2018
A influência de um pai justo
Junho de 2018


A influência de um pai justo

A autora mora na Califórnia, EUA.

Ao olhar para figuras paternas justas e para meu Pai Celestial, aprendi o que é a verdadeira paternidade.

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Warren family

Fotografia da autora com o marido e a filha tirada por Jesse Warren

Em minha infância e juventude, não tive um pai terreno na vida para me familiarizar com o tipo de amor que meu Pai Celestial tem por mim. Em vez disso, observei outros homens que emanavam Seu amor e foram exemplos de verdadeira paternidade. O presidente James E. Faust (1920–2007), segundo conselheiro na Primeira Presidência, ensinou: “A paternidade nobre permite que tenhamos um vislumbre dos atributos divinos do Pai Celestial”.1 Por meio do exemplo de muitas figuras paternas, incluindo parentes, líderes da Igreja, homens justos das escrituras e até mestres familiares diligentes, aprendi a respeito do caráter do Pai Celestial e dos nobres atributos que os pais terrenos podem desenvolver para imitá-Lo. Por fim, pude transformar a dor que sentia por não ter um pai terreno na alegria de um relacionamento próximo que pude desenvolver com meu Pai Celestial.

Constância e apoio

Nosso Pai Celestial é imutável. Lemos que Ele é “o mesmo ontem, hoje e para sempre” (Mórmon 9:9). Observei que os nobres pais terrenos seguem o exemplo do Pai Celestial de ser inabaláveis. Um pai nobre é leal a sua palavra em todas as coisas. Ele entende que essa constância ajuda os filhos a se sentirem seguros e amados, e está presente tanto nos momentos de crise quanto de alegria.

Nosso Pai Celestial também entende o tipo de esforço necessário para alguém ser digno de morar com Ele para sempre. Conhece cada um de nós pelo nome e permite que tenhamos desafios a fim de sermos refinados. Um nobre pai terreno também permite que os filhos passem por dificuldades de tempos em tempos, pois sabe que os desafios proporcionam oportunidades de crescimento.

Meu marido é um talentoso praticante de artes marciais. Foi ensinado pelo pai dele e com frequência relata que o pai era mais duro com ele do que com os outros alunos. A disciplina do pai o fortaleceu e o ajudou a progredir mais rapidamente. Tal como nosso Pai Celestial, os nobres pais terrenos incentivam os filhos a fazer o melhor ao mesmo tempo em que lhes oferecem força, amor e apoio.

“Obras sem fim”

A obra do Pai Celestial é eterna e sem fim (ver Alma 12:24–33). De modo semelhante, a obra de um nobre pai terreno também não tem fim. Os pais nobres constantemente realizam boas obras e se esforçam por viver em retidão. São verdadeiros e honestos em seu cumprimento dos mandamentos de Deus. Deixam de lado objetivos egoístas para o bem de sua família. Em “A Família: Proclamação ao Mundo”, os profetas vivos ensinaram que “segundo o modelo divino, o pai deve presidir a família com amor e retidão, tendo a responsabilidade de atender às necessidades de seus familiares e de protegê-los”.2 Isso inclui não apenas proteção física, mas também espiritual. Os pais nobres lideram pelo exemplo e oferecem amor e conselhos aos filhos. Também advertem contra perigos espirituais quando necessário.

Uma narrativa familiar de poder

Em seu artigo publicado no New York Times, “As histórias que nos unem”, Bruce Feiler nos dá uma visão geral dos estudos referentes à deterioração da família. Nesses estudos, os psicólogos descobriram que os filhos que demonstram maior resiliência são aqueles que foram expostos a uma narrativa familiar de poder, que os ajudou a sentir que pertenciam a algo maior. “Se quiser uma família mais feliz”, diz Feiler, “crie, refine e reconte a história dos momentos positivos de sua família e sua capacidade de se reerguer após as dificuldades. Esse ato, por si só, pode aumentar a probabilidade de que sua família floresça por muitas gerações vindouras”.3

Um exemplo disso pode ser visto em Moisés 1. Moisés se sentiu fortalecido por seu conhecimento do plano de Deus e de sua própria identidade divina. Quando Satanás veio tentá-lo, Moisés resilientemente replicou: “Quem és tu? Pois eis que sou um filho de Deus, à semelhança de seu Unigênito; e onde está tua glória, para que te adore?” (Moisés 1:13.) Moisés teve então a coragem de ordenar que Satanás fosse embora.

