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CAPÍTULO TRINTA E OITO: MUDANÇA E CONSTÂNCIA


CAPÍTULO TRINTA E OITO

MUDANÇA E CONSTÂNCIA

A DÉCADA DE 1920 foi, em muitos aspectos, uma época relativamente tranqüila na história da Igreja. Depois da Primeira Guerra Mundial, muitos santos dos últimos dias saíram de Utah para procurar emprego na Califórnia e em outros estados. Um número cada vez maior de membros da Igreja passaram a permanecer no país em que nasceram, conforme foram instruídos, e ajudaram a fortalecer os ramos e distritos em várias regiões do mundo. Numa marcante manifestação de seu interesse por todos os povos da Terra, a Primeira Presidência mandou o Élder David O. McKay e Hugh J. Cannon fazer uma viagem pelas missões do mundo. Também durante a década de 1920, a Igreja estabeleceu seminários e inaugurou o primeiro programa de instituto de religião. A primeira emissora de rádio de Utah, a KZN, começou a transmitir mensagens do evangelho, e foi apoiado um novo presidente da Igreja que a lideraria por quase três décadas.

A REORGANIZAÇÃO DA PRIMEIRA PRESIDÊNCIA

Mesmo em seu leito de morte, o Presidente Joseph F. Smith pensava no homem que o sucederia como profeta, vidente e revelador. O Élder Heber J. Grant foi informado de que o debilitado presidente queria vê-lo. Tomando a mão do Presidente Smith, o Élder Grant sentiu seu poder e força espirituais. Recebeu uma bênção daquele líder à beira da morte. O Presidente Smith disse- lhe que o Senhor não comete erros ao escolher alguém para liderar Sua Igreja. Com os olhos cheios de lágrimas e o coração pleno de amor, o Élder Grant saiu do quarto com as últimas palavras do profeta ecoando em seus ouvidos: “Que o Senhor o abençoe, meu filho, que o Senhor o abençoe”.1

Em 23 de novembro de 1918, quatro dias depois da morte do Presidente Joseph F. Smith, os Doze reuniram-se no Templo de Salt Lake. Ali ordenaram e designaram Heber J. Grant como o sétimo Presidente da Igreja. Ele foi o primeiro presidente nascido em Utah. O Presidente Grant, que vinha servindo como membro do Quórum dos Doze Apóstolos desde 1882, era conhecido por sua determinação. Ele gostava muito de contar como havia vencido suas limitações pessoais e se destacado apesar delas. Sua frase preferida fora escrita por Ralph Waldo Emerson: “O que persistimos em fazer torna-se fácil; não porque a natureza da coisa tenha mudado, mas porque nossa capacidade de realizá-la aumentou”.

O Presidente Grant era um homem muito espiritual. Foi relatado que em muitas reuniões, inclusive em uma realizada no templo, o rosto do Presidente Grant, enquanto falava, assumiu a semelhança do falecido Joseph F. Smith.2Devido à epidemia mundial de gripe, que impediu a realização de todas as grandes reuniões públicas, o Presidente Grant não foi apoiado como presidente da Igreja até junho de 1919. Ele escolheu os Élderes Anthon H. Lund e Charles W. Penrose respectivamente como seu primeiro e segundo conselheiros.

A morte do Presidente Smith e a reorganização da Primeira Presidência deixou uma vaga no Quórum dos Doze Apóstolos. Muitos dos Apóstolos imaginaram que o Presidente Grant chamaria seu bom amigo e membro fiel da Igreja Richard W. Young para ocupar essa posição. O Presidente Grant pretendia chamar, com a aprovação de seus dois conselheiros, Richard Young para o apostolado. Ele começou a pensar e a orar a respeito da vaga. Quando a Primeira Presidência se reuniu com o Quórum dos Doze Apóstolos, o Presidente Grant puxou uma folha de papel do bolso com o nome de Richard W. Young escrito nele, com a plena intenção de apresentá-lo para aprovação. Em vez disso, viu-se dizendo que o Senhor desejava que Melvin J. Ballard, o presidente da missão dos estados do noroeste, preenchesse a vaga no Quórum dos Doze Apóstolos. Mais tarde, o Presidente Grant testificou que aprendeu por experiência própria que o Senhor realmente inspira o Presidente da Igreja.3

Antes do nascimento do Élder Ballard, sua mãe ficara sabendo de modo extraordinário que o bebê que trazia no ventre viria a tornar-se Apóstolo do Senhor Jesus Cristo.4Essa experiência espiritual foi confirmada quando foi revelado ao Élder Ballard em sua bênção patriarcal que ele seria uma das testemunhas especiais do Senhor.

Em 1921, o Presidente Anthon H. Lund faleceu, e o Presidente Grant escolheu Anthony W. Ivins como conselheiro na Primeira Presidência. John A. Widtsoe, presidente da Universidade de Utah, foi chamado para ocupar a vaga no Conselho dos Doze Apóstolos deixada pelo chamado do Élder Ivins. Quatro anos depois, quando Charles W. Penrose faleceu, o bispo Presidente Charles W. Nibley tornou-se membro da Primeira Presidência. Ele e o Presidente Ivins serviram como conselheiros do Presidente Grant por todo o restante daquela década. Joseph Fielding Smith, filho de Joseph F. Smith, substituiu o Presidente Lund como historiador da Igreja e serviu nesse cargo por mais de meio século.

Logo depois de ser designado Presidente da Igreja, Heber J. Grant instituiu várias mudanças e procedimentos administrativos que teriam grande influência na Igreja. Em primeiro lugar, ele anunciou que os membros da Primeira Presidência não mais serviriam como presidentes das várias organizações auxiliares, como havia acontecido até então, tendo outras Autoridades Gerais como assistentes. Em segundo lugar, no início de 1922, foi organizada a Corporação do Presidente para possuir e administrar as propriedades da Igreja. Essa corporação foi estabelecida para administrar as propriedades da Igreja isentas de impostos. Ao mesmo tempo, foi fundada a Zion’s Securities Corporation para administrar propriedades consideradas estritamente como investimento e produtoras de rendimentos. A Igreja voluntariamente pagava impostos referentes a essas propriedades, apesar de que de modo geral poderia alegar que as mesmas não visavam lucros.

