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Capítulo 56: Declaração Oficial 2


“Capítulo 56: Declaração Oficial 2”, Doutrina e Convênios — Manual do Aluno, 2017

“Capítulo 56”, Doutrina e Convênios — Manual do Aluno

Capítulo 56

Declaração Oficial 2

Introdução e cronologia

No século 20, enquanto o trabalho missionário se espalhava sobre a Terra, os líderes da Igreja oraram por orientação quanto às restrições à ordenação ao sacerdócio e às ordenanças do templo aos membros da Igreja descendentes de africanos. Em 1º de junho de 1978, o Senhor revelou ao presidente Spencer W. Kimball, a seus conselheiros na Primeira Presidência e aos membros do Quórum dos Doze Apóstolos que essas restrições deveriam ser removidas. Em 8 de junho de 1978, a Primeira Presidência anunciou essa revelação numa carta aos líderes da Igreja. Essa carta se encontra na Declaração Oficial 2.

30 de dezembro de 1973Spencer W. Kimball é ordenado como presidente da Igreja.

1º de junho de 1978O presidente Kimball, seus conselheiros na Primeira Presidência e os membros do Quórum dos Doze Apóstolos recebem uma revelação que estende as bênçãos do sacerdócio e do templo a todos os membros dignos da Igreja.

8 de junho de 1978A Primeira Presidência publica uma carta anunciando a revelação.

30 de setembro de 1978A revelação recebida em 1º de junho foi apresentada aos membros da Igreja durante uma conferência geral e foi unanimemente apoiada como “a palavra e a vontade do Senhor” (Declaração Oficial 2).

Novembro–dezembro de 1978Missionários chegam a Gana e Nigéria para estabelecer a Igreja no oeste da África.

Declaração Oficial 2: Informações históricas adicionais

“Desde meados dos anos 1800 até 1978, (…) a Igreja não ordenava ao sacerdócio os homens que tivessem antepassados afrodescendentes nem permitia que homens ou mulheres negras participassem da investidura do templo ou das ordenanças de selamento” (“As etnias e o sacerdócio”, Tópicos do evangelho, topics.LDS.org). Concernente à origem dessas restrições ao sacerdócio e ao templo, a introdução a Declaração Oficial 2 na edição de 2013 de Doutrina e Convênios afirma: “O Livro de Mórmon ensina que ‘todos são iguais perante Deus’, inclusive ‘negro e branco, escravo e livre, homem e mulher’ (2 Néfi 26:33). Ao longo da história da Igreja, pessoas de todas as raças e etnias, em muitos países, foram batizadas e viveram como membros fiéis da Igreja. Durante o tempo de vida de Joseph Smith, alguns homens negros membros da Igreja foram ordenados ao sacerdócio. No começo de sua história, os líderes da Igreja cessaram de conferir o sacerdócio a homens de descendência africana. Os registros da Igreja não contêm informações claras referentes à origem dessa prática. Os líderes da Igreja acreditavam que seria necessária uma revelação de Deus para que a prática fosse alterada, e buscaram orientação fervorosamente. A revelação veio ao presidente da Igreja, Spencer  W. Kimball, e foi confirmada a outros líderes da Igreja no Templo de Salt Lake, em 1º de junho de 1978. Com a revelação, foram removidas todas as restrições, no tocante à raça, que anteriormente diziam respeito ao sacerdócio” (Declaração Oficial 2, introdução).

“As origens da universalidade do sacerdócio não são inteiramente claras. Algumas explicações sobre o assunto foram dadas na ausência de revelação direta, e referências a essas explicações são por vezes citadas em publicações. Essas declarações pessoais do passado não representam a doutrina da Igreja” (“Race and the Church: All Are Alike Unto God”, 29 de fevereiro de 2012, mormonnewsroom.org). “Hoje, a Igreja rejeita as teorias do passado de que a pele escura seja um sinal de desagrado divino ou de maldição, ou que ela reflita as ações de uma vida pré-mortal; que casamentos inter-raciais sejam um pecado; ou que os negros ou as pessoas de qualquer outra raça ou origem étnica sejam inferiores a qualquer outra pessoa de qualquer forma. Os líderes da Igreja hoje inequivocamente condenam todo racismo, passado e presente, sob qualquer forma” (“As etnias e o sacerdócio”, Textos sobre tópicos do evangelho, topics.LDS.org).

Referindo-se às antigas teorias e às supostas razões dadas por alguns a respeito das restrições ao sacerdócio e ao templo, o élder Dallin H. Oaks, do Quórum dos Doze Apóstolos, escreveu:

“Em junho de 1978, ficamos emocionados quando o presidente Spencer W. Kimball, nosso profeta-presidente, anunciou que ‘todos os homens dignos da Igreja podem ser ordenados ao sacerdócio, independentemente de sua raça ou cor’ (Declaração Oficial 2). A direção tinha sido mudada por revelação, e com essa revelação as razões que os seres mortais tinham dado para a antiga direção foram todas varridas do mapa.

Numa entrevista realizada em 1988, no décimo aniversário da revelação sobre o sacerdócio, expliquei minha atitude em relação às tentativas de suprir razões mortais para a revelação divina:

Se lermos as escrituras com esta pergunta em mente: ‘Por que o Senhor deu este ou aquele mandamento?’, veremos que em menos de um por cento dos mandamentos foi dada alguma razão. Não é o padrão do Senhor dar motivos. Nós mortais podemos atribuir motivos à revelação. Podemos atribuir motivos aos mandamentos. Quando fazemos isso, agimos por conta própria. Algumas pessoas atribuíram motivos para o mandamento a que nos referimos aqui [as etnias e o sacerdócio], e acabou se comprovando que elas estavam totalmente erradas. (…)

Não cometamos os erros do passado, nesta e em outras áreas, tentando dar motivos à revelação. Os motivos em sua grande maioria são criados pelos homens. As revelações são o que apoiamos como a vontade do Senhor, e é nelas que está a segurança” (Life’s Lessons Learned, 2011, pp. 68–69).

