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Capítulo 25: Doutrina e Convênios 66–70


Capítulo 25

Doutrina e Convênios 66–70

Introdução e cronologia

Em 29 de outubro de 1831, William E. McLellin, um recém-converso à Igreja, fez cinco perguntas ao Senhor e orou para receber respostas por intermédio do profeta Joseph Smith. William então pediu ao profeta que perguntasse ao Senhor a seu favor. Joseph, que nada sabia a respeito da oração de William nem de suas cinco perguntas, consultou o Senhor e recebeu a revelação que se encontra em Doutrina e Convênios 66. Essa revelação explica detalhadamente as bênçãos prometidas e dá conselhos específicos sobre a condição espiritual de William e de seu chamado para pregar o evangelho.

Em novembro de 1831, os portadores do sacerdócio se reuniram para uma série de conferências realizadas em Hiram, Ohio, para discutir a publicação das revelações que o profeta Joseph Smith havia recebido do Senhor até então. Durante a conferência, o Senhor deu a revelação que se encontra em Doutrina e Convênios 1, que Ele designou como Seu prefácio para o livro de revelações que seria publicado. O Senhor também deu a revelação que se encontra em Doutrina e Convênios 67, na qual Ele Se dirige às pessoas que questionaram a linguagem das revelações recebidas pelo profeta.

Durante a conferência, quatro élderes pediram a Joseph Smith que perguntasse ao Senhor o que Ele esperava deles. Em resposta, o Senhor concedeu a revelação que se encontra em Doutrina e Convênios 68. A revelação inclui conselhos para os que foram chamados para pregar o evangelho, esclarecimentos adicionais sobre o que constitui uma escritura, instruções sobre o chamado de bispos e um mandamento aos pais para ensinar aos filhos os princípios e as ordenanças do evangelho.

Durante essas conferências, Oliver Cowdery foi designado a levar o manuscrito das revelações compiladas de Joseph Smith de Ohio ao Missouri para que fossem impressas. Em 11 de novembro de 1831, Joseph Smith ditou a revelação que se encontra em Doutrina e Convênios 69, na qual John Whitmer é instruído a acompanhar Oliver ao Missouri e a continuar a coletar material histórico como registrador e historiador da Igreja. No dia seguinte, em uma conferência realizada em Hiram, Ohio, o profeta recebeu a revelação que se encontra em Doutrina e Convênios 70. Nessa revelação, o Senhor designou seis homens para supervisionarem a publicação de Suas revelações dadas a Joseph Smith.

29 de outubro de 1831Doutrina e Convênios 66 é recebida.

1 a 2 de novembro de 1831Em uma conferência da Igreja realizada em Hiram, Ohio, os élderes discutem a respeito da publicação das revelações do Senhor dadas a Joseph Smith (o Livro de Mandamentos). Durante a conferência, o profeta recebe Doutrina e Convênios 67–68.

11 de novembro de 1831Doutrina e Convênios 69 é recebida.

12 de novembro de 1831Doutrina e Convênios 70 é recebida.

20 de novembro de 1831Oliver Cowdery e John Whitmer partem de Ohio para Missouri com as revelações que seriam impressas no Livro dos Mandamentos.

Doutrina e Convênios 66: Informações históricas adicionais

No verão de 1831, William E. McLellin, um professor e recém-viúvo, foi batizado como membro da Igreja no condado de Jackson, Missouri. Logo após seu batismo, ele foi ordenado élder e pregou o evangelho com Hyrum Smith antes de assistir a uma conferência da Igreja, em Orange, Ohio. Durante a conferência, William encontrou o profeta Joseph Smith pela primeira vez e foi ordenado sumo sacerdote.

Em 29 de outubro de 1831, enquanto estava na casa de Joseph Smith em Hiram, Ohio, William “buscou ao Senhor em segredo e, de joelhos, pediu-Lhe que revelasse a resposta de cinco perguntas por intermédio de Seu profeta” (William E. McLellin, The Journals of William E. McLellin, 1831–1836, ed. Jan Shipps e John W. Welch, 1994, p. 248). Sem comentar nada a respeito de sua oração nem de suas perguntas, William pediu a Joseph que consultasse o Senhor a seu respeito. Em relação à revelação que o profeta ditou, William escreveu mais tarde que “cada pergunta que apresentei aos ouvidos do Senhor (…) foram respondidas para minha total e inteira satisfação. Eu desejava obter um testemunho da inspiração de Joseph. E até hoje considero isso uma prova que não posso refutar” (The Journals of William E. McLellin, p. 249).

