2017
Mulheres Convictas
Maio de 2017


Mulheres Convictas

Mulheres convictas são discípulas cuja vida é centralizada no Salvador Jesus Cristo e que têm esperança por meio da promessa de Seu sacrifício expiatório.

Minhas amadas irmãs, amamos muito vocês e agradecemos por sua amorosa e entusiasmada resposta ao convite da Primeira Presidência e à campanha #EraEstrangeiro. Continuem a orar, a ouvir os sussurros do Espírito e a agir de acordo com a inspiração que recebem.

Ao viajar pelo país ou ao redor do mundo, não é incomum que alguém me pergunte: “Você se lembra de mim?” Sou extremamente imperfeita e, por essa razão, devo admitir que geralmente não me lembro de nomes. No entanto, lembro-me do amor real que o Pai Celestial permite que eu sinta quando estou com Seus filhos e filhas preciosos.

Recentemente, tive a oportunidade de visitar algumas mulheres muito queridas que estão na prisão. Ao nos despedirmos carinhosamente, uma doce mulher suplicou: “Irmã Burton, por favor, não se esqueça de nós”. Espero que ela e outras pessoas que desejam ser lembradas sintam-se lembradas enquanto compartilho minha mensagem com vocês.

Mulheres Convictas nos Dias do Salvador: Centralizadas no Senhor Jesus Cristo

Ao longo dos tempos, nossas irmãs demonstraram o padrão de retidão de discipulado que nós também procuramos. “O Novo Testamento inclui relatos de mulheres [convictas], identificadas ou não, que exerceram fé em Jesus Cristo [e em Sua Expiação], aprenderam e viveram Seus ensinamentos, e prestaram testemunho de Seu ministério, milagres e grandiosidade. Essas mulheres se tornaram discípulas exemplares e importantes testemunhas do trabalho de salvação.”1

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Mulheres convictas

Considerem estes relatos no livro de Lucas. O primeiro aconteceu durante o ministério do Salvador:

“E aconteceu (…) que [Jesus] andava de cidade em cidade, e de aldeia em aldeia, pregando e anunciando o evangelho do reino de Deus; e os doze andavam com ele.

E também [certas] mulheres (…): Maria, chamada Madalena, (…) e Joana (…), e Suzana, e muitas outras que o serviam (…)”.2

O próximo relato aconteceu após Sua Ressurreição:

“Ainda que também [certas] mulheres (…), as quais de madrugada foram ao sepulcro;

(…) não achando o seu corpo, voltaram, dizendo que (…) tinham visto uma visão de anjos, que dizem que ele vive”.3

Li e ignorei, inúmeras vezes no passado, a expressão “[certas] mulheres”, que é aparentemente comum, mas recentemente, ao ponderar com mais cuidado, essas palavras pareceram saltar à vista. Considerem estes sinônimos de um dos significados da palavra certa quando associado à ideia de mulheres convictas: “resoluta”, “positiva”, “confiante”, “firme”, “determinada”, “segura” e “confiável”.4

Ao refletir sobre esses termos bastante significativos, lembrei-me de duas das mulheres convictas do Novo Testamento que prestaram testemunho do Salvador de modo positivo, confiante, firme e seguro. Apesar de serem mulheres imperfeitas como nós, o testemunho delas é inspirador.

Lembram-se da mulher não identificada que estava à fonte de Jacó e que convidou outras pessoas a ver o que ela havia descoberto a respeito do Salvador? Ela prestou seu testemunho convicto na forma de uma pergunta: “Não é este o Cristo?”5 O testemunho e o convite dela foram tão convincentes que “muitos (…) creram [Nele]”.6

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Marta presta testemunho do Salvador

Após a morte de seu irmão, Lázaro, a querida discípula e amiga do Senhor, Marta, declarou provavelmente com muita emoção: “Senhor, se tu estivesses aqui, meu irmão não teria morrido”. Pensem sobre a certeza dela ao continuar: “Mas também sei, mesmo agora, que tudo quanto pedires a Deus, Deus to dará”. Além disso, ela testificou: “Creio que tu és o Cristo, o Filho de Deus, que havia de vir ao mundo”.7

Aprendemos com essas irmãs que mulheres convictas são discípulas cuja vida é centralizada no Salvador Jesus Cristo e que têm esperança por meio da promessa de Seu sacrifício expiatório.