Para mais informações históricas referentes às restrições quanto à ordenação ao sacerdócio e às ordenanças do templo para os membros da Igreja, negros de ascendência africana, ver “As etnias e o sacerdócio”, Tópicos do evangelho, topics.LDS.org.

Declaração Oficial 2

O Senhor revela que todos os homens dignos da Igreja podem ser ordenados ao sacerdócio e as bênçãos do templo podem ser concedidas a todos os membros dignos da Igreja.

Declaração Oficial 2. “A revelação veio ao presidente Spencer W. Kimball”

O anúncio da revelação de que “[havia] chegado o dia, há muito prometido, em que todo homem da Igreja fiel e digno poderia receber o santo sacerdócio” (Declaração Oficial 2) foi incluído numa carta aos líderes da Igreja de todo o mundo. Essa carta se encontra na Declaração Oficial 2. A carta, datada em 8 de junho de 1978, foi divulgada pela primeira vez em 9 de junho de 1978. Em 30 de setembro de 1978, durante a conferência geral, o presidente N. Eldon Tanner, da Primeira Presidência, apresentou essa revelação “concedendo o sacerdócio e as bênçãos do templo a todos os membros dignos da Igreja” (Declaração Oficial 2) para que os membros dessem o voto de apoio. Os membros da Igreja apoiaram a revelação como “a palavra e a vontade do Senhor” (Declaração Oficial 2). Dessa forma, a Declaração Oficial 2 é mais uma testemunha de que os céus ainda estão abertos e que o Senhor guia sua Igreja por meio de revelação contínua a Seus profetas. Ao testificar que o Senhor revela Sua vontade a Seus profetas atualmente, o presidente Spencer W. Kimball (1895–1985) declarou:

“A revelação contínua é realmente a força vital do evangelho do Senhor e Salvador vivo, Jesus Cristo. (…)

E como este mundo confuso de hoje necessita de revelações de Deus! (…) Quão absurdo pensar que o Senhor daria ao punhado de gente na Palestina e no Velho Mundo sua preciosa diretriz por meio de revelação e fecharia agora os céus nesta condição extrema. (…)

Presto testemunho ao mundo hoje de que, mais de um século e meio atrás, o teto de ferro se rompeu; os céus se abriram de novo e desde aquele momento as revelações têm sido contínuas.

Raiou o novo dia em que outra alma com desejo ardente orou em busca de orientação divina. Encontrou-se um local de total solidão, joelhos se dobraram, um coração foi enternecido, súplicas foram pronunciadas e uma luz mais resplandecente que a do meio-dia iluminou o mundo — uma cortina que jamais voltaria a se fechar.

Um jovem rapaz (…), Joseph Smith, de incomparável fé, quebrou o encanto, rompeu a ‘barreira de ferro do céu’ e restabeleceu a comunicação. (…) Um novo profeta estava na Terra e por meio dele Deus estabeleceu Seu reino para nunca mais ser destruído nem passado a outro povo — um reino que permanecerá para sempre. (…)

Desde aquele dia decisivo em 1820, outras escrituras foram sendo dadas num fluxo interminável, inclusive as numerosas e imprescindíveis revelações enviadas por Deus a Seus profetas na Terra.

(…) Testificamos ao mundo que continuamos a receber revelações e que os cofres e arquivos da Igreja contêm essas revelações que nos são dadas mês a mês, dia a dia. Testificamos também que, desde 1830, quando A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias foi organizada, e assim continuará para sempre, há um profeta, reconhecido por Deus e Seu povo, que continuará a interpretar a mente e a vontade do Senhor” (“Revelação: A palavra do Senhor aos Seus profetas”, A Liahona, julho de 1977, pp. 76–78).

Declaração Oficial 2. Os líderes da Igreja aceitaram a revelação recebida em 1º de junho de 1978 e “a aprovaram unanimemente”.

Ao apresentar aos membros da Igreja a revelação que removia as restrições ao sacerdócio e às bênçãos do templo, o presidente N. Eldon Tanner enfatizou o apoio e a aprovação unânimes dos líderes da Igreja à revelação: “Após isso ter sido revelado [ao presidente Spencer W. Kimball], depois de muito meditar e orar nas salas sagradas do santo templo, ele apresentou a revelação a seus conselheiros, que a aceitaram e a aprovaram. Foi então apresentada ao Quórum dos Doze Apóstolos, que a aprovou por unanimidade” (Declaração Oficial 2). Essa reunião aconteceu em 1º de junho de 1978, durante a qual estavam presentes dez membros do Quórum dos Doze Apóstolos e a Primeira Presidência (ver Gordon B. Hinckley, “Priesthood Restoration”, Ensign, outubro de 1988, pp. 69–70).

O élder Bruce R. McConkie (1915–1985), do Quórum dos Doze Apóstolos, explicou: “A revelação dada no dia 1º de junho foi confirmada pelo espírito de inspiração uma semana depois, em 8 de junho, quando as autoridades gerais aprovaram o documento que foi anunciado ao mundo” (“All Are Alike unto God”, 18 de agosto de 1978, p. 5, speeches.byu.edu). Mais tarde naquele dia, a Primeira Presidência entrou em contato com dois membros do Quórum dos Doze Apóstolos — o élder Mark E. Petersen e o élder Delbert L. Stapley — que não puderam comparecer às reuniões realizadas nos dias 1º de junho ou 8 de junho. O élder Peterson declarou seu total apoio à revelação por telefone, da América do Sul, onde estava cumprindo uma designação. O élder Stapley aprovou a revelação quando a Primeira Presidência o visitou naquele dia no hospital (ver Henry Dixon Taylor, Autobiography of Henry Dixon Taylor, 1980, pp. 286–287). Assim, a Primeira Presidência e o Quórum dos Doze Apóstolos estavam unidos ao apoiar a revelação como “a palavra e a vontade do Senhor” (Declaração Oficial 2; ver também D&C 107:27, 29).

