Transmissões Anuais
Painel de debates


Painel de debates

Transmissão do Treinamento Anual do S&I — 2020

9 de junho de 2020

Irmão Jason Willard: Sejam bem-vindos, onde quer que estejam, a esse painel de debates. Meu nome é Jason Willard e sou administrador adjunto dos Seminários e Institutos de Religião. Estamos muito felizes hoje em receber os seguintes convidados especiais: Irmã Reyna Aburto, segunda conselheira na presidência geral da Sociedade de Socorro; irmã Michelle Craig, primeira conselheira na presidência geral das Moças; irmã Jill Johnson, esposa de nosso comissário, élder Paul V. Johnson; e os irmãos Chad Wilkinson e Bert Whimpey, que também servem como administradores adjuntos do S&I. Obrigado a cada um de vocês por estarem conosco hoje.

O objetivo deste painel é debater algumas perguntas que sejam úteis em uma ampla variedade de circunstâncias, à medida que vocês procuram abençoar de todas as formas os jovens e os jovens adultos em todo o mundo. Buscamos ajuda divina para preparar o debate de hoje e convidamos vocês a fazerem o mesmo.

Dito isso, vamos começar com nossa primeira pergunta. Parece que há um número crescente de professores, alunos e famílias enfrentando estresse, ansiedade, depressão e outros problemas emocionais. O que podemos fazer para ajudar?

Irmã Reyna I. Aburto: Bem, acho que, na verdade, todos estamos precisando de cura para algo, mas acho que é importante ajudarmos nossos alunos a entender que, se eles estão passando por problemas emocionais, isso não é defeito, e que as emoções fazem parte de nossa natureza divina. No entanto, se sentimos uma tristeza constante, provavelmente precisamos pedir ajuda. Por isso, sugiro seguir o exemplo do Salvador. Ele fazia perguntas que ajudavam as pessoas a revelar seus sentimentos e permitia que as pessoas expressassem sua dor, por exemplo, quando fez perguntas a Maria e Marta quando Lázaro morreu. No caminho para Emaús, Ele conversou com Seus discípulos e fez algumas perguntas que lhes permitiram expressar as preocupações e a dor que sentiam pela morte do Salvador. O mesmo aconteceu com Maria Madalena no sepulcro e quando Ele fez perguntas a diferentes pessoas para que pudessem expressar o que sentiam.

Acho que devemos criar um ambiente no qual os alunos se sintam seguros para expressar seus sentimentos, não necessariamente na sala de aula ou entre eles, mas para expressar o que sentem, talvez por escrito, talvez para um membro da família, talvez para um amigo e, principalmente, para o Pai Celestial. Nós também podemos fazer perguntas que permitam que eles expressem o que sentem de alguma maneira. “Quais são suas preocupações com relação a seus amigos, sua família? Como podemos ajudar uns aos outros?”

Percebi que quando pedimos às pessoas que expressem ideias, revelações ou inspiração sobre como ajudar os outros, se orarem, elas vão receber essa inspiração, e assim, vão poder ajudar. Então, se criarmos um ambiente no qual as pessoas não se sintam julgadas, estaremos ajudando com isso, e ajudando-as a entender que não há respostas erradas; que podem fazer perguntas abertas e se sentir livres e seguras para expressar o que sentem. Especialmente se estiverem com alguma dificuldade, elas não precisam lidar com isso sozinhas; elas podem buscar a ajuda do Pai Celestial, do Salvador e uns dos outros. Seja o que for, não importa o que está acontecendo na vida delas, todos somos filhos de Deus e podemos nos voltar para o nosso Pai Celestial para obter ajuda. Somos todos irmãos e irmãs, e podemos buscar ajuda uns dos outros. Somos todos discípulos de Cristo também, e podemos pedir Sua ajuda.

