2019
Doce honestidade
Abril de 2019


Doce honestidade

A autora mora no Colorado, EUA.

“Zelamos pelo que é honesto” (2 Coríntios 8:21).

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Sweet Honesty

“Preciso que você tome conta do seu irmão”, disse a mamãe. “Seu pai e eu vamos ajudar alguém que está doente.”

Ergui o rosto enquanto varria o chão de nossa pequena casa e fiz que sim com a cabeça. Mamãe era a presidente da Sociedade de Socorro e com frequência ia visitar as irmãs de nossa ala.

“Obrigada, Aline”, disse a mamãe, beijando-me no alto da cabeça. “João está dormindo. E deixei a massa de pão fermentando em cima da pia. Não mexa nela.”

Fiquei olhando pelo vão da porta enquanto ela e o papai saíam com a perua para a rua empoeirada. Fiquei orgulhosa por mamãe confiar em mim.

Enquanto eu varria a cozinha, parei para olhar a massa de pão. Mal podia esperar que a mamãe a assasse à noite. Geralmente comíamos pão fresco com geleia caseira. Mas estávamos sem geleia havia três meses.

Geleia! Fiquei com fome só de pensar em algo doce. Olhei para o pote de açúcar, bem alto na prateleira. Eu sabia que mamãe estava guardando para fazer mais geleia.

Mas, quanto mais eu pensava no açúcar, maior ficava minha fome. Por fim, empurrei uma cadeira para perto da pia e estendi a mão. Mal conseguia tocar o pote com a ponta dos dedos. Puxei-o para mais perto da borda da prateleira. (…)

Então, o pote caiu da prateleira! Tentei pegá-lo, mas ele caiu, fazendo um barulho muito forte, bem no meio da massa do pão, espalhando açúcar por cima dela, na pia e no chão.

“Ah, não!”, gritei. Isso fez meu irmãozinho acordar. Ele começou a chorar. Eu também queria chorar. O que a mamãe ia dizer quando visse aquela bagunça?

Depois que acalmei João, fiz o melhor que pude para limpar o açúcar. Tirei o pote do meio da massa e o lavei. Limpei o açúcar da pia e do chão. Mas não havia nada a fazer para tirar o açúcar da massa.

Pensei em colocar o pote de volta na prateleira. Talvez a mamãe nem notasse que estava vazio. Mas eu sabia que aquilo não estava certo. Então, coloquei o pote na mesa e esperei que a mamãe e o papai voltassem para casa.

Quando chegaram, a mamãe notou na hora o pote de açúcar.

Respirei fundo. “Eu só queria provar um pouquinho de açúcar. Mas acabei derrubando o pote da prateleira. Tentei limpar, mas não consegui tirá-lo da massa do pão.” As palavras me saíram apressadamente da boca enquanto eu fitava o chão.

Mamãe ficou em silêncio por um momento.

“Sinto muito”, disse eu baixinho.

A mamãe soltou um suspiro. “Bem, acho que o pão de hoje vai ficar bem doce”, comentou ela. Levantei o rosto. Ela sorriu para mim. “Obrigada por nos contar o que aconteceu.”

Naquela noite, enquanto comíamos o pão doce, mamãe e papai falaram sobre a honestidade.

“Cometemos muitos erros na vida”, disse o papai. “Mas, se formos honestos e tentarmos nos arrepender, o Pai Celestial e Jesus Cristo vão ficar felizes. Sempre somos abençoados por sermos honestos — mesmo que pareça difícil a princípio.”

Eu ainda estava triste por ter derrubado o açúcar. Sabia que provavelmente não teríamos geleia neste ano por causa do meu erro. Mas me senti feliz por ter dito a verdade. Aquele foi um doce sentimento que açúcar nenhum do mundo poderia ter me dado. ●