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Capítulo 6: Doutrina e Convênios 7; 13; 18


Capítulo 6

Doutrina e Convênios 7; 1318

Introdução e cronologia

Durante o trabalho de tradução do Livro de Mórmon em abril de 1829, Joseph Smith e Oliver Cowdery tiveram uma divergência de opinião sobre se o apóstolo João tinha morrido ou se ele continuou a viver na Terra. O profeta Joseph Smith perguntou ao Senhor com o Urim e Tumim e recebeu a revelação registrada em Doutrina e Convênios 7. “A revelação é a versão traduzida do registro feito em pergaminho por João” (D&C 7, cabeçalho da seção) e ensina que o Senhor concedeu a João seu desejo de viver e trazer almas a Jesus Cristo até a Segunda Vinda.

Durante a tradução de 3 Néfi das placas do Livro de Mórmon, Joseph e Oliver aprenderam sobre a autoridade de batizar para a remissão de pecados. Em 15 de maio de 1829, eles se retiraram para um bosque perto da fazenda de Joseph Smith em Harmony, Pensilvânia, e oraram a respeito dessa autoridade. Em resposta a suas orações, João Batista apareceu como um ser ressurreto e conferiu a eles o Sacerdócio Aarônico. As palavras proferidas por João Batista estão em Doutrina e Convênios 13.

Em junho de 1829, quando a tradução do Livro de Mórmon estava quase concluída na casa de Peter Whitmer Sênior em Fayette, Nova York, o profeta Joseph Smith recebeu uma revelação contendo instruções referentes à edificação da Igreja. Essa revelação, registrada em Doutrina e Convênios 18, exortou Oliver Cowdery e David Whitmer a pregarem o evangelho e os chamou para procurarem 12 homens para servirem como apóstolos. A revelação também detalhou muitos dos deveres daqueles que seriam chamados como apóstolos.

Abril de 1829Joseph Smith e Oliver Cowdery continuam traduzindo as placas de ouro.

Abril de 1829Doutrina e Convênios 7 é recebida.

15 de maio de 1829João Batista restaura o Sacerdócio Aarônico (ver Doutrina e Convênios 13).

Maio a junho de 1829Pedro, Tiago e João restauram o Sacerdócio de Melquisedeque.

Junho de 1829As Três Testemunhas veem as placas de ouro.

Junho de 1829Doutrina e Convênios 18 é recebida.

Doutrina e Convênios 7: Contexto histórico adicional

A pergunta de Joseph Smith e de Oliver Cowdery sobre se o apóstolo João tinha morrido ou se continuaria na Terra até a Segunda Vinda de Jesus Cristo teve provavelmente como base João 21:18–23. Nessa passagem o Senhor profetizou a morte de Pedro, e então Pedro perguntou ao Salvador o que aconteceria ao apóstolo João. O Senhor responde: “Se eu quero que ele fique até que eu venha, que te importa a ti?” (João 21:23.) A pergunta sobre o destino de João era comum entre os cristãos durante a época de Joseph Smith.

Joseph Smith e Oliver Cowdery decidiram resolver essa questão perguntando ao Senhor por meio do Urim e Tumim. Depois de perguntar ao Senhor, Joseph recebeu a revelação registrada em Doutrina e Convênios 7. Essa revelação “é a versão traduzida do registro feito em pergaminho por João e escondido por ele mesmo” (D&C 7, cabeçalho da seção). Não sabemos se Joseph Smith tinha o pergaminho em sua posse. Ele pode ter visto o pergaminho em visão ou recebeu as palavras traduzidas por meio do Urim e Tumim.

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Mapa 3: Nordeste dos Estados Unidos

Doutrina e Convênios 7

João, o Amado, é um ser transladado trabalhando para trazer almas a Cristo até a Segunda Vinda

Doutrina e Convênios 7:1–3. “Permanecerás até que eu venha em minha glória”

O Senhor concedeu o pedido do apóstolo João de ter poder sobre a morte para que pudesse continuar a viver e trazer almas a Cristo (ver João 21:21–23). A bênção do Senhor a João não significava que João nunca mais morreria, significava que ele não morreria até a Segunda Vinda de Jesus Cristo (ver Mateus 16:28; Marcos 9:1; Lucas 9:27; 3 Néfi 28:7–8). Para que João vivesse na Terra até a Segunda Vinda, seu corpo mortal foi mudado para se tornar um ser transladado. Os seres transladados são “pessoas que são transformadas, de modo que não experimentam a dor nem a morte até o momento de sua ressurreição para a imortalidade” (Guia para Estudo das Escrituras, “Seres Transladados”, scriptures.LDS.org).