Irmão Bert Whimpey: Gostei muito do que o élder Holland falou — talvez vocês se lembrem — em seu discurso na conferência de outubro de 2013. Ele falou sobre as batalhas que ele mesmo travou em uma determinada época da vida contra a depressão. Ele disse isto: “Não deveria ser mais vergonhoso [admitir nossas dificuldades com saúde mental] do que admitir uma batalha contra a pressão alta ou o surgimento súbito de um tumor maligno”.1 Ele disse que não há problema em falar e se expressar sobre isso, nem em compartilhar esse tipo de coisa. E sou muito grato pelas três coisas que ele compartilhou: “Nunca perca a fé no Pai Celestial. (…) Busquem o conselho daqueles que possuem as chaves para seu bem-estar espiritual” e, se necessário, “procurem o conselho de pessoas de confiança, com formação profissional comprovada, competência e bons valores”.2

Eu acho que é importante que não só os alunos saibam, mas também os professores, que não há problema em se expressar e conversar sobre esse assunto para poder receber a ajuda de que precisam. Também é ótimo que, em nosso trabalho, podemos procurar um representante do RH para saber quais são nossos benefícios e onde obter ajuda; além disso, o site da Igreja é um bom lugar para encontrar recursos.

Irmão Willard: Irmão Whimpey, obrigado. A próxima pergunta é sobre como podemos ajudar nossos jovens e jovens adultos a entender por que a Igreja é importante na vida deles, por que eles precisam da Igreja e por que a Igreja precisa deles.

Irmã Michelle Craig:Essa é uma pergunta muito importante e acredito realmente que nossos jovens e jovens adultos solteiros precisam sentir que ser membro de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias é mais do que ter uma lista de regras a seguir. É mais do que um clube social. Eles precisam entender que a essência do evangelho de Jesus Cristo é o amor. O amor a Deus e o amor ao próximo. Ao aprender e viver o evangelho, eles realmente vão ficar cientes de sua identidade e de seu propósito.

Hoje em dia nossos jovens praticam princípios como amar ao próximo e oferecer ajuda àqueles que estão à margem da sociedade. Eles querem lutar por uma causa e querem fazer a diferença no mundo. Espero que consigam entender que, se forem fiéis, dentro da estrutura da organização da Igreja, eles terão mais oportunidades de fazer uma diferença positiva no mundo do que se estivessem em qualquer outra organização.

E uma das coisas que admiro muito no presidente Nelson e na direção que a Igreja está tomando é que há uma grande ênfase nos jovens e nos jovens adultos solteiros, mais do que em qualquer outra época, que eu me lembre. E, como adultos, precisamos dar aos jovens oportunidades de liderar, de planejar, de buscar revelação e de agir de acordo com essa revelação. Precisamos respeitar a inteligência deles e precisamos aprender as lições que eles têm para nos ensinar. Precisamos deles, não para aumentar os números, mas porque o mundo precisa desesperadamente do que eles têm a oferecer. E a Igreja tem uma estrutura que oferece os meios para atender a essas necessidades, uma pessoa de cada vez. Espero que tudo o que nossos jovens e jovens adultos solteiros estão aprendendo em casa, na Igreja, no seminário e no instituto os inspire a usar sua inteligência para demonstrar amor ao próximo na prática e servir àqueles com quem tiverem contato. Porque esse é o resultado natural do amor a Jesus Cristo e do amor ao próximo.

Acho que realmente tudo nos traz a Jesus Cristo. Tudo o que fazemos como professores e como pessoas que amam e interagem com os jovens, os jovens adultos solteiros e as crianças deve fortalecer o testemunho sobre a vida, a missão e a Expiação de Jesus Cristo. Esse é o nosso propósito. Se fizermos isso, acredito que eles vão saber que este é o evangelho de Jesus Cristo, que é o evangelho Dele, que as bênçãos de fazermos parte desse evangelho são imensas e que todos nós somos necessários para realizar esta obra. Esta é realmente a obra Dele.

Irmão Willard: Falou bem. Obrigado! Irmão Wilkinson, o que você gostaria de acrescentar?

Irmão Chad Wilkinson: Concordo plenamente com o que a irmã Craig disse. Enquanto ela falava, eu me lembrei de uma classe do instituto que tive em que a maioria dos alunos era ex-missionário. Eles contaram que uma das maiores dificuldades para se adaptarem depois da missão foi que, por 18 meses ou dois anos, eles se concentraram tanto em outras pessoas, que quando chegaram em casa parecia que tudo era relacionado a eles. No evangelho e em nossas salas de aula, podemos fazer convites que permitam aos alunos pensar ou explorar algumas maneiras de olhar para fora de si mesmos.

Irmão Willard: Irmã Johnson, gostaria de acrescentar alguma coisa?

