Fontes de paz e poder
Élder Carlos A. Godoy
Da presidência dos setenta
Como aqueles que enfrentam desafios podem ainda estar em paz, alegres e fortes?
Young Astronomer, de Brian Kershisnik
Uma das experiências pessoais mais tocantes que já tive como autoridade geral foi servir em meio aos santos da Venezuela. As pessoas dali, inclusive os membros da Igreja, vivem em circunstâncias muito difíceis. Contudo, embora essa realidade exista, pude ver também, em minhas frequentes visitas ao país, que há uma diferença entre a população em geral e os santos dos últimos dias.
A experiência da Venezuela
Os santos da Venezuela estão fazendo o melhor que podem. É verdade que muitos sofrem e enfrentam dificuldades, e a Igreja tem atuado para apoiar os necessitados por meio dos fundos de ofertas de jejum, programas de bem-estar e iniciativas de autossuficiência. No entanto, embora pudessem facilmente encontrar motivos para estarem tristes, mesmo com todos os desafios que enfrentam, os santos são um povo feliz — em paz consigo mesmo, sempre sorrindo e esperando dias melhores no futuro.
Isso pode ser dito dos jovens da Igreja na Venezuela. Seus desafios pessoais e familiares os tornam mais fortes e os preparam para o futuro. E isso também pode ser dito de nossos missionários venezuelanos. Eles precisam ser fortes para eles mesmos, para seus pesquisadores e para sua própria família. E eles são. Fazem-me lembrar dos 2 mil jovens guerreiros de Helamã. Embora em pequeno número, são “muito valorosos quanto à coragem” (ver Alma 53:20–21). Na Venezuela o Senhor está preparando uma forte geração de mães, pais e líderes. Sempre que estamos entre os santos dali, vemo-nos cheios de fé no evangelho e no futuro.
Paz em momentos conturbados
Como esses membros, que enfrentam tamanhos desafios, podem ainda estar em paz, alegres e fortes? A meu ver, o que acontece com muitos deles é que estão se tornando mais dependentes de Deus. Consequentemente, estão recebendo forças da fonte de toda força. Reconhecem as bênçãos que recebem do Pai Celestial, confiam no poder de Jesus Cristo e Sua Expiação e são consolados, alentados e fortalecidos pelo Espírito Santo. Como resultado disso, seus fardos se tornam mais leves, seu sofrimento é aliviado e eles têm paz em meio a suas provações.
Os membros venezuelanos estão vivenciando um exemplo moderno do que aconteceu com Alma e seu povo, no Livro de Mórmon:
“E aconteceu que as cargas impostas a Alma e seus irmãos se tornaram leves; sim, o Senhor fortaleceu-os para que pudessem carregar seus fardos com facilidade; e submeteram-se de bom grado e com paciência a toda a vontade do Senhor” (Mosias 24:15).
O poder expiatório de Jesus Cristo
Meu testemunho do desejo que Deus tem de nos abençoar se tornou mais forte ao conviver com nossos membros da Venezuela. Tal como aconteceu com Alma e seus seguidores, os santos da Venezuela foram fortalecidos, e sua capacidade aumentada tornou seus fardos mais leves de suportar. O Salvador nos convida a nos achegar a Ele se tivermos fardos pesados, e encontraremos repouso (ver Mateus 11:28–30). Aqueles bons membros receberam a capacidade de suportar seus fardos na força do Senhor.
Os santos da Venezuela são um povo feliz — em paz consigo mesmo, sempre sorrindo e esperando dias melhores no futuro.
Como consequência de suas provações, e como bênção por depositarem sua confiança no Salvador e em Sua graça, eles vivenciaram uma mudança de coração e cada um deles se tornou “como uma criança, submisso, manso, humilde, paciente, cheio de amor, disposto a submeter-se a tudo quanto o Senhor achar que lhe deva infligir, assim como uma criança se submete a seu pai” (Mosias 3:19).
Em suma, por meio das provações, eles desenvolveram atributos cristãos que todo discípulo de Cristo espera obter.
O que aconteceu com eles é o mesmo processo que deve acontecer com cada um de nós. Todos temos desafios e provações na vida. Quando isso acontecer, devemos nos perguntar:
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Será que estamos nos voltando a Deus para superar esses momentos difíceis?
