  4. The Prophet fell from the second story window and landed by the well—having received four bullets, which took his life.

  5. There was a cell for prisoners located in this room; this area was called the dungeon, or criminal cell.

  6. This was a summer kitchen and porch used by the jailer and his family.

  7. The living room was located on the main floor.

  8. The dining room was located on the main floor.

  9. The debtor’s cell is located on the northwest side of the main floor. This room was used to hold prisoners accused of a less severe offense.

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Dan Jones

Dan Jones (1811–62) was born in Flintshire, Wales, and later emigrated to America, where he joined the Church. In fulfillment of a prophetic promise given him by the Prophet in the Carthage Jail, Dan served a mission in Wales from 1845 to 1849. He wrote and translated Church publications for the Welsh, and assisted in bringing over two thousand converts into the Church.

He was called a second time to Wales in 1852 and became mission president in 1854, where he again performed a great work among the people of his native land.

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two pistols

The Prophet used this six-shooter, called a “pepper-box,” to defend himself and his fellow prisoners.

John S. Fullmer took this single-barrel pistol into the jail, but it was never used by the prisoners.

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painting of Joseph being shot

The Martyrdom of Joseph and Hyrum by Gary Smith

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painting of men carrying Joseph’s body

Death of the Prophet by Gary Smith

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watch and cane

John Taylor’s watch and cane

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Willard Richards

Willard Richards (1804–54) was ordained an Apostle in 1840 and served as one of the personal secretaries to Joseph Smith. He was also appointed as historian in 1842 and general Church recorder in 1845. From his experiences in Carthage he wrote the moving account “Two Minutes in Jail.” He became second counselor to President Brigham Young in 1847 and served in that position until his death.

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John Taylor

John Taylor (1808–87), a member of the Quorum of the Twelve Apostles since 19 December 1838, was severely wounded at Carthage. He and Willard Richards became the apostolic witnesses to the shedding of the innocent blood of Joseph and Hyrum Smith. John Taylor presided over the Church from the death of Brigham Young on 29 August 1877 until his own death on 25 July 1887.

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Mansion House

Joseph Smith and his family moved into the Mansion House in August 1843. Later a wing was added to the east side of the main structure, making it L-shaped in appearance with a total of twenty-two rooms. Beginning in January 1844, Ebenezer Robinson managed the Mansion House as a hotel. The Prophet maintained six rooms for himself and his family.

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Joseph Smith death mask
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Hyrum Smith death mask

Death masks of Joseph and Hyrum Smith