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CAPÍTULO DEZESSETE: REFÚGIO EM ILLINOIS


CAPÍTULO DEZESSETE

REFÚGIO EM ILLINOIS

ALGUMAS PESSOAS CONSIDERAVAM a fuga de Missouri uma evidência de que o Senhor havia abandonado os santos. O Profeta Joseph estava na cadeia de Liberty sem perspectivas de ser libertado. Os santos tinham cada vez menos esperança de recuperar seus direitos políticos e suas propriedades em Missouri e estabelecer a cidade de Sião. Até mesmo alguns membros da Igreja questionavam se seria sensato reunir os santos novamente em um único local.

Para onde os membros da Igreja deveriam ir a fim de encontrar refúgio? O vasto território indígena a oeste não estava aberto para colonizadores. O Estado de Iowa, ao norte, era pouco habitado mas tinha pouca madeira em suas imensas planícies. Viajar para o sul exigiria que atravessassem as hostis comunidades de Missouri. Muitos dos santos tinham passado por ali apenas alguns meses antes, fugindo de Kirtland. Muitos deles estavam pensando em voltar para Ohio. Ficar em algumas das pequenas comunidades espalhadas ao longo da margem oposta do rio Mississipi, contudo, oferecia o descanso necessário aos santos até receberem novas instruções dos líderes da Igreja.

NOVO LOCAL DE ESTABELECIMENTO DOS SANTOS

Os meses seguintes à rendição de Far West foram um duro teste para a liderança da Igreja. Toda a Primeira Presidência — Joseph Smith, Sidney Rigdon e Hyrum Smith — estava na cadeia. O Quórum dos Doze Apóstolos estava incompleto. David W. Patten havia sido morto na batalha do rio Crooked, Parley P. Pratt estava na cadeia e seu irmão Orson estava com um grupo de santos em St. Louis. Thomas B. Marsh, William Smith e Orson Hyde estavam afastados da Igreja e portanto não eram de muita ajuda. Por esse motivo, a responsabilidade de cuidar das necessidades da Igreja durante o inverno de 1838–1839 e durante todo o êxodo de Missouri para Illinois caiu em grande parte sobre os ombros de Brigham Young e Heber C. Kimball. John Taylor foi chamado ao apostolado em dezembro de 1838. Wilford Woodruff e George A. Smith foram chamados em abril seguinte; ambos eram homens capazes que ofereceram inestimável ajuda durante essa época de crise.

Os líderes da Igreja retardaram ao máximo sua decisão de partir de Missouri, esperando que a assembléia legislativa revogasse a ordem de extermínio do governador Boggs. Enviaram numerosas petições às autoridades do estado e à assembléia legislativa solicitando-lhes que permitissem que os santos ficassem em suas casas, mas seus pedidos foram ignorados.

Enquanto isso, os missourianos começaram a ficar impacientes com a demora dos santos em partir. No início de 1839, os líderes da Igreja convenceram- se de que seu povo não poderia mais permanecer em Missouri. Em 26 de janeiro, Brigham Young criou o Comitê de Mudança para facilitar o êxodo. Por todo o inverno e a primavera, esse comitê providenciou alimentos, roupas e transporte para os pobres. Por decisão formal, quase quatrocentos santos dos últimos dias fizeram o convênio de colocar todas as suas propriedades à disposição do comitê “a fim de prover meios para que os pobres e aflitos que forem considerados dignos se mudem deste estado, até não restar nenhuma pessoa que tenha o desejo de mudar-se do estado”.1Até mesmo Joseph Smith conseguiu enviar cem dólares da cadeia de Liberty para ajudar nesse trabalho.

Por volta da metade do mês de fevereiro, as condições permitiram o início da migração em massa dos santos. Foram comprados carroções e juntas de bois, apesar de não serem da melhor qualidade. Foram estabelecidos locais de estoque de alimentos ao longo da rota de migração e as condições climáticas melhoraram temporariamente. Apesar disso, a fuga de Missouri não foi fácil para os refugiados. Muitas pessoas venderam suas valiosas propriedades e terras a um preço absurdamente baixo para terem meios de fugir do estado. Um missouriano comprou dezesseis hectares de boa terra de um membro da Igreja em troca de uma “égua cega e um relógio”. Outras porções de terra foram vendidas por apenas cinqüenta centavos o acre.2Algumas pessoas que possuíam juntas de bois fizeram várias viagens entre o condado de Caldwell e o rio Mississipi, que ficava a trezentos e vinte quilômetros a leste, a fim de levarem amigos e parentes para um lugar seguro. Amanda Smith, que havia ficado viúva em Haun’s Mill, e seus cinco filhos partiram de Far West com uma junta de bois. Quando sua família pôs-se a salvo do populacho de Missouri, ela enviou sua junta de volta para ajudar outros santos em sua viagem para o leste.

Charles C. Rich fugiu de Missouri durante o mês de novembro para não ser preso por sua participação na batalha do rio Crooked. Ele deixou para trás sua esposa de vinte e três anos, Sarah, que conseguiu partir de Far West com a ajuda de seu pai, John Pea. Ela não se encontrava bem de saúde e permaneceu confinada ao leito do carroção durante toda a viagem até o Mississipi. Ela estava acompanhada da esposa de Hosea Stout, Samantha. Assim que chegaram ao rio, perceberam que o gelo estava rachando, tornando a travessia extremamente arriscada. George Grant voluntariamente enfrentou corajosamente a banquisa para levar uma mensagem aos maridos. Quando estava quase na margem do lado de Illinois, afundou no rio pois o gelo aparentemente sólido quebrou-se, mas George foi resgatado.