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O Quórum dos Doze Apóstolos em 1976

Os membros do Quórum dos Doze Apóstolos quando a revelação do sacerdócio foi recebida em junho de 1978

No dia seguinte, em 9 de junho de 1978, a Primeira Presidência e os membros do Quórum dos Doze Apóstolos se reuniram com todas as autoridades gerais disponíveis no Templo de Salt Lake. O élder Neal A. Maxwell (1926–2004), do Quórum dos Doze Apóstolos, que na época servia como membro dos setenta e estava presente na reunião, relatou a seguinte experiência: “Eu não tinha a mínima ideia do que estava acontecendo. E quando nos ajoelhamos para orar [para dar início à reunião], o Espírito me disse o que iria acontecer (…) e, depois daquela oração, o presidente Kimball começou a descrição. Comecei a chorar” (“Associated Press Interviews: 10th Anniversary of Priesthood Revelation”, 24 de maio de 1988, Biblioteca de História da Igreja).

Durante essa reunião, a carta anunciando a revelação foi lida, e cada membro do Quórum dos Doze Apóstolos que estava presente compartilhou seu testemunho pessoal de que a decisão de “[conceder] o sacerdócio e as bênçãos do templo a todos os membros dignos da Igreja do sexo masculino” (Declaração Oficial 2) veio por revelação. O presidente Spencer W. Kimball pediu um voto de apoio, e as autoridades gerais da Igreja a aprovaram unanimemente.

O esforço dos líderes da Igreja de agir em união com a inspiração e as revelações do Senhor tem sempre sido um princípio orientador para os conselhos de liderança da Igreja. O presidente Gordon B. Hinckley (1910–2008) ensinou:

“Todas as questões importantes a respeito de normas, procedimentos, programas ou doutrina são ponderadas cuidadosamente e em espírito de oração pela Primeira Presidência e pelos Doze em conjunto. Esses dois quóruns, o Quórum da Primeira Presidência e o Quórum dos Doze Apóstolos, reúnem-se, com total liberdade de expressão, para decidir todos os assuntos de importância vital. (…)

Nenhuma decisão emana das deliberações da Primeira Presidência e dos Doze sem total unanimidade de todos os envolvidos. No início da análise das questões, pode haver diferenças de opinião. E isso é de se esperar. Cada um desses homens tem uma formação diferente. São homens que pensam por si mesmos. Mas, antes da tomada de uma decisão final, há unanimidade de mente e voz.

(…) Já vi a manifestação de diferenças de opinião nessas deliberações. E é justamente nesse processo no qual os homens externam sua opinião que as ideias e os conceitos são examinados e peneirados. Mas nunca presenciei discórdia grave ou inimizade pessoal entre as autoridades gerais. O que observei foi uma bela e extraordinária convergência de pontos de vista diversos, sob a influência orientadora do Santo Espírito e do poder de revelação, até que houvesse total harmonia e completa concordância. Somente depois disso a decisão é efetuada. Isso, testifico, representa o espírito de revelação que se manifesta repetidamente na condução desta obra, a obra do Senhor.

Não conheço nenhum outro corpo administrativo de qualquer espécie em que ocorra o mesmo” (“Deus está ao leme”, A Liahona, julho de 1994, p. 65).

Declaração Oficial 2. “Ao testemunharmos a expansão da obra do Senhor na Terra”

Antes de 1º de junho de 1978, nem “todos os privilégios e bênçãos que o evangelho proporciona” estiveram sempre acessíveis “a todos os membros dignos da Igreja” (Declaração Oficial 2). “À medida que a Igreja crescia em todo o mundo, sua missão global de ‘[ir e ensinar] todas as nações’ (Mateus 28:19) parecia cada vez mais incompatível com as restrições do sacerdócio e do templo. O Livro de Mórmon declarou que a mensagem de salvação do evangelho deveria ser levada ‘a toda nação, tribo, língua e povo’ (Mosias 15:28; 1 Néfi 19:17). Embora não houvesse limitações a quem o Senhor convidasse a ‘[participar] de sua bondade’ por meio do batismo (2 Néfi 26:23, 28), as restrições ao sacerdócio e ao templo criaram barreiras significativas, um problema que ficava cada vez mais evidente à medida em que a Igreja se expandia para locais internacionais com heranças raciais mistas.

O Brasil, em particular, apresentou muitos desafios. Ao contrário dos Estados Unidos e da África do Sul, onde o racismo legal e [outros tipos de racismo] resultaram em sociedades profundamente segregadas, o Brasil se orgulhava de legado racial aberto, integrado e misto. Em 1975, a Igreja anunciou que um templo seria construído em São Paulo, Brasil. À medida que a construção do templo prosseguia, as autoridades da Igreja encontraram membros da Igreja negros e de ascendência mista que haviam contribuído financeiramente e de outras maneiras para a construção do templo de São Paulo, um santuário que eles sabiam que não lhes seria permitido entrar, uma vez concluído. Seus sacrifícios, bem como a conversão de milhares de nigerianos e ganeses na década de 1960 e no início da década de 1970, tocaram os líderes da Igreja” (“As etnias e o sacerdócio”, Tópicos do evangelho, topics.LDS.org).

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Templo de São Paulo Brasil

O Templo de São Paulo Brasil foi dedicado em 30 de outubro de 1978.