A IGREJA E A LIGA DAS NAÇÕES

Com o fim da Primeira Guerra Mundial, o presidente dos Estados Unidos, Woodrow Wilson, apresentou planos para estabelecer a paz mundial de modo permanente. Suas metas incluíam uma liga das nações que iria resolver, por meio de debates e procedimentos parlamentares, os conflitos que surgissem entre os países do mundo. Desde o discurso de despedida de George Washington, os Estados Unidos haviam evitado ao máximo envolverem- se com nações estrangeiras, especialmente com as da Europa. Os planos de Wilson implicavam numa quebra das tradições políticas tradicionais dos Estados Unidos. Quando o presidente procurou fazer com que seu tratado fosse aprovado no Senado Norte-Americano, houve uma batalha de opiniões. Muitos senadores republicanos, inclusive o Apóstolo Reed Smoot, somente aceitaram a liga se algumas modificações fossem acrescentadas a fim de preservar a soberania dos Estados Unidos. Outros opuseram- se terminantemente à criação da liga.

Em fevereiro de 1919, num esforço de promover o tratado, o Congresso da Liga pela Paz realizou sua convenção em Salt Lake City. O ex-presidente dos Estados Unidos, William Howard Taft, estava presente e o Presidente Heber J. Grant dirigiu algumas das sessões. Em julho, o Presidente Ivins, representando a Primeira Presidência, manifestou-se a favor da liga e várias outras Autoridades Gerais também expressaram seu apoio nas conferências de estaca daquele verão.

Apesar dos esforços daqueles que apoiavam o tratado de Wilson, a proposta sofreu uma derrota esmagadora no congresso. Como alguns membros tinham vigorosamente se oposto à liga, enquanto outros a apoiaram, a questão causou algumas divisões na Igreja. Por esse motivo, na conferência geral de outubro após a derrota no senado, o Presidente Grant lembrou à congregação o que havia ocorrido um ano antes e expressou pesar por todo o rancor gerado pela controvérsia. Ele fez um apelo para que o espírito de perdão vigorasse entre os santos dos últimos dias. Ele então mencionou o conselho que havia recebido do Presidente John Taylor quando o Presidente Grant era um jovem Apóstolo. “Meu filho, nunca se esqueça de que quando estiver cumprindo seu dever você sentirá o coração cheio de amor e perdão.”

A evidência de que não havia qualquer ressentimento no coração do Presidente Grant ficou demonstrada pelo fato de ele continuar grande amigo e admirador e Reed Smoot e de que alguns dentre as Autoridades Gerais que se opuseram à Liga das Nações — Charles W. Nibley, J. Reuben Clark e David O. McKay — tornarem-se subseqüentemente seus conselheiros na Primeira Presidência da Igreja.5Havia ainda outro problema político, envolvendo uma questão moral, a ser resolvido.

A PALAVRA DE SABEDORIA E A REJEIÇÃO DA LEI SECA

Durante essa época, algumas pessoas nos Estados Unidos filiaram-se a um movimento para eliminar muitos dos males e injustiças do país. Parte essencial desse movimento, centralizado em grupos evangélicos protestantes, envolviam a proibição da venda de bebidas alcoólicas. A Igreja e seus líderes deram apoio a esse grande movimento em prol da moralidade. Em pouco tempo, a Liga da Lei Seca de Utah foi organizada e liderada pelo Presidente Heber J. Grant. Alguns líderes da Igreja, inclusive o senador Reed Smoot, deram preferência a uma opção local pela Lei Seca a uma proscrição em todo o país da venda de bebidas alcoólicas. Outros consideraram que a proibição violava sua liberdade e instaram os membros da Igreja a continuarem a ensinar a respeito dos males e conseqüências de consumir bebidas alcoólicas, mas com a liberdade de seguir o caminho que desejassem seguir. As forças que favoreciam a proibição da venda de álcool, porém, foram tão fortes que a Emenda Dezoito foi aprovada, tornando a Lei Seca uma lei nacional.6

Durante a década de 1920, os bispos que entrevistavam os membros que queriam entrar no templo foram instruídos a incentivá-los a cumprir os princípios da Palavra de Sabedoria. A Igreja também usou suas publicações, especialmente a Improvement Era, para fazer campanha contra o uso do fumo. Muitos artigos citavam autoridades científicas e a doutrina da Igreja para promover a abstinência tanto de bebidas alcoólicas quanto do fumo. Os líderes da Igreja também propuseram leis que proibissem o fumo, inclusive a proibição de cartazes de propaganda de cigarros. O Presidente Grant freqüentemente pregava contra o fumo e o consumo de bebidas alcoólicas, e apoiava o estrito cumprimento da lei. Chegou até a insistir que a Deseret News oficialmente apoiasse o cumprimento da Lei Seca. Além disso, a Igreja forneceu auxílio financeiro à Liga da Lei Seca.

Durante aqueles anos em que a Lei Seca esteve em vigor, houve fortes movimentos trabalhando para sua anulação. Apesar do vigoroso apoio da Igreja e o conhecimento público de que o Presidente Grant era definitivamente a favor da Lei Seca, Utah tornou-se o trigésimo sexto estado a votar pela anulação da Emenda Dezoito. Ironicamente, foi o voto que deu fim à Lei Seca. O Presidente Grant expressou publicamente seu desapontamento pelos membros da Igreja não terem seguido seu conselho. Se o tivessem feito, insistiu ele, muito do sofrimento, dor, degeneração espiritual e a deterioração da saúde física que acompanham o consumo de álcool e fumo poderiam ser evitados. O Élder George Albert Smith falou depois sobre as conseqüências que resultaram e continuariam a existir por causa da insensatez dos que não atenderam ao conselho do profeta vivo:

“Existem aqueles entre nós que foram cegados pelas filosofias e insensatez dos homens. Existem aqueles que rejeitam a advertência e o conselho do homem que Deus colocou na liderança desta Igreja.

