História da Igreja
“Comecei a reunir pessoas”


“Comecei a reunir pessoas”

Em 1975, quando Angola se envolveu em uma guerra civil, Maria Louisa de Jesus Lopes da Silva, grávida de seu primeiro filho, fugiu de Angola com 20 membros de sua família para escapar da violência. As Nações Unidas forneceram a eles um quarto de hotel em Lisboa, Portugal, junto com outros refugiados angolanos. Maria logo estabeleceu uma nova vida em Portugal.

Três anos depois, uma amiga de Maria a convidou para uma festa realizada por uma ala local. “Todos foram gentis”, lembra Maria. “Eles foram muito amáveis. (…) Eles me trataram bem e gostei da forma como me aceitaram e me acolheram.” No dia seguinte, Maria voltou para as reuniões da igreja e conheceu duas missionárias. Três meses depois, Maria e sua mãe foram batizadas. “A maior bênção da minha vida foi o batismo”, disse Maria.

À medida que Maria se envolvia cada vez mais na Igreja, ela começou a sonhar a respeito de estabelecer a Igreja em Angola. Em 1990, apesar da violência contínua da guerra civil que ainda estava acontecendo, Maria decidiu voltar a Angola. Sabendo que não havia a Igreja ali, ela adquiriu cópias de todos os materiais de aula da Igreja que encontrou e os levou na bagagem.

Em Luanda, Maria, o único membro batizado da Igreja que morava permanentemente em Angola, começou a organizar reuniões simples todos os domingos e convidou amigos, familiares e vizinhos para se unirem a ela. “Comecei a reunir pessoas”, disse Maria. “Eu sempre trazia pessoas para conhecer a Igreja.” Usando os manuais que havia levado consigo, Maria dava todas as aulas: do sacerdócio, da Sociedade de Socorro, da Escola Dominical e da Primária. Por quase dois anos, Maria organizou as reuniões, criou um coro e dava aulas para um grupo cada vez maior.

Certa tarde em 1992, Maria soube que alguns líderes da Igreja estavam hospedados em um hotel em Luanda. Maria marcou de se encontrar com o élder Earl C. Tingey, dos setenta, que lhe disse que realizaria uma conferência naquele domingo. O élder Tingey foi surpreendido ao ser recebido por um coro que cantou hinos da Igreja e por mais de cem ansiosos conversos não batizados. Após o término da reunião, o élder Tingey pediu ajuda a Maria para obter o reconhecimento oficial da Igreja em Angola.

Com os documentos em mãos, Maria decidiu entregar o requerimento no devido órgão governamental, e no caminho passou por corpos que ainda jaziam nas ruas, mortos em consequência da guerra civil. No escritório, um funcionário disse a ela que muitas igrejas tinham sido inscritas antes da dela. Por esse motivo, ela tinha poucas esperanças de que a Igreja seria aprovada rapidamente. Ela recebeu uma forte impressão do Espírito de que deveria continuar e disse ao funcionário que confiaria no Senhor e apresentou o pedido. “Senhor,” ela orou naquela noite, “queremos que a Igreja seja estabelecida. (…) Por favor, ajuda-nos”. A Igreja recebeu o reconhecimento duas semanas depois. Muitos dos conversos trazidos à Igreja por Maria foram batizados pouco depois.

Nos anos seguintes, grupos foram organizados em vários momentos e membros foram batizados, mas a contínua guerra civil impediu a Igreja de estabelecer ramos estáveis até 1996. Em 9 de junho de 1996, um ramo foi organizado em Luanda.

Ramo de Luanda

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Membros do ramo de Luanda, 9 de junho de 1996, logo após a organização do ramo.

Outros 12 anos se passaram antes que missionários de tempo integral fossem designados para Angola, mas o ramo em Luanda continuou a funcionar. Quando os missionários finalmente chegaram em 2008, um segundo ramo foi rapidamente organizado em Cassequel.