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CAPÍTULO TRINTA E SEIS: A IGREJA NO INÍCIO DO SÉCULO XX


CAPÍTULO TRINTA E SEIS

A IGREJA NO INÍCIO DO SÉCULO XX

DEPOIS DE UM período de relativa boa vontade para com a Igreja, após a publicação do Manifesto e a admissão do Estado de Utah na União, a Igreja novamente enfrentou sérios problemas internos e externos. No início do século XX, o movimento progressista estava chamando a atenção da nação a todos os males, tanto reais quanto imaginários, em todos os aspectos da sociedade norte-americana. Nessa época, a imprensa concentrou-se no caso de B. H. Roberts, voltando novamente a atenção dos líderes progressistas e nacionalistas do país para a Igreja e seus membros.

O CASO DE BRIGHAM H. ROBERTS DE UTAH

No verão de 1896, a Primeira Presidência enviou o Élder Brigham Henry Roberts, membro do Primeiro Quórum dos Setenta e um dos melhores oradores da Igreja, como integrante de quarteto de vozes selecionadas do Coro do Tabernáculo, em missão de divulgação do nome da Igreja nos estados do leste dos Estados Unidos. George D. Pyper, cantor talentoso, liderava o quarteto como solista tenor. O Élder Roberts esteve em várias cidades do leste, inclusive St. Louis, Missouri; Cincinnati, Ohio; Pittsburgh, Pensilvânia; Filadélfia, Pensilvânia; e Nova York, Nova York. Em St. Louis, apresentou uma série de quarenta e duas palestras, cada uma com uma hora e quinze minutos de duração, e “no final das palestras, sessenta pessoas haviam sido batizadas, formando o núcleo de um próspero e importante ramo da Igreja em St. Louis”.1Devido a seu amor pelo evangelho e por defendê-lo durante toda a vida, B. H. Roberts tornou-se conhecido como “Defensor da Fé”.

Ao retornar para Utah, o Élder Roberts foi convidado por alguns líderes democratas do estado a concorrer ao senado dos Estados Unidos. Depois de receber aprovação da Primeira Presidência, aceitou a candidatura. Foi nomeado por seu partido em setembro de 1898. Depois de vigorosa campanha, Roberts foi eleito com uma diferença de quase seis mil votos em relação a seu oponente. No entanto, quase imediatamente após sua vitória, um grupo de ministros sectários aliaram-se ao advogado A. Theodore Schroeder, que também era redator de uma revista anti-mórmon publicada em Utah, Lucifer’s Lantern, numa tentativa de impedir que Roberts assumisse o cargo.2

Schroeder, nascido e educado em Wisconsin, havia-se mudado para Utah a fim de exercer a profissão de advogado para “ver e estudar o estabelecimento de uma nova religião”. Enquanto morava em Salt Lake City, “ajudou a reavivar o Salt Lake Herald como órgão oficial do partido democrata, de que também foi um dos quarenta membros fundadores.” Associou-se também a pessoas em Utah que se opunham à Igreja e levou a juízo “o caso contra B. H. Roberts, resultando na exclusão de Roberts do congresso dos Estados Unidos”.3

Como o Élder Roberts era polígamo, seus oponentes conseguiram reunir de todas as partes do país mais de sete milhões de nomes em um abaixo- assinado propondo que ele fosse impedido de assumir seu cargo no congresso. Foi o maior abaixo-assinado da história americana até aquela data. No entanto, o Presidente Lorenzo Snow disse: “Conforme Roberts comentou mais tarde, ‘a tempestade foi como um mosquito indo de encontro com a lua’”.4

Depois de chegar a Washington D. C., o senador Roberts ficou sabendo que não lhe seria permitido assumir seu lugar no congresso até que a questão do abaixo-assinado ficasse resolvido. Enquanto isso, ele preparou-se para defender a si mesmo e seu direito de assumir um lugar no congresso como polígamo. O debate prolongou-se por quinze meses. A oposição, movida por várias razões religiosas, morais e políticas, uniu-se no empenho de negar um lugar no congresso para Roberts. Alguns atacaram a Igreja, alegando que muitos de seus polígamos ainda estavam sustentando mais de uma família, enquanto outros acusaram os mórmons de não sustentar suas esposas e filhos. Atacaram os membros que acreditavam no casamento plural acusando-os de oportunistas e condenaram outros por abandonarem essa prática. Outra acusação levantada contra a Igreja foi a de que ela havia abandonado a prática do casamento plural mas não deixado de acreditar nela. Por fim, os santos dos últimos dias foram acusados tanto de amar quanto de deixar de amar os filhos de uniões polígamas anteriores.5

A controvérsia freqüentemente ganhava as páginas dos principais jornais do país. As mulheres do país que acreditavam que o casamento plural era aviltante para as mulheres também se opuseram a Roberts. Alguns políticos concluíram que as pressões exercidas por essas “suffragetes” resultaram em sua exclusão. Nesse período, os cartunistas e satiristas desenharam tantas caricaturas suas, que Roberts era reconhecido em toda parte.

Pouco antes da votação final, o Élder Roberts, cansado mas determinado, teve permissão de apresentar sua defesa final. Conhecido em alguns círculos como o “orador ferreiro”, por ter sido ferreiro na juventude, ele concluiu sua defesa com esta declaração:

“Alguns dos jornais que abordavam o caso Roberts declararam: ‘Marquem esse homem com o estigma da vergonha e enviem-no de volta para o seu povo’. Sr. Presidente, agradeço a Deus pelo fato de que o poder de marcar-me com o estigma da vergonha esteja muito além do alcance desta Casa, por mais poderosa que seja. Esse poder está nas mãos do próprio indivíduo e de ninguém mais. O Deus Todo-Poderoso não o conferiu a qualquer outra pessoa. Vivi até este dia com a consciência limpa de que segui os ensinamentos morais da comunidade em que fui criado, e não me sinto envergonhado de nenhum dos atos de minha vida. Condenem-me ou expulsem- me, deixarei esta augusta casa com a cabeça erguida e o rosto impávido e caminharei nesta Terra de Deus como os anjos caminham pelas nuvens, sem o mínimo motivo para envergonhar-me’.