Sinto pesar por estar aqui e pensar no modo como rejeitamos o conselho do Presidente Grant. Não quero ser contado entre ‘nós’ porque não agi dessa forma — mas existem aqueles entre nós que rejeitaram o conselho do Presidente desta Igreja e votaram pela anulação da Décima Oitava Emenda e aprovaram a volta das bebidas alcoólicas para nossa comunidade e sua legalização. Essa ação aumentou o número de acidentes e assassinatos em nosso meio; e milhares de filhos e filhas da América estão-se perdendo e degradando-se além da possibilidade de recuperação.

Se tivéssemos dado ouvidos ao homem que está à nossa frente e cumprido nosso dever não estaríamos sofrendo aqui neste vale e em outros lugares os problemas que caíram sobre nós; ao menos não seríamos responsáveis por eles.

Pessoas que não dispõem de muita informação de repente surgem com uma idéia brilhante e sugerem ‘eis aqui o caminho’ou ‘ali está o caminho’, e embora isso esteja em conflito com o conselho do Senhor, alguns são persuadidos a experimentar. O Senhor deu-nos conselhos sábios e designou o Presidente da Igreja a interpretá-los. Se ignorarmos as admoestações que ele, como Presidente da Igreja, nos der, haveremos de descobrir que cometemos um grave erro.”7

ÊNFASE CONTÍNUA NO TRABALHO MISSIONÁRIO

Depois da Primeira Guerra Mundial a Igreja teve alguma dificuldade em conseguir que os missionários voltassem para diversos países da Europa. No entanto, o presidente da missão européia, George F. Richards, trabalhando em estreito contato com seu sucessor, o Élder George Albert Smith, e com o senador Reed Smoot, finalmente conseguiram permissão para que os missionários trabalhassem na Holanda, Noruega, Suécia e Dinamarca. No outono de 1920 o evangelho voltou a ser pregado na Alemanha e na primavera de 1921 a África do Sul foi reaberta.

Numa tentativa de obter informações de primeira mão a respeito dos santos dos últimos dias de todas as partes do mundo e para enfatizar o mandamento dado nas escrituras de que o evangelho deveria ser pregado a toda nação, tribo, língua e povo, o Presidente Grant enviou o Élder David O. McKay e Hugh J. Cannon, redator da Improvement Era, para uma viagem ao redor do mundo. O Deseret News comentou que o Élder McKay viajaria pelas missões sob o título de Comissário de Educação para que fosse oficialmente recebido pelos governos do mundo. Ao comissionar o Élder McKay, o Presidente Grant disse-lhe: “Faça uma avaliação geral das missões, estude as condições existentes, colete dados a respeito delas; em suma, obtenha informações gerais a fim de que possa haver alguém que participe das decisões da Primeira Presidência e do Conselho dos Doze que esteja bastante familiarizado com as condições reais dos santos”.8

Os dois embaixadores partiram em 4 de dezembro de 1920, com os desejos de sucesso de líderes, familiares e amigos. Viajando para o Japão na Empress of Japan, o Presidente McKay passou mal a maior parte do tempo. Ao descrever como ficara mareado, ele escreveu: “Adeus, jantar de ontem à noite! Adeus, banquete do Rotary de ontem! E durante as próximas sessenta horas, adeus tudo que comi desde que era um bebê no colo de minha mãe. Nem sequer tenho certeza se não cheguei a cruzar a linha da pré-existência”.9

Depois de reunir-se com os missionários no Japão, eles viajaram para a China, passando pela Coréia e pela Manchúria. Em Pequim, passearam pelas ruas a procura de um local adequado para dedicarem o país. Por fim, chegaram aos muros da Cidade Proibida, antiga residência dos imperadores. Cruzaram o portão e entraram em um bosque de ciprestes, que simbolizava a tristeza e o sofrimento dos chineses. O Élder McKay sentiu que aquele era um lugar particularmente adequado para invocar as bênçãos do céu sobre aquele povo oprimido e sofrido. Com a cabeça abaixada, a moderna testemunha de Cristo orou silenciosamente para girar a chave que abriria as portas para que os servos autorizados de Deus entrassem na China a fim de pregarem o evangelho restaurado de Jesus Cristo.

Depois de viajarem para o Havaí, os Élderes McKay e Cannon inspecionaram a escola da Igreja, em Laie, e em seguida visitaram outras ilhas. O Élder Cannon solicitou especificamente que visitassem Pulehu, em Maui, onde seu pai, George Q. Cannon, havia batizado o primeiro havaiano, em julho de 1851. Trinta e quatro anos depois, o Presidente McKay relembrou os eventos de sua visita a Maui.

“Viemos até aqui, e eu estava bem nesse lugar [apontando para um ponto onde houvera uma pimenteira], e quando olhamos para uma antiga casa de madeira que havia ha época, ele disse: ‘Esta é provavelmente a antiga capela’. Pareceu-me algo muito distante no passado. Nada mais havia aqui. Eu disse: ‘Bem, provavelmente este é o lugar. Estamos provavelmente no lugar em que seu pai, George Q. Cannon, e o Juiz Napela falaram àquelas pessoas’. Ficamos muito impressionados com o local, a lembrança e o significado espiritual daquela ocasião; tal como acontecera com as manifestações que presenciamos em nossa viagem ao Oriente até chegarmos ao Havai. Eu disse: ‘Creio que devemos proferir uma oração’ (…)

Fiz a oração. Todos estávamos com os olhos fechados, e foi uma reunião muito inspiradora. Ao começarmos a afastar-nos do local, ao final da oração, o irmão Keola Kailimai chamou o irmão E. Wesley Smith de lado e começou a conversar com ele em havaiano, muito emocionado. As pessoas continuaram caminhando, e o nosso grupo ficou para trás. Continuamos caminhando, e o irmão Kailimai disse, com muita seriedade, em havaiano, o que tinha visto durante a oração. Paramos bem ali [apontando para um ponto a certa distância] e o irmão E. Wesley Smith disse: ‘Irmão McKay, sabe o que o irmão Kailimai me contou?’ Respondi: ‘Não’. ‘O irmão Kailimai disse que, enquanto o senhor estava orando e todos estávamos de olhos fechados, ele viu dois homens que pensou serem Hugh J. Cannon e E. Wesley Smith sairem do meio do grupo e cumprimentarem alguém, e ele se perguntou por que o irmão Cannon e o irmão Smith estariam trocando apertos de mão quando estávamos orando. Ele abriu os olhos e então viu aqueles dois homens de olhos fechados, parados no lugar em que estávamos antes. Fechou, então, os olhou rapidamente, porque soube que tivera uma visão’.