Charles C. Rich e Hosea Stout, quando souberam que suas esposas haviam chegado, cruzaram o rio de canoa para encontrá-las. Na manhã seguinte, decidiram que seria melhor levar Sarah, que estava prestes a dar à luz seu primeiro filho, e duas outras mulheres para a margem do lado de Illinois. Foram forçados, pela falta de espaço, a deixar o pai de Sarah esperando pela balsa. Na travessia de volta, enormes blocos de gelo ameaçaram esmagar a pequena canoa. De vez em quando, os homens pulavam fora do barco para cima do gelo a fim de empurrar a embarcação para um lugar mais seguro. Nesse ínterim, o pai de Sarah, observando a cena com os olhos cheios de lágrimas, viu o grupo chegar em segurança no lado de Illinois.3

Para Emma Smith, os meses que seguiram à prisão de Joseph foram particularmente penosos. Em fevereiro de 1839, um vizinho chamado Jonathan Holman ajudou a colocar os quatro filhos de Emma e seus poucos pertences em uma carroça forrada de palha puxada por dois cavalos. Na noite anterior a sua partida, ela recebeu da senhorita Ann Scott os inestimáveis manuscritos da “tradução” da Bíblia feita por seu marido. James Mulholland, o secretário do Profeta, havia entregado os papéis a Ann para que ela os guardasse, imaginando que o populacho não revistaria uma mulher. Ann havia feito duas sacolas de algodão para guardar os documentos. Emma usou essas mesmas sacolas de algodão para levar os manuscritos de Missouri para Illinois, prendendo-os sob sua longa saia.

Quando o grupo chegou ao rio Mississipi, encontraram-no congelado. Em vez de arriscar o peso do carroção, Emma andou sobre o gelo carregando dois de seus filhos, conduzindo os outros dois agarrados a sua saia. Por fim, chegaram em segurança às cercanias da vila de Quincy, Illinois, onde Emma morou até Joseph ser libertado.

CHEGADA A QUINCY

Até a metade da primavera de 1839, os líderes da Igreja que não estavam presos não tinham qualquer plano definido quanto ao local onde os santos iriam estabelecer-se. Os líderes ficaram sabendo que os cidadãos de Illinois ficaram penalizados com suas aflições e estavam dispostos a receber os santos. Muitas pessoas de Illinois acreditavam que a chegada de um grande número de santos iria ajudar a melhorar as difíceis condições econômicas do estado. Os políticos do estado também incentivavam a imigração porque Illinois estava quase igualmente dividida entre os liberais e os democratas. Cada um dos partidos esperava atrair grande número de votos mórmons.

Os bondosos moradores de Quincy, uma comunidade de mil e duzentos habitantes, mostraram-se generosos e tocados pelo sofrimento dos exilados. Muitos deles abriram suas casas e ofereceram empregos. Arrecadaram dinheiro, comida, roupas e outros objetos necessários em mais de uma ocasião. A Associação Democrata de Quincy foi particularmente atenciosa no auxílio prestado aos santos. Por três vezes, durante a semana de 25 de fevereiro, realizou convenções para pensar em maneiras de ajudar os exilados sem casa. Sidney Rigdon foi convidado a relatar as condições dos santos; arrecadações foram feitas e foram elaborados documentos condenando o modo como os mórmons foram tratados em Missouri. A associação decidiu que os moradores de Quincy iriam “manter o devido respeito e cortesia [para com os santos] e tomar especial cuidado para não permitir conversas ou expressões que deliberadamente, viessem a ferir seus sentimentos, ou de qualquer outro modo ofendê-los, os quais por todas as leis da humanidade merecem nossa piedade e comiseração”.4Os líderes da associação também procuraram ajudar a Igreja a receber uma compensação do Estado de Missouri pelos danos sofridos.

As relações pacíficas com a população de Quincy e o partido democrata foram ameaçadas, porém, pelo comportamento insensato de Lyman Wight. Em uma série de cartas publicadas no jornal local, ele culpou o partido democrata nacional pelos ultrajes sofridos em Missouri. Os democratas de Quincy ficaram compreensivelmente incomodados com as acusações e perguntaram aos líderes da Igreja se esse era o ponto de vista oficial da Igreja. Em 17 de maio, a Primeira Presidência escreveu uma carta repudiando as acusações de Wight. Pediram também ao Élder Wight, que se fosse continuar a escrever contra um partido político, deixasse claro que estava expressando apenas seu próprio ponto de vista e não os da Igreja.

Durante o final do inverno e a primavera, milhares de santos dos últimos dias chegaram à margem ocidental do rio Mississipi, oposta a Quincy. Elizabeth Haven escreveu que no final de fevereiro “cerca de 12 famílias por dia cruzavam o rio indo para Quincy e sempre há umas 30 esperando do outro lado para cruzar; a travessia é lenta e árdua; há apenas uma balsa para cruzar o rio”.5As condições climáticas menos severas fizeram com que perigosos blocos de gelo se soltassem e flutuassem, dificultando ainda mais a travessia. Quando outra frente fria chegou e o rio congelou novamente, um grande número de santos apressou-se em cruzar o rio por cima do gelo.

Quando Quincy encheu-se com centenas de refugiados, as condições de vida da cidade pioraram. Os santos, a maioria dos quais estava quase totalmente sem dinheiro, sofreram com a fome, o frio, a chuva e a lama.6Mesmo assim, não deixaram de cumprir suas obrigações religiosas. Durante algum tempo, os santos eram mais numerosos do que qualquer outra denominação religiosa da comunidade. Wandle Mace, que não era mórmon, acolheu tantos santos que acabou sendo convertido. Sua casa foi usada como local de reunião e conselho, e abrigo para os pobres. Ele conta que “por muitas noites, o chão, tanto do andar inferior quanto do superior, estava coberto de camas dispostas tão próximas umas das outras que era impossível dar um passo sem pisar em alguma cama”.7

