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Capítulo 27: Doutrina e Convênios 76:1–49


Capítulo 27

Doutrina e Convênios 76:1–49

Introdução e cronologia

Em 16 de fevereiro de 1832, Joseph Smith e Sidney Rigdon estavam trabalhando na revisão inspirada da Bíblia (conhecida como Tradução de Joseph Smith). Quando Joseph Smith estava traduzindo João 5:29, ele e Sidney refletiram sobre o significado do versículo e tiveram uma visão, que se encontra em Doutrina e Convênios 76. Nessa visão, o Salvador confirmou Sua realidade e divindade, ensinou sobre a queda de Satanás e dos filhos de perdição e revelou a natureza dos três reinos de glória e daqueles que os herdariam.

O comentário para Doutrina e Convênios 76 será dividido em duas lições. A primeira lição cobre Doutrina e Convênios 76:1–49, que inclui as bênçãos do Senhor prometidas aos fiéis, o testemunho prestado por Joseph Smith e Sidney Rigdon do Pai e do Filho, e um relato da queda de Lúcifer e dos filhos de perdição.

25 de janeiro de 1832Joseph Smith é ordenado presidente do sumo sacerdócio durante uma conferência da Igreja realizada em Amherst, Ohio.

Final de janeiro de 1832Joseph Smith e Sidney Rigdon retornam a Hiram, Ohio, para trabalhar na tradução inspirada do Novo Testamento.

16 de fevereiro de 1832Doutrina e Convênios 76 é recebida.

24 a 25 de março de 1832Joseph Smith e Sidney Rigdon são arrastados por uma multidão enfurecida à noite, espancados violentamente e cobertos de piche e penas, em Hiram, Ohio.

Doutrina e Convênios 76: Informações históricas adicionais

No início de 1832, o profeta Joseph Smith e Sidney Rigdon estavam trabalhando na revisão inspirada do Novo Testamento, em Hiram, Ohio, na casa de John e Alice (Elsa) Johnson. Durante esse intensivo estudo das escrituras, o profeta refletiu sobre as muitas verdades que o Senhor havia revelado aos santos e comentou: “Ficava evidente que muitos pontos importantes referentes à salvação do homem tinham sido tirados da Bíblia ou perdidos antes de ela ser compilada” (em Manuscript History of the Church, vol. A-1, página 183, josephsmithpapers.org).

Uma das dúvidas sobre as quais Joseph e Sidney estavam ponderando nessa época era sobre o que acontece após a morte. As verdades referentes à vida após a morte dadas por revelação (ver, por exemplo, 1 Néfi 15:32; D&C 19:3) levaram o profeta a comentar que “se Deus recompensa todos de acordo com as ações feitas no corpo, o termo ‘céu’, no sentido de o lar eterno dos santos, deve incluir mais do que apenas um reino” (em Manuscript History, vol. A-1, página 183; ortografia e pontuação padronizadas). Em 16 de fevereiro de 1832, Joseph Smith e Sidney Rigdon estavam traduzindo João 5:29, que dizia que os mortos “que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal, para a ressurreição da condenação”.

Depois de o profeta ter ditado a tradução desse versículo (ver D&C 76:15–17), ele e Sidney tiveram uma visão “a respeito da organização de Deus e sua vasta criação por toda a eternidade” (em The Joseph Smith Papers, Documents, Volume 2: julho de 1831–janeiro de 1833, ed. Matthew C. Godfrey e outros, 2013, p. 183; ortografia padronizada). Jesus Cristo lhes apareceu e conversou com eles (ver D&C 76:14), sendo-lhes ordenado que registrassem a visão enquanto “ainda [estavam] no Espírito” (D&C 76:28, 80, 113). A visão revelou verdades sobre a natureza do Pai e do Filho, os reinos de glória, a rebelião de Satanás e o sofrimento dos filhos de perdição.

