2018
Quão misericordioso tem sido o Senhor
Outubro de 2018


Quão misericordioso tem sido o Senhor

A nova narrativa em vários volumes da história da Igreja vai nos ajudar a guardar os convênios ampliando-nos a lembrança do que o Salvador fez por nós.

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holding Saints book

Pela primeira vez em quase cem anos, uma nova narrativa em vários volumes da história da Igreja está sendo publicada sob a direção da Primeira Presidência e do Quórum dos Doze Apóstolos. Intitulada Santos: A História da Igreja de Jesus Cristo nos Últimos Dias, essa narrativa histórica conta a verdadeira história de pessoas comuns que se tornaram santas por meio da Expiação de Jesus Cristo (ver Mosias 3:19). O primeiro livro, O Estandarte da Verdade, 1815–1846, está agora completo e foi traduzido para 14 idiomas para distribuição em muitas áreas do mundo.

Santos é a história de como Deus restaurou Seu convênio eterno devido a Seu amor por Seus filhos. A obra mostra como o Senhor restaurou Seu evangelho, provendo esperança e paz em momentos de tumulto, provação e sofrimento. Mostra também como os convênios restaurados conduzem à exaltação por intermédio de Jesus Cristo.Poderíamos

esperar que a história começasse com Joseph Smith, mas Santos começa em 1815, com a erupção de um vulcão na Indonésia, que causou morte, enfermidades e transtornos em grande escala. Esse ponto de início foi escolhido tendo em vista o que o Senhor revelou sobre como Ele restaurou os convênios que nos unem ao Salvador e nos permitem superar todos os problemas da vida:

“Eu, o Senhor, conhecendo as calamidades que adviriam aos habitantes da Terra, chamei meu servo Joseph Smith Júnior e falei-lhe do céu e dei-lhe mandamentos; (…)

para que o meu eterno convênio seja estabelecido” (D&C 1:17, 22).

A partir desse cenário inicial até sua distribuição mundial, Santos sinaliza aos filhos de Deus do mundo inteiro que essa é a história do convênio deles com Deus, que conhece suas dificuldades. Por intermédio de Seu profeta, Deus renovou convênios que não eliminam o mal, a tristeza, o sofrimento e a separação causados pela morte, mas prometem cura por meio da Expiação do Salvador, santificam e dão significado transcendental à vida, assegurando-nos de que os relacionamentos que tanto valorizamos aqui na Terra podem perdurar na eternidade “[acompanhados] de glória eterna” (ver D&C 130:2).

Os oito primeiros capítulos de O Estandarte da Liberdade foram publicados nas edições desta revista ao longo do ano. A edição deste mês conclui esta série de capítulos de Santos, mas a história continua em saints.LDS.org, no aplicativo Biblioteca do Evangelho e em publicações impressas (faça o pedido em store.LDS.org). Convido-o a continuar a leitura em qualquer um desses canais.

Um padrão e um plano divinos

Santos dá continuidade a um padrão divino no qual os profetas, como parte de seu ministério, utilizam o passado para nos ajudar a aprender quem somos e a ver os propósitos de Deus em nossa vida. Nas escrituras, muitos profetas começam seus ensinamentos relatando histórias que retratam a misericórdia de Deus para com seus antepassados.1 Morôni exortou os leitores do Livro de Mórmon a “[se lembrarem] de quão misericordioso tem sido o Senhor” e a “[meditarem] sobre isto em [seu] coração” (Morôni 10:3). A reflexão sobre a bondade de Deus nos prepara para receber o testemunho do Espírito, que nos ensina a respeito “de coisas como realmente são e de coisas como realmente serão” (Jacó 4:13; ver também Morôni 10:4–5).

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dad holding children

O conhecimento de que nossos Pais Celestes fizeram planos para nossa felicidade e exaltação eternas nos proporciona visão, identifica-nos como filhos amados de pais divinos e aumenta nossa confiança no Senhor mesmo nos momentos de adversidade. A lembrança da bondade do Senhor também pode nos proteger do orgulho e dos perigos da prosperidade. Mórmon escreveu sobre uma época em que os nefitas “principiaram a ficar excessivamente ricos”. Entretanto, ao contrário de outros períodos descritos no Livro de Mórmon, em que as pessoas permitiram que o orgulho e as riquezas acarretassem sua queda, eles seguiram um caminho diferente dessa vez: “Apesar de suas riquezas, de seu poder e de sua prosperidade, não se encheram de orgulho nem eram vagarosos em lembrar-se do Senhor seu Deus; mas humilhavam-se profundamente perante ele”. Guardaram seus convênios e se mantiveram justos porque “lembravam-se das grandes coisas que o Senhor havia feito por eles” (ver Alma 62:48–50).