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Mapa 5: A região de Nova York, Pensilvânia e Ohio nos EUA

Doutrina e Convênios 66

O Senhor elogia William E. McLellin e lhe ordena que pregue o evangelho e abandone a iniquidade

Doutrina e Convênios 66:1–2. “Bem-aventurado és tu por receberes meu convênio eterno, sim, a plenitude do meu evangelho”

O Senhor disse a William E. McLellin que ele era abençoado por ter se afastado de seus pecados e recebido o “convênio eterno, sim, a plenitude do (…) evangelho” (D&C 66:2) ao ser batizado. Na época da conversão de William, o termo “plenitude do evangelho” incluía a fé em Jesus Cristo, o arrependimento, o batismo por imersão, o dom do Espírito Santo e a obediência aos mandamentos de Deus (ver D&C 39:5–6). Contudo, na época dessa revelação, havia ordenanças e convênios necessários à exaltação que ainda não haviam sido revelados. No devido tempo, por meio do profeta Joseph Smith, o Senhor restaurou todas as ordenanças e convênios necessários para se herdar a exaltação no reino de Deus, incluindo aquelas realizadas nos templos sagrados.

O élder John M. Madsen, dos setenta, ensinou que atualmente a plenitude do evangelho e o convênio eterno do Senhor se referem a todos os convênios e a todas as ordenanças necessários para a salvação:

“Para conhecer o Senhor Jesus Cristo, nós e toda a humanidade precisamos recebê-Lo. (…)

Para recebê-Lo, precisamos receber a plenitude de Seu evangelho, Seus convênios eternos, inclusive todas as verdades, leis, convênios e ordenanças necessários para que a humanidade volte à presença de Deus” (“Vida eterna por intermédio de Jesus Cristo”, A Liahona, julho de 2002, p. 88).

Doutrina e Convênios 66:3. “Estás limpo, mas não de todo”

Depois de elogiar William E. McLellin por ter se afastado de suas iniquidades e abraçado a verdade por meio do batismo, o Senhor declarou que ele estava limpo, mas não de todo (ver D&C 66:3). O presidente Joseph Fielding Smith (1876–1972) explicou que William havia recebido o perdão, “mas ainda se apegava de alguma forma, evidentemente na mente e nos pensamentos, a alguma coisa da qual não se tinha purificado por meio do pleno arrependimento” (Church History and Modern Revelation [História da Igreja e revelação moderna], 1953, volume 1, p. 245). O Senhor exortou William a se arrepender daquelas coisas que não Lhe eram agradáveis e prometeu que Ele revelaria a William do que ele precisava se arrepender. De forma semelhante, ao buscarmos saber a vontade de Deus, Ele nos ajudará a progredir espiritualmente mostrando-nos do que precisamos nos arrepender.

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William McLellin

William E. McLellin, então um recém converso à Igreja, participou da conferência da Igreja de novembro de 1831 em Hiram, Ohio. Mais tarde, foi chamado como membro do Quórum dos Doze Apóstolos em 1835. Foi excomungado por apostasia em 1838.

O élder Larry R. Lawrence, dos setenta, descreveu como o Senhor revela por meio do Espírito Santo quais mudanças e melhorias precisamos fazer em nossa vida:

“A jornada do discipulado não é fácil. Foi chamada de ‘o caminho do progresso contínuo’ (Neal A. Maxwell, ‘Testificando da grande e gloriosa Expiação’, A Liahona, abril de 2002, p. 9). Ao prosseguirmos em nossa jornada no caminho estreito e apertado, o Espírito desafia-nos continuamente a ser melhores e a subir novos degraus. O Espírito Santo é o companheiro ideal de viagem. Se formos humildes e doutrináveis, Ele nos levará pela mão e nos guiará para casa.

No entanto, precisamos pedir orientação ao Senhor ao longo do caminho. Temos que fazer algumas perguntas difíceis, como: ‘O que preciso mudar?’, ‘Como posso melhorar?’, ‘Que fraqueza precisa tornar-se um ponto forte?’ (…)

O Espírito Santo não vai nos dizer que devemos aprimorar tudo de uma só vez. Se Ele o fizesse, ficaríamos desanimados e desistiríamos. O Espírito trabalha conosco a nosso próprio tempo, um passo por vez, ou, como o Senhor ensinou: ‘Linha sobre linha, preceito sobre preceito, (…) e abençoados os que dão ouvidos aos meus preceitos (…) pois a quem recebe darei mais’ (2 Néfi 28:30). Por exemplo, se o Espírito Santo vem inspirando-os a dizer obrigado com mais frequência, e vocês atendem a essa inspiração, em seguida, Ele pode sentir que é hora de vocês passarem para algo mais difícil — como aprender a dizer: ‘Desculpe-me, a culpa foi minha’.