A história de Drusilla Hendricks é bem típica do período em que os santos estiveram em Quincy. Seu marido, James, havia sido ferido no pescoço na batalha do rio Crooked e tinha que ser transportado de um lado para o outro deitado em uma padiola. A família chegou a Quincy no dia 1º de abril e conseguiu um lugar, parte no andar térreo e parte no sub-solo”. Em duas semanas, estavam prestes a morrer de fome, tendo apenas uma colher de açúcar e um prato de milho para comer. Drusilla fez um mingau com isso. Achando que acabariam morrendo de fome, ela lavou tudo, limpou seu pequeno quarto cuidadosamente e esperou pelo pior. Naquela tarde, Rubin Alred visitou-os e disse-lhe que tivera um sentimento de que eles estavam sem comida, por isso em seu caminho até a cidade ele providenciara um saco de grãos moídos para fazer farinha para eles. Duas semanas mais tarde, eles ficaram novamente sem comida. Drusilla relembra: “Senti-me horrível, mas a mesma voz que me consolou antes estava comigo novamente e disse, aguarda, pois o Senhor há de prover o sustento de Seus santos”. Dessa vez, foi Alexander Williams quem chegou até a porta dos fundos com dois sacos de farinha nas costas. Ele disse que num momento em que estava muito atarefado ouvira o Espírito sussurrar-lhe: “A família do irmão Hendricks está sofrendo, por isso larguei tudo o que estava fazendo a vim visitá-los”.8

Entre oito e dez mil santos migraram para a parte ocidental de Illinois naquela estação. A comunidade de Quincy não tinha condições de receber todos os recém-chegados. Durante a primavera e o verão de 1839, muitas pessoas foram obrigadas a buscar refúgio em fazendas vizinhas, nos condados adjacentes, onde quer que encontrassem um lugar para morar.

ESTABELECIMENTO DE NAUVOO

Enquanto os santos estavam espalhando-se pela região leste de Missouri e entrando no Estado de Illinois, Joseph Smith estava preso na cadeia de Liberty. Pouco depois da queda de Far West, um grupo de participantes da batalha do rio Crooked perdeu-se enquanto fugia de seus inimigos e acabaram chegando ao rio Des Moines, pouco ao norte de sua junção com o Mississipi. Foram recebidos por Isaac Galland, um dos maiores negociantes de terras da região. Depois de ouvir sobre as aflições sofridas pelos santos. Galland propôs-se a vender grandes porções de terra em Iowa e Illinois para os santos. Em fevereiro, os homens levaram essa informação aos líderes da Igreja que estavam reunidos em Quincy para decidir o que fazer em seguida.

Sidney Rigdon, Edward Partridge e alguns outros questionaram a sensatez de reunirem-se novamente em um único lugar; achavam que esse havia sido em grande parte o motivo de seus problemas em Missouri e Ohio. Por outro lado, Brigham Young aconselhou os santos a reunirem-se a fim de poderem ajudar melhor uns aos outros. Sem saber como agir, os irmãos escreveram ao Profeta pedindo-lhe conselho. Em 22 de março, o Profeta aconselhou os irmãos a comprarem as terras e não se dispersarem.

Em abril, foi permitido que Joseph e Hyrum Smith e seus companheiros de prisão fugissem de Missouri. Chegaram a Quincy no dia 22 de abril de 1839. O Profeta sentiu que as orações dos irmãos o haviam ajudado a escapar. Quando Joseph chegou de balsa em Quincy, Dimick B. Huntington reconheceu-o: “Ele usava um par de velhas botas esburacadas, calças rasgadas com a barra enfiada para dentro das botas, um casaco azul com a gola erguida e um grande chapéu de brim preto com a aba encharcada, estava sem barbear-se já há algum tempo, tinha o rosto pálido e abatido”.9Como o Profeta queria chegar sem ser percebido, rumaram pelas ruas secundárias da cidade até a mansão Cleveland, a seis quilômetros e meio para fora da cidade, onde Emma estava hospedada. Ela reconheceu o marido quando ele descia do cavalo e correu alegremente para encontrá-lo no portão.

Como a estação de plantio da primavera estava se aproximando, O Profeta não perdeu tempo em colocar a Igreja em movimento. Dois dias depois de sua chegada, uma reunião de conselho decidiu enviá-lo e vários outros irmãos rio acima, até Iowa, “com o propósito de procurar um lugar para o estabelecimento da Igreja”.10No dia seguinte, o Profeta examinou ambas as margens do rio Mississipi.

Assim que foi tomada a decisão de reunir os santos em um novo local, os líderes da Igreja começaram a trabalhar arduamente para encontrar o local adequado. No final do verão de 1839, quatro grandes compras de terras haviam sido efetuadas para que a Igreja tivesse as propriedades necessárias. A maior porção de terra tinha aproximadamente oito mil e cem hectares, tendo sido comprada de Isaac Galland, às margens do rio, já no Estado de Iowa, assim como uma pequena porção no lado de Illinois. As outras três compras, totalizando mais de duzentos e oitenta hectares, estavam do outro lado da margem de Iowa, numa curva do rio em forma de ferradura, no Estado de Illinois. Duas pequenas cidadezinhas, Commerce e Commerce City, localizavam-se nessas terras, mas tinham apenas umas poucas habitações construídas. Parte das terras junto ao rio eram pantanosas por causa de grande lençóis d’água e riachos que fluíam das ribanceiras a leste, e eram, portanto, insalubres. Joseph Smith e os irmãos, porém, tinham certeza de que poderiam transformar a região num local adequado para os santos morarem.

Como tanto os refugiados quanto a Igreja em geral tivessem pouco dinheiro, as terras foram compradas na maior parte a crédito. Taxas de juros razoáveis e longos prazos de pagamento faziam as negociações atraentes, na época, mas dadas as condições de extrema pobreza dos santos, isso tornou- se um pesado fardo para os cofres da Igreja durante todo o período de Nauvoo. Nos vários anos seguintes, Joseph Smith solicitou contribuições dos membros da Igreja para ajudar a pagar as dívidas. Foram vendidas propriedades em Nauvoo, mas o santos raramente conseguiam fazer o pagamento em dinheiro. Conseqüentemente, o pagamento das propriedades em ambos os lados do rio nunca foram completamente quitados durante o período em que a Igreja permaneceu na região.