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exterior da casa de Joseph e Emma Smith em Harmony, Pensilvânia

A casa reconstruída de Joseph e Emma Smith em Harmony, Pensilvânia

Doutrina e Convênios 7:4–5. João desejou fazer uma obra maior

Em resposta à pergunta de Pedro sobre o destino do apóstolo João, o Salvador explicou que João tinha desejado permanecer na Terra e continuar seu trabalho. O élder Jeffrey R. Holland, do Quórum dos Doze Apóstolos, usou o desejo de João para ilustrar a importância da pregação do evangelho:

“O apóstolo João pediu ao Senhor para permanecer na Terra além de seu tempo de vida com o único propósito de trazer mais almas a Deus. Ao conceder-lhe esse desejo, o Salvador disse que esta era ‘uma obra maior’ e um ‘desejo’ mais nobre até do que o de regressar à presença do Senhor ‘rapidamente’ (ver D&C 7).

Como todos os profetas e apóstolos, o profeta Joseph Smith entendia o profundo significado do pedido de João, e isso transparece em sua declaração: ‘Depois de tudo o que foi dito, [nosso] maior e mais importante dever é pregar o evangelho’ (Ensinamentos do Profeta Joseph Smith, sel. por Joseph Fielding Smith, 1976, p. 110)” (“Ser-me-eis testemunhas”, A Liahona, julho de 2001, p. 17).

Doutrina e Convênios 7:6. “Ele ministrará em favor daqueles que (…) habitam a Terra”

Apesar de sabermos que foi permitido ao apóstolo João permanecer na Terra, não sabemos muito a respeito de seu ministério como um ser transladado. Sabemos que João apareceu com Pedro e Tiago ressuscitados para conferir o Sacerdócio de Melquisedeque ao profeta Joseph Smith e Oliver Cowdery. Além disso, de acordo com o relato de John Whitmer de uma conferência da Igreja em junho de 1831, em Kirtland, Ohio, “o Espírito do Senhor caiu sobre Joseph [Smith] de forma incomum, e ele profetizou que João, o Revelador, estava entre as dez tribos de Israel que haviam sido levadas (…) para prepará-los para o seu retorno de sua longa dispersão” (History of the Church, vol. 1, p. 176).

Doutrina e Convênios 7:7. “A vós três darei (…) as chaves deste ministério”

O Senhor prometeu a Pedro, Tiago e João que eles teriam as chaves do ministério de sua dispensação até a Segunda Vinda (ver D&C 27:12–13; ver também Mateus 17:1–9). O presidente Joseph Fielding Smith (1876–1972) explicou o que essas chaves são: “As chaves do ministério sobre as quais João fala (…) foram entregues a Pedro, a Tiago e a ele mesmo, constituíam a autoridade da presidência da Igreja na dispensação deles” (Church History and Modern Revelation [História da Igreja e Revelação Moderna], 1953, vol. 1, p. 49). Pedro, Tiago e João concederam essas mesmas chaves ao profeta Joseph Smith e Oliver Cowdery, dando-lhes autoridade para presidir e dirigir a Igreja de Deus na Terra nesta última dispensação, a dispensação da plenitude dos tempos.

Doutrina e Convênios 13: Contexto histórico adicional

O trabalho milagroso de tradução das placas do Livro de Mórmon progrediu rapidamente em abril e maio de 1829. Oliver Cowdery descreveu seus sentimentos sobre o processo: “Esses foram dias inolvidáveis — ouvir o som de uma voz ditada pela inspiração do céu despertou neste peito uma profunda gratidão! Dia após dia continuei ininterruptamente a escrever o que lhe saía da boca, enquanto ele [Joseph Smith] traduzia (…) com o Urim e Tumim” (Joseph Smith—História 1:71, nota).