Santos ensina lições como essas e muito mais. A obra vai ajudá-lo a ver a mão do Senhor em sua vida ao vivenciar vicariamente as provações de fé, as dores e alegrias, as revelações e a determinação de pessoas imperfeitas que amavam o Senhor e que sentiram Seu amor.

Ao lê-la, você vai descobrir novos pontos de vista e significado até nas histórias que já tinha ouvido. Nenhum momento da história da Igreja é mais bem conhecido do que a Primeira Visão de Joseph Smith, mas Santos nos ajuda a entender melhor como Joseph teve dificuldades para conciliar o que sentia no coração com os pensamentos que lhe iam pela mente.

O sincero desejo de Joseph de sentir o perdão do Salvador ficara sem ser atendido porque ele notou que nenhuma das igrejas existentes ensinava “o evangelho de Jesus Cristo conforme registrado no Novo Testamento”.2 Em sua mente, Joseph ponderava qual igreja era a certa, ou se todas estavam erradas. Em seu coração, esperava ansiosamente que uma delas estivesse certa para poder encontrar a paz que buscava. Com a mente e o coração em conflito, Joseph descobriu que poderia perguntar a Deus. Dirigiu-se a um bosque para orar. Ali viu o Pai e o Filho, que o perdoaram e resolveram seu dilema de um modo que ele jamais imaginara.3

Joseph, sua família e muitos outros que aceitaram o convênio restaurado do Senhor queriam sentir o amor de Deus por eles, aprender como se aproximar mais Dele e conciliar seu relacionamento com os entes queridos. Santos conta as histórias deles.

Confiar no Senhor nas tribulações

O volume 1 de Santos inclui a tocante história de Amanda Barnes Smith e sua família, que obedeceram aos mandamentos do Senhor e procuravam fazer a vontade Dele.4 O marido de Amanda e um de seus filhos foram brutalmente mortos com outros 15 santos dos últimos dias acampados em um pequeno assentamento em Shoal Creek, no Missouri. O Senhor deu alento a Amanda ao longo da terrível experiência, respondeu a suas orações, deu-lhe coragem e possibilitou que curasse seu filho gravemente ferido.5

Santos mostra como Amanda aprendeu a confiar no Senhor durante uma adversidade extrema. Também conta o que Joseph Smith aprendeu sobre a bondade de Deus mesmo nos momentos de sofrimento. Mostra que o conhecimento de como o Senhor age nos dá uma perspectiva eterna, ajuda-nos a ver as coisas como realmente são e serão, e nos auxilia a exercer fé no fato de que o Senhor vai zelar por nós nos momentos difíceis.

Quando o profeta Joseph ficou sabendo do que havia acontecido com a família de Amanda e outros em Shoal Creek, sentiu que preferia ser preso ou morto a deixar os santos serem massacrados. No dia seguinte, ele tentou negociar uma solução pacífica com a milícia do Missouri, que ameaçava atacar o principal assentamento dos santos em Far West. Em vez disso, Joseph foi capturado e mantido como prisioneiro.

Quase cinco meses depois, Joseph permanecia sob custódia, confinado em um porão frio e apertado, em Liberty, Missouri. Ele questionou onde Deus estava Se ocultando e por quanto tempo teria que suportar os lamentos das viúvas e dos órfãos. Orou, dizendo: “Ó Senhor, até quando suportarão esses agravos e essas opressões ilícitas, antes que se abrande teu coração e tuas entranhas deles se compadeçam?” (D&C 121:3.)

Santos nos ensina que a adversidade não é prova do desagrado do Senhor nem uma retirada de Suas bênçãos. A oposição faz parte do plano de Deus para nos refinar e nos preparar para um destino eterno e celeste (ver 2 Néfi 2:11). Joseph aprendeu que o infinito sofrimento do Salvador permite que Ele nos socorra quando sofremos e que, no final, Ele nos exalte (ver Alma 7:11–13). Em resposta à súplica angustiada de Joseph, o Senhor citou uma lista de todo tipo de dificuldades, antes de concluir:

“Se as próprias mandíbulas do inferno escancararem a boca para tragar-te, sabe, meu filho, que todas essas coisas te servirão de experiência, e serão para o teu bem.