(Aplausos da audiência e vaias da galeria.)

E se em resposta ao clamor sectário que foi levantado contra o representante de Utah, decidirdes violar a constituição de vosso país, quer excluindo-me ou expulsando-me, a vergonha relacionada a este caso não ficará comigo mas com esta casa.

(Aplausos.)”6

Apesar da excelência de seu discurso final, duzentos e sessenta e oito votaram a favor de sua exclusão, cinqüenta votaram contra, e trinta e seis abstiveram-se. Embora o Élder Roberts tenha lutado valorosamente e se portado com dignidade, sendo motivo de orgulho para a Igreja e para seu país, o senado decidiu que nenhum homem com mais de uma esposa poderia ocupar um cargo ali. B. H. Roberts nunca mais concorreu a um cargo público.

PRESIDENTE JOSEPH F. SMITH

Apenas um mês antes de seu aniversário de sessenta e três anos, Joseph F. Smith, que havia sido conselheiro de quatro presidentes da Igreja, foi ordenado como sucessor de Lorenzo Snow, que havia falecido em 10 de outubro de 1901. Era filho do mártir Hyrum Smith e sobrinho de Joseph Smith, tendo recebido seu nome. Sua mãe viúva, Mary Fielding Smith, foi uma mulher de grande fé, que lhe ensinou o evangelho por exemplo e preceito. Quando tinha apenas quinze anos de idade, Joseph F. partiu para uma missão muito bem-sucedida no Havaí. Dez anos depois, em 1864, ele acompanhou Lorenzo Snow às ilhas para dar um fim à heresia na Igreja causada por Walter Murray Gibson. Enquanto estavam na ilha de Maui, foi revelado ao Élder Snow que Joseph F. Smith viria um dia a presidir a Igreja.7Ele tinha apenas vinte e oito anos de idade quando foi chamado por Brigham Young para ser um Apóstolo.

Joseph F. Smith estudou o evangelho diligentemente e era conhecido por seu entendimento do evangelho, seu amor pela doutrina e seus vigorosos discursos. Também era pai dedicado, cujas cartas endereçadas aos filhos eram cheias de amor e boas orientações. Em uma assembléia solene especial realizada em 10 de novembro de 1901, ele foi apoiado como Presidente da Igreja. Escolheu como seus conselheiros John R. Winder, que havia servido no Bispado Presidente da Igreja, e Anthon H. Lund, do Quórum dos Doze Apóstolos.

No início de sua administração, o Presidente Smith deu a Reed Smoot, que havia sido chamado para o apostolado na primavera de 1900 aos trinta e oito anos de idade, permissão para concorrer ao senado dos Estados Unidos. Destacado político de Utah e um dos fundadores do Partido Republicano do estado, ele foi eleito ao senado dos Estados Unidos em 1903. Sua campanha bem-sucedida envolveu a Igreja em audiências que duraram quase cinco anos. A cobertura da imprensa dessas audiências novamente colocaram a Igreja no foco das atenções em todo o país.

AS AUDIÊNCIAS DE REEDSMOOT

Ao tornar-se “decano” do senado dos Estados Unidos em 1930, o Apóstolo Reed tornou-se, segundo o redator do Salt Lake Telegram, “o mais renomado cidadão de Utah”. Isso foi depois da pesquisa feita pela imprensa,que classificou o senador Smoot indiscutivelmente em primeiro lugar.8Nos trinta anos em que serviu no senado, ele tornou-se um de seus membros mais influentes e poderosos, tendo a oportunidade de conhecer e lidar com presidentes, ministros, reis e rainhas de todo o mundo. O início de sua carreira no senado, porém, em nada prenunciava o sucesso que alcançou.

Em 1906, logo depois das audiências Smoot, um amigo de Joseph F. Smith concluiu que o Élder Smoot jamais seria reeleito. Enquanto viajava de volta da Europa com o Presidente Smith, ele abordou o assunto “com o máximo de cuidado e tato”. O Presidente Smith ouviu o que ele tinha a dizer, depois bateu com a mão na murada que os separava e disse enfaticamente: “A mais forte e clara inspiração do Espírito do Senhor que já recebi foi a respeito de Reed Smoot e de que, em vez de aposentar-se, ele deve continuar no senado dos Estados Unidos”.9

A aprovação divina para concorrer a uma vaga no senado, contudo, não lhe garantia a vitória. Em 1902, os senadores eram eleitos pelos deputados estaduais e não por voto direto; por esse motivo, o Élder Smoot começou a organizar seus partidários na assembléia legislativa de Utah para assegurar sua eleição. Em janeiro de 1903, Smoot recebeu quarenta e seis votos da assembléia legislativa, que era de maioria republicana. Seus oponentes conseguiram um total de dezesseis votos. Um Apóstolo tornara-se senador dos Estados Unidos.

Dias depois de sua vitória, um grupo de dezenove cidadãos de Salt Lake encaminhou um protesto ao presidente dos Estados Unidos contra a eleição do senador. Eles acusaram-no de ser “um dos quinze membros perpétuos que compõem as autoridades governantes de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, ou Igreja ‘Mórmon’, que alegam, recebendo de seus seguidores esse direito, autoridade suprema, divinamente sancionada, para moldar as crenças e controlar as ações dos que lhes são sujeitos, em todos os assuntos, quer civis ou religiosos, temporais ou espirituais”.10Em pouco tempo, todos os que, quatro anos antes, se tinham oposto a que B. H. Roberts assumisse uma vaga no senado uniram-se novamente em oposição popular ao senador Smoot. Um dos mais sensacionalistas jornais do país publicou o seguinte verso na primeira página. Esse era o sentimento vigente na época:

“Será que você não percebe que não o querem ali?
Não compreende que um apóstolo ficaria totalmente deslocado
em meio a uma porção de políticos?
Não vê que não se enquadraria ali?
Smoot,
Vá embora
Saia de Washington e do meio dos gentios,
Volte para o lugar de onde veio, arrume suas malas velhas
E pegue a estrada de volta para casa.
Dê o fora, Smoot. Vá embora.”11

Quando o Élder Smoot chegou a Washington D. C. no final de fevereiro de 1903, o senador J. C. Burrows apresentou o “protesto dos cidadãos” ao comitê que cuidava de privilégios e eleições. Poucos dias depois, John L. Leilich, superintendente das missões do distrito de Utah da Igreja Metodista, apresentou outras acusações contra Smoot, inclusive a de que era polígamo. Isso não era verdade, e o Élder Smoot podia prová-lo. De maneira diversa da que ocorrera com B. H. Roberts, o Élder Smoot recebeu permissão para assumir seu cargo enquanto a investigação era realizada. Em março de 1903, ele fez o juramento de senador. Como senador, suas habilidades administrativas, seu bom senso e integridade logo se tornaram evidentes. Ele também se tornou muito habilidoso como político, o que lhe foi muito útil no momento da votação final referente a seu caso.