O momento perfeito para perguntar: ‘Que me falta ainda?’ é quando tomamos o sacramento. O apóstolo Paulo ensinou que essa é uma oportunidade para cada um de nós examinar a si mesmo (ver 1 Coríntios 11:28). Nesse momento de reverência, à medida que nossos pensamentos se voltam para os céus, o Senhor pode gentilmente dizer-nos qual é a próxima característica em que precisamos melhorar” (“Que me falta ainda?”, A Liahona, novembro de 2015, pp. 33–34).

Doutrina e Convênios 66:4–13. “Eu, o Senhor, mostrar-te-ei o que desejo em relação a ti”

William E. McLellin desejou saber qual era a vontade do Senhor para ele. Assim como vários dos primeiros santos, ele estava ansioso para mudar-se para o condado de Jackson, Missouri. Entretanto, em vez de enviar William a Sião, o Senhor lhe ordenou que viajasse para o Leste e proclamasse o evangelho com o irmão mais novo do profeta, Samuel H. Smith. O Senhor disse a William que estaria com ele e lhe prometeu o poder de curar os enfermos.

William e Samuel partiram de Hiram, Ohio, algumas semanas depois de receberem seu chamado e viajaram pelo leste de Ohio, pregando o evangelho. William registrou em seu diário curas milagrosas por meio da imposição de mãos em cumprimento da promessa do Senhor a ele (ver D&C 66:9; The Journals of William E. McLellin, 1831–1836, p. 66). A despeito de terem tido algum sucesso, os dois missionários enfrentaram muita oposição enquanto pregavam o evangelho. Com a chegada do inverno, William ficou doente e decidiu retornar no final de dezembro. Ao fazer isso, William ignorou as instruções do Senhor de “[ser] paciente na aflição” e de “não [regressar]” de sua missão até que o Senhor o chamasse de volta (D&C 66:9).

O Senhor também aconselhou William a “não [se] embaraçar” e a “[abandonar] toda iniquidade” (D&C 66:10). Embaraçar-se significa ser impedido ou retardado por algo que o impeça de progredir. O mandamento seguinte de abandonar toda iniquidade é um lembrete para nós de que o pecado é o principal obstáculo que embaraça nosso progresso espiritual. O Senhor especificamente advertiu William para ficar vigilante contra a imoralidade sexual, uma tentação com a qual ele aparentemente lutava (ver D&C 66:10). O Senhor prometeu a William que, se ele obedecesse a Seu conselho e continuasse fiel “até o fim”, ele seria coroado com vida eterna (D&C 66:12).

William serviu fielmente ao Senhor por um tempo, e em 1835 ele foi chamado para servir como membro do Quórum dos Doze Apóstolos. Infelizmente, William não deu ouvidos ao conselho dado pelo Senhor de continuar fiel até o fim, e posteriormente apostatou e se voltou contra o profeta Joseph Smith. Quando foi excomungado da Igreja em maio de 1838, ele admitiu que havia “deixado de orar e de guardar os mandamentos e que havia cedido a seus desejos sensuais” (Joseph Smith, em Manuscript History of the Church, vol. B-1, página 796, josephsmithpapers.org).

Doutrina e Convênios 67: Informações históricas adicionais

Até o outono de 1831, o profeta Joseph Smith havia recebido mais de 60 revelações do Senhor. Foram feitos preparativos para compilar e publicar as revelações a fim de torná-las mais acessíveis aos membros da Igreja. Em 1º e 2 de novembro de 1831, um grupo de líderes do sacerdócio convocou uma conferência na casa de John e Alice (Elsa) Johnson em Hiram, Ohio, para discutir sobre a publicação das revelações em um volume único que seria intitulado o Livro de Mandamentos. Aqueles líderes do sacerdócio decidiram imprimir 10 mil exemplares (posteriormente o número foi reduzido para 3 mil exemplares).

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fazenda de John Johnson em Hiram, Ohio

Uma conferência especial da Igreja foi realizada aqui, na casa de John Johnson em Hiram, Ohio, no início de novembro de 1831, para compilar as revelações do profeta Joseph Smith e prepará-las para publicação no Livro de Mandamentos (ver D&C 67, cabeçalho da seção).

O profeta pretendia incluir no Livro de Mandamentos um testemunho por escrito dos élderes, declarando a veracidade das revelações, da mesma forma que as Três Testemunhas e as Oito Testemunhas haviam testificado da veracidade do Livro de Mórmon. A certa altura da conferência, Joseph perguntou aos élderess “que testemunho estavam dispostos a anexar àqueles mandamentos [revelações] que em breve seriam enviados ao mundo” (em The Joseph Smith Papers, Documents, Volume 2: julho de 1831–janeiro de 1833, ed. Matthew C. Godfrey e outros, 2013, p. 97). Muitos dos irmãos “se levantaram e disseram estar dispostos a testificar ao mundo que sabiam que [as revelações] eram do Senhor” (em The Joseph Smith Papers, Documents, Volume 2: julho de 1831–janeiro de 1833, p. 97). Entretanto, alguns dos élderes não haviam recebido uma convicção espiritual tão forte e hesitaram em testificar que as revelações foram dadas por inspiração de Deus. Alguns dos élderes também expressaram preocupação sobre a linguagem usada nas revelações. Em resposta a essas preocupações, Joseph Smith recebeu a revelação que se encontra em Doutrina e Convênios 67.