Depois de fazer as primeiras compras de terras em 30 de abril de 1839, o Profeta e seus companheiros retornaram a Quincy para terminar os preparativos para a migração para o norte. Uma conferência foi realizada em Quincy nos dias 4 e 5 de maio. Nessa época, os membros da Igreja aprovaram a compra de terras e resolveram que a próxima conferência seria realizada em Commerce, na primeira semana de outubro. No dia 10 de maio, o Profeta havia voltado para Commerce com sua família e fixado residência em uma pequena casa de toras, conhecida como Homestead, perto do rio, no extremo sul da península. Enquanto o terreno estava sendo limpo, pesquisado e mapeado e os pântanos drenados, a maioria dos santos que chegava morava em carroções, tendas ou abrigos cavados nas encostas das colinas. Joseph e Emma acolheram muitas pessoas em sua pequena casa. Do outro lado do rio, em Montrose, várias famílias, incluindo as de Brigham Young, John Taylor, Wilford Woodruff e Orson Pratt, moravam em alojamentos abandonados do exército que haviam sido usados na guerra contra os índios.

Em uma carta pública escrita em 1º de julho, Joseph Smith conclamou todos os santos de toda parte a migrarem para o novo local de reunião. Milhares atenderam a seu chamado. Durante essa mesma época Joseph estava ocupado em ditar sua história pessoal e ensinar os membros do Quórum dos Doze Apóstolos, que em pouco tempo partiriam para a Inglaterra.

Durante essas semanas atarefadas, o Profeta deu ao novo lugar de reunião em Illinois o nome de Nauvoo, uma palavra hebraica que significa “a bela”. O primeiro evento formal em que se usou o nome Nauvoo foi em sua colocação na planta oficial da cidade, em 30 de agosto de 1839. O serviço postal dos Estados Unidos adotou a mudança de nome em abril de 1840 e em março daquele ano o conselho da cidade emitiu um documento incorporando as comunidades de Commerce e Commerce City à Cidade de Nauvoo. Assim que o sucesso desse local de reunião pareceu assegurado e os santos começaram a chegar em grande número à região, outros donos de terras consideraram vantajoso criar subdivisões que foram anexadas a Nauvoo como “acréscimos”.

ENFERMIDADES E O DIA DO PODER DE DEUS

No verão de 1839, a parte pantanosa da península de Nauvoo ainda não havia sido drenada. Enquanto os santos reuniam-se, limpavam, drenavam, construíam e plantavam, não se deram conta do perigo representado pelo mosquito anófeles. Esse pequeno inseto, que se multiplicava em profusão nos brejos e ao longo das margens do Mississipi, transmitia parasitas às células vermelhas do sangue humano por meio de sua picada. A doença por ele causada caraterizava-se por ataques periódicos de tremores e febre, hoje conhecida como malária, mas que as pessoas do século dezenove denominavam, juntamente com outras doenças semelhantes, sezão.

Muitos membros da Igreja em ambas as margens do rio ficaram doentes. Os que moravam temporariamente na cidade de barracas que circundava a casa do Profeta foram acometidos pela doença assim como os santos que moravam em casas. Emma cuidava dos doentes noite e dia, enquanto o filho de seis anos de Joseph carregava água para os enfermos, até que ele próprio contraiu a doença. A peste atacava indiscriminadamente, atingindo todas as idades e classes sociais. Uma das primeiras mortes ocorridas na cidade foi a mãe de Oliver Huntington, Zina. O Profeta Joseph convidou Oliver a levar sua família, todos doentes, para a casa dele. A família Whitney estava em situação semelhante. Elizabeth Ann conta que “mal podiam arrastar-se de um lado para o outro para ajudar uns aos outros”.11Nessas condições, Elizabeth deu à luz seu nono filho. Quando Joseph ficou sabendo de suas aflições, insistiu que a família se mudasse para morar com ele. Eles aceitaram sua oferta e passaram a morar em um pequeno chalé no quintal de Joseph. Por volta de 12 de julho, Joseph Smith Sênior ficou tão doente que estava à beira da morte.

Joseph Smith também acabou ficando doente, mas depois de vários dias preso ao leito, ele sentiu-se inspirado a levantar-se e ajudar os outros. O dia 22 de julho foi, nas palavras de Wilford Woodruff, “um dia do Poder de Deus”, em Nauvoo e em Montrose.12Naquela manhã, o Profeta ergueuse do leito e, cheio do Espírito do Senhor, abençoou os doentes de sua casa e os que moravam em seu quintal. Mais doentes encontravam-se rio abaixo, e ali também ele abençoou os fiéis com grande poder. Uma dessas pessoas foi Henry G. Sherwood, que estava à beira da morte. Joseph entrou na barraca do irmão Sherwood e ordenou-lhe que se erguesse e saísse para fora. Ele obedeceu e ficou curado. O Élder Heber C. Kimball e outros acompanharam o Profeta ao outro lado do rio, até Montrose. Visitaram as casas dos Doze e ministraram àqueles que necessitavam de uma bênção. Brigham Young, Wilford Woodruff, Orson Pratt e John Taylor então uniram-se a Joseph em sua missão de misericórdia.

Uma das curas mais memoráveis ocorridas em Montrose foi a de Elijah Fordham. Quando os irmãos chegaram a sua casa, ele estava deitado na cama, incapaz de falar.

“O irmão Joseph aproximou-se do irmão Fordham e tomou-o pela mão direita (…)

Ele viu que o irmão Fordham estava com os olhos embaçados e estava inconsciente e incapaz de falar.

Depois de segurar sua mão, ele fitou o rosto do moribundo e disse: ‘Irmão Fordham, sabe quem eu sou’? A princípio não houve resposta; mas todos percebemos o Espírito de Deus pousar sobre ele.

Ele disse novamente: ‘Elijah, você me conhece?’

Num sussurro inaudível, o irmão Fordham respondeu: ‘Sim!’

O Profeta então disse: ‘Tem fé para ser curado?’

A resposta, um pouco mais forte que a anterior, foi: ‘Creio que é tarde demais. Se tivesse vindo antes, acho que poderia ter sido curado’.

Ele tinha a aparência de um homem que acabava de acordar do sono da morte.

Joseph então disse: ‘Crê que Jesus é o Cristo?’

‘Sim, irmão Joseph’, foi a resposta.

Então o Profeta de Deus falou em alta voz, com toda a majestade da Trindade: ‘Elijah, ordeno-lhe, em nome de Jesus de Nazaré, que se levante e fique curado!’

