2021
A necessidade de pertencermos a uma Igreja
Novembro de 2021


A necessidade de pertencermos a uma Igreja

As escrituras ensinam claramente sobre a origem e a necessidade de haver uma igreja dirigida por nosso Senhor Jesus Cristo e que tenha Sua autoridade.

Há muitos anos, o élder Mark E. Petersen, um membro do Quórum dos Doze Apóstolos, começou um discurso com o seguinte exemplo:

“Kenneth e sua esposa, Lucille, são pessoas boas, honestas e íntegras. No entanto, eles não vão à igreja e sentem que podem viver bem sem ela. Ensinam seus filhos a ser honestos e virtuosos, e dizem a si mesmos que isso é praticamente tudo o que a Igreja faria por eles.

E, enfim, insistem que precisam dos fins de semana para a recreação familiar (…) [e] que ir à igreja na verdade os atrapalharia”.1

Hoje, minha mensagem diz respeito a essas pessoas boas e religiosas que pararam de ir à igreja ou de participar dela.2 Quando digo “igreja”, incluo sinagogas, mesquitas e outras organizações religiosas. Preocupa-nos ver que a frequência a todas essas instituições tem diminuído significativamente em todo o país.3 Se deixarmos de valorizar nossas igrejas por qualquer motivo que seja, ameaçamos nossa vida espiritual; e o fato de muitas pessoas se distanciarem de Deus reduz as bênçãos de Deus para nossas nações.

Frequentar uma igreja e servir ativamente nela nos ajuda a ser melhores e a aumentar nossa influência positiva na vida de outras pessoas. Na igreja, somos ensinados a aplicar princípios religiosos. Aprendemos uns com os outros. Um exemplo convincente é mais poderoso do que um sermão. Somos fortalecidos por nos relacionarmos com pessoas que têm crenças semelhantes. Ao frequentarmos uma igreja e ao servirmos nela, corações são, como a Bíblia diz, “unidos em caridade”.4

I.

As escrituras dadas por Deus aos cristãos, tanto na Bíblia quanto na revelação moderna, ensinam com clareza a respeito da necessidade de pertencermos a uma Igreja. Ambas ensinam que Jesus Cristo organizou uma igreja e decidiu que ela daria continuidade a Seu trabalho. Ele chamou 12 apóstolos e lhes deu autoridade e chaves para dirigi-la. A Bíblia ensina que Cristo é “a cabeça da igreja”5 e que seus líderes foram escolhidos “para o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para a edificação do corpo de Cristo”.6 A Bíblia sem dúvida é clara quanto à origem de uma igreja e à necessidade de pertencermos a ela nos dias de hoje.

Algumas pessoas dizem que frequentar as reuniões de uma igreja não as ajuda. Elas dizem: “Não aprendi nada hoje” ou “Ninguém foi gentil comigo” ou “Fui ofendida”. Decepções pessoais jamais deveriam nos distanciar da doutrina de Cristo, que nos ensina a servir, não a ser servidos.7 Com isso em mente, um outro membro descreveu o enfoque que ele tinha ao ir à Igreja.

“Há vários anos, mudei de atitude ao frequentar a igreja. Deixei de ir à igreja por minha causa, mas para pensar nos outros. Tomei a decisão de cumprimentar todas as pessoas que se sentavam sozinhas, de dar boas-vindas aos visitantes, (…) de me oferecer para cumprir uma designação. (…)

Em resumo, vou à igreja todas as semanas com a intenção de ser ativo, e não passivo, e de ser uma influência positiva na vida das pessoas”.8

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Boas-vindas na igreja

O presidente Spencer W. Kimball ensinou que “não vamos às reuniões dominicais para nos divertir nem mesmo para sermos apenas instruídos. Vamos para adorar o Senhor. É uma responsabilidade individual (…). Se a reunião para você foi um fracasso, você é o culpado. Ninguém pode adorar o Senhor em seu lugar”.9

A frequência à igreja pode abrir nosso coração e santificar nossa alma.