“‘O Caso Smoot’, como passou a ser chamado, estimulou o reavivamento de velhas histórias anti-mórmons e inspirou a criação de novas. Os danitas reapareceram, a história do massacre de Mountain Meadows foi reavivado, o ‘harém’ de Brigham Young tornou-se novamente um assunto de interesse público. O New York Herald dedicou uma página inteira aos horrores da poligamia. O New York Commercial Advertizer fez a ridícula acusação de que os missionários recebiam pagamento para cada converso que conseguiam, uns míseros quatro dólares por homem, mas sessenta dólares por moça com mais de 16 anos que conseguissem arrebanhar para a prática da poligamia”.12

Em janeiro de 1904, com a ajuda de vários advogados que não eram mórmons, o senador Smoot preparou uma resposta formal às acusações que foram levantadas contra ele, mas as audiências propriamente ditas começaram somente em março. Sua honestidade e franqueza ao responder as perguntas conquistaram-lhe o respeito de muitos senadores. Outras testemunhas da Igreja foram James E. Talmage, que esclareceu pontos referentes a doutrina mórmon; Francis M. Lyman, Presidente do Quórum dos Doze Apóstolos; Andrew Jenson, historiador assistente da Igreja; B. H. Roberts; e Moses Thatcher, que havia sido desobrigado do Quórum dos Doze Apóstolos em 1896. O testemunho de Thatcher foi particularmente útil no sentido de refutar as acusações de que os líderes da Igreja “controlavam a vida dos santos. O testemunho desses líderes da Igreja ganharam a primeira página dos jornais do país.

Depois de mais de dois anos, as audiências finalmente chegaram ao fim. Aqueles que se opunham ao senador alegavam que os líderes da Igreja ainda estavam praticando o casamento plural, que a Igreja exercia demasiada influência sobre a política de Utah, que os membros eram ordenados a fazer juramentos no templo que se opunham aos princípios da constituição e que os membros da Igreja acreditavam que a revelação de Deus era superior às leis do país. O Senador Fred T. Dubois, de Idaho, lutando por sua carreira política, falava de modo tão excitado contra Smoot e outros líderes da Igreja, que muitos republicanos que controlavam o senado acreditaram que o senador Smoot fosse tão poderoso quanto Dubois declarava.

Em 20 de fevereiro de 1907, o Partido Republicano derrotou a proposta de que Reed fosse deposto de seu cargo. A vitória foi alcançada em parte porque os líderes republicanos, inclusive o presidente Theodore Roosevelt, concluíram que se Smoot permanecesse no senado, ele seria uma influência importante para que Utah continuasse sendo um estado republicano. Tendo alcançado essa vitória, o senador Smoot passou os vinte e seis anos seguintes na capital do país como uma de suas figuras mais influentes.

O RESULTADO DAS AUDIÊNCIAS DO CASO SMOOT

Por meio das observações do senador Smoot e de outros importantes santos dos últimos dias do leste dos Estados Unidos, a Primeira Presidência ficou sabendo que o público em geral, nos Estados Unidos, imaginava que os líderes da Igreja procuravam desviar-se do cumprimento da lei. Eles foram acusados de não se esforçarem muito para eliminar o casamento plural. Em 6 de abril de 1904, depois de meditar e orar a respeito de como responder a essas acusações, o Presidente Joseph F. Smith publicou uma declaração que ficou conhecida como o “segundo manifesto”. Nesse pronunciamento, o Presidente Smith declarou que qualquer oficial da Igreja que realizasse um casamento plural, bem como o casal envolvido, seria excomungado. Ele declarou claramente que essa declaração se aplicava para qualquer parte do mundo.

Infelizmente, dois membros do Quórum dos Doze Apóstolos, John W. Taylor e Matthias F. Cowley, não estavam plenamente de acordo com os demais líderes a respeito da abrangência e do significado do Manifesto original e não puderam concordar com a segunda declaração publicada pelo Presidente Smith. No início das audiências do caso Smoot, Taylor e Cowley exilaram- se voluntariamente para não terem que testificar em Washington D. C.

Depois das audiências do caso Smoot, esses dois Apóstolos encaminharam seu pedido de desobrigação do Quórum dos Doze Apóstolos. Era amplamente conhecido o fato de que eles haviam realizado não poucos casamentos plurais depois da publicação do Manifesto. Seu pedido de desobrigação dos Doze foi uma forte indicação de que o casamento plural realmente havia chegado ao fim. Seis anos depois, John W. Taylor foi excomungado da Igreja por ter-se casado com outra esposa plural depois de sua desobrigação. O Élder Cowley, apesar de nunca mais voltar ao Quórum dos Doze Apóstolos, permaneceu fiel à Igreja. Na década de 1930, ele serviu em uma missão na Inglaterra. Um de seus filhos, Matthew Cowley, que havia servido como presidente na Nova Zelândia, foi posteriormente chamado como Apóstolo.