Irmã Jill Johnson: Ao ponderar sobre essa pergunta, pensei sobre o poder dos convênios que só podemos fazer em uma Igreja que possui a autoridade e o poder de Deus. No mundo de hoje, com tanta pressão sobre os jovens, que pode afastá-los da Igreja, precisamos lembrá-los do poder que existe no cumprimento dos convênios. Podemos sentir que estamos sozinhos no mundo e que somos incapazes de superar coisas que nos atingem, como provações e tentações. Mas os convênios que só podem ser feitos na Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, em lugares sagrados, têm muito mais poder do que qualquer dessas forças contrárias. Eu realmente acho que isso é algo que a Igreja pode oferecer. Podemos ensinar isso aos alunos e prestar testemunho dessas coisas, e mostrar pelo exemplo de nossa própria vida que estar na Igreja não significa só fazer o bem. Existe poder nos convênios.

Irmão Whimpey: Irmã Johnson, obrigado pelo comentário. Tive conversas com jovens adultos que me disseram algo assim: “Posso me sentir próximo do Pai Celestial sem ir à Igreja”. Eu respondi: “Concordo. Mas minha meta não é apenas me sentir próximo do Pai Celestial; eu quero ser semelhante a Ele. Minha meta é ser exaltado”. Acho que precisamos ajudar os jovens e jovens adultos a se lembrarem de que o propósito da mortalidade é nos tornarmos semelhantes ao Pai Celestial. É na Igreja que eles encontram as chaves do sacerdócio, as ordenanças e os convênios, como disse a irmã Johnson. A Igreja é o reino de Deus na Terra, e aqui eles ganharão algo que vai ajudá-los a se tornarem semelhantes ao Pai Celestial, algo que não conseguirão em nenhum outro lugar e de nenhuma outra maneira.

Irmão Willard: É verdade, sem dúvida. Não se trata apenas de fazer parte de uma causa, mas como foi mencionado em nossa conferência geral mais recente, fazer parte da “causa de Cristo”. E é isso que esses convênios nos oferecem. Muito obrigado pela participação. Quais são algumas das coisas pequenas e simples que podemos fazer para aumentar nossa capacidade de abençoar os alunos, de ensinar com mais poder e ter um ensino realmente excepcional?

Irmão Wilkinson: Gostei muito desta pergunta. Nós já falamos, ensinamos e treinamos muitas habilidades, métodos e uma variedade de outras coisas, e todas são importantes. Mas, quando designamos um professor para nós mesmos — ou seja, o Espírito Santo — quando O designamos como nosso professor e O convidamos para estar presente em nossa sala de aula, então obtemos esse poder, e esse ensino extraordinário acontece.

O élder Johnson me ensinou certa vez que Satanás talvez não consiga fazer com que muitos funcionários ou as pessoas do S&I cometam adultério, violem a palavra de sabedoria ou façam algo muito ruim, grave ou sério. Mas ele pode fazer pequenas coisas que tiram nosso poder. Ele pode nos levar a reclamar ou falar mal de uma pessoa, fazer uma piada sobre um aluno, ou rir disso, ou pequenas coisas que, quando damos espaço, perdemos o Espírito Santo, ou o Espírito Santo não pode estar conosco no mesmo nível em que poderia ou deveria estar.

Estou pensando em Acã, no Velho Testamento, que recebeu mandamento de que quando fossem à batalha contra Jericó, não deveriam pegar o que tinha sido amaldiçoado, nenhum dos bens, nenhum dos tesouros de Jericó. Mas Acã pegou e ninguém ficou sabendo. Na batalha seguinte, aparentemente, era certo que venceriam a luta contra a cidade de Ai, mas eles perderam, e 36 homens morreram.

O princípio disso é que nossas ações fazem diferença. As pequenas coisas que dizemos — reclamar, murmurar ou qualquer outra coisa que impeça o poder do Espírito Santo de atuar com mais força em nossa vida — fazem diferença. E põem a perder todo o poder do sistema. Isso faz diferença. Gostaria de convidar todos a fazer essas pequenas coisas. Prestem atenção às coisas pequenas e simples que vão convidar o Espírito Santo a estar presente, ou que nos ajudarão a ter o máximo possível da influência do Professor.

Irmão Willard: Irmão Whimpey, você tem algum comentário?

