2015
Estar em Paz
Dezembro de 2015


Estar em Paz

Espero que você reserve tempo nesta época de Natal para sentar-se em serena reflexão por alguns momentos e deixar que o Espírito do Salvador o aqueça e o reassegure da dignidade de seu serviço, sua oferta e sua vida.

Imagem
The Carl Bloch exhibit at the Brigham Young University Museum of Art, December 2010.

Detalhe de Christ Healing the Blind [Cristo Cura o Cego], de Domenico Fiasella, gentilmente cedida pelo Museu de Arte John e Mable Ringling; à direita: The Holy Night [Noite Santa], de Carl Heinrich Bloch

Sempre me é encorajador contemplar a oferta de serviço e sacrifício que os santos dos últimos dias fazem por sua família, sua ala e seu Pai Celestial. É uma coisa consagrada e santa. Não creio que haja honra maior que possamos receber do que a de o Senhor considerar nossa oferta digna e adequada e Ele a respeitar e receber.

Esse foi o grande elogio que o Pai fez ao Filho ao chamá-Lo de “meu Filho Amado, em quem me comprazo” (3 Néfi 11:7; ver também Mateus 3:17; Marcos 1:11; Lucas 9:35; D&C 93:15; Joseph Smith—História 1:17). Que belo título! Que honra maior poderia haver do que a de ouvir Deus nos dizer: “Meu filho amado” ou “Minha filha amada”, e Seu reconhecimento de que nossa oferta é aceitável a Ele: “em quem me comprazo”.

Oro para que nesta época de Natal você tenha uma noção de como o Senhor considera sua oferta, de qual é sua situação aos olhos Dele e de o quanto Ele lhe tem amor por você ser Seu filho ou Sua filha. E oro para que o conhecimento dessa condição lhe proporcione muito consolo, muita segurança e a confiança de que você é aprovado aos olhos Dele.

O Nascimento do Salvador

Quando nos referimos ao nascimento de Jesus Cristo, bem fazemos em refletir sobre o que virá a seguir. Seu nascimento foi infinitamente importante por causa das coisas que Ele vivenciaria e sofreria para que pudesse socorrer-nos melhor — tudo isso culminando em Sua Crucificação e Ressurreição (ver Alma 7:11–12). Mas Sua missão também incluía a beleza de Seu serviço, os milagres de Seu ministério, o alívio que Ele proporcionou aos que sofriam e a alegria que ofereceu — e ainda oferece — aos que choram.

Também gosto de pensar no que vem depois. Dois de meus versículos favoritos que falam dessa época se encontram no final do capítulo 7 do livro de Apocalipse:

“Nunca mais terão fome, nunca mais terão sede; nem sol nem calma alguma cairá sobre eles.

Porque o Cordeiro que está no meio do trono os apascentará, e lhes servirá de guia para as fontes vivas das águas; e Deus limpará de seus olhos toda a lágrima” (Apocalipse 7:16–17; ver também 21:4).

Para mim, isso capta a sagrada esperança do que está por vir, de como será estar no grande Milênio e no subsequente Reino Celestial de Cristo.

Com tudo isso por vir, porém, acho adequado nesta época do ano simplesmente pensar naquele bebê na manjedoura. Não fique demasiadamente preocupado ou admirado com o que está por vir. Apenas pense naquele pequenino bebê. Reserve um momento sereno e tranquilo para ponderar sobre o início da vida Dele — o ponto culminante da profecia celeste, porém o início terreno para Ele.

Imagem
The holdings attached to this bib record are part of the 1990 acquisition of Carl Bloch paintings. The painting was cleaned and restored prior to being photographed by Danish photographer Hans Petersen.

Detalhe de Christ Healing the Blind [Cristo Cura o Cego], de Domenico Fiasella, gentilmente cedida pelo Museu de Arte John e Mable Ringling; à direita: The Holy Night [Noite Santa], de Carl Heinrich Bloch

Reserve um tempo para relaxar, para estar em paz e visualizar na mente aquela criancinha. Não fique muito preocupado ou admirado com o que estaria por vir na vida Dele ou na sua. Em vez disso, reserve um momento tranquilo para refletir sobre o que deve ter sido a ocasião mais serena da história do mundo — quando todos os céus se regozijaram com a mensagem: “Glória a Deus nas alturas, paz na terra, boa vontade para com os homens” (Lucas 2:14).

Deixe o Espírito Aquecê-lo

Há alguns anos, ouvi pelo rádio uma entrevista com o Bispo Desmond Tutu, o arcebispo anglicano da África do Sul. Ele acabara de publicar um livro com sua filha sobre a reconciliação que havia acontecido na África do Sul após o apartheid.1 Em linhas gerais, a mensagem do livro é a de que existe algo de bom em todas as pessoas.

O entrevistador fez uma pergunta muito sagaz e inspirada ao Bispo Tutu: “Você sente que seu relacionamento com Deus mudou ao ficar mais velho?”

O Bispo Tutu pensou um pouco e depois disse: “Sim. Estou aprendendo a ficar mais calado na presença de Deus”.

Ele relembrou que, quando orava na época em que era mais jovem, fazia-o com uma lista de pedidos e solicitações. Dirigia-se ao céu com o que ele chamou de “um tipo de lista de compras”. Mas agora, disse ele: “Acho que [estou] mais empenhado em estar simplesmente presente. Tal como quando nos sentamos diante de uma lareira no inverno, estamos ali simplesmente diante do fogo, e não precisamos ser inteligentes ou coisa alguma. O fogo nos aquece”.2

Acho que essa é uma linda metáfora — simplesmente estar com o Senhor e deixar que Ele nos aqueça como um fogo no inverno. Não temos que ser perfeitos nem ser a melhor pessoa que já agraciou a Terra com sua presença ou o melhor em qualquer coisa para estarmos com Ele.

Espero que você reserve tempo nesta época de Natal para sentar-se em serena reflexão por alguns momentos e deixar que o Espírito do Salvador o aqueça e o reassegure da dignidade de seu serviço, de sua oferta e de sua vida. Sente-se serenamente diante daquele pequeno bebê e saia dali espiritualmente fortalecido e mais bem preparado para tudo o que virá. Deixe que esse seja um momento de descanso, reavivamento, consolo e renovação.

Que Deus lhe conceda essa bênção neste Natal à medida que você e eu prestamos testemunho do Salvador Jesus Cristo — o fato de Ele ser o ponto central de nossa vida, de toda a humanidade e do próprio propósito da existência.

Nós O adoramos, servimos e amamos. Que nossa vida expresse esse amor por meio de nossa oferta nesta época de Natal e sempre.

Notas

  1. Desmond Tutu e Mpho Tutu, Made for Goodness: And Why This Makes All the Difference [Feitos para Ser Bons: E Por Que Isso Faz Toda a Diferença], 2011.

  2. Desmond Tutu, em “Desmond Tutu, Insisting We Are ‘Made for Goodness’” [Desmond Tutu Insiste Que Fomos Feitos para Ser Bons] (entrevista para a NPR por Renee Montagne, 11 de março de 2010), npr.org.