A IMPRENSA ATACA A IGREJA

Servindo ao mesmo tempo que Reed Smoot como senador de Utah estava o anti-mórmon magnata da mineração, Thomas Kearns, que havia garantido sua eleição ao senado em parte por causa do apoio que recebera do Presidente Lorenzo Snow. Durante seu mandato no cargo, não foi eficaz nem popular entre seus colegas do senado, o povo de Utah ou com a assembléia legislativa de Utah que o elegera. Além disso, o novo presidente da Igreja, Joseph F. Smith, não acreditava que Kearns conseguiria manter sua vaga no senado. Esses fatores fizeram com que não conseguisse a reeleição. Amargurado e enraivecido, ele colocou toda a culpa na Igreja. Em seu discurso final no senado, ele desferiu violento ataque contra a Igreja, condenando a liderança da Igreja como uma “monarquia” que monopolizava os negócios, a política e a vida social em Utah. Declarou ainda: “Essa monarquia permite que seus favoritos pratiquem a poligamia”.13

Depois de voltar a Utah, Kearns ajudou a formar o partido político americano, que foi um reavivamento do antigo partido liberal anti-mórmon, que havia sido dissolvido em 1893. Ele também comprou o Salt Lake Tribune e contratou Frank J. Cannon, o filho excomungado do Presidente George Q. Cannon, como seu redator.14

Os editoriais de Cannon no Tribune atacavam a Igreja e seus líderes. À medida que seus editoriais e os artigos anti-mórmons se tornaram mais violentos, a credibilidade de Cannon começou a decair. Por fim, ele acabou mudando-se para Denver, onde continuou a escrever até sua morte, em 1933. Não obstante, por algum tempo os livros e artigos difamatórios antimórmons que ele escrevia afetaram muito a imagem que as pessoas tinham dos santos dos últimos dias. De modo semelhante, as ações e os discursos de Kearns estimularam outros redatores e levaram-nos a publicar declarações mentirosas contra a Igreja. Entre 1907 e 1911, com o Salt Lake Tribune liderando o ataque, houve um aumento da propaganda anti-mórmon que se tornou muito mais grave do que os casos Roberts e Smoot.

O Presidente Smith decidiu não responder a esses ataques, mas declarou: “Não tenho qualquer intenção maldosa para com quaisquer dos filhos de meu Pai. Mas existem inimigos da obra do Senhor, bem como inimigos do Filho de Deus. Há quem fale apenas coisas ruins a respeito dos santos dos últimos dias. Existem aqueles, em grande número entre nós, que fecham os olhos a toda virtude e toda coisa boa relacionada ao trabalho dos santos dos últimos dias e divulgam uma quantidade imensa de falsidades e mentiras contra o povo de Deus. Eles têm o meu perdão. Deixo-os nas mãos do justo Juiz”.15

Quatro revistas nacionais — Pearson’s, Everybody’s, McClure’s, e Cosmopolitan — desferiram ataques violentos contra os santos dos últimos dias. Demonstraram ter bem pouco entendimento da Igreja e sua divina missão. Em parte por causa de sua amizade com o senador Smoot, o presidente Theodore Roosevelt defendeu a Igreja e publicou uma carta na Collier’s refutando muitas das acusações falsas feitas contra líderes da Igreja. O presidente também negou as alegações que começavam a circular de que ele havia feito acordos políticos com os mórmons. Ele também proclamou vigorosamente as virtudes e os elevados padrões morais dos santos dos últimos dias.16Essa carta ajudou a combater as acusações feitas contra a Igreja nos Estados Unidos. A carta, porém, não foi publicada na Europa, onde a Igreja também estava sofrendo ataques. Mais de uma dúzia de livros antimórmons e artigos da imprensa marrom americana chegaram à Europa e foram divulgados naquele continente.

Durante os anos de 1910–1914 houve cenas de violência nunca vistas anteriormente contra os missionários SUD na Inglaterra. A Grã-Bretanha passava por grandes mudanças sociais naquele período, e muitas pessoas chegaram a acreditar que a Igreja fosse uma ameaça a seus costumes e valores sociais tradicionais. Além disso, estavam convencidos de que o casamento plural ainda fosse praticado e de que os missionários estivessem seduzindo moças inglesas para levá-las consigo. A famosa escritora inglesa Winifred Graham (Sra. Theodore Cory) escreveu vários romances antimórmons. Em certa ocasião, ela declarou: “Senti grande excitação em combater com palavras e pena esse poderoso reino que trabalha para seus interesses egoístas, um vampiro na verdade, sugando o sangue da Europa com seus emissários semelhantes a lobos em pele de cordeiro, que cobiçam as mulheres da Inglaterra”.17

Como resultado de toda essa propaganda, o parlamento britânico discutiu a questão de expulsar ou não todos os santos dos últimos dias do solo britânico. O jovem Winston Churchill, demonstrando grande coragem, ajudou a causa da Igreja invocando o direito à liberdade religiosa. Não houve expulsões. Mesmo assim, houve cenas de violência e ataques de turbas em Birkenhead, Boothe, Heywood e oito outras cidades da Inglaterra. Durante um desses ataques, um élder foi coberto de piche e penas, outro foi ferido no rosto e outro foi atingido nos olhos com cal, ficando temporariamente cego. Outros missionários foram agredidos por turbas enfurecidas, que se reuniam nas ruas aos milhares.

Apesar da oposição, ocorreram milagres. Um jovem e inexperiente élder do Canadá, chamado Hugh B. Brown estava trabalhando em Cambridge em 1904. Ao chegar à cidade, ele viu cartazes na estação ferroviária com os dizeres: “Cuidado com os vis enganadores; os mórmons estão voltando. Expulsem-nos.” Durante dois dias ele foi de casa em casa deixando folhetos sempre que conseguia e procurando sem sucesso falar aos ingleses a respeito do evangelho.18Numa noite de sábado, conforme ele contou posteriormente, alguém bateu em sua porta.

“A dona da casa atendeu. Ouvi alguém dizer: ‘Há alguém chamado Élder Brown morando aqui?’ Eu pensei comigo: ‘Pronto, é o meu fim!’

Ela respondeu: ‘Mora sim, senhor. Entre. Ele está na sala em frente.

Ele entrou e perguntou: ‘O senhor é o Élder Brown?

Não me surpreendi de vê-lo surpreso. Eu disse: ‘Sim, senhor’.