“A expansão da obra do Senhor na Terra” e o fato de “os povos de muitas nações [estarem aceitando] a mensagem do evangelho restaurado [e filiarem-se] à Igreja em número cada vez maior (…) [despertaram] [nos líderes da Igreja] o desejo de conceder a todos os membros dignos da Igreja todos os privilégios e bênçãos que o evangelho proporciona” (Declaração Oficial 2).

Declaração Oficial 2. “Cônscios das promessas feitas pelos profetas e presidentes da Igreja que nos precederam”

Motivado pelo desejo de conceder as bênçãos do evangelho a todos os membros dignos da Igreja, o presidente Spencer W. Kimball iniciou um estudo cuidadoso das escrituras e das declarações de líderes da Igreja desde o profeta Joseph Smith. Vários profetas dos últimos dias haviam ensinado que “a um dado momento no plano eterno de Deus, todos os (…) irmãos dignos receberiam o sacerdócio” (Declaração Oficial 2). O presidente Brigham Young (1801–1877) “disse que, em algum dia futuro, os membros negros da Igreja ‘teriam [todos] os privilégios e muito mais’ do que os desfrutados por outros membros” (“As etnias e o sacerdócio”, Tópicos do evangelho, topics.LDS.org). O presidente David O. McKay (1873–1970) testificou que, “um dia no plano eterno de Deus”, aos homens negros descendentes de africanos “será dado o direito de ter o sacerdócio” (em “Policy Statement of Presidency”, Church News, 10 de janeiro de 1970, p. 12). Pouco depois de se tornar presidente da Igreja, em 1972, o presidente Harold B. Lee (1899–1973) explicou que era “só uma questão de tempo” até que os membros da Igreja negros descendentes de africanos pudessem receber todas as bênçãos do evangelho. Ele afirmou: “Estamos esperando esse momento” (em L. Brent Goates, Harold B. Lee: Prophet and Seer, 1985, p. 506).

Apesar do desejo de verem “[chegar] o dia, há muito prometido” (Declaração Oficial 2), “os líderes da Igreja acreditavam que uma revelação de Deus era necessária para alterar a norma, e eles fizeram um trabalho contínuo para entender o que devia ser feito” (“As etnias e o sacerdócio”, Tópicos do evangelho, topics.LDS.org).

Quanto ao motivo pelo qual a revelação ter chegado quando chegou, o élder Bruce R. McConkie ensinou: “Era uma questão de fé, retidão e busca por um lado e o tempo do Senhor do outro” (“All Are Alike unto God”, p. 3, speeches.byu.edu; “The New Revelation on Priesthood”, em Priesthood, 1981, p. 133).

Declaração Oficial 2. “Testemunhando a fidelidade daqueles que haviam sido impedidos de [receber o sacerdócio]”

Os exemplos de Helvécio e Rudá Martins, do Brasil, e de Joseph William Billy Johnson, de Gana, ilustram a extraordinária fidelidade daqueles que aguardaram pacientemente em Deus até que Ele concedesse as bênçãos do sacerdócio e do templo a todos os Seus filhos dignos.

“Em uma noite límpida, em abril de 1972, enquanto estava preso num congestionamento no Rio de Janeiro, Helvécio Martins começou a pensar na busca que sua família estava fazendo para encontrar a verdade. A educação moral e religiosa que tanto ele como a esposa, Rudá, haviam recebido os levou a pesquisar muitas religiões, mas nenhuma parecia preencher esse vazio. ‘Conversei com Deus naquela noite, pedindo ajuda’, disse ele” (“Élder Helvécio Martins, do quórum dos setenta”, A Liahona, julho de 1990, p. 104). Várias noites depois, os missionários chegaram a sua casa no Rio de Janeiro. O élder Martins contou:

“No momento em que aqueles dois rapazes entraram em nosso apartamento, toda a minha tristeza e mal-estar espiritual desapareceram, sendo substituídos por uma tranquilidade e serenidade que hoje sei que vêm da influência do Santo Espírito. Um extraordinário sentimento de alívio tomou conta de mim ao cumprimentar aqueles missionários e convidar meus dois filhos a virem para a sala.

(…) Sem percebermos, já era uma hora da madrugada, e aqueles missionários tinham nos dado, relembro agora, quase todas as lições missionárias” (Helvécio Martins, com Mark Grover, The Autobiography of Elder Helvécio Martins, 1994, p. 43).

“A família foi batizada em 2 de julho de 1972. Nas palavras do élder Martins: ‘Tínhamos encontrado a verdade, e nada nos impediria de vivê-la’ — nem mesmo o fato de que a família não podia desfrutar diretamente das bênçãos do sacerdócio naquela época. Mas, ‘quando o Espírito nos diz que o evangelho é verdadeiro’, disse [o élder Martins], ‘como podemos negá-lo?’ (“Élder Helvécio Martins, do quórum dos setenta”, p. 104.) Devido ao fato de a família Martins ter recebido um testemunho por meio do Espírito Santo, eles conseguiram seguir em frente, confiando no Senhor apesar das coisas que não entendiam.

A família Martins serviu fielmente na Igreja. Em 1975, o presidente Spencer W. Kimball anunciou que um templo seria construído em São Paulo, Brasil. “Embora não esperássemos entrar nele, trabalhamos para a construção do templo, exatamente como outros membros (…). Era a casa do Senhor, afinal.” A irmã Martins vendeu suas joias para ajudar no levantamento de fundos, e o irmão Martins serviu no comitê de publicidade” (“Elder Helvécio Martins, do quórum dos setenta”, p. 104).