O Filho do Homem desceu abaixo de todas elas. És tu maior do que ele?” (D&C 122:7–8.)

Quando vivenciamos essas coisas pessoalmente, isso pode nos conceder uma empatia semelhante à de Cristo pelos aflitos. “Meu coração sempre será mais terno depois disso do que jamais foi antes”, reconheceu Joseph enquanto estava na cadeia. Ele desejava estar com os santos e confortá-los e consolá-los. “Jamais poderia ter me sentido como me sinto agora”, explicou ele, “se não tivesse sofrido as afrontas que sofri”.6

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Um dos motivos pelos quais a Primeira Presidência e o Quórum dos Doze Apóstolos comissionaram e aprovaram Santos é que essa obra pode ajudar cada um de nós a vivenciar essas coisas por meio da história de outras pessoas. Podemos aprender com Amanda que, mesmo quando Deus considera conveniente em Sua infinita sabedoria não impedir o mal ou o sofrimento, Ele nos ama e está ciente de nós. Ele ouve nossas orações e é misericordioso e bondoso.

As bênçãos restauradas do templo

Em nenhum outro lugar essa misericórdia e bondade estão mais evidentes do que no templo. Em seu cerne, Santos é a história das bênçãos restauradas do templo. O primeiro volume termina quando milhares de santos dos últimos dias recebem as ordenanças sagradas no Templo de Nauvoo, em 1846. O segundo volume culminará com a dedicação do Templo de Salt Lake, quando os santos começaram as receber as ordenanças ali, em 1893. O terceiro volume concluirá quando os santos europeus começaram a se reunir no templo na Suíça em 1955. O quarto volume trará a história até o presente, quando os templos estão espalhados por toda a Terra e os santos do mundo inteiro recebem as ordenanças de exaltação, como os profetas contemplaram há muito tempo.

Na casa do Senhor, fazemos convênios e somos investidos de poder para vencer os efeitos da Queda, inclusive o mal e o sofrimento deste mundo. Recebemos proteção e poder sublime para nos erguer na ressurreição, selados a nossos entes queridos para sempre.

Santos vai nos ajudar a guardar os convênios ampliando-nos a lembrança de maneiras sacramentais. Vai nos ajudar a sempre nos lembrar do que o Salvador fez por nós. Sem os registros de como Deus agiu no passado, talvez não nos “[lembrássemos] de quão misericordioso tem sido o Senhor para com os filhos dos homens” (Morôni 10:3). Por esses motivos, estamos em dívida para com o Senhor e para com os santos que registraram suas experiências com o amor que Ele demonstrou a eles. O Senhor ordenou que Joseph Smith registrasse suas experiências (ver D&C 21:1). Mandou um historiador da Igreja, sob a direção de Joseph, “continuamente fazer o registro e escrever a história da Igreja” (D&C 47:3). Ordenou que a história incluísse “todas as coisas que serão para o bem da igreja e para as gerações vindouras” (D&C 69:8).

Tendo em mente essas revelações e a promessa feita sob convênio de sempre nos lembrar do Salvador, a Primeira Presidência e o Quórum dos Doze Apóstolos começaram a planejar Santos há dez anos. Agora nós o incentivamos a ler essa obra, confiando que ela vai ajudá-lo a entender o plano de Deus, vendo quão misericordioso tem sido o Senhor, perseverando fielmente nos bons e maus momentos, adquirindo empatia cristã pelas pessoas e guardando os convênios que vão conduzi-lo à exaltação.

Notas

  1. Os exemplos incluem Néfi (1 Néfi 17:23–43), o rei Benjamim (Mosias 1), Lími (Mosias 7), um anjo do Senhor a Alma (Mosias 27), Alma (Alma 9:10), Mórmon (Mórmon 3:17–22) e Moisés (Êxodo 13:3).

  2. Joseph Smith, em “History, circa Summer 1832”, p. 2, josephsmithpapers.org.

  3. Ver “History, 1838–1856, volume A-1 [23 December 1805–30 August 1834]”, p. 3, josephsmithpapers.org.

  4. Ver “Revelation, 12 January 1838–C”, p. [1], josephsmithpapers.org.

  5. Ver Santos, volume 1, capítulo 30, “Lutar como os anjos”.

  6. “Letter to Presendia Huntington Buell, 15 March 1839”, p. [1], josephsmithpapers.org.