O irmão Hugh J. Cannon se parece muito com o irmão George Q. Cannon, seu pai. Mencionei essa semelhança durante a viagem. Evidentemente, E. Wesley Smith tem as feições parecidas com as do Presidente Joseph Fielding Smith. É natural que o irmão Keola Kailimai tenha imaginado que aqueles dois homens estivessem ali. Eu disse: ‘Creio que foi George Q. Cannon e Joseph F. Smith, dois antigos missionários que trabalharam no Havaí, que aquele homem cheio de espiritualidade viu’.

Caminhamos alguns passos adiante, e eu disse: ‘Irmão Kailimai, não compreendo o significado de sua visão, mas sei que o véu entre nós e aqueles antigos missionários estava muito fino’. O irmão Hugh J. Cannon, que estava a meu lado, com lágrimas escorrendo pelo rosto, disse: ‘Irmão McKay, não havia véu algum!’

Do Havaí, os dois viajaram para San Francisco, esperando conseguir melhores meios de transporte para sua viagem pelo sul do Pacífico. Ali foram recebidos pelo Presidente Heber J. Grant e pelas próprias esposas. Ao saberem da morte do conselheiro do Presidente Grant, Anthon H. Lund, decidiram voltar por algum tempo para Salt Lake City. Retornaram para San Francisco no final de março preparados para iniciar uma viagem de doze dias até o Taiti. Chegaram lá em 12 de abril, mas não conseguiram entrar em contato com o presidente da missão, que estava viajando pela missão. De Taiti, viajaram de navio para Raratonga e depois para Wellington, Nova Zelândia, onde tinham seu primeiro compromisso marcado. Passaram nove dias reunindo-se com os missionários e os santos da Nova Zelândia. Era a primeira vez que um Apóstolo nesta dispensação estivera na Nova Zelândia.

Partiram de Auckland em 30 de abril de 1921 e viajaram para Samoa. Chegaram a bordo do S. S. Tofua e foram recebidos em Samoa com hinos e exclamações de alegria por uma enorme multidão de membros da Igreja. Passaram mais de um mês viajando de uma ilha para a outra e realizando reuniões com os santos e autoridades governamentais. A cada parada, o Élder McKay falava a grandes congregações — às vezes com até cinco mil e quinhentos nativos, autoridades e visitantes. Sempre que falava a esses grupos, fazia uso de um intérprete. Em certa ocasião, porém, ele interrompeu o intérprete e continuou falando, percebendo que os membros conseguiam compreendê-lo. Toda a congregação havia recebido o dom de interpretação de línguas.

Por suas ações e testemunho, o Élder David O. McKay e Hugh J. Cannon conquistaram o coração do povo samoano. Quando chegou o momento de partirem, houve lágrimas e pedidos de que ficassem. Por inspiração do Espírito, o Élder McKay voltou, desceu do cavalo, anunciou o que iria fazer, e com as mãos erguidas proferiu uma bênção para aquele povo pela autoridade e poder do apostolado e sacerdócio. Foi um esplêndido final para uma despedida perfeita. Virando-se rapidamente, eles partiram enquanto os santos acenavam lenços brancos. O povo samoano mais tarde ergueu um monumento no local em que o Élder McKay havia orado.

Devido a uma epidemia de sarampo em Tonga, todas as pessoas que entravam no país precisavam cumprir uma quarentena de doze dias. O Élder McKay decidiu visitar a região assim mesmo, mas enviou o Élder Cannon para a Nova Zelândia a fim de evitar a quarentena.

De Tonga, ele voltou para a Nova Zelândia, onde passou outras duas semanas visitando Auckland e Hastings. Em 2 de agosto de 1921, os dois viajantes partiram de navio rumo a Sydney, Austrália. Em contraste com as multidões que haviam-se reunido em outros lugares, o número de santos em Sydney, Melbourne, Adelaide e Brisbane era pequeno. Sentiram, porém, profunda espiritualidade entre o povo.

Da Austrália, passaram pelo sudeste asiático até uma terra repleta de rostos famintos e abatidos, a exemplo do mendigo que morreu próximo de onde o Élder McKay estava parado em uma rua da Índia. Durante a quente e úmida viagem de navio da Índia até o Egito os dois missionários tiveram tempo para pensar no lar e na família. Certa noite, o Élder McKay estava sentado no convés ao lado de uma senhora que estava exausta de tanto embalar seu bebê para que parasse de chorar. O Élder McKay sorriu para ela, depois perguntou se poderia segurar um pouco o menino para que ela descansasse. Ela consentiu aliviada, e em pouco tempo o menino estava dormindo nos braços do Apóstolo.

Na Terra Santa, deveriam ser recebidos pelo Presidente J. Wilford Booth, o novo presidente da Missão Armênia, com quem viajariam pelos pequenos ramos da região. Mas quando chegaram a Jerusalém, não sabiam onde encontrariam o Presidente Booth. Depois de vários dias visitando santuários e outros locais históricos, decidiram partir para Haifa, um porto marítimo da costa mediterrânea que fica ao norte de Jerusalém, a caminho de Aleppo, na extremidade noroeste da Síria. A princípio tinham planejado viajar de carro pela Samaria, mas o Élder McKay sentiu-se inspirado a viajar de trem.