Devoção e fidelidade semelhantes eram evidentes na África. Quando a Igreja enviou missionários a Gana, em dezembro de 1978, eles descobriram que “o evangelho já estava bem estabelecido ali” devido aos esforços devotados de Joseph William Billy Johnson (Elizabeth Maki, “‘A People Prepared’: West African Pioneer Preached the Gospel Before Missionaries”, history.LDS.org). O irmão Johnson havia conhecido a Igreja 14 anos antes, quando um amigo lhe deu um exemplar do Livro de Mórmon, de Doutrina e Convênios e de outros livros da Igreja. Ele relatou: “Ao ler o Livro de Mórmon, convenci-me de que era realmente a palavra de Deus e, às vezes, durante a leitura, irrompiam-me lágrimas. Senti o Espírito enquanto lia. Senti que o livro tinha uma mensagem inspirada, em especial o testemunho do profeta Joseph Smith” (Joseph William Billy Johnson, “We Felt the Spirit of the Pioneers”, em “All Are Alike unto God”, ed. por Dale E. LeBaron, 1990, p. 14).

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Os santos dos últimos dias em Gana, África

Uma congregação de santos dos últimos dias em Gana, África

“Com [seus amigos] R. A. F. Mensah e Clement Osekre, Johnson organizou uma congregação com base nos ensinamentos encontrados num único exemplar do Livro de Mórmon e alguns folhetos que Mensah recebera de uma mulher na Europa. Mensah organizou uma escola que ensinava tanto assuntos seculares quanto religião, novamente usando o Livro de Mórmon como livro-texto. Johnson foi particularmente incansável na divulgação da mensagem da Igreja restaurada em Gana, indo de rua em rua, dia após dia, pregando o evangelho.

‘Eu me sentia impelido a fazer isso’, disse ele. ‘Apesar da oposição que encontrei pelo caminho — deparei-me com uma oposição muito forte e real. Mas ainda assim continuei. Não conseguia parar de modo algum.’ (…)

Eles escreveram para a sede da Igreja, em Salt Lake, pedindo que fossem enviados missionários a Gana para batizá-los e para estabelecer a Igreja, mas, devido [à restrição do sacerdócio] (o que tornava impossível a organização da Igreja ali), seu pedido não foi atendido. O presidente da Igreja, David O. McKay, encorajou-os a continuarem a estudar as escrituras e a serem fiéis. (…)

Tendo mantido constante correspondência com Salt Lake, os homens ficaram sabendo em 1969 que um membro da Igreja, Lynn Hilton, estaria em breve em Gana, a negócios. Johnson e seus associados localizaram Hilton, perguntaram se ele realmente tinha o ‘santo Sacerdócio de Melquisedeque’ e o levaram ao prédio onde realizavam suas reuniões.

‘Era um prédio térreo feito de adobe’, lembrou Hilton. ‘E havia um sinal na porta com os dizeres: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, Ramo de Acra, Gana. (…) Eles nos levaram para dentro, e ali havia bancos rústicos de madeira. Pelo que me lembro, o chão era de terra.’

Ali, os homens mostraram a Hilton seu único exemplar bastante gasto do Livro de Mórmon. (…)

Os homens explicaram que cada pessoa tinha a permissão de ficar apenas alguns minutos com o livro, depois ele era passado para a pessoa seguinte para que o lesse. O livro, disseram eles, estava sendo ‘usado e lido o tempo todo, semana após semana’.

Finalmente com um portador do sacerdócio em meio deles, os homens perguntaram a Hilton se ele poderia batizá-los. Em vez disso, Hilton lhes deu bênçãos do sacerdócio e partiu com a promessa de lhes enviar muitos exemplares do Livro de Mórmon para sua congregação.

Com o tempo, Johnson mudou seu trabalho missionário de Acra para Cape Coast e fez tudo o que pôde para organizar a Igreja, acabando por estabelecer vários ramos com centenas de membros em Gana. Por muitos anos, ele liderou os membros em jejuns regulares, suplicando que viessem missionários de Salt Lake para estabelecer a Igreja entre eles” (Maki, “A People Prepared”, history.LDS.org).

Para mais informações a respeito da família Martins e de Joseph William Billy Johnson, ver o comentário intitulado “A importância de se estender a ordenação ao sacerdócio a todos os membros dignos da Igreja do sexo masculino e as bênçãos do templo a todos os membros dignos da Igreja”, neste capítulo.

Declaração Oficial 2. “[Suplicando] a orientação divina do Senhor”

As escrituras e a história da Igreja contêm vários exemplos de profetas que buscaram orientação divina do Senhor para dirigir Sua obra e Igreja na Terra. Antes de 1978, a Primeira Presidência e o Quórum dos Doze Apóstolos haviam discutido a restrição ao sacerdócio em inúmeras ocasiões e haviam orado fervorosamente a respeito disso.O élder Bruce R. McConkie declarou: “Obviamente, as autoridades gerais já há muito tempo estavam ansiosas e preocupadas com [as restrições do sacerdócio e do templo]” (“All Are Alike unto God”, p. 3, speeches.byu.edu; “The New Revelation on Priesthood”, p. 132). O presidente Gordon B. Hinckley explicou: “A questão de estender as bênçãos do sacerdócio para os negros estava na mente de muitas autoridades gerais havia anos. Ela tinha sido levantada muitas vezes pelos presidentes da Igreja” (“Priesthood Restoration”, p. 70). O presidente David O. McKay, por exemplo, estudou a questão, mas, “depois de orar pedindo orientação, [ele] não se sentiu inspirado a suspender a proibição” (“As etnias e o sacerdócio”, Tópicos do evangelho, topics.LDS.org).