Ele perguntou: ‘O senhor deixou este folheto debaixo da minha porta?’

Bem, meu nome e endereço estavam nele. Embora eu estivesse na época preparando-me para trabalhar como advogado, não soube o que responder. Eu disse: ‘Sim, senhor, deixei.’

Ele disse: ‘Domingo passado 17 chefes de família abandonaram a igreja anglicana. Fomos todos para a minha casa, onde há uma sala bastante espaçosa. Cada um de nós tem uma família numerosa, de modo que enchemos a sala de homens, mulheres e crianças. Decidimos que oraríamos a semana inteira para que o Senhor nos enviasse um novo pastor. Quando voltei para casa ontem, sentia-me desanimado. Pensei que nossas orações não tivessem sido respondidas. Mas quando encontrei este folheto debaixo de minha porta, soube que o Senhor havia respondido a nossas orações. Poderia vir até minha casa amanhã à noite e ser nosso novo pastor?’

Ora, ainda não fazia bem três dias que eu estava no campo missionário. Não sabia nada a respeito do trabalho missionário, e ele queria que eu fosse seu pastor. Mas fui suficientemente ousado para dizer: ‘Sim, senhor, eu irei.’ Arrependi-me disso desde aquele momento até a hora da reunião.

Ele saiu, levando consigo o meu apetite! Chamei a senhoria e disse que não queria [jantar]. Subi para o meu quarto e preparei-me para dormir. Ajoelhado aos pés da cama, falei realmente com Deus pela primeira vez na vida. Contei-lhe minha situação. Imporei Sua ajuda. Pedi-Lhe que me guiasse. Implorei-Lhe que me livrasse daquela responsabilidade. Levanteime e fui para a cama, mas não consegui dormir. Levantei-me da cama novamente e voltei a orar. Continuei orando a noite inteira, mas realmente conversei com o Senhor”.

Ele passou o dia inteiro sem tomar o desjejum nem almoçar, andando e preocupando-se com o fato de que teria de ser o líder religioso daquelas pessoas.

Finalmente, faltando um quarto para as sete, levantei-me e vesti minha sobrecasaca Prince Albert, meu chapéu engomado que havia comprado em Norwich, peguei minha bengala (que todo mundo usava naquela época), minhas luvas de pelica, coloquei uma Bíblia debaixo do braço e literalmente me arrastei penosamente até aquele prédio.

Assim que cheguei ao portão, o homem apareceu, o mesmo que fora visitar-me na noite anterior. Ele curvou-se educadamente e disse: ‘Seja bem- vindo, reverendo’. Nunca tinha sido chamado desse modo antes. Entrei e encontrei uma sala grande apinhada de gente, e todos se levantaram em respeito ao novo pastor, e isso quase me matou de medo.

Foi então que comecei a pensar no que teria de fazer. Dei-me conta de que precisava dizer algo sobre cantar um hino. Sugeri que cantássemos o hino ‘Ó Meu Pai’. Todos olharam para mim em silêncio. Cantamos: foi um horrível solo de caubói. Então pensei, se eu pedir a essas pessoas que se voltem e se ajoelhem em frente de suas cadeiras, não estarão olhando para mim enquanto eu estiver orando. Pedi-lhes que fizessem isso e fui prontamente atendido. Todos ajoelharam-se e eu também. Pela segunda vez em minha vida, conversei com Deus. Não senti mais medo. Não estava mais preocupado. Estava deixando tudo nas mãos Dele.

“Eu disse, entre outras coisas: ‘Pai Celestial, estas pessoas deixaram a igreja anglicana. Vieram aqui esta noite para ouvir a verdade. Sabes que não estou preparado para dar-lhes o que desejam, mas Tu estás, ó Deus, que tudo podes. Se eu puder ser um instrumento Teu, tudo irá bem, mas por favor assume a direção’.

Quando nos erguemos a maior parte das pessoas estava chorando, assim como eu. Tive o bom senso de dispensar o segundo hino e pus-me a falar. Falei durante quarenta e cinco minutos. Não sei o que disse. Não era eu quem estava falando — Deus falou por meus lábios, conforme ficou comprovado depois. E Ele falou de modo tão vigoroso àquele grupo de pessoas que no final da reunião eles juntaram-se ao redor de mim para abraçar- me e apertar-me as mãos. Diziam: ‘É isso que estávamos esperando. Graças a Deus que o senhor veio’.

Contei-lhes que tive de me arrastar até aquela reunião. No caminho de volta para casa, naquela noite, toquei o chão apenas uma vez, tão contente estava por Deus ter tirado de minhas mãos uma tarefa impossível para o homem.

Em três meses, todo homem, mulher e criança daquele grupo tinha sido batizado e se tornado membro da Igreja.”19

A MISSÃO DA PRAÇA DO TEMPLO

No intuito de explicar aos que não eram membros da Igreja a verdadeira história do povo santo dos últimos dias e combater a publicidade negativa, a Igreja estabeleceu a missão da Praça do Templo. Já em 1875, Charles J. Thomas, zelador do templo de Salt Lake, que na época estava ainda em construção, foi designado a recepcionar os turistas, mostrar-lhes os arredores da Praça do Templo e responder suas perguntas. Ele mantinha um livro no qual as pessoas que visitavam a Praça do Templo assinavam o nome. Nos anos subseqüentes, muitas pessoas famosas, inclusive dois presidentes dos Estados Unidos, assinaram o registro do irmão Thomas.20Várias tentativas foram feitas durante os vinte e cinco anos seguintes para prover guias e informações de modo contínuo para os visitantes.