Chegaram a Haifa sem saber onde se hospedariam, e enquanto o Élder McKay foi informar-se a respeito de um hotel adequado, o irmão Cannon ficou tomando conta das malas. Dez minutos depois, o Élder McKay voltou com um mensageiro de um hotel importante. Quando estavam para sair pela porta da estação ferroviária, o Élder McKay sentiu alguém tocarlhe o ombro e perguntar: “O senhor não é o irmão McKay?” O Élder McKay voltou-se e encontrou o Presidente Booth. Se os dois Élderes tivessem viajado de carro ou tivessem se lembrado de pedir informações a respeito de algum hotel antes de partirem de Jerusalém, não teriam encontrado o Presidente Booth. O resultado foi que realizaram muitas reuniões bastante espirituais com os santos e distribuíram fundos coletados em um jejum especial realizado em Utah, que abençoou imensamente os santos daquela parte do mundo.

Os Élderes concluíram a viagem ao redor do mundo com uma visita às missões européias. Depois de viajar quase cem mil quilômetros em cinco meses, chegaram em casa na véspera do Natal de 1921. Na conferência geral de abril de 1922, o Élder McKay relatou sua missão bem-sucedida e prestou vigoroso testemunho de que “Cristo está sempre pronto a ajudarnos em momentos de necessidade, e a consolar-nos e fortalecer-nos, [se] nos achegarmos a Ele com pureza, simplicidade e fé”.11

Pouco depois de voltar para casa, David O. McKay foi chamado como presidente da missão européia da Igreja. Recebeu o encargo de melhorar a imagem pública da Igreja, especialmente na Inglaterra. Surgiu então a oportunidade do senador Reed Smoot, em companhia do Élder John A. Widtsoe, viajar para a Europa. Em Londres, o senador Smoot encontrou-se com os proprietários dos principais jornais ingleses. Quando os proprietários dos jornais souberam que grande parte do material publicado em seus jornais a respeito dos santos dos últimos dias era falsa, concordaram em não mais aceitar nenhum material anti-mórmon para publicação. O senador Smoot também se encontrou com o diretor-geral do ministério de relações exteriores da Dinamarca, com o primeiro ministro da Suécia e o rei da Noruega.

Em pouco tempo a atitude em relação à Igreja também melhorou em outras partes do mundo, e missões foram abertas ou reabertas na França, Checoslováquia e Bavária. Em 1925, Melvin J. Ballard reabriu a Missão Sul Americana. Sua oração dedicatória, proferida em Buenos Aires, Argentina, incluiu a seguinte profecia: “A obra do Senhor crescerá lentamente por algum tempo, assim como um carvalho cresce a partir de uma bolota. Ela não despontará em um dia, como o girassol que cresce rapidamente e em seguida fenece. No entanto, milhares filiar-se-ão à Igreja aqui. Ela será dividida em mais de uma missão e será uma das mais fortes da Igreja. (…) Dia virá em que os lamanitas desta terra serão uma potência na Igreja”.12

Ilustrando o compromisso dos membros da Igreja para com o trabalho missionário, temos o exemplo de Percy D. McArthur. Percy, exímio corredor que vivia a Palavra de Sabedoria, foi campeão da Califórnia nos 400 metros. Freqüentemente orava antes de correr, não para que vencesse mas que conseguisse dar o melhor de si. Ele representou o Los Angeles Athletic Club na competição de atletismo nacional realizado em 1927, em Lincoln, Nebraska, e empatou com outros três corredores. Falando da equipe olímpica de 1928, ele disse: “Senti-me confiante de que conseguiria ser selecionado para a equipe — estava bem preparado e em excelentes condições físicas, quando recebi meu chamado para a missão. Isso significava mais para mim do que qualquer corrida”. Pouco depois, ele começou a trabalhar na missão mexicana.13Não foi o primeiro nem o último grande atleta a colocar a Igreja em primeiro lugar na vida. Ele desistiu da fama e talvez da fortuna, para proclamar a um povo humilde que o evangelho estava novamente sobre a face da Terra.

Em um esforço de enviar missionários mais bem preparados para o campo, os líderes da Igreja estabeleceram um centro de treinamento missionário em Salt Lake City, com LeRoi Snow como seu primeiro diretor. Os missionários recebiam duas semanas de instruções intensivas a respeito de coisas como boa educação, pontualidade e métodos missionários. Também ouviram instruções de Autoridades Gerais a respeito de princípios do evangelho. A Casa da Missão, como era chamada, foi dedicada em 3 de fevereiro de 1925 pelo Presidente Heber J. Grant, e sua primeira turma tinha apenas cinco élderes. Em 1927, porém, quase três mil rapazes e moças haviam sido instruídos.14O aumento do número de missionários treinados deveu-se em parte ao pronunciamento do Presidente Grant na conferência geral de outubro de 1925 a respeito da necessidade de mais mil missionários.

Foi também durante essa época que diversos métodos inovadores foram experimentados para facilitar a pregação do evangelho. Um jovem élder da missão Califórnia, Gustive O. Larson, produziu uma série de palestras ilustradas, que apresentou em todo o estado, com a aprovação de seu presidente de missão. Os slides e o diálogo abordavam três temas: As antigas civilizações da América, a história dos mórmons e os templos dos santos dos últimos dias e o trabalho neles realizado. Milhares de pessoas que não eram membros foram ver os slides e ouvir o Élder Larson. Nessa mesma época, o Presidente B. H. Roberts, recém-chamado para presidir a missão dos estados do leste, treinou seus missionários nos conceitos fundamentais do proselitismo e incentivou-os a organizar e ensinar a mensagem do evangelho de modo seqüencial e a fazer melhor uso do Livro de Mórmon. Ele freqüentemente os reunia na sede da missão, onde dava palestras a respeito de princípios do evangelho.