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Spencer W. Kimball

Presidente Spencer W. Kimball, 1895–1985

Quando presidente Spencer W. Kimball foi apoiado como presidente da Igreja, a restrição ao sacerdócio se tornou uma preocupação especial para ele. Ele compartilhou o seguinte relato de seus próprios esforços para receber orientação divina concernente ao assunto: “Eu sabia que estávamos prestes a receber algo de suma importância para muitos dos filhos de Deus. Eu sabia que só poderíamos receber as revelações do Senhor se fôssemos dignos, estivéssemos preparados para elas e nos dispuséssemos a aceitá-las e aplicá-las. Dia após dia, fui sozinho e com grande solenidade e seriedade às salas superiores do templo e lá ofereci minha alma e meu empenho para levar a obra avante. Eu queria fazer a vontade Dele. Mencionei essa questão e disse-Lhe: ‘Senhor, quero fazer apenas o que é certo. (…) Pretendemos apenas agir conforme Tua vontade e queremos aplicá-la quando o desejares e não antes’” (Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Spencer W. Kimball, p. 263).

Em 1º de junho de 1978, os membros da Primeira Presidência e do Quórum dos Doze Apóstolos se reuniram no Templo de Salt Lake. Estavam em jejum.O presidente Gordon B. Hinckley relatou:

“Toda primeira quinta-feira do mês era um dia de jejum e de testemunhos para as autoridades gerais da Igreja. Tantas autoridades gerais estavam ausentes do lar no primeiro domingo do mês devido a designações para conferências de estaca que, por causa disso, realizávamos nossa reunião mensal de testemunho na sala superior do Templo de Salt Lake, na primeira quinta-feira do mês. A quinta-feira a que me refiro era a de 1º de junho de 1978. Ouvíamos o testemunho de alguns dos irmãos e tomávamos o sacramento da ceia do Senhor.

Era uma reunião maravilhosamente espiritual, como são todas as reuniões realizadas nesses lugares sagrados e nessas circunstâncias. Depois, os membros do primeiro quórum dos setenta e o Bispado Presidente eram dispensados, e ali permaneceram o presidente da Igreja, seus dois conselheiros e dez membros do Conselho dos Doze — dois estando ausentes, um na América do Sul e outro no hospital” (“Priesthood Restoration”, pp. 69–70).

O élder Bruce R. McConkie relatou:

“O presidente Kimball levantou o assunto da possibilidade de conferir o sacerdócio a pessoas de todas as etnias. Esse era um assunto que nosso grupo havia discutido extensamente em inúmeras ocasiões, nas semanas e meses anteriores. O presidente voltou a declarar o problema envolvido, lembrando-nos de nossas discussões anteriores, e disse que tinha passado muitos dias sozinho na sala superior [do templo] suplicando ao Senhor uma resposta para nossas orações. (…) Disse também que tinha esperança de que pudéssemos receber uma resposta clara [do Senhor], de um modo ou de outro, para que o assunto pudesse ser decidido.

Nessa altura, o presidente Kimball perguntou aos irmãos se algum deles desejava expressar seus sentimentos e pontos de vista em relação ao assunto em questão. Todos o fizemos, de modo livre e fluente e de modo consideravelmente prolongado, cada qual declarando seus pontos de vista e expressando os sentimentos de seu coração. Houve uma maravilhosa manifestação de união, unidade e concordância no conselho. A sessão prosseguiu por mais de duas horas. Depois, o presidente Kimball sugeriu que nos uníssemos em oração formal e disse modestamente que, se fosse do agrado de todos, ele proferiria a oração” (“The New Revelation on Priesthood”, em Priesthood, pp. 127–128).

O élder McConkie também descreveu o sentimento de união entre os presentes enquanto o presidente Kimball proferia a oração:

“Em sua oração, o presidente Kimball pediu que todos nós fôssemos purificados e libertados do pecado para que pudéssemos receber a palavra do Senhor. Ele se aconselhou livre e plenamente com o Senhor, sendo-lhe concedido que falasse pelo poder do Espírito, e o que ele disse foi divinamente inspirado. Foi um daqueles raros momentos em que os discípulos do Senhor estão perfeitamente unidos, quando todos os corações batem como se fossem um só e quando o mesmo Espírito atua no âmago de cada um. (…)

Foi durante essa oração que a revelação veio” (“The New Revelation on Priesthood”, em Priesthood, pp. 126, 128).

Declaração Oficial 2. “Ele ouviu nossas orações e, por revelação, confirmou que era chegado o dia, há muito prometido”

A começar pelo presidente Brigham Young, os profetas da Igreja declararam que no devido tempo do plano eterno de Deus todas as bênçãos do sacerdócio e do templo seriam concedidas às pessoas a quem essas bênçãos haviam sido restringidas. O “dia, há muito prometido” chegou em 1º de junho de 1978, quando o Senhor confirmou por meio de revelação ao presidente Spencer W. Kimball, a seus conselheiros da Primeira Presidência e aos membros do Quórum dos Doze Apóstolos que “todos os homens dignos da Igreja podem ser ordenados ao sacerdócio, independentemente de sua raça ou cor” (Declaração Oficial 2).

O presidente Spencer W. Kimball mais tarde testificou: “Tivemos a experiência gloriosa de ver o Senhor indicar claramente que chegara o momento para que todos os homens e mulheres dignos de todas as partes pudessem ser seguidores e participantes das bênçãos do evangelho em sua plenitude. Desejo dizer-lhes, como testemunha especial do Senhor, o quão próximo me senti Dele e do Pai Celestial ao fazer inúmeras visitas às salas superiores do templo, às vezes indo sozinho em diversos momentos do dia. O Senhor mostrou-me com muita nitidez o que deveria ser feito” (Ensinamentos: Spencer W. Kimball, p. 264).

Alguns membros do Quórum dos Doze Apóstolos mais tarde descreveram o testemunho espiritual que receberam quando a revelação removendo as restrições ao sacerdócio e ao templo foi dada. O presidente Gordon B. Hinckley, que então servia como membro do Quórum dos Doze Apóstolos em 1978, testificou:

“Havia no recinto uma atmosfera sagrada e santificada. Para mim, era como se tivesse surgido uma conexão direta entre o trono celestial e o profeta de Deus que estava ajoelhado e suplicava ao lado dos apóstolos. O Espírito de Deus estava presente. E pelo poder do Espírito Santo veio àquele profeta a certeza de que aquilo pelo qual havia orado era certo, que o tempo havia chegado e que as maravilhosas bênçãos do sacerdócio deveriam ser concedidas a todos os homens dignos de todos os lugares, qualquer que fosse sua linhagem.

