2021
O amor de Deus
Novembro de 2021


O amor de Deus

Nosso Pai e nosso Redentor nos abençoaram com mandamentos e, ao obedecermos a Seus mandamentos, sentimos Seu perfeito amor mais plena e profundamente.

Nosso Pai Celestial nos ama profunda e perfeitamente.1 Em Seu amor, Ele criou um plano; um plano de redenção e felicidade para colocar ao nosso alcance todas as oportunidades e alegrias que desejamos receber, inclusive tudo o que Ele tem e tudo o que Ele é.2 Para esse intento, Ele estava disposto a até mesmo oferecer Seu Amado Filho, Jesus Cristo, como nosso Redentor. “Porque Deus amou o mundo de tal maneira, que deu o seu Filho Unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.”3 Seu amor é o amor puro de um Pai — universal a todos, contudo pessoal para cada um.

Jesus Cristo compartilha do mesmo amor perfeito do Pai. Quando o Pai elaborou Seu grande plano de felicidade, pediu a alguém que agisse como um Salvador a fim de nos redimir, que é parte essencial desse plano. Jesus disse: “Eis-me aqui, envia-me”.4 O Salvador “nada faz que não seja em benefício do mundo; porque ama o mundo a ponto de entregar sua própria vida para atrair a si todos os homens. Portanto, a ninguém ordena que não participe de sua salvação”.5

Esse amor divino nos concede consolo e confiança abundantes ao orarmos ao Pai em nome de Cristo. Nenhum de nós é um estranho para Eles. Não devemos hesitar em buscar a Deus, mesmo quando nos sentimos indignos. Podemos confiar na misericórdia e nos méritos de Jesus Cristo para sermos ouvidos.6 Ao permanecermos no amor de Deus, dependeremos cada vez menos da aprovação de outros para nos guiar.

O amor de Deus não justifica o pecado, mas oferece redenção

O amor de Deus envolve todas as pessoas e, por esse motivo, algumas delas dizem que ele é “incondicional” e, em sua mente, podem dar a esse pensamento o significado de que as bênçãos de Deus são “incondicionais” e de que a salvação é “incondicional”. Não são. Algumas pessoas costumam dizer: “O Salvador me ama do jeito que sou”, e isso certamente é verdade. Contudo, Ele não pode levar nenhum de nós para Seu reino do jeito que somos, “porque nenhuma coisa impura pode ali habitar ou habitar em sua presença”.7 Nossos pecados precisam primeiro ser abandonados.

O professor Hugh Nibley observou certa vez que o reino de Deus não resistiria se aceitasse mesmo o menor dos pecados: “A menor das manchas de pecado faria com que o outro mundo não fosse nem incorruptível nem eterno. Por menor que seja a falha numa edificação, instituição, num código ou caráter, ela inevitavelmente se mostrará letal ao longo da eternidade”.8 Os mandamentos de Deus são “estritos”9 porque Seu reino e seus cidadãos podem perdurar apenas se rejeitarem consistentemente o mal e escolherem o bem, sem exceção.10

O élder Jeffrey R. Holland comentou: “Jesus claramente compreendia o que muitos de nossa cultura moderna parecem esquecer: há uma diferença crucial entre o mandamento de perdoar pecados (algo que Ele tem a capacidade infinita de fazer) e a advertência de não os tolerar (algo que Ele jamais fez, nem sequer uma vez)”.11

A despeito de nossas imperfeições atuais, ainda podemos ter a esperança de obter “um nome e uma posição”,12 um lugar, em Sua Igreja e no mundo celestial. Após deixar claro que Ele não pode tolerar nem ignorar o pecado, o Senhor nos assegura:

“Entretanto, aquele que se arrepender e cumprir os mandamentos do Senhor será perdoado”.13

“Sim, e tantas vezes quantas o meu povo se arrepender, perdoá-lo-ei de suas ofensas contra mim.”14

O arrependimento e a graça divina solucionam o dilema:

“E lembrai-vos também das palavras que Amuleque disse a Zeezrom, na cidade de Amonia; pois ele disse-lhe que o Senhor certamente viria para redimir seu povo; que não viria, porém, redimi-los em seus pecados, mas redimi-los de seus pecados.

E ele tem poder, recebido do Pai, para redimi-los de seus pecados por causa do arrependimento; portanto, enviou seus anjos para anunciarem as condições do arrependimento, que conduz ao poder do Redentor para a salvação de suas almas”.15

Com nosso arrependimento como condição, o Senhor pode oferecer a misericórdia sem roubar a justiça, e “Deus não [deixa] de ser Deus”.16

A maneira do mundo, como sabem, é anticristo, ou “qualquer coisa menos Cristo”. Nossos dias são uma reprise da história do Livro de Mórmon em que figuras carismáticas buscam domínio injusto sobre os outros, celebram a libertinagem sexual e promovem o acúmulo de riquezas como o objetivo de nossa existência. As filosofias dessas pessoas justificam “a prática de pequenos pecados”,17 ou até mesmo muitos pecados, mas nenhuma dessas filosofias pode oferecer a redenção, que vem apenas por meio do sangue do Cordeiro. O melhor que a multidão que prega “qualquer coisas menos Cristo” ou “qualquer coisa menos o arrependimento” pode oferecer é o argumento infundado de que o pecado não existe ou, se existe, que ele na verdade não traz consequências. Não consigo ver esse argumento ter muito efeito no Juízo Final.18