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sala de tradução dentro da casa de John Johnson, Hiram, Ohio

O profeta Joseph Smith e Sidney Rigdon receberam uma série de visões nesta sala, na casa de John Johnson, em Hiram, Ohio, enquanto trabalhavam na tradução inspirada da Bíblia.

Havia aproximadamente mais 12 pessoas presentes durante a visão. Uma testemunha ocular, Philo Dibble, escreveu posteriormente:

“A visão registrada no livro de Doutrina e Convênios foi dada na casa do ‘Pai Johnson’, em [Hiram], Ohio, e durante os momentos em que Joseph e Sidney estavam em espírito e viram os céus abertos, havia outros homens na sala, talvez 12, entre os quais estava eu, durante parte do tempo (…). Vi a glória e senti o poder, mas não tive a visão. (…)

Joseph dizia, de tempos em tempos: ‘O que eu vejo?’ como alguém que estivesse olhando para fora da janela e visse o que ninguém mais na sala conseguia ver. Em seguida, relatava o que tinha visto e o que estava vendo. Então Sidney dizia: ‘Estou vendo o mesmo’. Sidney imediatamente dizia: ‘O que estou vendo?’ e repetia o que tinha visto ou estava vendo. Joseph então dizia: ‘Estou vendo o mesmo’.

Esse diálogo se repetiu a pequenos intervalos até o final da visão. (…)

Joseph permaneceu firme e calmo o tempo todo, irradiando uma glória magnífica, mas Sidney estava mole e pálido, em frangalhos. Observando esse fato ao término da visão, Joseph comentou com um sorriso: ‘Sidney não está acostumado a isso como eu’” (“Recollections of the Prophet Joseph Smith”, The Juvenile Instructor, maio de 1892, pp. 303–304).

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Mapa 5: A região de Nova York, Pensilvânia e Ohio nos EUA

Doutrina e Convênios 76:1–10

O Senhor promete bênçãos aos que O servirem

Doutrina e Convênios 76:5–10. “E a eles revelarei todos os mistérios (…) pelo meu Espírito os iluminarei”

As revelações recebidas pelo profeta Joseph Smith são uma evidência de que Deus guia Seus filhos e lhes ensina a verdade. O Senhor prometeu a Seus santos que, “se fossem humildes, [seriam] fortalecidos e abençoados do alto e [receberiam] conhecimento de tempos em tempos” (D&C 1:28). Além de receber orientação pelos ensinamentos do profeta, os primeiros membros da Igreja aprenderam que, “se pedires, receberás revelação sobre revelação, conhecimento sobre conhecimento, para que conheças os mistérios e as coisas pacíficas — aquilo que traz alegria, que traz vida eterna” (D&C 42:61). O Senhor introduziu a visão sagrada que se encontra em Doutrina e Convênios 76 com a promessa de que Ele honraria aqueles que O servissem revelando-lhes os mistérios de Seu reino por meio do poder do Espírito (ver D&C 76:5–10).

O profeta Joseph Smith (1805–1844) explicou como a revelação pessoal pode abençoar-nos:

“É privilégio dos filhos de Deus achegar-se a Ele e receber revelação. (…) Deus não faz acepção de pessoas; todos temos o mesmo privilégio.

Cremos que temos o direito de receber revelações, visões e sonhos de Deus, nosso Pai Celestial, e luz e inteligência, por meio do dom do Espírito Santo, em nome de Jesus Cristo, em todos os assuntos referentes a nosso bem-estar espiritual; se cumprirmos Seus mandamentos, tornando-nos dignos à vista Dele.

Uma pessoa pode beneficiar-se, se der atenção às primeiras impressões do Espírito de revelação. Por exemplo, quando sentimos que a inteligência pura flui em nós, de repente podem vir ideias a nossa mente e, se as observarmos, veremos que se cumprem no mesmo dia ou pouco depois; (isto é) as coisas que o Espírito de Deus revelou à nossa mente acontecerão; e assim, por conhecer e aceitar o Espírito de Deus, poderemos crescer no princípio da revelação até que [cheguemos] a ser perfeitos em Cristo Jesus” (Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Joseph Smith, 2007, p. 138).