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Reunião de conselho da ala

Em uma igreja, nós não simplesmente servimos sozinhos ou de acordo com nossa própria vontade ou conveniência. Geralmente servimos em conjunto. Ao servirmos, encontramos oportunidades enviadas do céu que nos ajudam a superar o individualismo de nossa época. O serviço orientado pela igreja pode nos ajudar a vencer o egoísmo que atrasa nosso crescimento espiritual.

Há outras vantagens importantes a serem mencionadas, mesmo que brevemente. Na igreja, nós nos relacionamos com pessoas maravilhosas que se esforçam para servir a Deus. Isso nos lembra que não estamos sós em nossas atividades religiosas. Todos precisamos nos relacionar com outras pessoas, e esses relacionamentos na igreja estão entre os melhores que podemos vivenciar, tanto para nós quanto para nosso cônjuge e nossos filhos. Pesquisas mostram que a falta desses relacionamentos, especialmente entre filhos e pais fiéis, resulta em uma dificuldade crescente para os pais criarem os filhos em sua religião.10

II.

Até agora, falei sobre as igrejas de modo geral. Falarei agora a respeito das razões especiais para sermos membros de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, a Igreja restaurada do Salvador, para a frequentarmos e participarmos dela.

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Templo de Salt Lake

Certamente afirmamos que as escrituras, antigas e modernas, ensinam claramente sobre a origem e a necessidade de haver uma igreja dirigida por nosso Senhor Jesus Cristo e que tenha Sua autoridade. Também testificamos que a Igreja restaurada de Jesus Cristo foi estabelecida para ensinar a plenitude de Sua doutrina e oficiar com a autoridade de Seu sacerdócio a fim de que realizemos as ordenanças necessárias para entrarmos no reino de Deus.11 Os membros que deixam de frequentar a Igreja e confiam apenas em sua espiritualidade individual separam a si mesmos destes princípios essenciais do evangelho: o poder e as bênçãos do sacerdócio, a plenitude da doutrina restaurada e as razões e oportunidades de aplicar essa doutrina. Eles perdem a oportunidade de se qualificar para perpetuar sua família para a eternidade.

Outra grande vantagem da Igreja restaurada é que ela nos ajuda a crescer espiritualmente. Crescer significa mudar. Em termos espirituais, isso significa arrepender-se e buscar aproximar-se mais do Senhor. Na Igreja restaurada, temos a doutrina, os procedimentos e ajudantes inspirados que nos auxiliam no arrependimento. O propósito deles, mesmos em conselhos de condição de membro, não é punir, como na decisão de um tribunal. Os conselhos de situação de membro da Igreja buscam, de maneira amorosa, ajudar os membros a se qualificar para a misericórdia do perdão, que está disponível por meio da Expiação de Jesus Cristo.

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Casal missionário
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Caminhando em direção ao templo

A espiritualidade individual raramente pode proporcionar a motivação e a estrutura para o serviço abnegado oferecido pela Igreja restaurada. Vemos excelentes exemplos disso nos rapazes, nas moças e nas pessoas mais velhas que deixam de lado os estudos ou a aposentadoria para aceitar um chamado missionário. Eles servem como missionários a pessoas desconhecidas em lugares diferentes, os quais não foram escolhidos por eles. O mesmo acontece com membros fiéis que realizam de maneira abnegada o que chamamos de “trabalho do templo”. Esse serviço não seria possível sem que a Igreja o apoiasse, organizasse e dirigisse.

A fé religiosa de nossos membros e o serviço prestado por eles na Igreja os ensinaram a cooperar em projetos para o bem de uma comunidade maior. Esse tipo de experiência e desenvolvimento não acontece no individualismo que é tão predominante nas práticas da sociedade atual. Na organização geográfica de nossas alas, nós nos relacionamos e trabalhamos com pessoas que de outra forma não teríamos escolhido, pessoas que nos ensinam e nos testam.

