Reflexões
A Janela para a Piscina
A autora mora em Utah, EUA.
Nossos relacionamentos familiares podem nos ajudar a aprender, a compreender e a viver o evangelho.
Nossas férias estavam acabando. Naquela manhã, ao tomarmos o desjejum, planejamos como aproveitar ao máximo nossa permanência no hotel antes de iniciarmos a viagem de cinco horas de volta para casa. Meu marido decidiu levar nossas três filhas mais novas para brincarem pela última vez na piscina. Aproveitei para usar a esteira na sala de ginástica.
A esteira que escolhi ficava em frente a uma janela do tamanho de uma parede que dava para a piscina. Pouco depois, vi uma família — minha família — dirigir-se à piscina. Toalhas, sapatos e camisetas começaram a voar por todos os lados quando as meninas se prepararam, cheias de entusiasmo, para pular na água. Em circunstâncias normais, eu estaria correndo atrás delas, recolhendo roupas e sapatos e, para ser honesta, me irritando um pouco com tudo isso. Daquela vez, no entanto, agi como uma observadora externa, como se a gigantesca janela à minha frente fosse uma tela de cinema. À medida que meus pés imprimiam um ritmo na esteira rolante, fiquei contemplando a cena.
Vi o quanto todos estavam felizes, rindo e brincando juntos, e pensei nas vezes em que me desanimei com as discussões insignificantes que inevitavelmente surgem numa família, com a sensação desagradável de que, apesar de todo o meu empenho, não estava conseguindo ensinar meus filhos a amarem uns aos outros. Mas, ao observar de longe, vi pessoas que estavam felizes juntas. Constatei que eu não estava fracassando em minha tentativa de ensiná-los a amarem-se mutuamente, mas apenas deixando de perceber que já conseguiam fazê-lo.
Vi uma das meninas pulando da borda da piscina repetidas vezes e indo parar nos braços do pai. Pensei em todos os saltos que ela daria ao longo da vida e esperei que ela confiasse que o Pai Celestial a apanharia a cada vez. Eu sabia que, com cada salto, ela estava aprendendo a confiar e que o fato de pertencer a uma família era uma maneira segura de adquirir essa confiança.
Outra filha estava tentando aperfeiçoar uma técnica de natação. Vi como o incentivo da família a ajudava a continuar se empenhando. Haveria momentos em sua vida em que ela precisaria do mesmo apoio diante de desafios mais difíceis.
E depois, vi nossa terceira filha cair acidentalmente na piscina. Contrariada e zangada, saiu abruptamente da água e sentou-se numa cadeira. A família notou imediatamente a ausência dela. Vi todos a incentivarem amorosamente a voltar a brincar com eles. Ela acabou cedendo, e pensei no futuro dela, em todas as vezes em que se magoaria e sentiria vontade de desistir. Eu esperava que ela fosse sempre encontrar no amor da família forças para perseverar.
De repente, dei-me conta de algo: nossa família pode ser a chave para nossa capacidade de aprender, compreender e viver o evangelho. Néfi afirmou que, “por meio de pequenos recursos, pode o Senhor realizar grandes coisas” (1 Néfi 16:29). E é isso que acontece na família. É verdade que os pais passam por dificuldades. Mas cada esforço feito para ensinar, treinar e amar, por menor que seja, importa.
Meu filme chegou ao fim. Ao desligar a esteira e ver minha família recolher as roupas, senti uma determinação renovada de seguir avante, de continuar fazendo todas as pequenas coisas que às vezes eu achava, cheia de preocupação, que não faziam a diferença.