As palavras do Profeta não eram as de um homem, mas assemelhavamse à voz de Deus. Pareceu-me sentir a casa tremer desde seus alicerces.

Elijah Fordham pulou da cama como um homem erguido de entre os mortos. Seu rosto adquiriu novamente uma cor saudável, e sua vida manifestava- se em todas as suas ações”.13

Em seguida, visitaram Joseph B. Noble, que também ficou curado. Wilford Woodruff lembra-se disso como “o maior dia da manifestação do poder de Deus por meio do dom de cura, desde a organização da Igreja”.14

Quando os irmãos estavam junto à margem do rio preparando-se para cruzá-lo de volta para Nauvoo, um homem que não era membro da Igreja que ouvira falar dos milagres ocorridos naquele dia pediu ao Profeta se ele poderia ir abençoar seus dois bebês gêmeos que estavam morrendo, a três quilômetros de Montrose. Joseph disse que não poderia ir, mas deu a Wilford Woodruff um lenço de seda vermelho e ordenou-lhe que o levasse aos bebês, prometendo que seriam curados quando ele limpasse o rosto deles com o lenço. O Profeta também prometeu que o lenço seria um elo entre eles, enquanto Wilford o guardasse consigo. Obedecendo à instrução do Profeta, Wilford testificou que as crianças foram curadas. Ele guardou o precioso lenço pelo resto da vida.15

Apesar da incomum demonstração de fé e poder, a doença continuou a espalhar-se entre os santos por todo o verão e outono. Somente com a aproximação do inverno a epidemia começou a amainar. Em outubro, Elizabeth Haven escreveu a respeito da conferência geral realizada em Nauvoo, à qual esteve presente. Ela escreveu a sua família, na Nova Inglaterra: “O Profeta disse que este é um lugar insalubre, mas que lhe havia sido manifestado que este será um lugar santificado e um local de reunião”.16

A epidemia não ficou confinada a Nauvoo. Muitos santos dos últimos dias em Quincy também foram acometidos, entre fevereiro e setembro de 1839. Em Commerce, muitas pessoas ficaram doentes, mas houve poucas mortes. Em Quincy, porém, as mortes causaram “grande agitação entre os santos”. Elizabeth Haven escreveu a sua família: “Oh, meus amigos, vocês pouco sabem a respeito da sezão, como ela deixa as pessoas prostradas, anuvia a mente e afeta a saúde”. Algumas famílias chegaram a perder dois a três de seus entes queridos. A família Goddard, que morava na casa em frente à de Elizabeth, perdeu ambos os pais e uma filha de dezesseis anos. Cinco filhos sobreviveram, mas um por um foram ficando doentes. Felizmente, Elizabeth não contraiu a doença. Ela passou o verão e o outono cuidando das pessoas. Tão grande era a necessidade de cuidados das pessoas que ela não conseguiu assistir a nenhuma reunião dominical nos meses de junho e outubro. Ela considerava os problemas de Far West pequenos comparados com “o que temos enfrentado ultimamente”.17

PEDIDO DE INDENIZAÇÃO AO GOVERNO DO MISSOURI

Enquanto o Profeta e outros irmãos sofriam na cadeia de Liberty, em 1838–1839, eles estudaram maneiras de obter indenização do Estado do Missouri pelas terras e propriedades perdidas pelos santos durante as perseguições de 1833 e 1838–1839. Em 1833, o Senhor instruiu os santos a encaminhar uma petição ao governo local e estadual. Se isso não surtisse efeito, deveriam procurar ajuda do governo federal. (Ver D&C 101:81–91.) Essas medidas foram utilizadas pela primeira vez em 1834, quando a Igreja apelou em vão para o Presidente Andrew Jackson. Em março de 1839, enquanto estava na cadeia de Liberty, o Profeta recebeu uma revelação de que a Igreja deveria novamente encaminhar um apelo ao governo dos Estados Unidos pedindo compensação pelas aflições infligidas aos santos em Missouri. Os membros da Igreja foram orientados a “compilarem o que souberem a respeito de todos os fatos e sofrimentos e maus-tratos a eles infligidos pelo povo deste Estado [Missouri]”. Essa seria “a última tentativa requerida de nós por nosso Pai Celestial a fim de podermos reivindicar, plena e totalmente, a promessa que o chamará de seu esconderijo”. (D&C 123:1, 6)

Because of ill health Sidney Rigdon had been released from prison before the other members of the First Presidency. In Illinois heDevido a problemas de saúde, Sidney Rigdon foi libertado da prisão antes dos outros membros da Primeira Presidência. Em Illinois, ele encontrou- se com o governador Thomas Carlin e relatou as aflições dos santos. Ele também elaborou um plano para a obtenção de indenização, baseado em uma declaração da Constituição dos Estados Unidos de que “o governo geral dará a cada estado uma forma republicana de governo”. Sidney Rigdon considerava que esse tipo de governo não existia em Missouri, por isso planejou apresentar a história das perseguições aos governadores dos respectivos estados e suas assembléias legislativas, esperando convencer o maior número de políticos a manifestarem um pedido de “impeachment” ao Estado de Missouri. Ele propôs enviar representantes da Igreja a cada sede de governo estadual a fim de influenciar os políticos em favor da Igreja. O plano progrediu até o ponto de seu genro, George W. Robinson, coletar os documentos e informações gerais sobre o assunto; Sidney Rigdon conseguiu do governador Carlin uma carta de apresentação aos governadores e ao presidente.18

Tornou-se óbvio que seria inútil pedir ajuda aos políticos de Missouri. A impossibilidade de êxito do plano de Rigdon ficou logo evidente. Em maio de 1839, uma conferência designou Sidney Rigdon a levar um relato das aflições sofridas pelos santos dos últimos dias diretamente a Washington, D. C.. Sua demora, porém, permitiu que a conferência de outubro realizada em Commerce designasse Joseph Smith e Elias Higbee que fossem também designados a acompanhá-lo ao entrar em contato com o Presidente Martin Van Buren. Orrin Porter Rockwell também foi convidado a acompanhá-los. Eles partiram de Nauvoo em 29 de outubro de 1839 e reuniram- se no caminho com um recém-converso, o Dr. Robert D. Foster. Em Springfield, o Profeta escreveu a sua esposa: “Será um período longo e solitário em que estarei longe de você e nada que não seja um senso de humanismo poderia fazer-me seguir em tão gande sacrifício, mas terei testemunhado tantos morrerem e não procurar indenização? Não, farei mais esta tentativa, em nome do Senhor”.19