Todos os homens daquele círculo, pelo poder do Espírito Santo, receberam a mesma certeza.

Foi uma ocasião sublime, de muita reverência.

Não se ouviu o som ‘como de um vento veemente e impetuoso’, não houve ‘línguas repartidas, como que de fogo’ (Atos 2:2–3) como aconteceu no dia de Pentecostes. Mas houve um espírito de Pentecostes, porque o Espírito Santo estava presente.

Nenhuma voz audível foi captada por nossos ouvidos físicos. Mas a voz do Espírito sussurrou com segurança em nossa mente e em nossa própria alma.

Para nós, ao menos para mim pessoalmente, foi como imagino que tenha sido para Enos, que disse o seguinte a respeito de sua extraordinária experiência pessoal: ‘E enquanto estava assim lutando no espírito, eis que a voz do Senhor me veio outra vez à mente’ (Enos 1:10).

Portanto, foi um memorável 1º de junho de 1978. Saímos daquela reunião com um sentimento de grande humildade, reverentes e regozijantes. Nenhum dos presentes naquela ocasião foi o mesmo depois daquela experiência. Nem a Igreja foi a mesma.

Todos nós sabíamos que o momento da mudança havia chegado e que a decisão tinha vindo dos céus. A resposta foi clara. Havia uma união perfeita entre nós, não só pela experiência, mas em compreensão” (“Priesthood Restoration”, p. 70).

O élder Bruce R. McConkie afirmou que cada pessoa presente na reunião no Templo de Salt Lake, em 1º de junho de 1978, recebeu a revelação:

“Naquela ocasião, por causa da insistência e da fé, e por ter chegado a hora, o Senhor em Sua providência derramou o Espírito Santo sobre a Primeira Presidência e os Doze de modo milagroso e extraordinário, mais do que tudo o que todos ali presentes já haviam sentido na vida. A revelação veio ao presidente da Igreja; também veio a cada uma das pessoas presentes. (…) O resultado foi que o presidente Kimball soube, e cada um de nós também, individualmente, por revelação direta e pessoal, que o tempo havia chegado para conceder o evangelho e todas as suas bênçãos e obrigações, inclusive o sacerdócio e as bênçãos da casa do Senhor, às pessoas de todas as nações, culturas e raças, inclusive a raça negra. (…) Não havia qualquer dúvida em relação ao que havia acontecido ou quanto à palavra e mensagem que recebemos.

A revelação veio ao presidente da Igreja e, em harmonia com o governo da Igreja, foi anunciada por ele. O anúncio foi feito oito dias depois, com a assinatura da Primeira Presidência. Mas, dessa vez, além de a revelação vir ao homem que a anunciaria à Igreja e ao mundo e que foi apoiado como porta-voz de Deus na Terra, a revelação veio a todo membro do grupo de pessoas que mencionei. Todos a receberam no templo.

Em minha opinião, isso foi feito pelo Senhor, dessa maneira, porque era uma revelação de tremenda importância e significado, uma revelação que reverteria toda a direção da Igreja, tanto em procedimentos quanto administrativamente, uma revelação que afetaria os vivos e os mortos, uma revelação que afetaria todo o relacionamento que tínhamos com o mundo, uma revelação, a meu ver, de tamanha importância que o Senhor queria que houvesse testemunhas independentes que pudessem prestar testemunho do que havia acontecido” (“All Are Alike unto God”, p. 4, speeches.byu.edu; “The New Revelation on Priesthood”, em Priesthood, pp. 133–134).

O élder David B. Haight (1906–2004), do Quórum dos Doze Apóstolos, compartilhou seu testemunho da revelação que foi recebida em 1º de junho de 1978:

“Eu estava no templo quando o presidente Spencer W. Kimball recebeu a revelação sobre o sacerdócio. Eu era o membro mais novo do Quórum dos Doze Apóstolos. Eu estava lá. Eu estava lá, e a presença do Espírito naquela sala era tão vigorosa que nenhum de nós conseguiu falar depois. Saímos em silêncio, dirigindo-nos a nossos escritórios. Ninguém conseguia dizer nada devido à grandiosidade daquela experiência espiritual.

Mas, apenas algumas horas após a declaração à imprensa, fui designado para comparecer a uma conferência de estaca em Detroit, estado de Michigan. Quando meu avião pousou em Chicago, vi uma edição do Chicago Tribune numa banca de jornal. A manchete do jornal dizia: ‘Os mórmons dão o sacerdócio aos negros’. E o subtítulo dizia: ‘O presidente Kimball afirma ter recebido uma revelação’. Comprei o jornal. Fixei-me numa palavra do subtítulo — afirma. Saltou-me aos olhos como se estivesse escrita em luz neon vermelha. Ao caminhar pelos corredores do aeroporto, rumo a minha conexão, pensei: Aqui estou eu em Chicago, andando por este aeroporto movimentado, e eu fui testemunha dessa revelação. Eu estava lá. Eu testemunhei. Senti a influência celestial. Eu participei. Pouco sabia o redator daquele jornal a respeito da veracidade daquela revelação quando escreveu: “(…) afirma ter recebido uma revelação”. Pouco sabia ele, ou a gráfica, ou o homem que pôs a tinta na impressora, ou o que entregou o jornal — pouco sabia qualquer um deles que fora realmente uma revelação de Deus. Pouco sabiam eles do que eu sabia, porque eu fora testemunha” (“Esta obra é verdadeira”, A Liahona, julho de 1996, p. 23).