Durante as décadas de 1880–1890, James Dwyer, comerciante de livros em Salt Lake City, dirigia-se diariamente à Praça do Templo, onde conversava a respeito do evangelho com os turistas e entregava-lhes um cartão contendo as Regras de Fé, que ele havia mandado imprimir. No verso havia uma figura do templo e uma inscrição que dizia: “Se desejar mais informações a respeito das doutrinas da Igreja, queira escrever para James Dwyer, North Temple Street, Salt Lake City”.21Em julho de 1901, o filho do Presidente Snow, LeRoi, ouviu um motorista de táxi contando mentiras escabrosas a respeito da Igreja. Como resultado dos esforços de LeRoi Snow, a Primeira Presidência pediu aos setenta da Igreja, em 1901, que estabelecessem um posto de informações na Praça do Templo.22

Em março daquele ano, um pequeno pavilhão, de onde a Igreja poderia fornecer informações corretas, foi construído a um custo de aproximadamente quinhentos dólares. Cem homens e mulheres foram chamados para servir de guias. Foram designados a cumprir horários regulares para conduzir os visitantes pela Praça do Templo e contar a verdadeira história dos santos dos últimos dias. Além disso, recitais de órgão no Tabernáculo passaram a ser realizados duas vezes por dia no verão. Mais de 150.000 pessoas visitaram a Praça do Templo naquele ano.

A missão também sofreu oposição. Grupos locais de pessoas que não eram membros da Igreja e o Salt Lake Tribune aliaram-se para atrapalhar a influência positiva que os guias e os impressos deixavam nos turistas. Ocasionalmente eles colocavam “guias” anti-mórmons nas entradas da Praça do Templo, numa tentativa de passar informações falsas a respeito dos santos dos últimos dias aos visitantes. Em 1904, por causa do grande número de turistas e o sucesso da missão, a Igreja construiu um edifício bem maior de granito e tijolos. Em 1905 o número de visitantes aumentou para um total anual de 200.000. Em 1915 foi acrescentado um segundo andar ao edifício para acomodar o Museu Deseret. Muitas outras mudanças foram feitas mais tarde, mas o trabalho fundamental da Missão da Praça do Templo permaneceu como parte importante do programa missionário da Igreja.23

A COMPRA DE LOCAIS HISTÓRICOS

Acreditando que as verdades da Restauração25poderiam ser contadas de modo mais eficaz por meio de centros de visitantes em vários locais históricos, a Igreja, na medida de suas posses, começou a adquirir locais de significado histórico. A história de seus próprios antepassados motivou o Presidente Joseph F. Smith a interessar-se pela história da Igreja, e foi durante sua administração que muitos dos antigos locais históricos da Igreja foram adquiridos.

Em 5 de novembro de 1903, o primeiro local histórico foi comprado: a cadeia de Carthage, onde Joseph e Hyrum Smith foram martirizados. Em junho de 1907, a Igreja comprou a propriedade de quarenta hectares da família Smith, próximo a Palmyra, Nova York, que incluía o Bosque Sagrado, onde em 1820 o Profeta teve a Primeira Visão. Willard Bean, ex-boxeador de Utah, e Rebecca, sua esposa, com menos de um ano de casados, foram enviados em 1915 para cuidar da fazenda depois de o antigo morador terse mudado. Receberam o desafio de pregar o evangelho e fazer amigos para a Igreja na região. Eles tornaram-se os primeiros santos dos últimos dias a morar em Manchester em oitenta e quatro anos.26

Entre 1905 e 1907, a Igreja também comprou, por meio de quatro aquisições separadas, a escritura da fazenda da família Mack, próxima à vila de Sharon, Vermont, local onde o profeta nasceu. Uma pequena casa, ou centro de visitantes, foi construída no local, e ao lado dela um imponente monumento de granito de Vermont foi erguido em homenagem ao Profeta Joseph Smith. Ele foi dedicado por seu sobrinho, o Presidente Joseph F. Smith, em 23 de dezembro de 1905, no centenário do nascimento do Profeta. O monumento tem 38 pés e meio de altura, um pé para cada ano da vida do profeta.

Importantes propriedades no Estado de Missouri também foram compradas nessa época. A primeira foi uma faixa de aproximadamente oito hectares de terra comprada em 1904 em Independence, Missouri. Ela fazia parte dos vinte e cinco hectares originais comprados pela Igreja em 1831. Uma capela e um centro de visitantes foram construídos nessa propriedade. A Igreja também comprou posteriormente o terreno do templo em Far West, no norte do Estado de Missouri.

Além de atrair o interesse de grande número de santos dos últimos dias a respeito da história de sua religião, esses locais também proporcionaram oportunidades para a Igreja compartilhar sua mensagem com o mundo. Em vários desses locais, postos de informações, seguindo o padrão bem-sucedido do programa da Praça do Templo, foram construídos para facilitar o trabalho missionário. Em outros locais, os visitantes aprendem a respeito da história dos santos dos últimos dias relacionada especificamente ao local que estão visitando.

A IGREJA PUBLICA SUA PRÓPRIA HISTÓRIA

B. H. Roberts leu um artigo no Salt Lake Tribune reacendendo a falsa teoria de que Solomon Spaulding fosse o verdadeiro autor do Livro de Mórmon. O Élder Roberts entrou em contato com o redator e perguntou se poderia escrever um artigo em resposta. Ele foi informado que aquela era uma reimpressão de um artigo escrito por Theodore Schroeder que havia sido publicada no New York Historical Magazine.

O Élder Roberts enviou sua réplica ao New York Historical Magazine. Ela foi recebida de modo tão favorável que ele foi convidado a escrever uma história da Igreja para eles. Na época em que os acertos foram concluídos, o nome da revista tinha sido mudado para Americana, e os artigos escritos pelo Élder Roberts foram publicados nela nos seis anos seguintes. Esses artigos foram a base para sua obra de seis volumes Comprehensive History of the Church, que foi apresentada como homenagem aos santos dos últimos dias na comemoração de seu centenário em 1930.

Durante anos o Élder Roberts havia colecionado cópias de materiais escritos pelo Profeta Joseph Smith ou a respeito dele que foram publicadas em várias revistas, mas principalmente dos periódicos da Igreja. Em certa ocasião, ele mostrou sua coleção a Francis M. Lyman, que sugeriu de modo entusiasmado ao Quórum dos Doze Apóstolos, do qual era membro, que o Élder Roberts recebesse a designação de publicar sua coleção com longas notas de rodapé, a fim de prover o contexto e esclarecimento de antigos documentos relacionados à história da Igreja. Os Doze aceitaram a sugestão do Élder Lyman, e B. H. Roberts foi convidado a fazer uma estimativa de quanto custaria esse projeto.