Doutrina e Convênios 76:7–10. O que são os “mistérios ocultos”?

O Senhor prometeu “[revelar] todos os (…) mistérios ocultos de [Seu] reino” e “os segredos da [Sua] vontade” (D&C 76:7, 10) aos que “[O] servem em retidão e em verdade” (D&C 76:5). Esses mistérios incluem princípios e verdades do evangelho que só podem ser compreendidos pelo poder do Espírito Santo. Alguns mistérios ou verdades são revelados nos templos sagrados.

O profeta Joseph Smith testificou que “a luz (…) irrompeu no mundo” por meio da visão que ele e Sidney Rigdon receberam em 16 de fevereiro de 1832 (em Manuscript History of the Church, vol. A-1, página 192, josephsmithpapers.org). Embora Joseph e Sidney tenham registrado muito da doutrina que lhes foi revelada em visão, o Senhor ordenou que algumas das verdades por Ele reveladas não fossem escritas (ver D&C 76:114–117). O profeta Joseph Smith disse posteriormente: “Eu poderia explicar cem vezes mais do que já expliquei a respeito das glórias dos reinos que me foram manifestadas na visão se me fosse permitido e se as pessoas estivessem preparadas para recebê-las. O Senhor lida com este povo como um terno pai faz com o filho, comunicando luz, inteligência e conhecimento de Seus caminhos, da forma como eles conseguem ouvir” (em Manuscript History of the Church, vol. D-1, página 1556, josephsmithpapers.org; ortografia, utilização de maiúscula e pontuação padronizadas).

Doutrina e Convênios 76:11–24

Joseph Smith e Sidney Rigdon veem o Pai Celestial e Jesus Cristo

Doutrina e Convênios 76:11–14. “Pelo poder do Espírito abriram-se nossos olhos”

O profeta Joseph Smith e Sidney Rigdon disseram que, enquanto estavam traduzindo João 5:29, eles estavam “no Espírito”, (D&C 76:11) e “pelo poder do Espírito abriram-se [seus] olhos” (D&C 76:12). Quando um dos filhos de Deus é influenciado pelo Espírito Santo, essa pessoa pode começar a ver as coisas na perspectiva de Deus. O élder Kim B. Clark, dos setenta, testificou: “Se olharmos para Cristo com olhos e ouvidos abertos, seremos abençoados pelo Espírito Santo e, assim, veremos o Senhor Jesus Cristo operando em nossa vida, fortalecendo nossa fé Nele com segurança e convicção. Cada vez mais veremos todos os nossos irmãos e todas as nossas irmãs da forma como Deus os vê, com amor e compaixão. Ouviremos a voz do Salvador nas escrituras, nos sussurros do Espírito e nas palavras dos profetas vivos. Veremos o poder de Deus derramado sobre Seu profeta e sobre todos os líderes de Sua Igreja verdadeira e viva, e saberemos com certeza que esta é a santa obra de Deus. Veremos e entenderemos a nós mesmos e o mundo ao nosso redor como o Salvador vê e entende. Passaremos a ter o que o apóstolo Paulo chamou de a ‘mente de Cristo’ (1 Coríntios 2:16). Teremos olhos para ver e ouvidos para ouvir e edificaremos o reino de Deus” (“Ter olhos para ver e ouvidos para ouvir”, A Liahona, novembro de 2015, p. 125).

Doutrina e Convênios 76:15–19. “Enquanto meditávamos sobre essas coisas”

A visão que o profeta Joseph Smith e Sidney Rigdon tiveram veio enquanto eles ponderavam a tradução inspirada de João 5:29. A tradução inspirada do versículo “foi [dada]” a eles (D&C 76:15) e “[os] maravilhou” (D&C 76:18). Outras visões e revelações foram recebidas por profetas ao ponderarem e meditarem sobre as escrituras (ver D&C 138:1–11; Joseph Smith—História 1:8–20).