O trabalho missionário no Japão sofreu uma interrupção temporária durante a década de 1920. Passados vinte e três anos do esforço e sacrifício feitos pelos missionários, o Presidente Grant, que havia aberto a missão japonesa, suspendeu o trabalho de proselitismo naquele país. Diversos fatores influenciaram a tomada da dolorosa decisão de retirar os missionários do país. Dificuldade com a língua e a cultura e o fracasso em atrair conversos foram pontos importantes nessa decisão. Outras razões incluíram o terremoto de Tóquio em 1923 e a lei de exclusão de japoneses de 1924.

O terremoto foi tão devastador que o trabalho missionário teve que ser completamente interrompido e os poucos missionários que estavam no país ajudaram no trabalho de reconstrução. A lei de exclusão de japoneses, que foi aprovada nos Estados Unidos em julho de 1924, impedia os japoneses de emigrarem para os Estados Unidos. Isso causou ressentimento contra todos os americanos que moravam no Japão. Devido a esses fatores, a Primeira Presidência, depois de meditar cuidadosamente e orar a esse respeito, anunciou o fechamento da missão em agosto de 1924. Somente depois da Segunda Guerra Mundial é que o evangelho restaurado passou a atrair milhares de conversos japoneses.15

NOVAS ORIENTAÇÕES REFERENTES À EDUCAÇÃO NA IGREJA

Antes da Primeira Guerra Mundial, os santos dos últimos dias deram-se conta de que não poderiam continuar a financiar dois sistemas de educação. A Igreja não tinha condições de construir um número suficiente de escolas da Igreja, que na época se chamavam academias, para todos os filhos de membros. Os membros consideravam bastante oneroso o encargo de sustentar as escolas públicas exigidas por lei e ao mesmo tempo fornecer fundos para manter em funcionamento as escolas locais da Igreja. Por esse motivo, a partir de 1920, a maior parte das academias foram transformadas em escolas públicas ou convertidas em faculdades ou escolas comuns.

Para assegurar que os jovens santos dos últimos dias tivessem algum meio de receber instrução religiosa diária, a Igreja estabeleceu seminários que funcionavam ao lado de escolas secundárias públicas, começando em 1912 pela Escola Secundária Granite em Salt Lake City. Alguns distritos escolares locais liberavam os alunos para aulas do seminário, e edifícios separados do prédio das escolas começaram a ser construídos. Foram contratados professores competentes, e todo o sistema passou a ser supervisionado por uma junta educacional geral da Igreja e um comissário designado pela Igreja. Desse modo, teve início o grande sistema de seminários da Igreja.

Com um número cada vez maior de santos dos últimos dias freqüentando faculdades e universidades na década de 1920, alguns membros da Igreja começaram a preocupar-se com a forma pela qual os alunos integrariam o conhecimento secular com sua religião. O início dos anos 20 foram marcados pelo progresso da ciência e o declínio da influência e poder das igrejas. Uma obra popular da época chamava-se “História da Batalha da Ciência contra a Teologia no Cristianismo”, escrita por Andrew Dixon White, renomado professor de história e presidente da Universidade Cornell. Ele atacou vigorosamente as doutrinas cristãs fundamentalistas, a que considerava “uma ameaça a toda a evolução normal da sociedade”.16Seu livro foi considerado padrão para os alunos de ciência compreenderem a guerra filosófica entre a ciência e o cristianismo.

Durante esse período de agitação e desafios, um grupo de santos dos últimos dias da Universidade de Idaho pediu ajuda à Primeira Presidência por causa do grande número de alunos mórmons que ali estudavam que não tinham acesso ao ensino da Igreja para suplementar seus estudos seculares. A Primeira Presidência atendeu a seu apelo e enviou o recém-desobrigado presidente da missão da África do Sul, J. Wiley Sessions, com sua esposa, Magdeline, para Moscow, Idaho, com autoridade para organizar um programa para esses alunos santos dos últimos dias. Trabalhando em estreito contato com os dirigentes da universidade, o irmão Sessions em pouco tempo desenvolveu uma organização social e deu aulas de escritura e ética em um ambiente religioso, pelas quais os alunos recebiam créditos universitários.

As primeiras classes foram montadas no outono de 1926, com cinqüenta e sete alunos matriculados. Um espaçoso edifício foi construído próximo à universidade. Em pouco tempo, os institutos foram organizados e construíram- se edifícios ao lado da Faculdade Estadual de Agricultura de Utah, em Logan; da Universidade Estadual Idaho, em Pocatello; e da Universidade de Utah, em Salt Lake City.

Foi também no início da década de 1920 que os administradores da Universidade Brigham Young estabeleceram a primeira semana educacional voltada para os adultos. Originalmente esses cursos eram feitos no intuito de treinar líderes de estaca e alas para que fossem ensinados pela Primeira Presidência e outras Autoridades Gerais. Por causa da sobrecarga de serviço, as Autoridades Gerais instruíram mais tarde os dirigentes da universidade que utilizassem professores universitários como instrutores e abrissem os cursos para o público. As semanas educacionais hoje envolvem milhares de santos dos últimos dias por todos os Estados Unidos e Canadá, com uma freqüência de mais de vinte e cinco mil pessoas aos cursos realizados anualmente no campus da Universidade Brigham Young, em Provo.

MAIOR EXPANSÃO DA IGREJA

Durante a década de 1920, muitos santos dos últimos dias saíram de Utah e estabeleceram-se em outras regiões, como o sul da Califórnia. O trabalho missionário levou muitos conversos para a Igreja e aumentou o número de membros residentes naquela parte dos Estados Unidos. Em janeiro de 1923, o Presidente Heber J. Grant, seu primeiro conselheiro, Charles W. Penrose, e outras Autoridades Gerais reuniram-se com três mil membros da Califórnia para organizar a Estaca Los Angeles, a octagésima oitava estaca da Igreja, que incluía todo o sul da Califórnia. A criação dessa estaca indicava que a Igreja não era mais uma organização restrita ao Estado de Utah, mas estava começando a espalhar-se para todos os cantos da nação. Devido ao trabalho inicial de colonização, havia também um número suficiente de membros da Igreja para justificar a construção de templos de Cardston, Alberta, no Canadá e em Mesa, Arizona, respectivamente em 1923 e 1927. Os dois edifícios sagrados foram dedicados pelo Presidente Grant.