Poucas semanas depois, o Élder Roberts apresentou sua estimativa. O Presidente George Q. Cannon achou os custos muito altos e ofereceu-se para fazer o mesmo trabalho financiando a suas próprias custas. Lorenzo Snow aceitou a oferta do Presidente Cannon. No início do projeto, porém, o Presidente Cannon veio a falecer, e o Élder Roberts foi convidado a terminar o trabalho. Depois de ler os documentos que o Presidente Cannon pretendia publicar, o Élder Roberts procurou a Primeira Presidência e disse que gostaria de trabalhar melhor o material. Recebeu permissão de concluir o trabalho da maneira que achava adequada, e com essa aprovação começou a trabalhar.

O Élder Roberts consultou diários, fontes impressas e lembranças de membros da Igreja para preparar uma história da Igreja que se concentrasse principalmente na vida de Joseph Smith. Antes de ser publicada, o Élder Anthon H. Lund e o Presidente Joseph F. Smith leram e aprovaram a obra. Os sete volumes resultantes, mais de quatro mil e quinhentas páginas, conhecidos como History of the Church têm sido desde aquela época uma grande fonte de informações para os membros da Igreja e historiadores. Essa obra de vários volumes, juntamente com sua de seis volumes, tornaram B. H. Roberts o mais importante historiador SUD do primeiro século da existência da Igreja.

AS MULHERES SUD AJUDAM A MELHORAR A IMAGEM DA IGREJA

Acompra de locais históricos, a construção de centros de visitantes e a publicação de sua própria história ajudaram a melhorar a imagem pública da Igreja, mas também as mulheres da Igreja viriam a fazer uma contribuição digna de louvor. Muitas mulheres da Igreja, com o apoio das Autoridades Gerais, eram ativas no movimento em favor do voto das mulheres. Como resultado, vieram a tornar-se figuras de destaque nacional. ASociedade de Socorro enviou representantes às convenções do Conselho Nacional e do Conselho Internacional de Mulheres. Durante a feira mundial de Chicago, Emmeline B. Wells, uma das representantes da Igreja em uma conferência especial das mulheres, foi convidada pela presidente do Conselho Nacional das Mulheres para fazer um discurso ao grupo reunido. Ela fez um vigoroso discurso intitulado “As Mulheres do Ocidente no Jornalismo”. Ela também recebeu a honra de presidir uma das sessões da conferência. Em 1899, a irmã Wells também teve o privilégio de falar como delegada oficial dos Estados Unidos na convenção do Conselho Internacional de Mulheres realizada em Londres, onde novamente demonstrou seus talentos na oratória.

Em 1910, quase aos oitenta e três anos de idade, Emmeline B. Wells foi chamada para presidir a Sociedade de Socorro da Igreja. Embora ficasse surpresa com o chamado, “ninguém estava melhor qualificada para liderar a Sociedade de Socorro do que Emmeline Wells, ninguém merecia” mais ocupar essa elevada posição. Em 1912, essa mulher notável recebeu o título de doutora honorária da Universidade Brigham Young, sendo a primeira mulher na história da Igreja a receber essa honra.27

NOTAS

  1. Truman G. Madsen, Defender of the Faith: The B. H. Roberts Story (Defensor da Fé: A História de B. H. Roberts) (Salt Lake City: Bookcraft, 1980), p. 233.

  2. Este parágrafo baseia-se em James B. Allen e Glen M. Leonard, The Story of the Latter-day Saints (Salt Lake City: Deseret Book Co., 1976), pp. 438–39).

  3. Isley Boone, “He Became an Evolutionary Psychologist,” Evolutionary Psychology, A. Burt Horsley, “Theodore Schroeder, Mormon Antagonist — Content and Significance of the Theodore Schroeder Collection, New York Public Library”, texto datilografado, pp. 2–3.

  4. Madsen, Defender of the Faith, p. 247.

  5. Ver Madsen, Defender of the Faith, pp. 248–49.

  6. Brigham H. Roberts, Defense before Congress and Defiers of the Law (Defesa perante o Congresso e Desafiadores da Lei) (panfleto do registro do congresso e 1886 Contributor ), pp. 12–13.

  7. Ver Joseph Fielding Smith, comp., Life of Joseph F. Smith, (A Vida de Joseph Smith), 2.a ed. (Salt Lake City: Deseret Book Co., 1969), p. 216.

  8. Milton R. Merrill, “Reed Smoot, Apostle in Politics” (Reed Smoot, um Apóstolo na Política), dissertação de doutorado, Columbia University, 1950, p. i.

  9. Charles W. Nibley, Reminiscences, 1849–1931 (Salt Lake City: Charles W. Nibley family, 1934), p. 125.

  10. In Merrill, “Reed Smoot, Apostle in Politics,” pp. 27–28.

  11. San Francisco Milton R. Merrill, “Reed Smoot, Apostle in Politics”, dissertação de doutorado., Columbia University, 1950, p. 32.

  12. Merrill, “Reed Smoot, Apostle in Politics,” p. 45.

  13. In B. H. Roberts, A Comprehensive History of The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints, Century One, 6 vols. (Salt Lake City: The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints, 1930), 6:405.

  14. Os dois parágrafos anteriores foram escritos para o Sistema Educacional da Igreja; também publicado em Richard O. Cowan, The Church in the Twentieth Century (Salt Lake City: Bookcraft, 1985), p. 34.

  15. Conference Report, out. 1907, p. 5.

  16. Ver “Mr. Roosevelt to the ‘Mormons’” (Sr. Roosevelt para os ‘Mórmons’), Improvement Era, junho 1911, pp. 712, 715, 718.

  17. Winifred Graham, That Reminds Me (Isso Me Lembra) (London: Skeffington and Son, n.d.), p. 59.

  18. Ver Eugene E. Campbell and Richard D. Poll, Hugh B. Brown: His Life and Thought (Hugh B. Brown: Sua Vida e Seu Pensamento) (Salt Lake City: Bookcraft, 1975), pp. 30–31.