Em maio, o profeta Joseph Smith e Oliver Cowdery estavam traduzindo “o relato do ministério do Salvador aos remanescentes da semente de Jacó neste continente [americano]” (Joseph Smith—História 1:71, nota). O relato incluía 3 Néfi 9–28, em que o batismo pela devida autoridade é mencionado várias vezes. Joseph e Oliver desejaram saber mais e foram ao bosque pedir orientação ao Senhor em oração.

O profeta registrou: “Enquanto orávamos e invocávamos o Senhor, um mensageiro do céu desceu em uma nuvem de luz e, colocando as mãos sobre nós, ordenou-nos” (Joseph Smith—História 1:68).

O mensageiro angelical era João Batista, agora um ser glorificado e ressuscitado, e ele instruiu Joseph e Oliver a batizarem um ao outro. Por esse motivo, eles foram ao rio Susquehanna, onde Joseph batizou Oliver e depois Oliver batizou Joseph. Depois de serem batizados, eles ordenaram um ao outro ao Sacerdócio Aarônico, conforme instruído por João Batista (ver Joseph Smith—História 1:70–72).

João Batista também disse a Joseph Smith e Oliver Cowdery que ele estava agindo sob a direção de Pedro, Tiago e João, que possuíam as chaves do Sacerdócio de Melquisedeque. Ele explicou que, no devido tempo, Joseph e Oliver também receberiam o Sacerdócio de Melquisedeque (ver Joseph Smith—História 1:72). Evidências históricas sugerem que Pedro, Tiago e João apareceram ao profeta Joseph Smith e Oliver Cowdery antes de 1º de junho de 1829 e conferiram o Sacerdócio de Melquisedeque a eles (ver Larry C. Porter, “The Restoration of the Aaronic and Melchizedek Priesthoods” [A restauração dos Sacerdócios Aarônico e de Melquisedeque], Ensign, dezembro de 1996, p. 33).

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área do bosque no local da Restauração do Sacerdócio Aarônico

O Sacerdócio Aarônico foi restaurado por João Batista em algum lugar próximo à casa de Joseph Smith em Harmony, Pensilvânia.

Doutrina e Convênios 13

João Batista confere o Sacerdócio Aarônico a Joseph Smith e Oliver Cowdery

Doutrina e Convênios 13:1. Uma explicação sobre as chaves do sacerdócio

A restauração do Sacerdócio Aarônico e de Melquisedeque ocorreu quando mensageiros celestiais concederam a autoridade e as chaves ao profeta Joseph Smith e Oliver Cowdery (ver D&C 13:1; 110:11–16; 128:20–21). O presidente Joseph F. Smith (1838–1918) explicou a diferença entre a autoridade do sacerdócio e as chaves do sacerdócio:

“O sacerdócio em termos gerais é a autoridade dada ao homem para agir em nome de Deus. Essa autoridade foi delegada a todo homem ordenado a qualquer grau do sacerdócio.

Mas é necessário que todo ato realizado sob essa autoridade seja feito no devido tempo e lugar, da maneira adequada e segundo a devida ordem. O poder de dirigir este trabalho constitui as chaves do sacerdócio” (Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Joseph F. Smith, 1998, p. 141).

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A vós, meus conservos

Upon You My Fellow Servants [A Vós, Meus Conservos], de Linda Curley Christensen. Em 15 de maio de 1829, o Sacerdócio Aarônico foi restaurado por João Batista a Joseph Smith e Oliver Cowdery.

Doutrina e Convênios 13:1. “As chaves do ministério de anjos”

Doutrina e Convênios ilustra que os anjos são os servos de Deus que transmitem mensagens e ministram aos filhos de Deus na Terra (ver D&C 7:5–6; 20:5–10; 29:42; 43:25; 84:42; 103:19–20; 109:22). Aprendemos no Livro de Mórmon que “é pela fé que os milagres são realizados; e é pela fé que os anjos aparecem e ministram entre os homens; portanto, ai dos filhos dos homens se estas coisas tiverem cessado, porque é por causa da descrença; e tudo é vão” (Morôni 7:37). Os anjos podem ministrar aos homens, às mulheres e às crianças (ver Alma 32:23).

