Vozes da Igreja
Elas plantaram uma semente em meu coração
Marta Algarve
Santa Catarina, Brasil
Ilustração: Rafael López
De onde vim? O que estou fazendo aqui? Para onde vou depois desta vida?
Quando tinha 29 anos, essas perguntas não me saíam da mente. Meus pais haviam falecido e eu sofria pela perda do meu primogênito recém-nascido. Tinha outros três filhos para criar e uma vida cheia de desafios.
O Senhor começou a responder a minhas perguntas quando guiou duas jovens missionárias para minha casa. Quando as recebi, elas perguntaram se havia algo que eu sentia estar faltando na minha vida. Contei-lhes sobre meus pais e meu filho. Disse a elas que achava injusto ter filhos e formar uma família se tudo acabava com a morte. Perguntei-lhes se algum dia veria meus pais e meu filho novamente.
“Marta”, elas disseram, “você pode ter sua família para sempre”.
Meu coração se encheu de alegria. Eu queria saber mais. Na sua próxima visita, elas me ensinaram mais sobre o evangelho de Jesus Cristo. Entregaram-me um Livro de Mórmon e me desafiaram a lê-lo e perguntar a Deus se ele continha a Sua palavra. Aceitei o desafio. Quando orei, a resposta de Deus veio clara como a luz do sol. Eu sabia no coração que era verdade.
Infelizmente, quando aceitei um novo emprego, perdi contato com as missionárias. Nos meses que se seguiram, meu casamento acabou e tentei começar uma nova vida com meus filhos.
Tempos depois, casei-me novamente. Um dia meu marido disse que sentia falta de ter Deus em sua vida. Decidimos ir à igreja que ele frequentou no passado. Quando entramos na capela, vi um Livro de Mórmon em uma mesa no saguão. Era a mesma igreja à qual eu tinha sido apresentada antes! Amei o Espírito que senti lá. Quando saímos, perguntei ao meu marido como eu poderia ser batizada.
“Você precisa ser ensinada pelos missionários”, respondeu ele.
“Fui ensinada há cinco anos!”, repliquei.
Eu e meus filhos recebemos as lições. O dia de nosso batismo foi o mais feliz de nossa vida.
Vários anos depois, senti que deveria dizer às sísteres que me ensinaram pela primeira vez que eu havia me filiado à Igreja. No Facebook, encontrei um grupo de ex-missionários da Missão Brasil Santa Maria. Uma das sísteres que havia me ensinado fazia parte desse grupo. Mandei-lhe um pedido de amizade e disse a ela quem eu era, como me tornei membro da Igreja, que nossa família estava selada no templo e que meu filho estava servindo missão de tempo integral. Disse a ela que tudo isso foi possível porque ela e sua companheira haviam plantado a semente do evangelho restaurado em meu coração.