Doutrina e Convênios 67

O Senhor aconselha aqueles que questionaram a linguagem das revelações conferidas ao profeta Joseph Smith

Doutrina e Convênios 67:5–9. “O que é justo vem do alto, do Pai”

Aparentemente, alguns dos élderes tinham dúvidas sobre a origem divina das revelações dadas ao profeta Joseph Smith devido a imperfeições na linguagem e na redação. Joseph Smith não tinha instrução formal e nem sempre era eloquente no falar ou no escrever. Entretanto, o Senhor revelou a verdade a Seu profeta e permitiu que a expressasse “conforme a sua maneira de falar” (D&C 1:24). O Senhor desafiou aqueles que achavam que poderiam se expressar de forma mais eloquente que o profeta que escolhessem o homem mais sábio dentre eles para selecionar o que ele considerasse a menor das revelações e escrevesse uma “semelhante” (D&C 67:6). William E. McLellin, tendo anteriormente sido professor, aceitou o desafio.

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Joseph Smith Jr. Receiving Revelation [Joseph Smith Jr. Recebendo uma Revelação], de Daniel A. Lewis

Joseph Smith Jr. Receiving Revelation [Joseph Smith Jr. Recebendo uma Revelação], de Daniel A. Lewis. Alguns dos élderes criticaram as palavras que o profeta Joseph Smith usara em suas revelações (ver D&C 67:4–9).

Joseph Smith descreveu o resultado da tentativa de William de escrever uma revelação: “William E. McLellin (…) tentou escrever [uma] [revelação] semelhante a [uma] [das] menores dad[a]s pelo Senhor, mas fracassou. É uma enorme responsabilidade escrever em nome do Senhor. Os élderes e todos os presentes que testemunharam essa vã tentativa de imitar a linguagem de Jesus Cristo renovaram a fé na plenitude do evangelho, na veracidade dos mandamentos e das revelações, as quais o Senhor tinha dado à Igreja por meu intermédio; e os élderes concordaram em prestar testemunho de sua veracidade a todo o mundo” (em Manuscript History of the Church, vol. A-1, página 162, josephsmithpapers.org).

O Senhor prestou testemunho aos élderes de que as revelações “[vêm] do alto” (D&C 67:9) e disse aos élderes que eles deveriam testificar que as revelações eram verdadeiras ou estariam sob condenação (ver D&C 67:8). Após a tentativa fracassada de escrever uma revelação, os irmãos reunidos assinaram uma declaração prestando testemunho das revelações. Esse testemunho com o nome dos membros do Quórum dos Doze Apóstolos em 1835 está incluído na introdução das edições mais recentes de Doutrina e Convênios.

Para informação adicional a respeito da linguagem das revelações em Doutrina e Convênios, ver o comentário para Doutrina e Convênios 1:24, neste manual.

Doutrina e Convênios 67:10–14. “Continuai pacientemente até que sejais aperfeiçoados”

Tanto nos tempos antigos quanto nos modernos, o véu do templo simboliza a separação da presença do Senhor. O Senhor prometeu aos élderes presentes na conferência que, se eles se livrassem de invejas e temores e se humilhassem, o véu entre eles e o Senhor seria rompido, e eles O veriam e O conheceriam (ver D&C 67:10). O Senhor explicou que ninguém O havia visto exceto aqueles que foram “vivificad[os]”, ou espiritualmente revigorados, pelo Espírito de Deus, visto que o “homem natural [mortal]” não pode suportar Sua presença (D&C 67:11–12; ver também Moisés 1:11). Embora o Senhor tenha declarado que os élderes não estavam suficientemente preparados para receber essa gloriosa bênção naquela época, Ele os encorajou a “[continuar] pacientemente até que [fossem] aperfeiçoados” (D&C 67:13).