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representação de Jesus ensinando discípulos

As palavras de Jesus sobre as recompensas disponíveis por meio da ressurreição foram registradas em João 5:29. O profeta Joseph Smith e Sidney Rigdon estavam traduzindo e ponderando essa passagem quando as visões que se encontram em Doutrina e Convênios 76 foram recebidas (ver D&C 76:15–16).

O presidente Henry B. Eyring, da Primeira Presidência, ensinou sobre a diferença entre estudar e ponderar, e sobre a relação entre ponderar e receber revelação: “Ler, estudar e ponderar não são a mesma coisa. Lemos o que está escrito, e podem ocorrer-nos ideias. Estudamos e descobrimos padrões e conexões nas escrituras. Mas quando ponderamos, propiciamos a revelação do Espírito. Ponderar, para mim, é a reflexão e a oração que faço depois de ler e estudar as escrituras cuidadosamente” (“Servir com o Espírito”, A Liahona, novembro de 2010, p. 60).

O presidente David O. McKay (1873–1970) afirmou: “A meditação é uma das portas mais secretas e sagradas pelas quais passamos a fim de entrar na presença do Senhor” (Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: David O. McKay, 2003, p. 35).

Doutrina e Convênios 76:19–24. “Ele vive! Porque o vimos, sim, à direita de Deus”

O profeta Joseph Smith e Sidney Rigdon viram a glória de Jesus Cristo que estava “à direita do Pai” (D&C 76:20). Eles viram “os santos anjos e os que são santificados (…) adorando a Deus” (D&C 76:21) e “[ouviram] a voz testificando que [Jesus Cristo] é o Unigênito do Pai” (D&C 76:23). Essa experiência marcante levou as duas testemunhas a declararem: “Depois dos muitos testemunhos que se prestaram dele, este é o testemunho, último de todos, que nós damos dele: Que ele vive!” (D&C 76:22). A expressão “último de todos” não significa que esse era o último testemunho que seria prestado do Salvador. Na verdade, o testemunho deles era o mais recente testemunho da realidade do Filho de Deus em uma longa linhagem de testemunhos proclamados pelos profetas e santos antigos. Profetas, apóstolos e santos no mundo inteiro continuam a proclamar seu testemunho da realidade viva do Salvador, Jesus Cristo.

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representação de Cristo ressuscitado

“Este é o testemunho, último de todos, que nós damos dele: Que ele vive! Porque o vimos” (ver D&C 76:22–23).

Em 1° de janeiro de 2000, a Primeira Presidência e o Quórum dos Doze Apóstolos publicaram uma declaração afirmando seu testemunho da realidade do Cristo vivo: “Prestamos testemunho, como apóstolos Seus, devidamente ordenados, de que Jesus é o Cristo Vivo, o Filho imortal de Deus. Ele é o grande Rei Emanuel, que hoje Se encontra à direita de Seu Pai. Ele é a luz, a vida e a esperança do mundo. Seu caminho é aquele que conduz à felicidade nesta vida e à vida eterna no mundo vindouro. Graças damos a Deus pela incomparável dádiva de Seu Filho divino” (“O Cristo Vivo: O Testemunho dos Apóstolos”, A Liahona, abril de 2000, p. 3).

Doutrina e Convênios 76:24. Jesus Cristo como Criador

Deus revelou a Seus profetas nos tempos antigos que o homem não consegue contar o número de mundos que foram criados (ver Moisés 1:28–33; 7:30; Abraão 3:11–12). Essa visão reafirma que Jesus Cristo foi o criador desses mundos.O élder Neal A. Maxwell (1926–2004), do Quórum dos Doze Apóstolos, ensinou:

“Muito antes de nascer em Belém e ficar conhecido como Jesus de Nazaré, nosso Salvador era Jeová. Já naquele estágio, sob a direção do Pai, Cristo era o Senhor do universo, que criou mundos incontáveis — o nosso é apenas um deles (ver Efésios 3:9; Hebreus 1:2).