Devido a suas condições de saúde, Sidney Rigdon foi deixado na casa de John Snyder, em Springfield. O Profeta deixou-o aos cuidados do Dr. Foster e de Orrin Porter Rockwell e prosseguiu com Elias Higbee até a capital do país, chegando lá em 28 de novembro. No dia seguinte, marcaram uma entrevista com o Presidente Van Buren, que se mostrava muito hesitante em recebê-los. Ele não ficou impressionado com as cartas de apresentação e procurou devolvê-las, mas a insistência de Joseph fez com que conseguisse uma audiência com o presidente. Quando Van Buren perguntou ao Profeta como sua religião diferia das outras denominações cristãs existentes, Joseph disse que o “modo de batismo, o dom do Espírito Santo e a imposição das mãos” eram diferenças essenciais. “Consideramos que todas as outras considerações estão incluídas no dom do Espírito Santo”.20

O presidente, atendendo à filosofia de direitos políticos do estado que vigorava na época e estando preocupado em não ofender seus aliados políticos, percebeu que a questão Mórmon-Missouri era bastante delicada. Mostrou-se, portanto, pouco favorável aos pedidos dos líderes da Igreja. Joseph mais tarde declarou: “Tive uma entrevista com Martin Van Buren, o Presidente, que me tratou de modo bastante insolente, e foi com grande relutância que deu ouvidos a nossa mensagem e depois de ouvi-la delarou: ‘Cavalheiros, sua causa é justa, mas não há nada que eu possa fazer por vocês’.” ’”21O Profeta também tentou convencer o senador John C. Calhoun de suas preocupações, mas foi repelido.

O Profeta e o Élder Higbee então entraram em contato com vários outros senadores e representantes. A delegação de Illinois tratou-os especialmente bem, e o senador de Illinois Richard M. Young prometeu apresentar sua petição ao Congresso. A longa petição detalhava as dificuldades enfrentadas pelos santos desde 1833 em Missouri, concluindo com as seguintes palavras: “Fazemos nosso apelo como Cidadãos Americanos, cristãos e seres humanos — confiando que o grande senso de justiça possuído por esta honrada instituição não permita que tal opressão seja praticada impunemente contra qualquer grupo de cidadãos desta imensa república; mas que alguma medida ditada por sua sabedoria possa ser tomada, a fim de que o grande número de pessoas que foram dessa forma maltratadas sejam compensadas pelas injustiças que sofreram.”22

Enquanto isso, os irmãos escreveram para casa, pedindo aos santos que se reunissem e enviassem o maior número de certificados e documentos possíveis que comprovassem as perseguições e sua posse de terras em Missouri. No total, o Profeta submeteu a reivindicação de cerca de 491 indivíduos contra o Estado de Missouri.23Ao mesmo tempo a embaraçada delegação do Estado de Missouri no Congresso começou a montar sua defesa, baseando-se em transcritos de um julgamento realizado em Richmond, Missouri, onde vários anti-mórmons e ex-mórmons testificaram.

Enquanto ainda estava no leste, o Profeta visitou vários ramos da Igreja. Na Filadélfia, ele falou a uma congregação de cerca de três mil santos. Também passou vários dias com o Élder Parley P. Pratt, que estava na Filadélfia acertando a publicação de vários livros. Parley P. Pratt conta:

“Durante essas conversas, ele ensinou-me muitos princípios grandiosos e gloriosos a respeito de Deus e da ordem celestial da eternidade. Foi a primeira vez que ouvi dele a respeito da organização familiar eterna. (…)

Foi dele que aprendi que a esposa de meu coração poderia ser minha para o tempo e por toda a eternidade.” Esses abençoados encontros pessoais com o Profeta influenciaram Parley pelo resto de sua vida.

“Eu já o amava antes, mas não sabia por quê. Mas depois disso passei a amá-lo, com pureza e um sentimento elevado e exaltado, que erguia minha alma das coisas transitórias desta esfera abjeta e expandia-a até ficar imensa como o oceano.”24

A opinião geral no país, especialmente entre os políticos do sul, era que questões semelhantes às levantadas pelos santos dos últimos dias eram claramente da alçada do próprio estado. Achava-se que a Constituição não concedia autoridade para uma intervenção federal. Essa visão claramente refletia o debate nacional a respeito da soberania dos estados que viria a terminar duas décadas mais tarde na Guerra Civil Americana.

Joseph Smith deixou Elias Higbee em Washington para esperar os resultados da petição ao Congresso e voltou a Nauvoo. Em 4 de março de 1840, o comitê do Senado anunciou que o Congresso não tomaria qualquer medida a respeito do assunto. Recomendaram que a Igreja procurasse compensação junto aos tribunais estaduais ou federais da América, um curso de ação que os santos já sabiam ser totalmente inútil. Na conferência da Igreja realizada em abril, os santos votaram que “se todas as esperanças de obter indenização pelos agravos infligidos a nós forem totalmente em vão, eles então apelariam para as cortes do céu, acreditando que o Grande Jeová, que governa o destino das nações, e que percebe até mesmo a queda de um pardal, sem dúvida irá compensar-nos pelas injustiças por nós sofridas, e em breve irá vingar-nos de nossos adversários”.25

A CARTA DE NAUVOO

O novo local de reunião para os santos não incluía apenas Nauvoo, Illinois e Montrose, Iowa, mas também várias comunidades vizinhas em ambas as margens do rio. Os membros da Igreja estabeleceram-se em comunidades já existentes, como Carthage — sede do condado de Hancock – La Harpe e Fountain Green. E estabeleceram pequenas comunidades próprias em Ramus, Lima e Yelrome (o nome de Isaac Morley, o fundador da comunidade, escrito de trás para diante.) Havia também diversos subúrbios ao redor da própria Nauvoo. Mas Nauvoo era claramente o local central, e dentro de poucos meses ela alcançou influência política e econômica no oeste de Illinois.