O presidente Dieter F. Uchtdorf, da Primeira Presidência, explicou o papel da paciência no processo de tornar-nos perfeitos:

“Sem paciência não podemos agradar a Deus, não podemos tornar-nos perfeitos. De fato, a paciência é um processo purificador que aprimora a compreensão, aprofunda a felicidade, direciona a ação e proporciona esperança de paz. (…)

A paciência significa esperar ativamente e perseverar. Significa permanecer em algo e fazer todo o possível: trabalhar, esperar e exercer fé; suportar as dificuldades com coragem, mesmo que os desejos de nosso coração demorem a ser cumpridos. A paciência não é apenas suportar, mas suportar bem! (…)

A paciência é um atributo divino que pode curar a alma, revelar tesouros de conhecimento e entendimento, e transformar homens e mulheres comuns em santos e anjos. (…)

A paciência é um processo de perfeição. O próprio Salvador disse que em nossa paciência possuímos nossa alma (ver Lucas 21:19). Ou, usando outra tradução do texto grego: ‘Na vossa paciência conquistareis o domínio de vossas almas’ (ver Lucas 21:19 nota de rodapé b). Paciência significa perseverar com fé, sabendo que às vezes é na espera e não no recebimento que crescemos mais” (“Prosseguir com paciência”, A Liahona, maio de 2010, pp. 57, 59).

Doutrina e Convênios 68: Informações históricas adicionais

Durante a conferência da Igreja em Hiram, Ohio, Orson Hyde, Luke S. Johnson, Lyman E. Johnson e William E. McLellin pediram ao profeta Joseph Smith que lhes revelasse a vontade do Senhor a respeito deles. Três dos quatro homens haviam sido ordenados recentemente ao ofício de sumo sacerdote, e Lyman E. Johnson foi ordenado pouco tempo depois. William mais tarde relatou que, quando foi ordenado a sumo sacerdote, ele “não compreendeu os deveres do ofício” (W. E. McLellan [sic], M. D., carta a D. H. Bays, 24 de maio de 1870, em Saints’ Herald, 15 de setembro de 1870, p. 553). Essa falta de entendimento deve ter sido uma das razões pelas quais os irmãos pediram ao profeta uma revelação, que hoje se encontra em Doutrina e Convênios 68.

Doutrina e Convênios 68

O Senhor explica o significado de escritura, aconselha aqueles que foram chamados a pregar o evangelho, revela verdades sobre o chamado de bispo e dá instruções aos santos em Sião

Doutrina e Convênios 68:1–4 “Quando movidos pelo Espírito Santo”

O Senhor dirigiu Suas instruções nesses versículos a Orson Hyde e a todos aqueles ordenados “a este sacerdócio” (D&C 68:2), que provavelmente se refere ao ofício de sumo sacerdote, mas que na época era chamado de sacerdócio. Orson e vários outros haviam sido recentemente ordenados a esse ofício. Na época dessa revelação, o ofício de sumo sacerdote era o ofício mais elevado na Igreja, além dos ofícios de primeiro e segundo élder que também eram designados apóstolos; outros ofícios presidentes no sacerdócio foram estabelecidos posteriormente. Assim, a instrução que se encontra em Doutrina e Convênios 68:3–4 provavelmente não foi dirigida aos portadores do sacerdócio em geral, mas aos que foram ordenados ao sumo sacerdócio, ou ao ofício de sumo sacerdote. Aqueles servos do Senhor tinham a responsabilidade de proclamar o evangelho pelo Espírito, e o Senhor declarou que as palavras que eles dissessem “quando movidos pelo Espírito Santo” seriam Sua vontade, mente, palavra, voz e teriam o poder de levar as pessoas para a salvação (D&C 68:4). O presidente J. Reuben Clark (1871–1961), da Primeira Presidência, ensinou como essa responsabilidade é atualmente da Primeira Presidência e do Quórum dos Doze Apóstolos:

“Ao longo dos anos, uma interpretação mais ampla foi dada a (D&C 68:4) (…)

Ao ponderarmos o problema envolvido aqui, devemos ter em mente que algumas autoridades gerais foram designadas a um chamado especial. Esses homens possuem um dom especial. Foram apoiados como profetas, videntes e reveladores, e isso lhes concede uma investidura espiritual especial em relação ao que ensinam às pessoas. Eles têm o direito, o poder e a autoridade para declarar a mente e a vontade de Deus a seu povo, estando sujeitos ao poder e à autoridade supremos do presidente da Igreja. As outras autoridades gerais não recebem essa investidura espiritual especial. (…)

Somente o presidente da Igreja, o sumo sacerdote presidente, é apoiado como profeta, vidente e revelador para a Igreja, e somente ele tem o direito de receber revelações para a Igreja, sejam elas novas ou retificadoras, ou de dar interpretações oficiais das escrituras que sejam válidas para a Igreja, ou de alterar de qualquer forma as doutrinas existentes da Igreja (“When Are Church Leaders’ Words Entitled to Claim of Scripture?” [Quando é que as palavras dos líderes da Igreja são consideradas escrituras?] Church News, 31 de julho de 1954, p. 9).