Não temos de tentar o impossível buscando racionalizar nossos pecados. E, por outro lado, não temos de tentar o impossível ao apagarmos sozinhos os efeitos do pecado por nossos próprios méritos. Nossa religião não busca a racionalização nem busca o perfeccionismo, mas, sim, a redenção — a redenção por meio de Jesus Cristo. Se estamos entre os penitentes, por meio de Sua Expiação, nossos pecados são pregados em Sua cruz, e “pelas suas pisaduras [somos] sarados”.19

O grande amor dos profetas é um reflexo do amor de Deus

Sempre me impressionei com o grande amor dos profetas de Deus — assim como também o senti — em suas advertências contra o pecado. Eles não são motivados pelo desejo de condenar. Seu verdadeiro desejo reflete o amor de Deus; na verdade, seu desejo é o amor de Deus. Eles amam aqueles a quem são enviados sem importar quem ou como sejam. Da mesma maneira que o Senhor, Seus servos não desejam que ninguém sofra as dores do pecado e das más escolhas.20

Alma foi enviado para declarar a mensagem de arrependimento e redenção a um povo repleto de ódio, cujo desejo era perseguir, torturar e até mesmo matar os cristãos, inclusive o próprio Alma. Contudo ele os amou e ansiou por sua salvação. Após declarar a Expiação de Cristo ao povo de Amonia, Alma suplicou: “E agora, meus irmãos, desejo, do mais íntimo de meu coração, sim, com grande ansiedade e até dor, que deis ouvidos às minhas palavras, e abandoneis os vossos pecados, (…) para que sejais elevados no último dia e entreis [no] descanso [de Deus]”.21

Nas palavras do presidente Russell M. Nelson, “é exatamente por nos importarmos profundamente com todos os filhos de Deus que proclamamos Sua verdade”.22

Deus ama você; você O ama?

O amor do Pai e do Filho é dado livremente, mas também inclui expectativas. Como o presidente Nelson ensinou: “As leis de Deus são totalmente motivadas por Seu amor infinito por nós e por Seu desejo de que nos tornemos tudo o que podemos nos tornar”.23

Por nos amarem, Eles não querem que continuemos exatamente como somos. Por nos amarem, Eles desejam que tenhamos alegria e sucesso. Por nos amarem, Eles desejam que nos arrependamos, pois esse é o caminho para a felicidade. Mas a escolha é individual; Eles honram nosso arbítrio. É preciso que escolhamos amá-Los, servir a Eles e guardar Seus mandamentos. Assim, Eles podem mais abundantemente nos abençoar bem como nos amar.

A principal expectativa que Eles têm de nós é que nós também Os amemos. “Aquele que não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor.”24 Conforme João escreveu, “amados, se Deus assim nos amou, também nos devemos amar uns aos outros”.25

A antiga presidente geral da Primária, Joy D. Jones, contou que, quando eram um jovem casal, ela e seu marido foram chamados para visitar uma família e ministrar a eles, pois a família não estava frequentando a igreja por muitos anos. Ficou imediatamente claro em sua primeira visita que eles não eram bem-vindos. Frustrados depois de várias outras tentativas em vão e, depois de muita oração e ponderação sinceras, o irmão e a irmã Jones receberam em Doutrina e Convênios uma resposta sobre o porquê de seu serviço: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de todo o teu poder, mente e força; e em nome de Jesus Cristo servi-lo-ás”.26 A irmã Jones disse:

“Percebemos que estávamos tentando sinceramente servir àquela família e ao nosso bispo, mas tivemos que nos perguntar se estávamos de fato servindo por amor ao Senhor. (…)

Começamos a desejar nossas visitas àquela querida família por causa de nosso amor pelo Senhor (ver 1 Néfi 11:22). Estávamos agindo por causa Dele. Ele fez com que o fardo deixasse de ser pesado. Após meses conversando à porta, a família permitiu que entrássemos. Com o tempo, começamos a orar e a ter ternas conversas sobre o evangelho. Desenvolvemos uma amizade duradoura. Estávamos adorando e amando a Deus por meio do amor a Seus filhos”.27

Ao reconhecermos que Deus nos ama perfeitamente, podemos nos perguntar: “Como eu amo a Deus? Ele pode confiar em meu amor assim como confio no Dele?” Não seria uma aspiração digna viver de modo que Deus possa nos amar não apenas apesar de nossas falhas mas também por causa do que estamos nos tornando? Ah, que Ele pudesse dizer a nosso respeito como disse, por exemplo, sobre Hyrum Smith: “Eu, o Senhor, amo-o pela integridade do seu coração”.28 Que nos lembremos da doce admoestação de João: “Porque este é o amor de Deus: que guardemos os seus mandamentos; e os seus mandamentos não são pesados”.29

Na verdade, Seus mandamentos não são penosos, mas exatamente o oposto. Eles marcam o caminho da cura, felicidade, paz e alegria. Nosso Pai e nosso Redentor nos abençoaram com mandamentos e, ao obedecermos a Seus mandamentos, sentimos Seu perfeito amor mais plena e profundamente.30

Eis a solução para nossos incessantes momentos de reclamação: o amor de Deus. Na era de ouro da história do Livro de Mórmon, após a ministração do Salvador, lemos que “não havia contendas na terra, em virtude do amor a Deus que existia no coração do povo”.31 Ao nos esforçarmos para alcançar Sião, devemos nos lembrar desta promessa em Apocalipse: “Bem-aventurados aqueles que guardam os seus mandamentos, para que tenham direito à árvore da vida, e possam entrar na cidade [santa] pelas portas”.32

Testifico da realidade de nosso Pai Celestial e nosso Redentor, Jesus Cristo, e de Seu amor constante e imortal. Em nome de Jesus Cristo, amém.