João Batista explicou ao profeta Joseph Smith e Oliver Cowdery que o Sacerdócio Aarônico “possui as chaves do ministério de anjos” (D&C 13:1). O élder Dallin H. Oaks, do Quórum dos Doze Apóstolos, deu-nos o seguinte conselho:

“O que significa dizer que o Sacerdócio Aarônico tem ‘a chave do ministério de anjos’ e do ‘evangelho do arrependimento e do batismo e da remissão de pecados’ (D&C 84:26–27)? Descobrimos o significado na ordenança do batismo e do sacramento. O batismo é para a remissão de pecados e o sacramento é a renovação dos convênios e das bênçãos do batismo. Os dois devem ser antecedidos pelo arrependimento. Se formos fiéis aos convênios feitos nessas ordenanças, recebemos a promessa de ter sempre conosco o Seu Espírito. O ministério de anjos é uma das manifestações do Espírito. (…)

Quando era um jovem portador do Sacerdócio Aarônico, não achava que veria um anjo e me perguntava qual era a relação dessas aparições com o Sacerdócio Aarônico.

O ministério de anjos, porém, também pode não ser visto. Podemos receber as mensagens de anjos por meio de uma voz ou, simplesmente, de pensamentos e sentimentos transmitidos à nossa mente. (…)

Na maioria das vezes, sentimos ou escutamos as mensagens dos anjos em vez de vê-los. (…)

Geralmente, as bênçãos da companhia e das mensagens espirituais só estão ao alcance das pessoas puras. Conforme expliquei antes, por intermédio das ordenanças do batismo e do sacramento, que pertencem ao Sacerdócio Aarônico, somos purificados de nossos pecados e recebemos a promessa de termos conosco Seu Espírito se nos mantivermos fiéis aos nossos convênios. Creio que essa promessa não se refere somente ao Espírito Santo, mas também ao ministério de anjos, porque ‘os anjos falam pelo poder do Espírito Santo; falam, portanto, as palavras de Cristo’ (2 Néfi 32:3). Sendo assim, os portadores do Sacerdócio Aarônico possibilitam a todos os membros fiéis da Igreja, que tomam o sacramento dignamente, ter a companhia do Espírito do Senhor e o ministério de anjos” (“O Sacerdócio Aarônico e o sacramento”, A Liahona, janeiro de 1999, pp. 43–45).

Doutrina e Convênios 13:1. As chaves do arrependimento e do batismo para a remissão de pecados

O élder Dallin H. Oaks explicou o que significa possuir as chaves do evangelho do arrependimento e do batismo para a remissão dos pecados:

“Nenhum de [nós] (…) viveu sem pecar depois do batismo. Se não houvesse algo para nos purificar novamente após o batismo, todos estaríamos perdidos no que se refere às coisas espirituais. (…)

Recebemos o mandamento de nos arrependermos de nossos pecados, buscarmos o Senhor com o coração quebrantado e o espírito contrito e tomar o sacramento de modo condizente com os convênios sagrados que ele implica. Quando renovamos o convênio batismal desse modo, o Senhor renova o efeito purificador de nosso batismo. Assim, somos purificados e podemos ter Seu Espírito sempre conosco. (…)

Não é possível exagerarmos a importância que o Sacerdócio Aarônico tem nisso. Todas essas etapas vitais relativas à remissão de pecados são realizadas por intermédio da ordenança salvadora do batismo e da ordenança renovadora do sacramento. As duas são realizadas por portadores do Sacerdócio Aarônico dirigidos pelo bispado, que tem as chaves do evangelho do arrependimento, batismo e remissão de pecados” (“O Sacerdócio Aarônico e o sacramento”, p. 44).

Doutrina e Convênios 13:1. O que significa os filhos de Levi fazer “em retidão, uma oferta ao Senhor”?

Nos tempos antigos, Deus ordenou que Seu povo oferecesse sacrifícios de animais como parte de sua adoração. O propósito do derramamento do sangue de um animal era ajudar as pessoas a esperar com fé até o momento em que o sangue de Jesus Cristo seria derramado para expiar pelos pecados delas. Desde a época de Moisés até a morte de Jesus Cristo, a lei de Moisés ditou que os sacrifícios de animais e holocaustos fossem realizados por sacerdotes que oficiavam no tabernáculo ou no templo. Esses sacerdotes eram descendentes de Levi que foram designados pelo Senhor para servir no santuário (ver Números 18:20–21) Assim, o termo “filhos de Levi” se refere aos portadores do sacerdócio.