O élder Jeffrey R. Holland, do Quórum dos Doze Apóstolos, compartilhou o seguinte exemplo de como o princípio ensinado em Doutrina e Convênios 68:4 se aplica à conferência geral: “Peço que reflitam nos próximos dias não apenas sobre as mensagens que ouviram, mas também sobre o fenômeno inigualável que é a conferência geral em si — que nós como santos dos últimos dias acreditamos que essas conferências são, e que convidamos o mundo a ouvir e a observar nelas. Testificamos a toda nação, tribo, língua e povo que Deus não somente vive, mas que Ele fala, e para nossa época e em nossos dias, o conselho que ouviram é, sob a direção do Santo Espírito, ‘a vontade do Senhor, (…) a palavra do Senhor, (…) a voz do Senhor e o poder de Deus para a salvação’ (D&C 68:4)” (“Um estandarte para as nações”, A Liahona, maio de 2011, p. 111).

O élder D. Todd Christofferson, do Quórum dos Doze Apóstolos, esclareceu quando e como o Senhor revela Sua palavra por meio de Seus profetas:

“Nem toda declaração feita por um líder da Igreja, no passado ou no presente, é obrigatoriamente doutrina. É consenso na Igreja que uma declaração feita por um líder em uma única ocasião representa geralmente uma opinião pessoal, embora bem ponderada, sem a intenção de que se torne oficial ou válida para toda a Igreja. O profeta Joseph Smith ensinou que ‘um profeta só [é] profeta quando [está] atuando como tal’ [History of the Church, volume 5, p. 265]. O (…) presidente [J. Reuben] Clark disse: (…)

A Igreja saberá, pelo testemunho do Espírito Santo ao corpo de membros, se os líderes, ao expressar seu ponto de vista, estão sendo movidos pelo Espírito Santo e, no devido tempo, esse conhecimento se manifestará’ [J. Reuben Clark Jr., ‘When Are Church Leaders’ Words Entitled to Claim of Scripture?’, Church News, 31 de julho de 1954, p. 10]” (“A doutrina de Cristo”, A Liahona, maio de 2012, pp. 88–89).

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representação de Jesus e os discípulos caminhando por uma estrada

“Tende bom ânimo e não temais, porque eu, o Senhor, estou convosco e ficarei ao vosso lado” (D&C 68:6).

Doutrina e Convênios 68:14–21. O ofício de bispo e os descendentes de Aarão

Na época em que a revelação que se encontra em Doutrina e Convênios 68 foi recebida, Edward Partridge servia como o único bispo na Igreja. Contudo, o Senhor prometeu que no devido tempo Ele chamaria “outros bispos” (D&C 68:14). Um mês depois, em 4 de dezembro de 1831, o Senhor chamou Newel K. Whitney para servir como bispo em Ohio (ver D&C 72:1–8). Os homens chamados como bispos deviam ser sumo sacerdotes dignos, chamados e designados pela Primeira Presidência. Entretanto, o Senhor também revelou que os filhos primogênitos dos descendentes literais de Aarão têm o direito a esse ofício em virtude de sua linhagem, caso sejam chamados, sejam dignos e sejam ordenados pela Presidência do Sumo Sacerdócio (a Primeira Presidência). Nos tempos antigos, o irmão de Moisés, Aarão, era o sumo sacerdote presidente do Sacerdócio Aarônico. Na Israel antiga, apenas os descendentes de Aarão podiam portar o ofício de sacerdote, e o sumo sacerdote era selecionado dentre os primogênitos de seus descendentes.

O presidente Joseph Fielding Smith explicou que a instrução a respeito dos descendentes de Aarão em Doutrina e Convênios 68:15–21 se refere ao ofício do bispo presidente da Igreja: “Isto se refere unicamente ao bispo que preside o Sacerdócio Aarônico, não tendo nada a ver com os bispos de ala. Ademais, tal pessoa tem que ser designada pela Primeira Presidência da Igreja recebendo sua (…) ordenação de suas mãos. (…) Desconhecendo-se a existência de um descendente assim, qualquer sumo sacerdote escolhido pela presidência pode exercer o ofício de bispo presidente” (Doutrinas de Salvação, comp. Bruce R. McConkie, 1954–1956, 3 vols., volume 3, pp. 93–94; ver também D&C 107:13–16, 69–83).

Doutrina e Convênios 68:25–28. “E também, se em Sião ou em qualquer de suas estacas organizadas houver pais que, tendo filhos”

O Senhor ensinou que os pais que são membros da Igreja têm a responsabilidade de ensinar seus filhos a compreender os primeiros princípios e ordenanças do evangelho de Jesus Cristo (ver D&C 68:25). Os pais devem não somente ensinar seus filhos a entender a doutrina, mas também a seguir os ensinamentos do evangelho para “andar em retidão perante o Senhor” (D&C 68:28). Isso inclui ensinar os filhos a orar, a santificar o Dia do Senhor e a evitar a ociosidade (ver D&C 68:28–31).

