2015
Os Homens da Igreja e o Divórcio
Agosto de 2015


Os Homens da Igreja e o Divórcio

O autor mora em Utah, EUA.

Embora um casamento sólido seja o ideal, infelizmente algumas uniões terminam em divórcio. Se você for divorciado, aqui estão algumas maneiras de ficar perto dos filhos e firme no evangelho.

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illustration of hands reaching toward each other

Ilustrações: J. Beth Jepson

“O propósito supremo de tudo o que ensinamos é unir pais e filhos na fé no Senhor Jesus Cristo, para que sejam felizes no lar, selados num casamento eterno.”1 Apesar desse ensinamento inspirado do Presidente Boyd K. Packer, Presidente do Quórum dos Doze Apóstolos, divórcios acontecem. O divórcio é algo traumático: as pessoas envolvidas podem ter sentimentos de choque, negação, confusão, depressão e raiva, bem como sintomas físicos como distúrbios do sono e do apetite.

Em minha experiência como psicoterapeuta, constatei que, embora boa parte do que os homens e as mulheres vivenciam no divórcio seja semelhante, há algumas diferenças:

  • Enquanto ainda estão casados, os homens tendem a minimizar mais a seriedade dos problemas conjugais. A surpresa deles diante do divórcio pode levar a uma sensação de instabilidade.

  • Os homens têm menor propensão a externar seus sentimentos, assim é menos provável que aprendam com sua experiência.

  • Os homens tendem a estar mais voltados à ação, por isso não costumam procurar terapia e, em vez disso, enterram seus sentimentos cumprindo jornadas de trabalho prolongadas ou mergulhando de cabeça num passatempo.

  • Devido a preocupações financeiras e ao ego ferido, alguns homens enfrentam problemas como a depressão, o ganho de peso, o alcoolismo e a inatividade na Igreja.

O único caminho seguro para sobreviver ao divórcio é permanecer fiel ao evangelho. Para ajustar-se de modo salutar, é preciso ser gentil mesmo quando não se tem vontade disso, manter a confiança e a autoestima, conseguir tolerar sentimentos dolorosos sem desabar, ser paciente com as outras pessoas envolvidas, ser justo e não vingativo e manter um alicerce espiritual sólido, o que pode aproximá-lo do Senhor, que “desceu abaixo” de todas as coisas e cuja Expiação é suficiente para curá-lo e elevá-lo (D&C 122:8).

A despeito de quem tenha tido maior culpa no divórcio, a cura só virá quando houver arrependimento e perdão. Como ensinou o Presidente Dieter F. Uchtdorf, Segundo Conselheiro na Primeira Presidência: “Devemos livrar-nos dos ressentimentos. (…) Lembrem-se de que o céu está cheio de pessoas que têm em comum o seguinte: Elas foram perdoadas. E elas perdoam”.2

Cultivar o Relacionamento com os Filhos

Talvez nenhuma outra questão, isoladamente, gere tantos conflitos quanto a guarda dos filhos. Quando os filhos passam a maior parte do tempo com a mãe, é fácil para o pai sentir que se tornou um visitante para os próprios filhos. Isso pode levá-lo a sentir-se impotente e controlado pelo sistema. Contudo, a menos que haja potencial de abuso, maus-tratos ou outras formas de interação nociva, o melhor para os filhos é manter um bom relacionamento tanto com o pai quanto com a mãe. Felizmente, a maioria dos ex-cônjuges aprende a cooperar tendo em vista o bem-estar dos filhos.

A interação regular com os filhos deve permanecer como alta prioridade, a despeito da distância ou de outro casamento. Mesmo que o tempo concedido não seja todo o que você desejaria, torne as visitas positivas e nunca diga coisas negativas sobre a mãe aos filhos. É mais provável que as crianças se ajustem bem ao divórcio dos pais se a mãe e o pai estiverem dispostos a pôr a felicidade e a estabilidade delas acima das próprias mágoas deles.

Permanecer Ativo na Igreja

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illustration of a hand holding on to the iron rod

Alguns homens relatam que nada abalou tanto seu testemunho quanto o divórcio. Isso se dá principalmente se eles tiverem sido fiéis na atividade na Igreja e orado com fervor para resolver os problemas conjugais. Nesses casos o homem divorciado pode sentir-se pouco à vontade para frequentar a Igreja, sobretudo se achar que os outros levantam dúvidas sobre sua fidelidade à ex-esposa.

No entanto, a atividade contínua na Igreja nos expõe a princípios corretos e nos cerca de pessoas que nos querem bem. Se os membros da Igreja não se aproximarem muito, não fique ressentido. É bem possível que simplesmente não saibam o que fazer ou dizer. Seja paciente e tome a iniciativa de ir até eles. Encontre uma rede de apoio. Busque a ajuda de seu presidente de quórum, bispo ou presidente de estaca e cogite buscar aconselhamento profissional, como dos Serviços Familiares SUD, caso tenha acesso. Isso vai ajudá-lo a examinar seu próprio comportamento e a ver as coisas com mais clareza e precisão.

Os homens divorciados são bem-vindos na Igreja tanto quanto os homens casados. O Élder Dallin H. Oaks, do Quórum dos Doze Apóstolos, ensinou: “Há muitas pessoas, bons membros da Igreja, que se divorciaram”. E reiterou que “a menos que um membro divorciado tenha cometido transgressões sérias, pode receber uma recomendação para o templo sob os mesmos padrões de dignidade que se aplicam a outros membros”.3

Crescer por Meio de Dificuldades

Alguns homens dizem que, embora nunca desejem passar de novo por uma experiência semelhante, aprenderam muito com ela. Acabam conseguindo recuperar-se e tocar a vida. Essa foi a atitude de um homem que aconselhei: “Ainda me custa digerir o conceito de que sou um homem divorciado, mas é o que sou. É algo que nunca esperei, mas aconteceu, e aceitei a situação. Minha meta é fazer tudo a meu alcance para permanecer fiel a Cristo, edificar um novo casamento sólido e ser o melhor modelo possível para meus filhos e enteados”.

Notas

  1. Boyd K. Packer, “O Escudo da Fé”, A Liahona, julho de 1995, p. 6.

  2. Dieter F. Uchtdorf, “Os Misericordiosos Obterão Misericórdia”, A Liahona, maio de 2012, p. 77.

  3. Dallin H. Oaks, “Divórcio”, A Liahona, maio de 2007, p. 70.