As escrituras descrevem algumas formas importantes que os membros da Igreja podem fazer “em retidão, uma oferta ao Senhor” (D&C 13:1). O Livro de Mórmon nos ensina a “[vir] a Cristo (…) e [ofertar]-lhe toda a [nossa] alma, como dádiva” (Ômni 1:26). Isaías profetizou que, nos últimos dias, aqueles que foram reunidos pelo Senhor “trarão todos os [seus] irmãos (…) como oferta ao Senhor” (Isaías 66:20), ou seja, aqueles que são convertidos devem ser levados ao templo. Além disso, o profeta Joseph Smith deu a instrução inspirada de que os santos dos últimos dias devem “[fazer] ao Senhor uma oferta em retidão; e [apresentar] em seu templo santo (…) um livro contendo os registros de nossos mortos” (D&C 128:24).

Em relação ao sacrifício de animais, o profeta Joseph Smith (1805–1844) deu a seguinte explicação:

“Supõe-se em geral que os sacrifícios foram inteiramente abolidos quando se ofereceu o Grande Sacrifício, [isto é, o sacrifício do Senhor Jesus], e que, no futuro, não haverá necessidade da ordenança do holocausto, mas os que afirmam isso, sem dúvida alguma, não estão informados dos deveres, dos privilégios e da autoridade do sacerdócio nem dos profetas.

A oferta de sacrifícios sempre foi relacionada com o sacerdócio e constitui parte de seus deveres. Os holocaustos principiaram com o sacerdócio e continuarão até depois da vinda de Cristo, de geração em geração. (…)

Esses sacrifícios, assim como toda ordenança que pertence ao sacerdócio, serão restaurados completamente e administrados com todos os seus poderes, suas ramificações e bênçãos quando edificado o templo do Senhor e purificados os filhos de Levi. Isso sempre existiu e sempre existirá quando os poderes do Sacerdócio de Melquisedeque forem suficientemente revelados. Do contrário, como se efetuará a restauração de todas as coisas de que falaram os santos profetas? Não se deve pensar que de novo se estabelecerá a lei de Moisés, com todos os seus ritos e variedade de cerimônias; continuarão, porém, as coisas que existiram antes dos dias de Moisés, ou seja, os sacrifícios” (History of the Church, vol. 4, pp. 211–212).

O presidente Joseph Fielding Smith forneceu maiores esclarecimentos sobre o sacrifício de animais nos últimos dias: “O sacrifício de animais completará a restauração quando o referido templo for construído; no início do Milênio, ou na Restauração, serão feitos sacrifícios de sangue durante tempo suficiente para completar a plenitude da restauração nesta dispensação. Posteriormente, os sacrifícios serão de outro tipo” (Doutrinas de Salvação, comp. por Bruce R. McConkie, 1955, vol. 3, p. 96).

Doutrina e Convênios 18: Contexto histórico adicional

O Senhor havia revelado ao profeta Joseph Smith, possivelmente já em 1828, que Sua Igreja seria restabelecida novamente na Terra (ver D&C 10:53–55). Em junho de 1829, Joseph Smith e Oliver Cowdery continuaram a tradução do Livro de Mórmon na casa de Peter Whitmer Sênior em Fayette, Nova York. Nesse período, Joseph e Oliver buscaram saber também como exercer as chaves do Sacerdócio de Melquisedeque que haviam sido conferidas recentemente a eles por mensageiros celestiais. Enquanto oravam em um quarto na casa dos Whitmer, a palavra de Deus veio a eles e os orientou a exercer o sacerdócio para ordenar élderes, administrar o sacramento e conferir o dom do Espírito Santo pela imposição de mãos. No entanto, o Senhor os instruiu a esperar para realizar essas ordenanças até que pudessem reunir um grupo de fiéis (ver The Joseph Smith Papers, Histories, Volume 1: Joseph Smith Histories, 1832–1844, comp. por Karen Lynn Davidson e outros, 2012, pp. 326, 328).