Irmão Whimpey: Se estou centralizado no Salvador, Ele estará em meus pensamentos quando eu pensar nos alunos e preparar minhas aulas, então vou estar realmente centralizado em Cristo. Quero que meus alunos conheçam as características e atributos Dele. Tudo começa com o foco no Salvador.

A segunda coisa é eu me concentrar nos meus alunos. Gostei muito do que o élder Bednar ensinou em uma série de aperfeiçoamento da liderança. Ele contou uma experiência de quando o filho dele pediu sua ajuda para planejar uma atividade dos sacerdotes com as lauréis. O élder Bednar leu para ele Jacó 1:5: “Pois em virtude de nossa fé e grande ansiedade, verdadeiramente nos haviam sido reveladas as coisas que aconteceriam a nosso povo”. Se vocês se lembram da história, levou algum tempo até que o filho do élder Bednar finalmente entendesse o que o pai estava dizendo: “O que precisa acontecer? Antes de planejar uma atividade, pense primeiro: Que experiências nossos jovens precisam ter?” Devemos abordar em nossa preparação a pergunta : “Qual experiência um aluno precisa ter?”

A terceira coisa, como mencionou o irmão Wilkinson, é permitir conscientemente que o Espírito Santo desempenhe Seu papel quando estamos na sala de aula. Isso é muito importante. Acho que seria muito bom rever a seção 2.1 do manual Ensinar e Aprender o Evangelho e ponderar sobre o papel e a função do Espírito Santo. Se simplesmente entendermos e permitirmos que o Espírito Santo desempenhe Seu papel e Sua função na sala de aula, isso seria muito significativo.

Irmã Craig: Uma coisa simples que descobri é que, se estou ensinando e sinto que o Espírito não está presente, se presto um sincero testemunho de Jesus Cristo e do Pai Celestial, o Espírito Santo vem. A missão do Espírito Santo é prestar testemunho da divindade de Jesus Cristo e do Pai Celestial. Então, se presto um testemunho simples, o Espírito vem.

Irmão Willard: Falamos sobre ensinar com mais poder e nos concentrar mais em Cristo. Mas, ao tentar nos concentrar mais no aluno, o que os professores podem fazer para que sua preparação seja mais relevante e específica para os alunos?

Irmã Johnson: Quando li essa pergunta pela primeira vez fiquei pensando: O que significa ministrar aos alunos individualmente? Significa conhecê-los especificamente? Podemos apenas conhecê-los pessoalmente? Passar um tempo com eles para conhecê-los melhor? Depois pensei que essa pergunta seria diferente para um professor em Orem, que ensina mais de 100 alunos. Tentar se envolver pessoalmente na vida de todos esses alunos seria uma tarefa assustadora se comparado a um professor em Frankfurt, Alemanha, que tem seis alunos que frequentam a Igreja com ele e de quem ele é muito próximo, inclusive das famílias. Acho que seria muito desencorajador se, como professor, sua responsabilidade fosse se envolver com cada aluno pessoalmente dessa maneira, visitando as famílias e participando de atividades com eles. Eles têm muitas atividades e você ficaria sobrecarregado.

Aqui estão algumas ideias que tenho para avaliar as necessidades. Pensei: “Precisamos fazer perguntas”. Precisamos perguntar aos alunos quais são as necessidades deles. Precisamos perguntar aos outros professores o que eles têm observado nos alunos da mesma idade, cultura e grupo etário, porque esta Igreja é mundial e há muitas diferenças culturais. Mas o mais importante é perguntar ao Pai Celestial e confiar no Espírito e nas promessas de que, se fizermos tudo o que está ao nosso alcance, seremos abençoados com a inspiração de que precisamos para conhecer os alunos e saber o que temos que ensinar a eles. Em um mundo tão complexo, com todos os novos desafios que os jovens enfrentam, é ainda mais importante que tenhamos essa orientação do Pai Celestial ao ensiná-los.