Além de nos ajudar a adquirir qualidades espirituais, como amor, compaixão, perdão e paciência, esse relacionamento nos dá a oportunidade de aprender a trabalhar com pessoas de diferentes origens e preferências. Essa vantagem tem ajudado muitos de nossos membros, e muitas organizações são abençoadas por seu serviço. Os santos dos últimos dias são conhecidos por sua capacidade de liderar projetos de serviço e de se unirem para realizá-los. Essa tradição teve início com nossos corajosos pioneiros que colonizaram o vale entre as montanhas do Oeste dos Estados Unidos e estabeleceram nossa honrada tradição de cooperação abnegada para o bem comum.

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Projetos do programa Mãos Que Ajudam

A maior parte do trabalho humanitário e de caridade precisa ser realizada à medida que recursos individuais são reunidos e administrados em grande escala. A Igreja restaurada realiza esse trabalho com seus grandiosos esforços humanitários no mundo todo. Esses esforços incluem distribuir suprimentos educacionais e médicos, alimentar os famintos, cuidar de refugiados, ajudar a reverter os efeitos de vícios e uma centena de outras ações humanitárias. Os membros da Igreja são conhecidos por seus projetos do programa Mãos Que Ajudam em resposta a desastres naturais. O fato de sermos membros da Igreja permite que façamos parte desses esforços de grande escala. Os membros também doam ofertas de jejum para ajudar as pessoas ao seu redor que necessitam de ajuda.

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Partilhar do sacramento

Além de sentirem paz e alegria por meio da companhia do Espírito, os membros que frequentam a igreja desfrutam das bênçãos de se viver o evangelho, tais como seguir a Palavra de Sabedoria e alcançar prosperidade material e espiritual, que é prometida às pessoas que vivem a lei do dízimo. Também temos a bênção de receber conselhos de líderes inspirados.

Acima de tudo isso estão as ordenanças autorizadas do sacerdócio necessárias para a eternidade, inclusive o sacramento que tomamos todos os domingos. A ordenança principal da Igreja restaurada é o convênio eterno do casamento, que possibilita a perpetuação dos gloriosos relacionamentos familiares. O presidente Russell M. Nelson ensinou esse princípio de uma forma inesquecível. Ele disse: “Não podemos entrar na presença de Deus apenas por desejarmos fazê-lo. Precisamos obedecer às leis nas quais as bênçãos se baseiam”.12

Uma dessas leis é adorar na igreja todos os domingos.13 Nossa adoração e a aplicação de princípios eternos nos aproximam de Deus e magnificam nossa capacidade de amar. Parley P. Pratt, um dos primeiros apóstolos desta dispensação, descreveu como se sentiu quando o profeta Joseph Smith explicou esses princípios: “Senti que Deus era mesmo meu Pai Celestial, que Jesus era meu irmão e que minha querida esposa era uma companheira imortal e eterna: um bondoso anjo ministrador, concedido para me consolar, e uma coroa de glória para todo o sempre. Em resumo, eu agora poderia amar com o espírito e também com o entendimento”.14

Ao encerrar meu discurso, lembro a todos que não acreditamos que o bem possa ser realizado somente por meio de uma igreja. Independentemente de uma igreja, vemos milhões de pessoas apoiando e realizando inúmeras boas obras. Individualmente, os santos dos últimos dias participam de muitas delas. Vemos essas boas obras como uma manifestação da verdade eterna de que “o Espírito dá luz a todo homem que vem ao mundo”.15

Apesar das boas obras que podem ser realizadas sem uma igreja, a plenitude da doutrina e suas ordenanças de salvação e exaltação estão disponíveis apenas na Igreja restaurada. Além disso, a frequência à igreja nos dá a força e o fortalecimento da fé que advêm do relacionamento com outros fiéis e da adoração com pessoas que também estão se esforçando para permanecer no caminho do convênio e ser melhores discípulos de Cristo. Oro para que todos sejamos constantes nessas experiências na Igreja ao buscarmos a vida eterna, que é o maior de todos os dons de Deus. Em nome de Jesus Cristo, amém.