Quantos planetas no universo são habitados? Não sabemos, mas não estamos sós no universo! Deus não é o Deus de um único mundo!” (Em “Testemunhas especiais de Cristo”, A Liahona, abril de 2001, p. 5.)

Doutrina e Convênios 76:24. “Seus habitantes são filhos e filhas gerados para Deus”

Aqueles que vêm a Jesus Cristo e guardam Seus mandamentos se tornam Seus filhos e Suas filhas. Jesus Cristo é o pai de todos aqueles que se arrependem e vivenciam um renascimento espiritual (ver Mosias 5:7; 15:11–12; 27:25–26; Alma 5:14; 7:14; Éter 3:14; D&C 11:28–30). A voz que o profeta Joseph Smith e Sidney Rigdon ouviram na visão declarou que os habitantes de cada mundo criado por Jesus Cristo são “filhos e filhas gerados para Deus” (D&C 76:24). Isso significa que Jesus é tanto o Criador quanto o Salvador de “mundos incontáveis” (Moisés 1:33).

O presidente Russell M. Nelson, do Quórum dos Doze Apóstolos, descreveu os efeitos infinitos da Expiação de Jesus Cristo: “A Expiação Dele é infinita — não tem um fim (ver 2 Néfi 9:7; 25:16; Alma 34:10, 12, 14). Foi também infinita no sentido de que toda a humanidade seria salva da morte sem fim. Foi infinita em termos de Seu imenso sofrimento. Foi infinita no tempo, colocando um fim ao protótipo anterior do sacrifício animal. Foi infinita em escopo — era para ser realizada de uma vez só por todos (ver Hebreus 10:10). E a misericórdia da Expiação estende-se não apenas a um número infinito de pessoas, mas também a um número infinito de mundos criados por Ele (ver D&C 76:24; Moisés 1:33). Foi infinita além de qualquer escala humana de medida, ou mesmo da compreensão humana” (“A Expiação”, A Liahona, janeiro de 1997, p. 37).

Doutrina e Convênios 76:25–29

Joseph Smith e Sidney Rigdon veem a rebelião de Lúcifer na existência pré-mortal

Doutrina e Convênios 76:25–29. Satanás “faz guerra contra os santos de Deus”

Depois de testemunhar “a glória do Filho, à direita do Pai” (D&C 76:20), o profeta Joseph Smith e Sidney Rigdon contemplaram uma visão contrastante de Satanás, ou Lúcifer. Eles viram Lúcifer, que exercia uma posição de autoridade na existência pré-mortal, cair da presença de Deus depois de se rebelar contra Ele e incitar vários dos filhos espirituais de Deus a fazer o mesmo (ver Isaías 14:12; Apocalipse 12:7–10; D&C 29:36–37; Abraão 3:27–28). Lúcifer ficou conhecido como Perdição (ver D&C 76:26), que significa perda ou destruição.

Joseph e Sidney foram lembrados de que Satanás é um ser real que se opõe a Deus e a todos os que buscam a retidão. Satanás tentou “tomar o reino de nosso Deus e seu Cristo” (D&C 76:28) e continua com esse intento ao “fazer guerra contra os santos de Deus e [cercá-los]” (D&C 76:29). O profeta Joseph Smith mais tarde explicou: “Em relação ao reino de Deus, o diabo sempre estabeleceu o seu reino na mesma época, em oposição a Deus” (Ensinamentos do Profeta Joseph Smith, p. 16).

Assim como o diabo se opõe ao reino de Deus, ele também se opõe às pessoas que procuram progredir espiritualmente pois ele “procura tornar todos os homens tão miseráveis como ele próprio” (2 Néfi 2:27).

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pessoas entrando no centro de conferências para uma sessão da conferência geral.

Pela sua fidelidade, os membros da Igreja serão protegidos quando Satanás “faz guerra contra os santos de Deus” (ver D&C 76:28–29).

Doutrina e Convênios 76:30–49

Joseph Smith e Sidney Rigdon veem o sofrimento dos filhos de perdição

Doutrina e Convênios 76:30–35. Quem são os filhos de perdição?