Depois da volta de Joseph Smith do leste, teve início sérias discussões a respeito da forma de governo que seria instituída em Nauvoo. A chegada de um preeminente cidadão de Springfield, John C. Bennett, a Nauvoo em junho de 1840 desencadeou uma rápida decisão a esse respeito. O ambicioso e vigoroso Bennett rapidamente alcançou aceitação nos círculos militares, médicos e políticos da capital do estado. O governador Thomas Carlin nomeou-o general intendente da milícia do estado. Antes de ir para Nauvoo, Bennett escreveu ao Profeta expressando sua indignação pelas injustiças infligidas aos santos dos últimos dias pelo Estado de Missouri e oferecendo sua ajuda. Pouco depois de chegar, ele aceitou o evangelho e foi batizado. O fato de conhecer várias autoridades do governo fez dele a escolha óbvia para influenciar os políticos a respeito de um documento de governo para Nauvoo. Na conferência geral de outubro, Joseph Smith, Robert B. Thompson e John C. Bennett foram nomeados para elaborarem uma proposta e levarem-na até Springfield.

Os esforços de influenciar os políticos exercidos por Bennett em ambos os partidos políticos foram bem-sucedidos, e a carta de Nauvoo tornou-se oficial em 16 de dezembro de 1840. Era semelhante às cartas de governo concedidas a Chicago e Alton, em 1837, Galena em 1839, e Springfield e Quincy, em 1840. Os líderes da Igreja ficaram muito felizes com seu conteúdo amplo e liberal, que parecia garantir que as autoridades do governo não mais seriam capazes de aproveitarem-se dos santos, como haviam feito em Missouri. O poder legislativo e executivo de Nauvoo consistiam do prefeito, quatro vereadores e nove conselheiros. O prefeito e os vereadores também serviam como juízes no tribunal municipal, uma mudança em relação à carta de outras cidades. Isso significava que cinco homens controlavam os poderes legislativo, executivo e judiciário do governo local.

John C. Bennett foi eleito como o primeiro prefeito de Nauvoo em 1º de fevereiro de 1841. Outros líderes da Igreja, incluindo Joseph Smith, Sidney Rigdon e Hyrum Smith, foram eleitos vereadores, assegurando que o governo local seria favorável aos santos. Imediatamente, o conselho da cidade criou uma unidade da milícia, a Legião de Nauvoo, que gradualmente aumentou até alcançar três mil alistados. Também, de acordo com a Carta, a Legião de Nauvoo estaria sob a liderança de Joseph Smith e outros líderes cívicos, apesar de ser tecnicamente parte da milícia do estado. Novamente os observadores anti-mórmons começaram a ficar preocupados com o crescimento irrestrito da influência e do poderio mórmon na região.

Pela primeira vez em dez anos, os santos sentiram um pouco de segurança. O Senhor os havia conduzido novamente a um lugar de refúgio. Os Apóstolos puderam partir para a missão à qual haviam sido designados na Inglaterra. O Profeta estava em segurança e bem e dirigia a Igreja. A paz vigorava, e as oportunidades de espalhar o evangelho de Jesus Cristo pareciam facilmente disponíveis.

NOTAS

  1. History of the Church, 3:251.

  2. History of Caldwell and Livingston Counties, Missouri (História dos Condados de Caldwell e Livingston, Missouri) (St. Louis: National Historical Co., 1886), p. 142.

  3. Ver Kenneth W. Godfrey, Audrey M. Godfrey e Jill Mulvay Derr, Women’s Voices (A Voz das Mulheres) (Salt Lake City: Deseret Book Co., 1982), pp. 103–105.

  4. In History of the Church, 3:269.

  5. Carta de Elizabeth Haven para Elizabeth Howe Bullard, 24 fev. 1839, em Ora H. Barlow, The Israel Barlow Story and Mormon Mores (A História de Israel Barlow e os Costumes Mórmons) (Salt Lake City: Ora H. Barlow, 1968), p. 143.

  6. Ver Wilford Woodruff Journals (Diários de Wilford Woodruff), 18 mar. 1839, LDS Historical Department, Salt Lake City.

  7. In Barlow, Israel Barlow Story, p. 156.

  8. Drusilla Doris Hendricks, “Historical Sketch of James Hendricks and Drusilla Dorris Hendricks” (Esboços Históricos de James Hendricks e Drusilla Dorris Hendricks), transcrição de manuscrito, LDS Historical Department, Salt Lake City, pp. 22–23.

  9. In David E. and Della S. Miller, Nauvoo: The City of Joseph (Nauvoo, a Cidade de Joseph) (Salt Lake City: Peregrine Smith, 1974), p. 26; ortografia padronizada.

  10. In History of the Church, 3:336.

  11. “A Leaf from an Autobiography” (Página de Autobiografia) Woman’s Exponent, 15 nov. 1878, p. 91.

  12. Wilford Woodruff Journals, 22 julho 1839; pontuação padronizada.

  13. >Wilford Woodruff, Leaves from My Journal, (Páginas de Meu Diário), 2ª ed. (Salt Lake City: Juvenile Instructor Office, 1882), p. 63.

  14. Woodruff, Leaves from My Journal, p. 65.

  15. Ver Woodruff, Leaves from My Journal, p. 65.

  16. Barlow, Israel Barlow Story, p. 163.

  17. Carta de Haven para Bullard, 30 set. 1839, em Barlow, Israel Barlow Story, pp. 158, 160–61.

  18. Andrew Jenson, The Historical Record, mar. 1889, p. 738.

  19. In Dean C. Jessee, ed., The Personal Writings of Joseph Smith (Os Escritos Pessoais de Joseph Smith) (Salt Lake City: Deseret Book Co., 1984), p. 448; pontuação e ortografia corrigidos.