Em 6 de maio de 1922, o profeta dedicou a nova emissora de rádio da Deseret News, a KZN, e pela primeira vez na história da Igreja transmitiu uma mensagem pelo ar. Em seu discurso, o Presidente da Igreja prestou seu testemunho de que Joseph Smith era um profeta do Deus verdadeiro e vivo. Dois anos depois, a emissora começou a transmitir as sessões da conferência geral. Milhares de membros da Igreja, bem como os que não eram membros, puderam ouvir as mensagens inspiradas das Autoridades Gerais. Durante o verão de 1924, o prefixo da emissora foi mudado para KSL.

Em 15 de julho de 1929, o Coro do Tabernáculo começou sua primeira transmissão. A “Palavra Proferida”, uma mensagem de inspiração e esperança, criada por Richard L. Evans também se tornou parte da programação regular da emissora. Ao longo dos anos, milhares de pessoas filiaramse à Igreja depois de ouvir a música inspiradora do coro e a eloqüente e espiritual Palavra Proferida. Outros milhares encontraram consolo e esperança ao ouvirem as transmissões do coro

COMEMORAÇÃO DO CENTENÁRIO E MAIOR INTERESSE PELA HISTÓRIA DA IGREJA

Acreditando que a Igreja precisava17de uma história de fácil leitura resumida em um só volume, contando a história da Restauração, a Primeira Presidência pediu a Joseph Fielding Smith que escrevesse esse livro. A obra terminada, intitulada Essentials in Church History, (Fundamentos da História da Igreja), foi publicada pela primeira vez em 1922. Esse livro, foi usado no início da década de 1920 como manual do Sacerdócio de Melquisedeque, teve posteriormente quase trinta edições.

Andrew Jenson, historiador assistente da Igreja, passou grande parte da década viajando para cumprir sua designação de reunir registros históricos das alas e ramos. Devido a seu interesse, perseverança e trabalho que os historiadores atualmente dispõem de material para pesquisar a história da Igreja.

Também durante a década de 1920, a Igreja comemorou o centenário do aparecimento do Pai e do Filho e do anjo Morôni a Joseph Smith com cantatas e cerimônias especiais em Palmyra, Nova York. Na manhã do domingo, dia 6 de abril de 1930, milhares de membros da Igreja lotaram o Tabernáculo de Salt Lake para participar de uma assembléia solene em que os líderes da Igreja foram apoiados por voto de quóruns, e o impressionante brado de hosana foi majestosamente elevado. B. H. Roberts escreveu: “Quando foi dado o vigoroso brado, pareceram vibrar ondas de emoção, que se prolongaram com a apresentação do glorioso e rejubilante coro de Handel, ‘Aleluia’, do ‘Messias’ ”.18

Foi também durante essa conferência que o Templo de Salt Lake foi iluminado pela primeira vez por gigantescos holofotes, e uma apresentação teatral em comemoração ao centenário, “A Mensagem das Eras”, foi representada em um palco especialmente construído no Tabernáculo. Recém-escrita para essa comemoração, a apresentação teatral mostrava as várias dispensações do evangelho. A entrada era franca, e a apresentação foi recebida com tamanho entusiasmo que as sessões continuaram por mais de um mês. O Élder B. H. Roberts também apresentou sua obra monumental de seis volumes, A Comprehensive History of The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints para os membros, culminando de modo excelente as comemorações do centenário.

Como outra evidência do interesse da Igreja por sua própria história, os líderes anunciaram em abril de 1928 que haviam comprado o monte Cumora. Pouco tempo depois, ele tornou-se um dos locais mais visitados pelos santos dos últimos dias que viajavam pelo leste dos Estados Unidos. Muitos que não eram mórmons também visitaram o monte, e um centro de visitantes foi construído no sopé.

A década de vinte foi uma época na história da Igreja em que seus alicerces foram mais firmemente estabelecidos. Foi uma década de relativa paz, uma época em que os ataques e o ressentimento da maioria diminuíram. Nessa década relativamente tranqüila, a Igreja lentamente cresceu e fortaleceu seus programas, e a fé possuída por seus membros aumentou.

NOTAS

  1. Heber J. Grant, Conference Report, abr. 1941, p. 4.

  2. Ver Journal of Anthon H. Lund (Diário de Anthon Lund), 25 maio 1919, LDS Historical Department, Salt Lake City, pp. 49–50; Charles W. Penrose, Journal History of The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints, 1º jun. 1919, LDS Historical Department, Salt Lake City.

  3. Ver Francis M. Gibbons, Heber J. Grant: Man of Steel, Prophet of God (Heber J. Grant: Homem de Aço, Profeta de Deus) (Salt Lake City: Deseret Book Co., 1979) pp. 174–176.

  4. Ver Bryant S. Hinckley, Sermons and Missionary Services of Melvin Joseph Ballard (Sermões e Obra Missionária de Melvin J. Ballard) (Salt Lake City: Deseret Book Co., 1949), p. 23.

  5. James B. Allen, “Personal Faith and Public Policy: Some Timely Observations on the League of Nations Controversy in Utah” (Fé Pessoal e Conduta Pública: Observações Oportunas sobre a Controvérsia da Liga das Nações a respeito de Utah), Brigham Young University Studies, Autumn 1973, p. 97; ver também James B. Allen, “J. Reuben Clark, Jr., on American Sovereignty and International Organization” (J. Reuben Clark, Jr., Soberania Americana e Organização Internacional), Brigham Young University Studies, primavera 1973, pp. 347–372.

  6. Esta seção foi escrita para o Sistema Educacional da Igreja; também publicada em Richard O. Cowan, The Church in the Twentieth Century (Salt Lake City: Bookcraft, 1985), p. 129.