Depois de o profeta Joseph Smith e Sidney Rigdon testemunharem a rebelião de Lúcifer, o Senhor mostrou-lhes o sofrimento dos filhos de perdição. Eles não escreveram os detalhes da visão, mas registraram o que a voz do Senhor disse a respeito do que viram. O Senhor explicou que os filhos de perdição são pessoas que receberam o conhecimento do poder de Deus e foram “feitos participantes”, mas que se deixaram “vencer pelo poder do diabo e negaram a verdade e desafiaram [o poder de Deus]” (D&C 76:31). Além disso, eles negam “o Santo Espírito, depois de havê-lo recebido” e negam “o Filho Unigênito do Pai” (D&C 76:35).

Anos depois de essa revelação ter sido recebida, o profeta Joseph Smith explicou: “Todos os pecados serão perdoados, exceto o pecado contra o Espírito Santo, porque Jesus salvará todos exceto os filhos de perdição. O que um homem precisa fazer para cometer o pecado imperdoável? Precisa receber o Espírito Santo, ter os céus abertos a ele e conhecer Deus, e depois pecar contra Ele. Depois que um homem pecou contra o Espírito Santo, não há arrependimento para ele. Ele tem que dizer que o sol não brilha enquanto o vê; tem de negar Jesus Cristo quando os céus forem abertos para ele, e negar o plano de salvação com os seus olhos abertos para a veracidade dele” (em Manuscript History of the Church, vol. E-1, página 1976, josephsmithpapers.org; utilização de maiúsculas e pontuação padronizadas).

O pecado imperdoável não é cometido de forma descuidada ou por acidente. Na verdade, aqueles que se tornam filhos de perdição o fazem deliberada e conscientemente. Os filhos de perdição “[negaram] o Filho Unigênito do Pai; tendo-o crucificado dentro de si” (D&C 76:35; ver também Hebreus 6:4–6). O élder Bruce R. McConkie (1915–1985), do Quórum dos Doze Apóstolos, declarou: Para cometer um crime imperdoável, um homem precisa receber o evangelho, adquirir, por revelação do Espírito Santo, o conhecimento absoluto da divindade de Cristo, e então negar ‘o novo e eterno convênio pelo qual foi santificado, chamando-o de coisa ímpia e ofendendo o Espírito da graça’ (Joseph Smith, History of the Church, vol. 3, p. 232). A pessoa comete assassinato por assentir na morte do Senhor, ou seja, tendo perfeito conhecimento da verdade, rebela-se abertamente e se coloca em uma posição na qual teria crucificado Cristo sabendo perfeitamente que Ele era o Filho de Deus. Dessa maneira Cristo é crucificado de novo e envergonhado abertamente (D&C 132:27)”. (Mormon Doctrine, 2ª ed., 1966, pp. 816–817.)

Doutrina e Convênios 76:37. “A segunda morte”

Todos os filhos de Deus nascidos nesta Terra, inclusive os que se tornam filhos de perdição, serão levantados da sepultura e vencerão a morte física pelo poder da Ressurreição de Jesus Cristo (1 Coríntios 15:22; Alma 11:42–45; D&C 88:27–32). Além da morte física, todos os filhos de Deus sentiram os efeitos da morte espiritual, ou separação da presença física do Pai e do Filho, tendo sido “[afastados] da presença do Senhor” devido à Queda (Helamã 14:16). A morte espiritual, ou separação de Deus, também é sobrepujada por meio da ressurreição, que trará todos de volta à presença do Senhor (pelo menos temporariamente) para serem julgados (ver Helamã 14:15–17).

Depois de retornarem à presença do Senhor, os filhos de perdição sofrerão uma segunda morte. O presidente Joseph Fielding Smith (1876–1972) explicou que a segunda morte “traz um banimento espiritual (…) pelo qual aos atingidos é negada a presença de Deus, sendo destinados a habitarem com o diabo e seus anjos por toda a eternidade” (Doutrinas de Salvação, comp. Bruce R. McConkie, 1954–1956, 3 vols., volume 1, p. 54). Os filhos de perdição são os únicos que sofrerão uma morte como essa (ver Helamã 14:18; D&C 76:37; 88:35).