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Estamos dispostos a pagar o preço para nos tornar uma pessoa melhor e desenvolver os atributos cristãos que são tão necessários para nosso progresso?
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Será que entendemos que, por meio do poder da Expiação do Salvador, podemos encontrar forças e esperança?
Como e por que o Salvador é capaz de proporcionar esse consolo e poder? As escrituras nos dizem: “E ele seguirá, sofrendo dores e aflições e tentações de toda espécie; e isto para que se cumpra a palavra que diz que ele tomará sobre si as dores e as enfermidades de seu povo.
E tomará sobre si a morte, para soltar as ligaduras da morte que prendem o seu povo; e tomará sobre si as suas enfermidades, para que se lhe encham de misericórdia as entranhas, segundo a carne, para que saiba, segundo a carne, como socorrer seu povo, de acordo com suas enfermidades” (Alma 7:11–12).
O Senhor sabe
O élder David A. Bednar, do Quórum dos Doze Apóstolos, ensinou: “O Salvador sofreu não apenas por nossas iniquidades, mas também por desigualdades, injustiças, dor, angústia e sofrimento emocional que com tanta frequência nos afligem. (…) Em um momento de fraqueza, podemos exclamar: ‘Ninguém sabe o que estou passando. Ninguém sabe’. Talvez nenhum ser humano saiba. Mas o Filho de Deus sabe e compreende perfeitamente, porque sentiu e tomou sobre Si nossas cargas antes que as vivenciássemos. E por ter pagado o preço final e tomado sobre Si a carga, Ele tem perfeita empatia e pode estender-nos Seu braço de misericórdia nas muitas fases de nossa vida” (“A Expiação e a jornada da mortalidade”, A Liahona, abril de 2012, p. 19).
O élder Bednar então cita esta escritura, que nos ajuda a entender que, graças à Expiação de Jesus Cristo, todos podemos ter paz:
“Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei.
Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para a vossa alma.
Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve” (Mateus 11:28–30).
Detalhe de Immigration of the Saints, de Brian Kershisnik
Quero acrescentar meu testemunho às palavras do élder Bednar. Também sei por experiência própria que podemos encontrar forças e paz nos braços amorosos de nosso Salvador. O poder redentor e capacitador do Salvador é não somente a fonte do perdão de nossos pecados, mas também uma poderosa fonte de esperança, paz, força, consolo, talentos, inspiração e tudo o que é necessário para nos ajudar a seguir pela jornada desta vida e ter sucesso. Podemos verdadeiramente confiar nos “méritos e misericórdia e graça do Santo Messias” (2 Néfi 2:8).
Aplicação em nossa própria vida
Como podemos ter acesso a essa fonte de força? O que precisamos fazer para obter o auxílio de que necessitamos?
Em primeiro lugar, devemos ter fé no Senhor Jesus Cristo e em Sua Expiação. Precisamos entender que Ele e Seu Pai são as fontes de paz e poder. Eles tornam tudo possível.
Depois, precisamos agir e dar o melhor de nós, sejam quais forem as circunstâncias. Podemos nos esforçar para superar uma fraqueza, buscar alívio da tristeza ou nos empenhar para desenvolver um talento. Mesmo que nosso melhor às vezes pareça insuficiente, se realmente fizermos o nosso máximo, o Senhor por meio de Sua graça nos abençoará com aquilo de que necessitamos.
“À medida que passamos a compreender e a aplicar o poder capacitador da Expiação em nossa vida pessoal, vamos orar e buscar forças para mudar nossa situação, em vez de orar pedindo que nossa situação seja mudada. Vamos tornar-nos agentes que atuam em vez de objetos que recebem a ação (ver 2 Néfi 2:14)” (“A Expiação e a jornada da mortalidade”, A Liahona, p. 16).
Devemos também nos lembrar de que, quando fazemos nossa parte, o Senhor está a nosso lado. Nossa parte da batalha não significa que lutamos sozinhos. Ele estará conosco desde o princípio até o fim. Testifico que as palavras de Isaías são verdadeiras: “Porque eu, o Senhor teu Deus, te tomo pela tua mão direita, e te digo: Não temas, eu te ajudo” (Isaías 41:13). Isso se aplica aos santos da Venezuela e também aos santos do mundo inteiro.