Declaração Oficial 2. A importância de estender a ordenação ao sacerdócio a todos os membros dignos da Igreja do sexo masculino e das bênçãos do templo a todos os membros dignos da Igreja

A revelação ao presidente Spencer W. Kimball que removeu a restrição ao sacerdócio teve um profundo impacto na Igreja, em seus membros e nas pessoas em todo o mundo. O élder Bruce R. McConkie ensinou que essa revelação “afeta nosso trabalho missionário e toda a nossa pregação ao mundo. Afeta nossa pesquisa genealógica e todas as nossas ordenanças do templo. Afeta o que acontece no mundo espiritual, porque o evangelho está sendo pregado no mundo espiritual, em preparação para que os homens recebam as ordenanças vicárias, que os tornam herdeiros da salvação e exaltação. Essa é uma revelação de tremenda importância” (“All Are Alike unto God”, p. 4, speeches.byu.edu; “The New Revelation on Priesthood”, em Priesthood, pp. 134–135).

Para os homens negros de ascendência africana, a ordenação ao sacerdócio significava que eles poderiam batizar seus filhos, administrar bênçãos do sacerdócio e servir como mestres familiares e missionários de tempo integral. A revelação também concedia a todos os membros negros da Igreja as bênçãos das ordenanças do templo, inclusive a oportunidade de serem selados como famílias para a eternidade.

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um homem negro sendo ordenado

“Era chegado o dia, há muito prometido, em que todo homem da Igreja fiel e digno poderia receber o santo sacerdócio” (Declaração Oficial 2).

Helvécio Martins relata como ele e sua esposa, Rudá, reagiram ao anúncio da revelação: “Não pude conter a emoção. Rudá e eu fomos para nosso quarto, ajoelhamo-nos e oramos. Choramos quando agradecemos ao Pai Celestial por algo que pensávamos que aconteceria somente em nossos sonhos. O dia havia realmente chegado e chegara ainda em nossa vida mortal” (The Autobiography of Elder Helvécio Martins, pp. 69–70). A família Martins foi selada no Templo de São Paulo Brasil. O filho deles, Marcus, foi um dos primeiros membros da Igreja descendente de africanos a servir missão depois que a revelação pôs fim à restrição ao sacerdócio. O élder Martins se recorda: “Uma semana depois de Marcus e eu termos recebido o Sacerdócio Aarônico, fomos ordenados ao Sacerdócio de Melquisedeque. O presidente João Eduardo Keminy, da Estaca Rio de Janeiro-Niterói, ordenou-me ao ofício de élder e, logo em seguida, coloquei as mãos sobre a cabeça de meu filho e, com o auxílio dos outros no círculo, conferi-lhe o Sacerdócio de Melquisedeque. Senti que ia explodir de alegria, felicidade e contentamento. Que experiência incrível para mim e para Marcus” (The Autobiography of Elder Helvécio Martins, pp. 70–71). Helvécio Martins se tornou um dos líderes locais do sacerdócio e, por fim, foi chamado para servir como membro do segundo quórum dos setenta.

Em Gana, Joseph William Billy Johnson “ouviu a notícia por volta de meia-noite, ao fim de um dia árduo em que ele foi compelido a ligar o rádio na estação BBC, antes de se deitar.

‘Dei um pulo e comecei a chorar e a me regozijar no Senhor com lágrimas por ter chegado o momento em que o Senhor enviaria missionários para Gana e para outras partes da África para que recebessem o sacerdócio’, relembrou ele. ‘Fiquei realmente muito feliz!’

Quando os missionários finalmente chegaram, alguns meses mais tarde, eles foram encaminhados à capela de Johnson, em Cape Coast, Gana, onde encontraram ‘uma grande estátua do anjo Morôni de pé em cima de uma esfera, tocando uma trombeta. Também havia gravuras da Bíblia e do Livro de Mórmon, de Joseph Smith, do Coro do Tabernáculo e outras cenas dos santos dos últimos dias.

Muitos dos membros das congregações de Johnson pediram o batismo e, no primeiro dia, 34 pessoas foram entrevistadas para a ordenança. Os missionários passaram a tarde e a noite toda batizando novos membros, com mais pessoas chegando à casa de Johnson naquela noite, depois de terem caminhado de uma vila distante, na esperança de serem batizadas naquele dia.

Em poucos dias, o Ramo Cape Coast tinha sido organizado, com Joseph William Billy Johnson no cargo de presidente de ramo” (“A People Prepared”, history.LDS.org).

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Pesquisadores fazendo fila para serem batizados em Gana, na África

Grupo de pessoas fazendo fila para serem batizadas na Nigéria, na África

Aproximadamente 600 membros da congregação do irmão Johnson foram batizados (ver Johnson, “We Felt the Spirit of the Pioneers”, em “All Are Alike unto God”, p. 22). Após aguardar fielmente por 14 anos, Joseph William Billy Johnson finalmente havia se tornado um membro da Igreja do Senhor. “Depois de servir como o primeiro presidente do Ramo de Cape Coast, [o irmão] Johnson serviu como presidente de distrito, missionário de tempo integral e patriarca da Estaca Cape Coast Gana” (“A People Prepared”, history.LDS.org).

Como resultado da revelação que removia a restrição ao sacerdócio, os missionários atualmente pregam o evangelho em vários países da África, foram construídos templos naquele continente e centenas de milhares de pessoas descendentes de africanos receberam as ordenanças do templo para si próprias e para seus antepassados falecidos. Hoje, os membros da Igreja de ascendência africana em todo o mundo desfrutam integração e unidade significativas com seus companheiros santos ao se esforçarem para se tornarem “um em Cristo Jesus” (Gálatas 3:28).