Mulheres Convictas Que Guardaram os Convênios na Época da Restauração: Dispostas a Fazer Sacrifícios

Nos tempos antigos, mulheres convictas fizeram sacrifícios ao testificar e viver os ensinamentos de Jesus. Mulheres convictas no início da Restauração fizeram o mesmo. Drusilla Hendricks e sua família estavam entre aqueles que, como novos conversos, sofreram durante a perseguição aos santos no Condado de Clay, Missouri. O marido dela ficou permanentemente inválido na Batalha do Rio Crooked. Ela teve que cuidar dele e também trabalhar para sustentar a família.

“Ela lembrou que, em uma época particularmente angustiante, quando a família estava sem comida, uma voz lhe disse: ‘Aguente firme, pois o Senhor proverá’.”

Quando seu filho precisou se alistar no Batalhão Mórmon, Drusilla a princípio resistiu e orou aflita ao Pai Celestial até que “foi como se uma voz tivesse lhe dito: ‘Você não quer a glória mais elevada?’ ‘Sim’, disse ela naturalmente, e a voz continuou: ‘Como você acha que pode ganhá-la se não fizer os maiores sacrifícios?’”8

Aprendemos com essa mulher convicta que guardar convênios como discípulas exige nossa disposição de sacrificar.

Mulheres Convictas Atualmente: Lembram-se e Preparam-se para Comemorar o Retorno do Senhor

Mencionei mulheres convictas nos dias do Salvador e no início da Restauração do evangelho, mas e quanto aos exemplos de discipulado e testemunho de mulheres convictas de nossos dias?

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Irmã Burton com irmãs na Ásia

Em minha designação recente na Ásia, fui inspirada, mais uma vez, pelas muitas mulheres convictas que conheci. Fiquei particularmente impressionada com a primeira geração de membros na Índia, Malásia e Indonésia, membros que se esforçam para viver a cultura do evangelho em casa, às vezes com grande sacrifício, pois viver o evangelho geralmente entra em conflito com a cultura do país e da família. As mulheres convictas de várias gerações que conheci em Hong Kong e Taiwan continuam a abençoar a vida de seus familiares, de membros da Igreja e de comunidades ao se manterem centralizadas no Salvador e fazerem sacrifícios de bom grado para cumprir convênios. Encontramos mulheres convictas como essas em toda a Igreja.

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Irmã Burton com irmãs na Ásia

Uma mulher convicta que abençoou minha vida por décadas lutou pelos últimos 15 anos contra uma doença debilitante, difícil e progressiva chamada miosite por corpos de inclusão. Embora confinada à cadeira de rodas, ela se esforça para ser grata e tem uma lista “Coisas Que Consigo Fazer”; uma lista contendo as coisas que ela consegue fazer, como: “consigo respirar, consigo engolir, consigo orar e consigo sentir o amor do Salvador”. Quase diariamente, ela presta à família e aos amigos seu testemunho convicto centralizado em Cristo.

Recentemente, ouvi a história de Jenny. Ela é ex-missionária e seus pais se divorciaram quando ela estava servindo missão. Jenny contou como a ideia de voltar para casa deixou-a “morrendo de medo”. Mas, ao final de sua missão na Itália, ao passar pela casa da missão antes de voltar para os Estados Unidos, uma mulher convicta, a esposa do presidente da missão, ministrou-lhe com ternura simplesmente ao lhe escovar os cabelos.

Anos depois, outra mulher convicta, Terry, presidente da Sociedade de Socorro da estaca e discípula de Jesus Cristo, abençoou a vida de Jenny quando ela foi chamada como presidente da Sociedade de Socorro da ala. Naquela época, Jenny estava trabalhando em sua dissertação de doutorado. Terry não apenas serviu como mentora para Jenny ao ser uma líder, mas também ficou com ela dez horas no hospital quando Jenny recebeu o alarmante diagnóstico de leucemia. Terry ia ao hospital e levava Jenny às consultas. Jenny confessou: “Acho que vomitei várias vezes no carro dela”.