Enquanto aguardavam a ordem do Senhor para organizar a Igreja, o profeta e Oliver Cowdery estavam prestes a concluir a tradução do Livro de Mórmon, que incluía a tradução dos livros de 3 Néfi e Morôni. Esses livros contêm instruções sobre as ordenanças do sacerdócio e os procedimentos da Igreja, que provavelmente os inspiraram e guiaram ao contemplarem o tempo em que o Senhor os guiaria para organizar Sua Igreja novamente sobre a Terra.

Foi no contexto desses acontecimentos que o profeta recebeu a revelação registrada em Doutrina e Convênios 18. Essa revelação foi dirigida a Joseph Smith, Oliver Cowdery e David Whitmer, dando orientação sobre a edificação da Igreja. Contém também instruções para aqueles que seriam chamados como os doze apóstolos.

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A voz de Pedro, Tiago e João

The Voice of Peter, James, and John [A Voz de Pedro, Tiago e João], de Linda Curley Christensen. O Sacerdócio de Melquisedeque foi restaurado por Pedro, Tiago e João a Joseph Smith e Oliver Cowdery.

Doutrina e Convênios 18:1–25

O Senhor dá instruções para edificar Sua Igreja e chama Oliver Cowdery e David Whitmer para pregar o arrependimento

Doutrina e Convênios 18:1–5. “Confies nas coisas que estão escritas”

Em junho de 1829, quando o profeta Joseph Smith e Oliver Cowdery estavam terminando a tradução do Livro de Mórmon, o Senhor revelou orientações sobre como edificar a Igreja em preparação para o tempo em que a Igreja seria formalmente organizada (ver D&C 18, cabeçalho da seção). Para guiar Oliver nesse trabalho, o Senhor o aconselhou a confiar nas coisas que estavam escritas no Livro de Mórmon. Antes de a Igreja ser organizada, Oliver usou o Livro de Mórmon para compilar uma lista de ordenanças e convênios essenciais em um documento chamado “Artigos da Igreja de Cristo”. Esse documento pode ter servido para guiar os fiéis nos meses intermediários antes de a Igreja ser formalmente organizada em 6 de abril de 1830 (ver The Joseph Smith Papers, Documents, Volume 1: April 1828–September 1831, comp. por Michael Hubbard MacKay e outros, 2013, pp. 368–369).

Doutrina e Convênios 18:9–16. Oliver Cowdery e David Whitmer são chamados pelo mesmo chamado de Paulo

Logo depois que Morôni apareceu para as Três Testemunhas, Oliver Cowdery e David Whitmer, duas daquelas testemunhas, foram ordenados a “clamar arrependimento a este povo” (D&C 18:14). O Senhor disse que eles foram “chamados pelo mesmo chamado que [o apóstolo Paulo]” (D&C 18:9). Conforme registrado em Atos 26:15–20, Paulo explicou ao rei Agripa que o Senhor o chamara para ser “ministro e testemunha” das coisas que ele vira (Atos 26:16). Paulo disse que seu chamado era para pregar “aos que estão em Damasco e em Jerusalém, e por toda a terra da Judeia” (Atos 26:20) assim como entre os gentios “para lhes abrires os olhos, e das trevas os converteres à luz” (Atos 26:18). Após sua conversão, Paulo trabalhou o restante de sua vida ajudando outras pessoas a se arrependerem e se converterem ao evangelho de Jesus Cristo.

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ao longo do rio Susquehanna entre Colesville, Nova York; e Harmony, Pensilvânia

A restauração do Sacerdócio de Melquisedeque ocorreu na área entre Harmony, Pensilvânia, e Colesville, Nova York (fotografia aproximadamente 1907).