O irmão Tad R. Callister, da presidência geral da Escola Dominical, deu esclarecimentos adicionais sobre a responsabilidade dos pais de ensinar o evangelho aos filhos: “Como pais, devemos ser os melhores professores do evangelho de nossos filhos e exemplos para eles — não o bispo, a Escola Dominical, os Rapazes ou as Moças, mas os pais. Sendo os melhores professores do evangelho, podemos ensinar-lhes a realidade da Expiação, da identidade deles e de seu destino divino e fazendo isso, dar-lhes um alicerce seguro onde construir. Em última análise, o lar é o ambiente ideal para ensinar o evangelho de Jesus Cristo” (“Pais: Os melhores professores do evangelho de seus filhos”, A Liahona, novembro de 2014, pp. 32–33).

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um pai ensinando o evangelho a seu filho

Os pais receberam o mandamento de “[ensinarem] seus filhos a orar e a andar em retidão perante o Senhor” (D&C 68:28).

O élder D. Todd Christofferson advertiu os pais do perigo espiritual de deixarem de ensinar as verdades do evangelho a seus filhos:

“Já ouvi alguns pais dizerem que não querem impor o evangelho a seus filhos, mas desejam que eles decidam por si mesmos sobre o que acreditarão e seguirão. Esses pais pensam que assim estarão permitindo que os filhos exerçam seu arbítrio. O que eles se esquecem é que o exercício inteligente do arbítrio exige o conhecimento da verdade, das coisas como elas realmente são (ver D&C 93:24). Sem esse conhecimento, não se pode esperar que os jovens compreendam e avaliem as alternativas que se lhes apresentarem. Os pais devem levar em consideração a maneira como o adversário aborda seus filhos. O inimigo e seus seguidores não estão promovendo a objetividade, mas são vigorosos promotores multimídia do pecado e do egoísmo.

A tentativa de manter a neutralidade em relação ao evangelho é, na realidade, uma rejeição à existência de Deus e de Sua autoridade. Devemos sim reconhecer a Ele e Sua onisciência se quisermos que nossos filhos enxerguem com clareza as opções na vida e sejam capazes de pensar por si mesmos” (“Disciplina moral”, A Liahona, novembro de 2009, p. 107).

Doutrina e Convênios 68:25 “Sobre a cabeça dos pais seja o pecado”

É importante lembrar que a palavra pecado (no singular) é usada em Doutrina e Convênios 68:25, e não a palavra pecados. Ela não se refere aos pecados que os filhos venham a cometer, mas ao pecado dos pais de não ensinar a seus filhos a doutrina do reino. A má interpretação desse versículo talvez faça com que alguns pais erroneamente sintam que são responsáveis pelos pecados de seus filhos. Consequentemente, alguns pais culpam a si mesmos pelas más escolhas de seus filhos, mesmo tendo diligentemente lhes ensinado princípios corretos.

O presidente Howard W. Hunter (1907–1995) deu este conselho consolador aos que talvez sintam que não tiveram sucesso como pais devido a um filho rebelde:

“O bom pai é aquele que ama seu filho, sacrifica-se por ele, cuida dele, ensina-o e supre suas necessidades. Se, apesar disso, o filho ainda desobedecer, causar problemas ou for mundano, é bem possível que, apesar dos pesares, o pai possa ser considerado um sucesso. (…)

Não percam as esperanças quanto ao rapaz ou à moça que se desviou. Muitos que pareciam completamente perdidos voltaram. Devemos orar sempre e (…) demonstrar aos filhos nosso amor e cuidado. (…)

Jamais devemos deixar que Satanás nos iluda, fazendo-nos pensar que tudo está perdido. Devemos ter orgulho das coisas boas e corretas que fizemos; rejeitar e abandonar aquilo que é errado em nossa vida; devemos dirigir-nos ao Senhor para obter perdão, força e consolo; depois, podemos seguir adiante” (Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Howard W. Hunter, 2015, pp. 229–230).

Doutrina e Convênios 69: Informações históricas adicionais

No final de outubro e início de novembro 1831, Oliver Cowdery recebeu a designação de levar o manuscrito do Livro de Mandamentos até Independence, Missouri. As revelações então seriam lá impressas por William W. Phelps em sua oficina tipográfica. Oliver também foi designado a levar consigo o dinheiro das contribuições feitas para o estabelecimento de Sião. Para ajudar a proteger o manuscrito e o dinheiro, decidiu-se que um companheiro de viagem deveria acompanhá-lo. Em 11 de novembro de 1831, o Senhor deu a revelação que se encontra em Doutrina e Convênios 69, na qual Ele designa John Whitmer para acompanhar Oliver Cowdery ao Missouri. Na época em que essa revelação foi recebida, John Whitmer servia como historiador e registrador da Igreja (ver D&C 47:1–3).