Apesar da doença, Jenny continuou a servir corajosamente como presidente da Sociedade de Socorro da ala. Ainda que estivesse nessa situação crítica, ela fez ligações telefônicas, enviou e-mails e mensagens de texto mesmo estando de cama e convidou as irmãs para vê-la. Ela enviou cartas e bilhetes para as pessoas, demonstrando amor pelas irmãs, mesmo de longe. Quando sua ala solicitou uma fotografia da presidência para a história da ala, isto foi o que conseguiram. Pelo fato de Jenny ser uma mulher convicta, ela convidou todos a compartilhar os fardos uns dos outros, inclusive os dela.

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Presidência da Sociedade de Socorro da ala usando chapéus

Por ser uma mulher convicta, Jenny testificou: “Estamos aqui não apenas para salvar outras pessoas, mas para salvar a nós mesmas. E obtemos essa salvação ao vivermos em parceria com Jesus Cristo, ao compreendermos Sua graça, Sua Expiação e Seu amor pelas mulheres da Igreja. Isso acontece por meio de coisas simples como escovar o cabelo de alguém; enviar um bilhete com uma mensagem inspiradora, clara e reveladora, de esperança e graça; ou ao permitir que as mulheres nos sirvam”.9

Irmãs, se nos distrairmos, tivermos dúvidas, pecarmos, ficarmos desanimadas, tristes ou angustiadas, aceitemos o convite do Senhor de beber de Sua água viva como a mulher convicta que estava à fonte, convidando as pessoas a fazer o mesmo, prestando nosso próprio testemunho convicto: “Não é este o Cristo?”

Quando a vida parecer injusta, como deve ter parecido a Marta na morte de seu irmão — quando nos depararmos com as dores da solidão, infertilidade, perda de entes queridos, oportunidades perdidas de ter um casamento e uma família, lares desfeitos, depressão, doença física ou mental, estresse sufocante, ansiedade, vício, problemas financeiros ou uma infinidade de outras possibilidades, que nos lembremos de Marta e prestemos um testemunho convicto semelhante: “Mas também sei (…) [e] creio que tu és o Cristo, o Filho de Deus”.

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A mulher junto da cruz

Que nos lembremos das muitas mulheres convictas que se recusaram a abandonar nosso querido Salvador durante a experiência dolorosa que Ele sofreu na cruz e que, horas mais tarde, tiveram o privilégio de estar entre as testemunhas convictas de sua Ressurreição gloriosa. Fiquemos perto Dele por meio da oração e do estudo das escrituras. Que nos aproximemos Dele ao nos prepararmos para partilhar dos sagrados emblemas de Seu sacrifício expiatório todas as semanas durante a ordenança do sacramento e ao guardarmos convênios servindo às outras pessoas quando precisarem. Talvez assim façamos parte das mulheres convictas, discípulas de Jesus Cristo, que vão comemorar o glorioso retorno do Senhor quando Ele vier novamente.

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O Salvador na Segunda Vinda

Irmãs, testifico de nossos Pais Celestiais amorosos, de nosso Salvador, Jesus Cristo, e de Sua Expiação infinita em nosso favor. Sei que o Profeta Joseph Smith foi preordenado como o Profeta da Restauração. Sei que o Livro de Mórmon é verdadeiro e foi traduzido pelo poder de Deus. Somos abençoadas com um profeta vivo em nossos dias, o Presidente Thomas S. Monson. Estou convicta dessas verdades! Em nome de Jesus Cristo. Amém.

Notas

  1. Filhas em Meu Reino: A História e o Trabalho da Sociedade de Socorro, 2011, p. 3.

  2. Lucas 8:1–3; grifo do autor.

  3. Lucas 24:22–23; grifo do autor.

  4. Em inglês, a palavra certain [certo/certa] significa também “uma seleção de” ou “uma variedade de”. No entanto, é o significado de convicção, confiança e fidelidade que eu gostaria de enfatizar hoje.

  5. João 4:29.

  6. João 4:39.

  7. João 11:21–22, 27; grifo do autor.

  8. Ver Jennifer Reeder e Kate Holbrook, At the Pulpit: 185 Years of Discourses by Latter-day Saint Women [Ao Púlpito: 185 Anos de Discursos Feitos por Mulheres Santos dos Últimos Dias], 2017, pp. 51–52.

  9. Usado com permissão da autora, Jennifer Reeder, do Departamento de História da Igreja, especialista em história das mulheres do século 19.