Cortesia da Biblioteca e Arquivos de História da Igreja

Doutrina e Convênios 18:10. “O valor das almas é grande à vista de Deus”

Oliver Cowdery e David Whitmer foram lembrados de que pregar o evangelho era essencial, porque a alma dos filhos de Deus é valiosa (ver D&C 18:10). O presidente Thomas S. Monson declarou o seguinte sobre o valor das almas:

“Em março de 1967, no início de meu serviço como membro do Conselho dos Doze, participei de uma conferência da Estaca Monument Park Oeste em Salt Lake City. Meu companheiro para a conferência era um membro do Comitê Geral de Bem-Estar da Igreja, Paul C. Child. (…)

Quando foi a vez de ele participar, o presidente Child pegou o livro de Doutrina e Convênios e deixou o púlpito para ficar entre os irmãos do sacerdócio a quem ele estava dirigindo a mensagem. Ele abriu a seção 18 e começou a ler os [versículos 10 e 15]. (…)

Em seguida, o presidente Child levantou os olhos das escrituras e perguntou aos irmãos: ‘Qual é o valor de uma alma humana?’ Ele evitou chamar um bispo, presidente de estaca ou sumo conselheiro para responder. Em vez disso, ele escolheu o presidente de um quórum de élderes, um irmão que estava um pouco sonolento e tinha perdido o significado da pergunta.

O homem surpreso respondeu: ‘Irmão Child, poderia, por favor, repetir a pergunta?’

A pergunta foi repetida: ‘Qual é o valor de uma alma humana?’

(…) Orei fervorosamente por aquele presidente de quórum. Ele permaneceu em silêncio durante o que pareceu uma eternidade e, em seguida, declarou: ‘Irmão Child, o valor de uma alma humana é sua capacidade de se tornar semelhante a Deus’.

Todos os presentes ponderaram aquela resposta. O irmão Child voltou ao púlpito, inclinou-se para mim e disse: ‘Uma resposta profunda; uma resposta profunda!’ Ele prosseguiu com sua mensagem, mas continuei a refletir sobre aquela resposta inspirada” (“O guardador de meu irmão”, A Liahona, janeiro de 1995, p. 46).

O presidente Monson mais tarde declarou: “Temos a responsabilidade de ver as pessoas não como elas são, mas, sim, como podem vir a ser. Peço-lhes que pensem nelas dessa maneira” (Thomas S. Monson, “Ver os outros como eles podem vir a ser”, A Liahona, novembro de 2012, p. 71).

Doutrina e Convênios 18:15–16. O que significa clamar arrependimento?

O élder Neil L. Andersen, do Quórum dos Doze Apóstolos, explicou: “Clamar arrependimento simplesmente significa ajudar as pessoas a voltarem para Deus” (“Preparem-se para seu destino espiritual”, discurso proferido no serão da Universidade Brigham Young, 10 de janeiro de 2010, p. 7, speeches.byu.edu).

Doutrina e Convênios 18:20. “Contendais com (…) a igreja do diabo”

Doutrina e Convênios 18:20 não dever ser visto como um mandamento para brigar ou discutir com outras pessoas sobre o evangelho. O presidente Joseph Fielding Smith ensinou: “Quando somos ordenados a ‘não [contender] com igreja alguma, a menos que seja a igreja do diabo’, devemos entender que essa é uma instrução para combatermos todo o mal, que é aquilo que se opõe à justiça e à verdade” (Church History and Modern Revelation [História da Igreja e Revelação Moderna], vol. 1, p. 83). Não se trata de se opor a outras igrejas ou seus membros.

Doutrina e Convênios 18:21–25. Todos devem tomar sobre si o nome de Cristo

Por meio do arrependimento, do batismo e de perseverar até o fim, demonstramos nosso desejo de tomar sobre nós o nome de Cristo. O presidente Henry B. Eyring, da Primeira Presidência, explicou o que isso significa: “Prometemos tomar Seu nome sobre nós. Isso quer dizer que devemos nos considerar Dele. Nós O colocaremos em primeiro lugar em nossa vida. Vamos querer o mesmo que Ele quer em vez de o que queremos ou o que o mundo nos ensina a querer” (“Para que sejamos um”, A Liahona, julho de 1998, p. 74).

Para mais informações sobre tomar sobre nós o nome de Jesus Cristo, ver a seção de comentários de Doutrina e Convênios 20:77, 79 deste manual.

Doutrina e Convênios 18:26–47

O Senhor revela o chamado e a missão dos doze apóstolos

Doutrina e Convênios 18:27–32. “Os Doze são aqueles que desejam, de todo coração, tomar sobre si o meu nome”

O Quórum dos Doze Apóstolos foi organizado em fevereiro de 1835. No entanto, seis anos antes, em junho de 1829, o profeta Joseph Smith recebeu a revelação registrada em Doutrina e Convênios 18. Essa revelação contém instruções sobre a missão dos doze em preparação para o chamado deles. Explica que os doze precisariam proclamar o evangelho aos gentios e aos judeus, tomar sobre si o nome de Jesus Cristo, prover ordenanças essenciais e organizar o trabalho conforme orientado pelo Espírito Santo.