  7. Conference Report, out. 1936, p. 75.

  8. “Two Church Workers Will Tour Missions of Pacific Islands” (Dois Servos da Igreja Viajarão pelas Missões das Ilhas do Pacífico), Deseret News, 15 out. 1920, p. 5.

  9. Keith Terry, David O. McKay, Prophet of Love (David O. McKay, Profeta de Amor) (Santa Barbara: Butterfly Publishing, 1980), p. 65.

  10. Terry, David O. McKay, p. 70.

  11. Conference Report, abr. 1922, p. 69; ver também pp. 62–68.

  12. “Prophecies for Children of Lehi Are Being Fulfilled” (As Profecias de Leí Estão Sendo Cumpridas), Church News, 26 fev. 1984, p. 10.

  13. M. C. Morris, “Olympic Games or a Mission?” (Jogos Olímpicos ou a Missão?) Improvement Era, mar. 1929, p. 382; ver também pp. 378–383.

  14. Ver LeRoi C. Snow, “The Missionary Home” (Casa da Missão), Improvement Era, maio 1928, pp. 552–554.

  15. Ver R. Lanier Britsch, “The Closing of the Early Japan Mission” (O Fechamento da Primeira Missão Japonesa), Brigham Young University Studies, inverno 1975, pp. 171–190.

  16. Andrew Dickson White, A History of the Warfare of Science with Theology in Christendom, (História da Guerra da Ciência com a Teologia no Cristianismo), 2 vols. (New York: D. Appleton and Co., 1897), 1:vi.

  17. Seção escrita para o Sistema Educacional da Igreja; também publicada em Cowan, Church in the Twentieth Century, pp. 102–4.

  18. B. H. Roberts, A Comprehensive History of The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints, Century One, 6 vols. (Salt Lake City: The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints, 1930), 6:540.

Cronologia

Data

 

Evento Significativo

23 nov. 1918

Heber J. Grant é ordenado e designado como o sétimo Presidente da Igreja

Dez. 1920

David O. McKay e Hugh J. Cannon partem em viagem pelo mundo

1922

Estabelecimento da Corporação do Presidente

6 maio 1922

O Presidente Grant faz as primeiras transmissões pela emissora de rádio KZN (posteriormente KSL) de Salt Lake City

1925

Inaugurada a Casa da Missão em Salt Lake City

Outono de 1926

Primeiro instituto de religião inaugurado em Moscow, Idaho

1928

A Igreja compra o monte Cumora

Abr. 1930

Comemoração do centenário da organização da Igreja

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Heber J. Grant

Heber J. Grant (1856–1945) became the seventh President of the Church at age sixty-two, having served as an Apostle since 1882. He was set apart as President of the Quorum of the Twelve Apostles in 1916.

President Grant greatly influenced the Church in the twentieth century. He served as a General Authority longer than any other man except David O. McKay. His twenty-seven years of service as President of the Church marked the second longest administration, exceeded only by Brigham Young’s.

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Hugh J. Cannon and David O. McKay

The world tour of David O. McKay (right) and his companion, Hugh J. Cannon (left), fulfilled the directions of President Heber J. Grant to gather information so that during their deliberations, Church leaders would have someone familiar with the conditions Latter-day Saints were living under.

For the remainder of his life, Elder McKay had his finger on the pulse of the world and the Church. As an Apostle he traveled widely, and he continued to do so into the early years of his administration as President of the Church. Under his leadership the Church became a worldwide institution.

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Joseph Wilford Booth

Joseph Wilford Booth (1866–1928) labored most of his life as a missionary in the Middle East. His first mission in the Middle East was to Turkey in 1898. He later served twice as president of the Turkish Mission in 1903–9 and 1921–24.

He dedicated Greece for the preaching of the gospel while on Mars Hill in Athens in 1905. The name of the Turkish Mission was changed to the Armenian Mission, and he presided over it from 1924 to 1928. He died and was buried at Aleppo, Syria, just before the news came of his release.

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Melvin J. Ballard and others at site of South America dedication

This is the exact spot where Elder Melvin J. Ballard (1873–1939), a member of the Quorum of the Twelve Apostles, dedicated South America for the preaching of the gospel on 25 December 1925 in Buenos Aires, Argentina. This photo was taken June 1926.

Left to right: President Reinholdt Stoof, president of the South American Mission; his wife, Sister Ella Stoof; Elder Melvin J. Ballard; President Rey L. Pratt; and James Vernon Sharp.

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Mission Home

For many years most newly called missionaries traveled to Salt Lake City to be given instruction, receive their temple endowment, and be set apart for their labors. In 1924 approval was given to establish a home for missionaries during their stay. A home was purchased and remodeled in 1925, and President Lorenzo Snow’s son LeRoi was named director.

Gradually the training program initiated there increased to two weeks and came to include seventy-one classes in such subjects as gospel instruction, Church organization, English and language instruction, personal health and hygiene, physical fitness, table etiquette and manners, personal appearance, and punctuality.

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Granite Seminary

In the school year of 1912–13, the Granite Seminary in Salt Lake City housed the Church’s first “released-time” seminary classes, with seventy students attending. The next year Guy C. Wilson was hired as a full-time teacher.

Although begun as an experimental program, the seminary idea spread rapidly because of its success. A decade later almost five thousand students were enrolled in seminary, and that figure more than doubled by the time the first institute of religion, located in Moscow, Idaho, was created in 1926–27. By 1997, over 379,000 students were enrolled in seminary.

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Moscow institute of religion

The Moscow institute building in Moscow, Idaho, was dedicated on 25 September 1928 by Charles W. Nibley, a member of the First Presidency.

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Heber J. Grant radio broadcast

President Heber J. Grant began the first radio broadcast over KZN (later KSL), the Deseret News–sponsored radio station in Salt Lake City, on 6 May 1922. Pictured left to right are Nathan O. Fullmer, Anthony W. Ivins, George Albert Smith, not identified, not identified, Augusta Winters Grant, Heber J. Grant, C. Clarence Neslen, and George J. Cannon.