Os nobres pais terrenos capacitam seus filhos ao lembrá-los de sua identidade divina como filhos espirituais de Deus. Eles ajudam a edificar uma família forte por meio de seus bons exemplos e se certificam de que os filhos sejam parte disso. Isso dá aos filhos um forte senso de propósito e a confiança para serem bem-sucedidos.

Procurar um marido nobre

Na época em que eu estava conhecendo alguns rapazes, procurava um companheiro eterno que viesse a ser um pai nobre. Como eu tinha crescido sem esse exemplo na infância, era mais difícil para mim saber todas as características que um pai nobre deveria ter. Fiquei decepcionada por minha bênção patriarcal não me dar orientações mais detalhadas sobre a pessoa com quem meu Pai Celestial queria que eu me casasse. Dizia apenas que eu devia procurar alguém que pudesse me levar ao templo. Mas até essa instrução aparentemente simples foi desafiadora. Embora eu tivesse tido algumas experiências positivas ao sair com alguns rapazes, com frequência me preocupava se esse homem existia de fato ou se eu estava destinada a sofrer incontáveis desilusões sentimentais.

A despeito de minha ansiedade decorrente das experiências prévias, continuei a orar por um marido que viesse a ser um pai justo para meus filhos, que os amasse e que estivesse presente na vida deles. Tal como minha fiel mãe, eu sabia que, não importando o que acontecesse, eu poderia contar com o apoio do meu Pai Celestial.

Para minha surpresa e alegria, minhas orações foram respondidas no tempo certo e perfeito do Pai Celestial. É reconfortante para mim ver o exemplo amoroso dado por meu marido do que um pai deve ser. Sinto-me grata por ele seguir o exemplo deixado pelos profetas e apóstolos e por ele decidir me valorizar e me amar abnegadamente. Seu exemplo como marido amoroso também abençoa nossos filhos. Meu coração está cheio de gratidão por sua fidelidade ao longo das provações, seu exemplo de trabalho árduo, sua dignidade para exercer o sacerdócio e o puro e inabalável amor que ele expressa como jovem pai.

Os pais a nosso redor

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watercolor painting

Pintura em aquarela da autora, retratando o marido e a filha. Ela foi inspirada a pintar por seu mestre familiar — uma das figuras paternas de sua vida.

Não há limite para a influência de um homem que entende, tal como Moisés, quem ele é. A irmã Sheri Dew, ex-segunda conselheira na presidência geral da Sociedade de Socorro, ensinou que todas as mulheres que nutrem cumprem o papel da maternidade mesmo quando ainda não são mães. “Somos todas mães em Israel”, testificou ela, “e nosso chamado é o de amar e ajudar a conduzir a próxima geração através das perigosas ruas da mortalidade”.4 Os homens que são exemplos justos cumprem o papel de serem pais em Israel, e seu exemplo virtuoso pode se estender para além de sua própria família.

Depois de meus desafios da infância, tenho certeza de que o Pai Celestial sabia exatamente do que eu precisava para me capacitar a confiar em meu companheiro eterno. Ele colocou muitos exemplos firmes de paternidade em minha vida. Entre eles estavam meu avô justo, que amava o Senhor, e um mestre familiar diligente que — sabendo das limitações financeiras da minha família — me adotou como aluna em seu ateliê de pintura e me inspirou a seguir seus passos profissionalmente. Em minha vida de jovem adulta, a cura celeste também me foi concedida por meio da bênção inesperada de ganhar um padrasto justo, que foi paciente com minha hesitação em confiar numa figura paterna e que continuamente me expressou bondade.

Por meio da influência justa dessas figuras paternas, encontrei esperança, cura e alegria. Sinto-me me grata por todos os homens que seguem o exemplo deixado por nosso Pai Celestial e se esforçam para ser exemplos de nobre paternidade.

Notas

  1. James E. Faust, “Aos que me honram honrarei”, A Liahona, julho de 2001, p. 54.

  2. “A Família: Proclamação ao Mundo”, A Liahona, maio de 2017, p. 145.

  3. Bruce Feiler, “The Stories That Bind Us” [As histórias que nos unem], New York Times, 15 de março de 2013, nytimes.com.

  4. Sheri L. Dew, “Não somos todas mães?”, A Liahona, janeiro de 2002, p. 113.