Irmã Aburto: Acho que se conversamos com os alunos individualmente vamos conhecê-los melhor. É importante observá-los também, prestar atenção aos pequenos sinais que eles nos dão. Os comentários ou a ausência deles, ou as perguntas que eles fazem, nos permitirão conhecê-los melhor. Provavelmente, podemos até deixar que façam perguntas anonimamente. Às vezes, eles se sentem mais à vontade para dizer o que pensam se não soubermos quem está falando. Também precisamos nos certificar de conectar os princípios e as doutrinas que estamos aprendemos ao que está acontecendo na vida deles naquele momento — não no futuro, mas agora — para que possam ver a si mesmos nas escrituras, para que possam ver a si mesmos coligando Israel, para que possam ver a si mesmos no trabalho de salvação e exaltação. E também para que possam olhar para trás e ver quando foram abençoados pelo Senhor, e então se lembrem de quem são e de que Ele está sempre pronto para abençoá-los. Ajudá-los a perceber a importância disso. Para tanto, você precisa saber o que está acontecendo na vida deles.

Irmão Wilkinson: Acho que esses dois comentários foram absolutamente fabulosos. No primeiro dia de aula, eu peço aos alunos que me escrevam uma carta. Não quero que me contem seus pecados ou coisa parecida, mas que falem sobre eles. O que eu preciso saber sobre você que vai me ajudar a servi-lo melhor como seu professor neste semestre ou neste ano? Fale sobre sua família, sobre seu trabalho, as atividades com as quais você está envolvido. Fale sobre o que espera de nossas aulas. Você pode até dizer: “Estou com dificuldades em manter a fé”, ou “Estou tendo problemas com tal coisa”. Depois, eu tiro uma foto de cada aluno e grampeio na carta. Quando leio a carta, fico conhecendo aquele aluno e mantenho na mente o que escreveram enquanto preparo minhas aulas. Talvez essas sejam maneiras práticas de entender o que a irmã Johnson e a irmã Aburto estão nos ensinando.

Irmão Willard: A próxima pergunta é para que os professores nos ajudem. Como equilibramos a responsabilidade de ensinar a doutrina de maneira clara e verdadeira, e ao mesmo tempo incentivamos os alunos, de diferentes condições e culturas, a expressar ideias e sentimentos de maneira adequada? O que vocês diriam a um professor que está tentando garantir que os alunos sintam que podem participar na sala de aula, falar, expressar opiniões e sentimentos diferentes do que está sendo tratado na aula e ainda ensinar a doutrina?

Irmão Whimpey: Às vezes, esse é um equilíbrio difícil na sala de aula. Temos que lembrar que nossa responsabilidade é ensinar a verdade, não nossa opinião. Nossos alunos precisam saber que, na aula, eles vão ouvir a verdade. É por isso que precisamos nos concentrar nas escrituras e nas palavras dos profetas, para que os alunos saibam que vamos nos basear nelas e que nelas encontraremos nossas respostas. Ao fazer isso, cumpriremos melhor nosso objetivo de ajudar os jovens e os jovens adultos a compreender e a confiar nos ensinamentos e na Expiação de Jesus Cristo. Preciso ajudar meus alunos a compreender.

Mas também acho que precisamos nos lembrar de que os alunos têm uma responsabilidade. Lembrem-se de Doutrina e Convênios, seção 50: nós vamos pregar a palavra da verdade, mas os alunos também precisam receber a palavra da verdade. Eles precisam ter o desejo de acreditar quando vêm para a aula. Portanto, se nossa aula puder se tornar um local propício ao estudo e ao aprendizado, no qual os alunos sentem que a verdade será ensinada, eles vão se sentir seguros para compartilhar suas dúvidas, experiências e preocupações. E nós, como professores, de fato estamos nos empenhando para ajudar nossos alunos a aprender como aprender: Aprender como sentir o Espírito, como aprender por si mesmos nesse ambiente e a dizer o que eles estão pensando. Talvez isso oriente nosso debate, nos direcione para as escrituras e as palavras dos profetas, e nos ajude a saber o que é a verdade, e a não nos basear em opiniões ou no que está sendo dito no mundo hoje.

Mas vamos nos concentrar no que é verdade. Pensem no padrão para adquirir conhecimento espiritual. Temos que realmente nos concentrar nesse padrão e ajudar os alunos a aprender como agir com fé e ter uma perspectiva eterna e depois procurar fontes divinamente designadas para obter suas respostas, e é por isso que eles vão às aulas, para que possam aprender a verdade, e para que possam se tornar como o Pai Celestial.

