Lembrar-se das coisas com a avó
Por que Mari não foi mais paciente com a avó?
Mari franziu a testa. Minha avó estava contando a mesma história. De novo.
A avó veio morar com a família de Mari há vários meses. Mari a amava, mas ficar perto da avó às vezes era cansativo. Ela contava as mesmas histórias diversas vezes. Às vezes, ela recomeçava a contar a história antes mesmo de terminá-la.
Mari suspirou. “Vovó”, disse ela, “você já me contou essa história”.
A avó olhou para baixo. “Já?”
“Sim”, respondeu Mari. “Você me contou há poucos minutos.”
“Não me lembro”, respondeu a avó. Ela parecia triste e confusa. Depois, levantou-se e voltou para o quarto.
Mari sentiu pesar por ter aborrecido a avó. Desde a morte do avô, sua avó se tornou cada vez mais esquecida. Uma vez ela até deixou o fogão ligado, e isso causou um incêndio na cozinha. Foi então que a mãe e o pai levaram a avó para morar com eles.
Mari encontrou o pai na cozinha. “Amo muito a vovó, mas estou cansada de ouvir as mesmas histórias. Por que ela não se lembra de que já me contou essa história cerca de 50 milhões de vezes?”
O pai sorriu. “Aposto que não foram 50 milhões de vezes. Mas eu sei que é difícil. Sua avó tem uma doença no cérebro que a faz esquecer as coisas. Suas histórias são uma maneira de tentar se lembrar de quem ela é.”
Mary ficou envergonhada. Por que ela não tinha sido mais paciente com a avó? A avó sempre a tratou com amor. Ela a chamava de “minha Mari”. Mari pensou em quando costumava ajudar a avó a plantar flores e a cultivar a horta.
Mari bateu à porta da avó.
“Entre”, disse a avó.
Mari abriu a porta. A avó estava sentada em uma cadeira com as escrituras abertas no colo.
“Vovó, poderia me dizer como você e o vovô se filiaram à Igreja?”, perguntou Mari.
A avó levantou o rosto. “Você quer ouvir sobre seu avô e eu?”, perguntou ela com uma voz esperançosa.
Mari se sentou ao lado da avó. “Quero. Quero saber tudo.” Mari pegou a mão da avó. “Você é muito especial para mim, vovó. Você sempre será.”
A avó sorriu, sentou-se na cadeira e começou a contar a história.
Mari tinha ouvido a história muitas vezes, mas dessa vez não se sentiu incomodada nem impaciente. Em vez disso, sentiu amor e admiração. Ela sabia que a avó e o avô tinham feito muitos sacrifícios quando se filiaram à Igreja na Alemanha. Seus avós tinham se mudado para longe de casa a fim de que pudessem morar perto de outros membros da Igreja.
A avó terminou a história e sorriu. “Você é uma boa menina, minha Mary.”
Mari abraçou a avó. “Obrigada, vovó! Amo você.”