  19. Father, Are You There?” (Pai, Estás Aí?) serão da Brigham Young University (Provo, 8 out. 1967), pp. 13–15.

  20. Ver Preston Nibley, “Charles J. Thomas: Early Guide on Temple Square” (Charles J. Thomas: Primeiro Guia da Praça do Templo), Improvement Era, mar. 1963, pp. 167, 202–206.

  21. Levi Edgar Young, “The Temple Block Mission” (A Missão da Praça do Templo), Relief Society Magazine, nov. 1922, p. 560.

  22. Ver Edward H. Anderson, “The Bureau of Information” (O Posto de Informações), Improvement Era, dez. 1921, pp. 132–133.

  23. Ver Nibley, “Charles J. Thomas”, pp. 205–206; Young, “Temple Block Mission”, pp. 561–563; Anderson, “Bureau of Information”, pp. 137–139.

  24. Ver Vicki Bean Zimmerman, “Willard Bean: Palmyra’s ‘Fighting Parson’” (Willard Bean: Boxeador de Palmyra), Ensign, junho 1985, p. 27.

  25. Seção baseada em Cowan, Church in the Twentieth Century,pp. 47–49.

  26. Zimmerman, “Willard Bean,” p. 26.

  27. Carol Cornwall Madsen, “Emmeline B. Wells: Romantic Rebel” (Emmeline B. Wells: Rebelde Romântica), Donald Q. Cannon e David J. Whittaker, org., Supporting Saints: Life Stories of Nineteenth-Century Mormons (Provo: Brigham Young University, 1985), pp. 332–34.

Cronologia

Data

 

Evento Significativo

25 jan. 1900

B. H. Roberts é excluído do Senado dos Estados Unidos

10 out. 1901

Falecimento de Lorenzo Snow

17 out. 1901

Joseph F. Smith é designado Presidente da Igreja

29 jan. 1903

Reed Smoot é eleito senador dos Estados Unidos

6 abr. 1904

Segundo manifesto publicado pelo Presidente Joseph F. Smith

23 dez. 1905

Joseph Smith Memorial dedicado em Sharon, Vermont

20 fev. 1907

Votação para permitir que Reed Smoot permaneça no senado

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B. H. Roberts

B. H. Roberts (1857–1933), distinguished looking in his mature years, was a fearless defender of the faith. (Additional biographical information accompanies his photograph on page 432 in chapter 33.)

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Joseph F. Smith

Joseph F. Smith (1838–1918) became the sixth President of the Church in October 1901. He had distinguished himself in Church service for forty-five years since becoming an Apostle as a young man in 1866.

He was an authority on Church doctrine. Selections from his sermons and writings were collected in 1919 in a volume entitled Gospel Doctrine. This has been a standard reference work for Latter-day Saints in the twentieth century.

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Reed Smoot

Reed Smoot (1862–1941) showed considerable energy and ambition as a young man in Provo’s Cooperative and Woolen Mills. He eventually became a successful businessman who held important positions in a number of Utah businesses. He was also a member of the board of trustees of Brigham Young Academy for years.

In 1900, Lorenzo Snow ordained Reed Smoot an Apostle. For thirty of his forty-one years in the Council of the Twelve, he served as United States Senator from Utah.

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Thomas Kearns

Thomas Kearns (1862–1918) was born in Canada. As a young boy he moved to Nebraska, where he grew up on a farm. Most of his life was spent mining in the Black Hills of Dakota, in Arizona, and finally in Utah. He made his fortune mining silver in Park City, Utah.

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Temple Square information bureau

This small building built on Temple Square for the 1897 jubilee celebration was the first bureau of information. The first mission on Temple Square was not established until 1902.

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first visitors’ center at Temple Square

The first visitors’ center was built on Temple Square in 1903. A second story was added in 1915. The building served as both a museum and an information bureau until it was replaced by today’s modern visitors’ centers.

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Willard and Rebecca Bean

Early in 1915 newlyweds Willard (1868–1949) and Rebecca (1891–1976) Bean attended a conference in Richfield, Utah, presided over by President Joseph F. Smith. President Smith was looking for the right man to represent the Church and run the Joseph Smith farm in Manchester, New York. President Smith later said that when Willard walked in, “The impression was so strong—it was just like a voice said to me, ‘There’s your man.’”24

Despite severe anti-Mormon prejudice, the Beans persevered and eventually won the respect of the people in the nearby village of Palmyra. Willard was instrumental in helping the Church purchase several other important historical sites in the area. What was expected to be “five years or more” of service in Palmyra turned out to be twenty-five. When the Beans returned to Salt Lake City, they were grandparents.

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monument at birthplace of Joseph Smith

Efforts to erect a monument on the centennial date of the Prophet Joseph Smith’s birth at his birthplace in Vermont were led by Junius F. Wells. The granite stones for the monument included a base stone, a shaft stone, and a capstone. The shaft stone was 38 1/2 feet long and was cut from a sixty ton block. To move the shaft stone the six miles from the railhead to the site took twenty days. Through the faith and energy of Brother Wells, the monument was ready for the dedicatory services on 23 December 1905.

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Independence visitors’ center

This beautiful visitors’ center was built in 1971 in Independence, Missouri, on property reacquired by the Church in 1904. President Joseph Fielding Smith, grandson of Hyrum Smith, presided at the dedication. President N. Eldon Tanner offered the dedicatory prayer.

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Emmeline B. Wells

Emmeline B. Wells (1828–1921) was converted to the gospel in 1842 and was married the next year at age fifteen and a half. After the martyrdom of the Prophet Joseph Smith, her husband went to sea and never returned. Staying faithful to the Church, she became a plural wife of Newel K. Whitney in 1845, and after his death she became a plural wife of Daniel H. Wells in 1852.

In 1877, Emmeline became editor of the Woman’s Exponent. She remained at that post until the publication was suspended in 1914. In the late nineteenth century she was heavily involved in the woman’s suffrage movement and attended numerous conferences on women’s issues.

Throughout her life she maintained an interest in education and writing. She served for many years as general secretary to the Relief Society and was called as the fifth general president of the Relief Society in 1910.