2010–2019
Filhas do Convênio
Outubro 2014


Filhas do Convênio

Quando as filhas de Deus mantêm o foco no templo e em seus convênios sagrados, Deus concede-lhes bênçãos da maneira mais intensa e pessoal possível.

Queridas irmãs, cumprimento-as com muito amor. Neste momento, onde quer que estejam no mundo, espero que sintam individualmente no coração o amor do Senhor e o Espírito testificando da mensagem que esse coro magnífico acabou de cantar. Junto minha voz de testemunho à voz dessas irmãs do coro: Eu sei que meu Redentor vive e que Ele ama cada uma de nós.

Hoje nos reunimos como filhas de Deus. A idade, as circunstâncias e a personalidade não nos separam, pois, acima de tudo, somos filhas de Deus. Fizemos o convênio de sempre nos lembrar de Seu Filho.

O poder desse convênio em especial foi reafirmado em meu coração três semanas atrás, quando participei de um batismo. Ali, diante de mim, estavam oito lindas crianças em reverente ansiedade por aquele dia especial ter finalmente chegado. Ao olhar para cada uma delas, o que vi não foi apenas um grupo de crianças. Em vez disso, vi-as como acho que o Senhor as vê: individualmente. Vi Emma, Sophia, Ian e Logan; vi Aden, William, Sophie e Micah. Cada convênio batismal é feito um por um. Cada criança se vestiu de branco e estava tão pronta e ansiosa quanto um coração de oito anos podia estar para fazer seu primeiro convênio com Deus.

Lembrem e visualizem como foi o dia do seu batismo. Quer se lembre de muitos detalhes ou só de alguns, tente resgatar o significado do convênio que fez pessoal e individualmente. Você foi chamada pelo próprio nome, imergiu na água e saiu dela como filha de Deus, uma filha do convênio, desejosa de ser chamada pelo nome de Seu Filho e prometendo seguir a Deus e guardar Seus mandamentos.

Os convênios com Deus nos ajudam a saber quem realmente somos. Ligam-nos a Ele de um modo muito pessoal, pelo qual sentimos nosso valor à vista Dele e nosso papel em Seu reino. De um modo que não entendemos plenamente, Ele nos conhece e nos ama individualmente. Pensem nisto: cada uma tem um lugar especial em Seu coração. Seu desejo é que escolhamos o caminho que nos levará de volta até Ele.

E por mais essencial e importante que seja o convênio do batismo, ele é só o começo: é o portal de nossa jornada para a vida eterna. Mais adiante, essa jornada nos reserva convênios do templo a fazer e ordenanças do sacerdócio a receber. Como nos disse o Élder David A. Bednar: “Ao entrarmos nas águas do batismo, visualizamos o templo”.1

Não só devemos fazer convênios, mas também cumpri-los fielmente para podermos receber a vida eterna, que é nossa esperança, nossa meta e nossa alegria.

Fui testemunha ocular do poder dos convênios ao observar a retidão de meus pais, que amavam e viviam o evangelho. Em minha doce mãe, tive o privilégio de ver claramente as decisões diárias de uma filha do convênio. Mesmo quando era menina, suas escolhas refletiam suas prioridades e a identificavam como real discípula de Jesus Cristo. Pude ver a paz, o poder e a proteção presentes em sua vida por fazer e cumprir os convênios sagrados em sua jornada. Sua vida nesta Terra refletia seu amor pelo Salvador e seu desejo de segui-Lo. Oh, quero seguir seu exemplo.

A vida em comum dos meus pais começou de um modo peculiar. Foi em 1936. Estavam namorando seriamente e planejavam casar-se, quando meu pai recebeu uma carta convidando-o para servir missão na África do Sul. A carta dizia que, se ele fosse digno e estivesse disposto a servir, deveria procurar o bispo. Vocês devem ter notado que o processo do chamado missionário era muito diferente naquele tempo! Papai mostrou a carta à namorada, Helen, e eles resolveram, sem dúvida, que ele deveria servir.

Por duas semanas antes de ele partir, meu pai e minha mãe almoçaram todos os dias no Memory Grove, perto do centro de Salt Lake. Num desses piqueniques, depois de orar e jejuar em busca de orientação, mamãe disse a seu querido Claron, meu pai, que, se ele quisesse, ela se casaria com ele antes que ele partisse para a missão. Nos primórdios da Igreja, os homens às vezes eram chamados para a missão e deixavam a esposa e a família em casa. E assim aconteceu com eles. Com a aprovação dos líderes do sacerdócio, decidiram casar-se antes de a missão dele começar.

No Templo de Salt Lake, mamãe recebeu sua investidura e eles foram casados para o tempo e a eternidade pelo Presidente David O. McKay. Esse começo foi muito humilde. Não houve fotografias nem vestido de noiva, nem flores, nem recepção para celebrar a ocasião. Claramente, seu foco era o templo e seus convênios. Para eles, os convênios eram tudo. Depois de seis dias de casados e de um adeus cheio de lágrimas, meu pai foi para a África do Sul.

O casamento deles, porém, ia muito além do amor profundo que nutriam um pelo outro. Eles também amavam o Senhor e desejavam servir a Ele. Os convênios sagrados que fizeram no templo fortaleceram-nos e capacitaram-nos durante os dois anos de separação. Eles tinham uma perspectiva eterna do propósito da vida e das bênçãos que recebem os que são fiéis a seus convênios. Essas bênçãos seriam muito maiores do que o sacrifício e a separação por tão pouco tempo.