Um de nossos diretores de área me contou uma experiência. Ele estava em uma sala de aula e um jovem adulto deu uma opinião que não estava muito em harmonia com os ensinamentos da Igreja. E o professor respondeu mais ou menos assim: “Como seu próprio testemunho e entendimento do plano de salvação serviu de base para a sua opinião? De acordo com a fé, a partir do que você conhece e do que sentiu, vamos falar sobre isso dessa perspectiva”. Então ele disse que viu esse jovem adulto receber uma revelação naquele exato momento, ao agirem com fé, olhando para a questão com uma perspectiva eterna. Eles conversaram sobre o que sabem, sobre o que ainda não sabem e por que querem continuar buscando uma resposta. Eles não tinham todas as respostas, mas em um ambiente como esse, eles se uniram para descobrir a verdade e a buscaram, agindo com fé e acreditando a partir do que conheciam.

Como posso ajudar você a aprender a aprender e a encontrar respostas à medida que você desenvolve essa habilidade? Acho que precisamos tomar cuidado porque, se não permitimos que os princípios e as doutrinas do evangelho nos transformem, vamos acabar tentando mudá-los para que se adaptem às nossas circunstâncias e situação. Se pudermos realmente dizer: “Pai Celestial, quero ser semelhante a Ti. Ajude-me a aprender como as doutrinas e os princípios do evangelhos vão me ajudar” e com uma atitude de “ainda tenho dúvidas e preocupações, mas realmente quero conhecer a verdade”. Acho que, como professores, podemos realmente criar esse tipo de ambiente pela maneira como agimos. Podemos ajudar nossos alunos a buscar a verdade nas escrituras e nos profetas, ajudando-os em sua luta para realmente conhecer a verdade. E eu diria também: não subestimem o poder do testemunho e da testemunha. “Pela boca de duas ou três testemunhas será confirmada toda palavra.”3 Ou seja, as escrituras, as palavras dos profetas e o testemunho pessoal que possuem da verdade. Então, quando esse Espírito presta um testemunho, nossos jovens vão achar repostas, aprender a aprender e a conhecer a verdade por si mesmos.

Irmão Willard: Gosto muito do comentário de Néfi quando disse: “Sei que ele ama seus filhos; não conheço, no entanto, o significado de todas as coisas”.4 Néfi prestou testemunho daquilo que ele realmente sabia, e que bênção isso é para todos nós!

Irmão Wilkinson: Um pensamento que me ocorreu foi da mulher pega em adultério e o exemplo do Salvador. Ele não se esquivou de ensinar a verdade. Ele ensinou a ela a doutrina de que aquilo não era correto. Mas Ele o fez de uma maneira que a protegeu, tornou o ambiente seguro para ajudá-la a ter uma experiência.

Irmã Johnson: Eu estava pensando algo parecido, que se os alunos puderem sentir mais o amor do Salvador e o poder da Expiação, isso terá mais impacto do que quando ensinamos os mandamentos e as consequências de não os obedecer. Se finalmente o sentimento que eles levam da aula e da lição é de que existe alguém que os ama muito e que existe uma maneira de acessar o poder da Expiação, que quando cometemos erros, — e todos vão cometer, todo mundo comete —, há coisas que só a Expiação resolve, então, o lado positivo de tudo isso se torna o que o aluno leva da aula. Eles sentem que há esperança. Eles realmente precisam disso neste mundo, eu acho.

Irmão Willard: Obrigado por esses comentários. De fato, esta última pergunta também tem a ver com isso: Como podemos ajudar os jovens a sentir que estão realmente sendo notados, que suas perguntas realmente importam? Irmã Craig, qual é a sua opinião?

Irmã Craig: Pensei em uma escritura em Marcos que todos conhecemos. Um rico e jovem príncipe aborda o Salvador querendo saber o que deve fazer para herdar a vida eterna. E o Salvador faz uma lista de alguns mandamentos que o jovem já está obedecendo. Então, antes de pedir ao jovem algo difícil, realmente difícil — todos nós temos algo que é difícil — gosto muito do versículo 21 que diz: “E Jesus, olhando para ele, o amou”.5 Acho que a coisa mais importante que podemos fazer em cada interação com nossos jovens é ajudá-los a se sentirem amados. Percebo que nem sempre é fácil e que às vezes é preciso muito esforço e oração de nossa parte para ter olhos para ver como o Salvador veria.