O élder Bruce R. McConkie fez as seguintes descrições da segunda morte, que atingirá somente os filhos de perdição:

“Morte espiritual é ser expulso da presença do Senhor, estar morto para as coisas da retidão, estar morto para os sussurros e a inspiração do Espírito” (Mormon Doctrine, p. 761).

“No final, todos serão redimidos da morte espiritual, exceto os que ‘pecaram para morte’ (D&C 64:7), ou seja, aqueles que estão destinados a se tornar filhos de perdição. João ensina isso dizendo que, após a morte e o inferno terem libertado os mortos que neles estão, então a morte e o inferno serão ‘lançados no lago de fogo. Esta é a segunda morte’. (Apocalipse 20:12–15.) E assim o Senhor disse em nossos dias que os filhos de perdição são ‘os únicos sobre quem a segunda morte terá qualquer poder’ (D&C 76:37), significando qualquer poder após a ressurreição” (Mormon Doctrine, p. 758).

Doutrina e Convênios 76:39–44. “Ele salva todos”

Depois de aprenderem a respeito dos filhos de perdição e seu estado terrível, o profeta Joseph Smith e Sidney Rigdon aprenderam que “pelo triunfo e pela glória do Cordeiro (…) [seriam] salvos todos” (D&C 76:39, 42) e que Jesus Cristo “salva todos exceto [os filhos de perdição]” (D&C 76:44). O élder Dallin H. Oaks, do Quórum dos Doze Apóstolos, ensinou que há vários significados da palavra salvos:

“Os membros da Igreja utilizam as palavras salvo e salvação em pelo menos seis acepções diferentes. De acordo com algumas delas, nossa salvação está garantida: já estamos salvos. Segundo outras, temos de falar de salvação como um acontecimento futuro (por exemplo: 1 Cor. 5:5) ou como algo que depende de acontecimentos futuros (por exemplo: Marcos 13:13). Em todos esses significados, porém, a salvação se dá somente em Jesus Cristo e por meio Dele. (…)

Para os santos dos últimos dias, ser ‘salvo’ significa ser salvo ou libertado da segunda morte (que é a morte espiritual final) pela garantia de um reino de glória no mundo futuro (ver 1 Cor. 15:40–42). Assim como a ressurreição é universal, afirmamos que todas as pessoas que viverem na face da Terra, com raras exceções, têm, nesse sentido, a salvação garantida. (…)

O profeta Brigham Young ensinou essa doutrina quando declarou que ‘todo aquele que não rejeitar por meio do pecado a oportunidade de ser salvo, vindo a tornar-se um anjo do diabo, será levantado para herdar um reino de glória’ (Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Brigham Young, 1997, p. 288). Essa acepção da palavra salvação eleva toda a raça humana por meio da graça de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. (…)

Em outro uso comum aos santos dos últimos dias e exclusivo deles, as palavras salvo e salvação são empregadas para denominar a exaltação ou vida eterna (ver Abraão 2:11). Nesse sentido às vezes se emprega a expressão ‘plenitude da salvação’ (Bruce R. McConkie The Mortal Messiah, 4 vols., 1979–1981, volume 1, p. 242). Essa salvação exige mais do que o arrependimento e batismo por intermédio da autoridade competente do sacerdócio. Exige também que se façam convênios sagrados, inclusive o casamento eterno, no templo de Deus, e a fidelidade a eles, perseverando-se até o fim” (“Vocês foram salvos?”, A Liahona, julho de 1998, pp. 67–68).

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representação da Crucificação

Jesus Cristo veio ao mundo para ser crucificado, a fim de “tomar sobre si os pecados do mundo (…) para que, por intermédio dele, fossem salvos todos” (D&C 76:41–42).