Doutrina e Convênios 69

O Senhor ordena que John Whitmer acompanhe Oliver Cowdery ao Missouri e que continue seus deveres como historiador da Igreja

Doutrina e Convênios 69:3–8 “Escrever, e a registrar a história de todas as coisas importantes”

Em março de 1831, John Whitmer foi chamado pelo Senhor para “[conservar] uma história regular” da Igreja e para auxiliar o profeta Joseph Smith escrevendo por ele (D&C 47:1). Esse chamado estava em harmonia com o conselho prévio do Senhor de que “um registro será escrito entre vós” (D&C 21:1). O Senhor reiterou a John Whitmer sua responsabilidade de documentar a história da Igreja coletando e registrando “todas as coisas importantes” que ocorressem entre os santos (D&C 69:3). O propósito de conservar essa história era “para o bem da igreja e para as gerações vindouras” (D&C 69:8).

Doutrina e Convênios 70: Informações históricas adicionais

O profeta Joseph Smith ditou a revelação que se encontra em Doutrina e Convênios 70 durante ou imediatamente após uma conferência realizada em Hiram, Ohio, em 12 de novembro de 1831. Essa foi a última das quatro conferências especiais que foram realizadas entre 1º e 12 de novembro. Durante essas duas semanas, Joseph Smith e outros dispenderam muito de seu tempo revisando as revelações que o profeta havia recebido e preparando-as para publicação. Naquela conferência final, os presentes aprovaram uma resolução que declarava que as revelações “tinham para a Igreja o valor das riquezas de toda a Terra” (em The Joseph Smith Papers, Documents, Volume 2: julho de 1831–janeiro de 1833, p. 138). Também durante aquela conferência, o profeta ressaltou as contribuições feitas por vários irmãos que haviam trabalhado com ele desde o início para trazer à luz os escritos sagrados dados pelo Senhor. A conferência promulgou a proposta de providenciar uma remuneração proveniente da venda das publicações para as famílias das pessoas que dedicaram seu tempo na preparação e publicação das revelações.

Os élderes votaram que Joseph Smith Jr., Oliver Cowdery, John Whitmer e Sidney Rigdon “fossem designados a gerenciar [as revelações] de acordo com as leis da Igreja [e] os mandamentos do Senhor” (em The Joseph Smith Papers, Documents, Volume 2: julho de 1831–janeiro de 1833, p. 138). Uma história posterior declara que o profeta recebeu a revelação que se encontra em Doutrina e Convênios 70 em resposta a uma pergunta. Nessa revelação, o Senhor sancionou a decisão de nomear pessoas para supervisionar a publicação das revelações.

Doutrina e Convênios 70

O Senhor designa seis homens para servir como mordomos responsáveis por Suas revelações

Doutrina e Convênios 70:3–8 “Mordomos responsáveis pelas revelações e mandamentos”

Na revelação que se encontra em Doutrina e Convênios 70, o Senhor chamou Martin Harris e William W. Phelps para se unirem aos quatro homens que haviam sido previamente chamados para servir como mordomos responsáveis pelas revelações. Esses mordomos eram não somente responsáveis por publicar as revelações, mas também por supervisionar a renda gerada com a venda do Livro de Mandamentos. O Senhor lhes ordenou que usassem os lucros para prover suas famílias e consagrassem o restante ao armazém do Senhor, em benefício das pessoas de Sião. O Senhor organizou essa mordomia conjunta de acordo com os princípios da lei da consagração.

Em março de 1832, uma revelação instruiu o profeta Joseph Smith, Sidney Rigdon e Newel K. Whitney a organizarem “os estabelecimentos literários e mercantis” da Igreja (em The Joseph Smith Papers, Documents, Volume 2: julho de 1831–janeiro de 1833, p. 198; ortografia padronizada). Consequentemente, os mordomos responsáveis pelas revelações se uniram aos bispos da Igreja e aos responsáveis pelos armazéns no que seria chamado de Firma Unida (ver cabeçalhos das seções D&C 7882). Os seis homens chamados para supervisionar os empreendimentos gráficos da Igreja estabeleceram um ramo da Firma Unida chamada Firma Literária. Além do Livro de Mandamentos, outros projetos de publicação da Firma Literária foram o hinário da Igreja, livros infantis, a Tradução de Joseph Smith da Bíblia e jornais da Igreja.