  20. In History of the Church, 4:42.

  21. History of the Church, 4:80.

  22. In History of the Church, 4:38.

  23. History of the Church, 4:74. Outros apelos foram feitos pela Igreja em 1842–1843. Um total de 703 pessoas assinaram os documentos; ver Clark V. Johnson, “The Missouri Redress Petitions: A Reappraisal of Mormon Persecutions in Missouri” (As Petições de Indenização de Missouri: Reavaliação das Perseguições Sofridas pelos Mórmons em Missouri), Brigham Young University Studies, Spring 1986, pp. 31–44.

  24. Parley P. Pratt, ed., Autobiography of Parley P. Pratt, (Autobiografia de Parley P. Pratt), série de Clássicos da Literatura Mórmon (Salt Lake City: Deseret Book Co., 1985), pp. 259–260.

  25. In History of the Church, 4:108.

Cronologia

Data

 

Evento Significativo

26 jan. 1839

Um comitê de mudança é organizado por Brigham Young

Fev. 1839

Início da migração em massa de Missouri

22 mar. 1839

Joseph Smith escreve da cadeia de Liberty pedindo aos santos que não se dispersem

22 abr. 1839

Joseph Smith chega a Quincy, Illinois, depois de permanecer vários meses preso em Missouri

30 abr. 1839

Joseph Smith negocia a compra de terras em Iowa e Illinois

22 jul. 1839

O “dia do poder de Deus” manifesta-se por meio de muitas curas em Nauvoo e Montrose

Nov. 1839

Joseph Smith tem uma entrevista com o Presidente Martin Van Buren, em Washington, D.C.

16 dez. 1839

A planta de Nauvoo é aprovada em Springfield, Illinois

1º fev. 1841

John C. Bennett tornar-se o primeiro prefeito eleito em Nauvoo

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map of Northern Missouri area

Options were limited as the Saints were driven from Missouri from the fall of 1838 into the spring of 1839. The most attractive possibility was to return east. For economic, political, and humanitarian reasons, Illinois initially welcomed the refugees.

Iowa

Illinois

Nebraska

Kansas

Missouri

St. Louis

Mississippi River

Quincy

Carthage

Nauvoo

Chariton River

Adam-ondi-Ahman

Grand River

Shoal Creek

Far West

Liberty

Independence

Missouri River

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Charles C. Rich

Charles C. Rich (1809–83) joined the Church in 1832. He assumed command at the Battle of Crooked River when David W. Patten was mortally wounded. He was a military and Church leader during the Nauvoo period. Brigham Young assigned him to preside over the temporary settlement of Mount Pisgah in Iowa in the winter of 1846–47.

He was ordained an Apostle on 12 February 1849. In the spring of 1864 he became one of the first settlers in Bear Lake Valley (Idaho and Utah) and was responsible for the settlement of that region. He was known for his goodness, generosity, and physical strength. He often carried the mail across the mountains to Salt Lake City during the winter when roads were blocked.

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James and Drusilla Dorris Hendricks with child

James and Drusilla Dorris Hendricks were married in 1825. Their faith and sacrifice were typical of many early Missouri refugees. They arrived in Utah in 1847 in the Jedediah Grant Company. James served as bishop of the Nineteenth Ward from 1850–57.

Courtesy of Barlow family

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Isaac Galland

Isaac Galland (1791–1858) was a land speculator in eastern Iowa and western Illinois. In 1839 he sold large parcels of land to the Church. He was later baptized and for a while acted as the Church land agent in trying to pay Church debts. His efforts produced little financial relief for the Church. In 1841–42 he fell away from the Church, although he apparently remained friendly toward it.

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map of Galland land in Iowa and Illinois

Although the largest tracts of land the Church purchased were in Iowa, the most important Latter-day Saint communities were in Illinois.

Illinois

Iowa

Lands purchased from Isaac Galland by Mormon land agents in 1839

Commerce City

Commerce (Nauvoo)

James White purchase

Hugh White purchase

Mississippi River

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Joseph Smith Nauvoo homestead

The Joseph Smith homestead in Nauvoo. The Prophet and his family lived here from 1839 to 1843. The north ell was added by the Prophet Joseph Smith about 1840. In about 1856 the Prophet’s son Joseph Smith III added the larger addition to the west.

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Elijah Fordham

Elijah Fordham (1798–1879) accepted the gospel in 1833 in Michigan. In 1835 he was ordained a seventy by Joseph Smith in Kirtland. Following his miraculous healing at the hands of Joseph Smith in Montrose, Iowa, Elijah moved to Nauvoo and worked on the temple until the Saints were forced from Illinois in 1846. He went to Utah in 1850 and continued faithful in the gospel the remainder of his life.

Courtesy of Daughters of Utah Pioneers, Salt Lake City

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Elizabeth Haven

Elizabeth Haven (1811–92), a cousin of Brigham Young and Willard Richards, accepted the gospel in 1837. After the expulsion from Missouri she nursed many sick Saints in Quincy, Illinois. Her letters are a valuable source of information on this period of Church history. While in Quincy she met and married Israel Barlow. They migrated to Utah and settled in Bountiful. She died Christmas Day 1892.

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Martin Van Buren

Martin Van Buren (1782–1862), eighth president of the United States, served from 1837 to 1841. He would not support the cause of Joseph Smith and others for redress of the Saints’ grievances arising from the Missouri persecutions.

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map of Nauvoo area

Several communities of Saints grew up in Hancock County, Illinois, and Lee County, Iowa, during the Nauvoo era. Population estimates for the area totaled between fifteen and twenty thousand people by the time of the exodus from Illinois in 1846.

Adams County

Ambrosia

Bear Creek

Camp Creek

Carthage

Davis Mound

Des Moines River

Iowa Territory

Fountain Green

Golden’s Point

Green Plains

Hancock County

Henderson County

La Harpe

Lee County

Lima

McDonough County

Mississippi River

Montrose

Mormon Springs

Nashville

Nauvoo

Plymouth

Ramus

Rocky Run

Sonora

Stringtown

Warren

Yelrome

Zarahemla