Vozes da Igreja
Duas páginas cheias de gratidão
Elise Dahlen
Utah, EUA
Ilustração: Allen Garns
Meu pai sofreu toda a sua vida com baixa autoestima e sentimentos de inutilidade. Ele foi criado por um pai alcoólatra, que muitas vezes lhe disse que o achava inútil. Felizmente, meu pai nunca se tornou alcoólatra, mas nunca disse a mim e aos meus irmãos que sentia orgulho de nós ou nos elogiou por nossas conquistas. Enquanto crescia, tentei agradá-lo, mas sempre senti que não conseguia ser boa o suficiente. Isso fez com que tivéssemos um relacionamento tenso.
Certa vez, mencionei isso ao meu sábio bispo. Ele me aconselhou a escrever uma carta ao meu pai dizendo-lhe todas as razões pelas quais eu era grata por ele. Isso seria difícil para mim. Minhas feridas eram profundas e eu não queria que minha carta de gratidão se tornasse de ressentimento. Então, orei. Com o Espírito me guiando, as razões pelas quais eu era grata por meu pai começaram a fluir. Demorei, mas quando terminei, havia escrito duas páginas inteiras.
Entreguei minha carta, sem saber como meu pai reagiria. Mas sabia que não podia escolher qual seria a reação dele. Eu só precisava olhar para o meu próprio coração e me lembrar do motivo pelo qual escrevi a carta.
Na manhã seguinte, recebi um telefonema da minha madrasta. Ela estava chorando e me disse que meu pai tinha lido a carta várias e várias vezes. Disse que ele não podia falar comigo porque estava chorando muito.
“Obrigada!”, disse ela. “Seu pai precisava disso.”
Mais tarde naquele dia, meu pai ligou para me agradecer. Ele me ligou todos os dias por vários dias para expressar o quanto a carta significava para ele.
Eu gostaria de poder dizer que nosso relacionamento se transformou milagrosamente, mas ainda tínhamos muito a melhorar. Com o tempo, meu coração começou a se curar e nosso relacionamento melhorou. Por fim, consegui perdoar-lhe.
Alguns anos depois, após uma dolorosa batalha contra o câncer, meu pai morreu. Tenho certeza de que ele agora está desfrutando grande alegria enquanto o Salvador o ajuda a se curar de anos de abuso. Sei que vivenciei a cura por meio do poder da Expiação de Jesus Cristo. O Salvador entende nossas necessidades e pode nos ajudar a remover o veneno da mágoa e do ressentimento de nossa alma. Sei que gratidão, perdão e amor são curas poderosas.