Outra coisa que me vem à mente quando penso sobre isso é que precisamos utilizar o poder das perguntas. Falamos sobre isso aqui hoje, mas precisamos aprender a realmente nos conectar com nossos alunos e fazer boas perguntas — perguntas que nos permitirão avaliar como eles se sentem e em que ponto estão e, em seguida, incentivá-los a fazer suas verdadeiras perguntas, não apenas as perguntas que eles acham que queremos que façam. Essas perguntas às vezes são constrangedoras e não têm respostas fáceis, e não há problema algum nisso. Elas não podem ser ignoradas porque o fato de eles terem essas perguntas difíceis é um indicativo do interesse deles. E certamente não queremos que eles sejam participantes passivos. Queremos que eles questionem. Nosso trabalho é ajudar a levá-los a fontes apropriadas, principalmente o Senhor, para receber revelação pessoal e agir de acordo com ela. E precisamos fazer o mesmo ao criar ambientes de confiança no qual eles se sintam seguros para expressar suas crenças e, às vezes, suas dúvidas. Acredito que, ao criarmos esse ambiente de segurança e respeitá-los, respeitar a inteligência deles, a capacidade que têm, o que eles têm para nos ensinar e o que têm para oferecer, ao darmos oportunidades a eles de responderem ao chamado do profeta e de Jesus Cristo e de se engajarem no trabalho de salvação e exaltação, acho que o fato de se sentirem vistos, ouvidos e necessários será um resultado natural.

Irmã Aburto: Acho que também precisamos ser sensíveis aos alunos que estão em diferentes circunstâncias na vida e na família. Precisamos garantir que eles se sintam incluídos, que façam parte desta Igreja e do corpo de Cristo que formamos. Sinto que também precisamos ter cuidado com as palavras que usamos. Por exemplo, talvez existam alunos que não vivam com os pais, então podemos apenas dizer “sua família” ou “as pessoas que você ama” em vez de dizer “pais”. E mostrando que também somos vulneráveis, isso os ajuda a ver que todos nós estamos travando batalhas, que todos temos fraquezas. Acho que, ao ajudar os alunos a se sentirem parte dessa jornada, e que estamos juntos, que ninguém é perfeito, eles vão sentir que são importantes. E também, é claro, ouvindo seus comentários, ouvindo as perguntas que eles fazem. Se fizerem uma pergunta, temos que parar o que estamos fazendo e ajudá-los a encontrar a resposta por si mesmos, não necessariamente dar a resposta, mas ajudá-los para que encontrem a resposta por si mesmos nas escrituras por meio da oração e das palavras dos profetas vivos.

Irmã Johnson: Eu só queria dizer que analisar essas perguntas me fez pensar nos professores que tive em minha vida e a grande importância que tiveram para mim — é incrível. Senti muita gratidão nesses dias em que estive me preparando para o debate de hoje ao pensar nos professores que tive, no amor e na devoção deles ao Salvador; que impacto enorme! Senti que sou tão importante e necessária por causa deles e de seu amor pelo Salvador e por mim. Serei eternamente grata por todos os bons professores que temos nesta Igreja. Foi uma experiência maravilhosa repensar a bondade deles.

Irmão Willard: No final, o exemplo de um grande professor fala mais alto. Fala mais alto do que este painel de debates ou palestras sem fim sobre didática. Basta pensar em um professor que abençoou sua vida, pensar em um indivíduo que o ajudou e ministrou a você para que sua vida fosse abençoada. Sei que isso daria uma palestra muito maior do que o tempo que temos disponível. Obrigado por esse lembrete.

Ao concluirmos nosso debate de hoje, gostaria de agradecer a cada um de vocês deste painel por nos ensinar tanto, por suas palavras em nosso debate, acima de tudo, por seus exemplos de vida cristã. Vocês são discípulos de Jesus Cristo, e foi um privilégio estar com vocês e aprender com cada um de vocês. Para o público que está nos ouvindo em todo o mundo, em nome de cada um de nós, saibam que os amamos. Agradecemos pelas muitas maneiras pelas quais vocês procuram abençoar os filhos de Deus. Presto testemunho de que Ele vive e esta é Sua obra. Oro para que Suas mais ricas bênçãos sejam derramadas sobre cada um de vocês, onde quer que estejam, em nome de Jesus Cristo. Amém.