Embora não tenha sido um começo fácil de vida a dois, esse foi o meio ideal de alicerçar uma família eterna. À medida que a família crescia, sabíamos o que mais importava aos nossos pais. Era seu amor pelo Senhor e o compromisso inabalável de cumprir os convênios que ambos tinham feito. Embora meus pais já tenham falecido, seu modelo de retidão ainda é uma bênção para nossa família.

O exemplo de sua vida se reflete nas palavras da irmã Linda K. Burton: “A melhor maneira de fortalecer um lar, no presente ou no futuro, é guardar os convênios”.2

Seu período de dificuldades e provações ainda não tinha terminado. Três anos depois do retorno de meu pai, a Segunda Guerra Mundial eclodiu e, como muitos outros, ele se alistou. Ele ficou fora de casa por mais quatro anos enquanto servia à Marinha a bordo dos navios de guerra no Pacífico.

Foi muito difícil para meus pais ficarem separados novamente. Para mamãe, foram dias de solidão, angústia e incertezas, mas também marcados por sussurros do Espírito com promessas eternas, consolo e paz em meio à tormenta.

Apesar de seus desafios, minha mãe teve uma vida rica, cheia de felicidade, alegria, amor e serviço. O amor pelo Salvador era refletido na sua maneira de viver, pois ela possuía uma conexão perfeita com o céu, e o dom e a habilidade de amar e abençoar a todos ao seu redor. Sua fé em Deus e a esperança em Suas promessas refletem as palavras do Presidente Thomas S. Monson sobre o templo quando ele disse: “Nenhum sacrifício é grande demais, nenhum preço é alto demais, nenhuma luta é difícil demais para receber essas bênçãos”.3

Em todas as fases da vida, mamãe se fortaleceu e foi abençoada por amar ao Senhor e pelos convênios que tão fielmente fez e cumpriu.

Certamente, os detalhes da história de cada uma de vocês serão diferentes. Mas os princípios da vida de minha mãe se aplicam a todos nós. Quando as filhas de Deus mantêm o foco no templo e em seus convênios sagrados, Deus concede-lhes bênçãos da maneira mais intensa e pessoal possível. Como o exemplo de minha mãe para mim, a opção de vocês acreditarem nos convênios e cumprirem-nos deixará um legado de fé a seus descendentes. Então, queridas irmãs, como acessaremos o poder e as bênçãos dos convênios do templo? O que podemos fazer agora em preparação para essas bênçãos?

Em minhas viagens, observei que há irmãs de todas as idades e em diversas circunstâncias, cuja vida oferece resposta a essas perguntas.

Conheci Maria pouco depois de seu oitavo aniversário. Assim como outras, ela estava empolgada por fazer a história da família e já havia mandado mais de mil nomes ao templo. Maria estava se preparando para a bênção de entrar no templo assim que fizesse 12 anos.

Brianna tem 13 anos e adora fazer o trabalho de história da família e do templo. Ela aceitou o desafio do templo feito pelo Élder Neil L. Andersen.4 Ela preparou centenas de nomes para as ordenanças do templo e, sozinha, incluiu a família e os amigos na realização dos batismos. Nesse trabalho sagrado, o coração de Brianna voltou-se não só para seus pais terrenos, mas também para seu Pai Celestial.

Embora Anfissa seja uma jovem adulta cheia de afazeres, trabalhe e faça faculdade, ainda assim reserva tempo para ir ao templo toda semana. Ela busca revelações e recebe paz enquanto serve na casa do Senhor.

Katya, uma querida irmã da Ucrânia, ama o templo profundamente. Antes da construção do Templo de Kiev, ela e outros membros do ramo, com muito sacrifício, viajavam 36 horas de ônibus para ir ao templo uma vez por ano na Alemanha. Esses santos dedicados oravam, estudavam as escrituras, cantavam hinos e conversavam sobre o evangelho durante a viagem. Katya me contou: “Quando finalmente chegamos, estávamos preparados para receber o que o Senhor tinha preparado para nós”.

Se quisermos receber todas as bênçãos que Deus oferece tão generosamente, nosso caminho terreno deve conduzir-nos ao templo. Os templos são uma expressão do amor de Deus. Ele convida todos a vir, aprender com Ele, sentir Seu amor e receber as ordenanças necessárias para a vida eterna com Ele. Cada convênio é feito um por um. Cada vigorosa mudança de coração é importante para o Senhor. E fará toda a diferença para você. Pois, ao irmos à casa do Senhor, que saiamos “armados de [Seu] poder; (…) [com Seu] nome (…) sobre [nós], (…) [Sua] glória ao [nosso] redor (…) e que [Seus] anjos [nos] guardem”.5

Deixo com vocês meu testemunho seguro de que nosso amoroso Pai Celestial vive. É por intermédio de Seu Filho Amado, Jesus Cristo, que se realiza cada esperança, cada promessa e cada bênção do templo. Que tenhamos fé para confiar Nele e em Seus convênios, é minha oração. Em nome de Jesus Cristo. Amém.

Notas

  1. David A. Bednar, “Ter Honrosamente um Nome e uma Posição”, A Liahona, maio de 2009, p. 97.

  2. Linda K. Burton, “Precisa-se de: Mãos e Corações para Acelerar o Trabalho”, A Liahona, maio de 2014, p. 122.

  3. Thomas S. Monson, “O Templo Sagrado — Um Farol para o Mundo”, A Liahona, maio de 2011, p. 90.

  4. Ver templechallenge.LDS.org.

  5. Doutrina e Convênios 109:22.

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