O élder Dallin H. Oaks, do Quórum dos Doze Apóstolos, explicou o que significa para os apóstolos tomar sobre si o nome de Cristo: “Muitas escrituras que se referem ao ‘nome de Jesus Cristo’ são obviamente referências à autoridade do Salvador. Esse certamente foi o significado transmitido quando os setenta relataram a Jesus que ‘em teu nome, até os demônios se nos sujeitam’ (Lucas 10:17). Doutrina e Convênios emprega esse mesmo significado quando descreve os doze apóstolos desta dispensação como ‘aqueles que desejam, de todo coração, tomar sobre si o meu nome’ (D&C 18:27). Os doze são designados mais tarde como ‘testemunhas especiais do nome de Cristo no mundo todo’ e ‘que tem por fim oficiar em nome do Senhor, sob a direção da Presidência da Igreja’ (D&C 107:23, 33)” (“Tomar sobre si o nome de Jesus Cristo”, A Liahona, julho de 1985, p. 90).

Doutrina e Convênios 18:34–36. “Ouvistes a minha voz”

O Senhor disse aos futuros apóstolos que as palavras contidas em Doutrina e Convênios 18 não foram dadas por um homem, mas foram dadas por meio de Sua voz. O élder Kim B. Clark, dos setenta, explicou o que devemos fazer para ouvir a voz do Senhor: “Se olharmos para Cristo com olhos e ouvidos abertos, seremos abençoados pelo Espírito Santo e, assim, veremos o Senhor Jesus Cristo operando em nossa vida, fortalecendo nossa fé Nele com segurança e convicção. Cada vez mais veremos todos os nossos irmãos e todas as nossas irmãs da forma como Deus os vê, com amor e compaixão. Ouviremos a voz do Salvador nas escrituras, nos sussurros do Espírito e nas palavras dos profetas vivos” (“Ter olhos para ver e ouvidos para ouvir”, A Liahona, novembro de 2015, p. 125).

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rapaz estudando as escrituras

Podemos ouvir a voz do Salvador falando a nós por meio das escrituras.

Doutrina e Convênios 18:37. “O encargo de procurar os Doze”

Na ocasião em que a revelação em Doutrina e Convênios 18 foi dada, Martin Harris não foi mencionado nas instruções do Senhor. Contudo, Martin mais tarde se juntou a Oliver Cowdery e David Whitmer para escolher os doze apóstolos. As Três Testemunhas que tinham recebido um testemunho especial da veracidade da Restauração, cumpriram sua designação de “procurar os Doze” (D&C 18:37), que depois foram ordenados apóstolos. Quando os apóstolos foram chamados em fevereiro de 1835, Oliver Cowdery declarou que, desde a época em que essa revelação foi recebida em 1829, “nossa mente tem se empenhado constantemente para encontrar os doze” (The Joseph Smith Papers, Documents, Volume 1: July 1828–June 1831, p. 70).

Doutrina e Convênios 18:44. “Por vossas mãos realizarei uma obra maravilhosa”

O presidente Dieter F. Uchtdorf, da Primeira Presidência, explicou como o Senhor faz Sua obra por nosso intermédio:

“Ao seguirmos [o] exemplo perfeito [do Salvador], nossas mãos podem tornar-se Suas mãos; nossos olhos, Seus olhos, e nosso coração, Seu coração. (…)

Com isso em mente, estendamos nosso coração e nossas mãos com compaixão para as outras pessoas, pois todos trilham seu próprio e penoso caminho. Como discípulos de Jesus Cristo, nosso Mestre, somos chamados a apoiar e curar, em vez de condenar. (…)

Que assumamos o compromisso de nos tornarmos Suas mãos, para que outros possam, por nosso intermédio, sentir Seu abraço amoroso” (“Vós sois minhas mãos”, A Liahona, maio de 2010, pp. 68, 70, 75).