2012
Os Poderes do Céu
Maio de 2012


Os Poderes do Céu

Os portadores do sacerdócio, jovens e idosos, precisam de autoridade e poder: a permissão necessária e a capacidade espiritual de representar Deus no trabalho de salvação.

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Élder David A. Bednar

Meus amados irmãos, sinto-me grato por podermos adorar juntos como um imenso grupo de portadores do sacerdócio. Amo e admiro vocês por sua dignidade e sua influência para o bem no mundo inteiro.

Convido cada um de vocês a refletir sobre como responderiam à seguinte pergunta feita há muitos anos aos membros da Igreja pelo Presidente David O. McKay: “Se neste instante alguém pedisse a cada um de vocês que declarasse, em uma única frase ou sentença, a característica mais marcante de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, qual seria sua resposta?” (“The Mission of the Church and Its Members”, Improvement Era, novembro de 1956, p. 781).

A resposta que o Presidente McKay deu a sua própria pergunta foi: a “autoridade divina” do sacerdócio. A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias distingue-se de outras igrejas que afirmam evocar sua autoridade da sucessão histórica, das escrituras ou da formação teológica. Declaramos de modo exclusivo que a autoridade do sacerdócio foi conferida ao Profeta Joseph Smith pela imposição de mãos, diretamente de mensageiros celestiais.

Meu discurso concentra-se nessa autoridade divina e nos poderes do céu. Oro sinceramente pedindo a ajuda do Espírito do Senhor, para que juntos aprendamos algo a respeito dessas importantes verdades.

A Autoridade e o Poder do Sacerdócio

O sacerdócio é a autoridade de Deus delegada na Terra aos homens para que atuem em todas as coisas referentes à salvação da humanidade (ver Spencer W. Kimball, “The Example of Abraham”, Ensign, junho de 1975, p. 3). O sacerdócio é o meio pelo qual o Senhor age por intermédio de homens para salvar almas. Uma das características marcantes da Igreja de Jesus Cristo, tanto no passado quanto no presente, é Sua autoridade. Não pode haver uma Igreja verdadeira sem autoridade divina.

A autoridade do sacerdócio é concedida a homens comuns. A dignidade e a disposição de servir — não a experiência, o conhecimento ou a formação — são as qualificações para a ordenação ao sacerdócio.

O padrão para o recebimento da autoridade do sacerdócio é descrito na quinta regra de fé: “Cremos que um homem deve ser chamado por Deus, por profecia e pela imposição de mãos, por quem possua autoridade, para pregar o Evangelho e administrar suas ordenanças”. Assim, um rapaz ou homem recebe a autoridade do sacerdócio e é ordenado a um ofício específico por alguém que já possui o sacerdócio e que tenha sido autorizado por um líder que possua as devidas chaves do sacerdócio.

Espera-se que o portador do sacerdócio exerça essa autoridade sagrada de acordo com a mente, a vontade e os propósitos sagrados de Deus. Nada em relação ao sacerdócio é de natureza egocêntrica. O sacerdócio sempre é usado para servir, abençoar e fortalecer outras pessoas.

O sacerdócio maior é recebido por um solene convênio que inclui a obrigação de agir pela autoridade (ver D&C 68:8) e no ofício (ver D&C 107:99) para o qual foram designados. Como portadores da santa autoridade de Deus, somos agentes que atuam e não subordinados que recebem a ação (ver 2 Néfi 2:26). O sacerdócio é inerentemente ativo, e não passivo.

O Presidente Ezra Taft Benson ensinou:

“Não é suficiente receber o sacerdócio e depois esperar sentados e passivos até que sejamos impelidos à atividade por alguém. Quando recebemos o sacerdócio, temos a obrigação de tornar-nos ativa e avidamente engajados na promoção da causa da retidão na Terra, porque o Senhor disse:

‘O que nada faz até que seja mandado e recebe um mandamento com o coração duvidoso e guarda-o com indolência, é condenado’ (D&C 58:29)” (So Shall Ye Reap, 1960, p. 21).

O Presidente Spencer W. Kimball também salientou enfaticamente a natureza ativa do sacerdócio. “[Rompe-se] o convênio do sacerdócio transgredindo os mandamentos — e também deixando de cumprir as respectivas obrigações e deveres. Portanto, para quebrar esse convênio, basta apenas não fazer nada” (O Milagre do Perdão, 1999, p. 96).

Quando damos o melhor de nós para cumprir nossas responsabilidades do sacerdócio, podemos abençoar com o poder do sacerdócio. O poder do sacerdócio é o poder de Deus que atua por intermédio de rapazes e homens iguais a nós e requer retidão pessoal, fé, obediência e diligência. Um rapaz ou homem pode receber a autoridade do sacerdócio pela imposição de mãos, mas não ter o poder do sacerdócio, se for desobediente, indigno ou desprovido de vontade de servir.

“Os direitos do sacerdócio são inseparavelmente ligados com os poderes do céu e (…) os poderes do céu não podem ser controlados nem exercidos a não ser de acordo com os princípios da retidão.

Que eles nos podem ser conferidos, é verdade; mas quando nos propomos a encobrir nossos pecados ou satisfazer nosso orgulho, nossa vã ambição ou exercer controle ou domínio ou coação sobre a alma dos filhos dos homens, em qualquer grau de iniquidade, eis que os céus se afastam; o Espírito do Senhor se magoa e, quando se afasta, amém para o sacerdócio ou a autoridade desse homem” (D&C 121:36–37; grifo do autor).

Irmãos, é inaceitável ao Senhor que um rapaz ou homem receba a autoridade do sacerdócio, mas deixe negligentemente de fazer o que é necessário a fim de qualificar-se para o poder do sacerdócio. Os portadores do sacerdócio, jovens e idosos, precisam de autoridade e poder: a permissão necessária e a capacidade espiritual de representar Deus no trabalho de salvação.

Uma Lição de Meu Pai

Fui criado em um lar que tinha uma mãe fiel e um pai maravilhoso. Minha mãe era descendente de pioneiros que sacrificaram tudo pela Igreja e pelo reino de Deus. Meu pai não era membro de nossa Igreja e, quando jovem, teve o desejo de tornar-se sacerdote católico. Por fim, decidiu não entrar para o seminário teológico e escolheu a carreira de ferramenteiro.

Por muito tempo, meu pai assistiu às reuniões da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias com a nossa família. Na verdade, muitas pessoas de nossa ala não faziam ideia de que meu pai não era membro da Igreja. Ele integrava e treinava o time de softball de nossa ala, ajudava nas atividades escoteiras e apoiava minha mãe em seus vários chamados e responsabilidades. Quero contar-lhes uma das grandes lições que aprendi com meu pai sobre a autoridade e o poder do sacerdócio.

Quando menino, eu perguntava a meu pai muitas vezes por semana quando ele seria batizado. Ele respondia com amor, mas com firmeza, toda vez que eu o importunava: “David, não vou me filiar à Igreja por sua mãe, por você, ou por quem quer que seja. Vou me filiar à Igreja quando souber que é a coisa certa a fazer”.

Creio que foi no início da minha adolescência que tive a seguinte conversa com meu pai. Tínhamos acabado de voltar das reuniões de domingo, às quais fôramos juntos, e perguntei a meu pai quando ele seria batizado. Ele sorriu e disse: “Você está sempre me perguntando quando serei batizado. Hoje tenho uma pergunta para você”. Com rapidez e entusiasmo concluí que estávamos fazendo progresso!

Meu pai prosseguiu, dizendo: “David, sua igreja ensina que o sacerdócio foi retirado da Terra no passado e foi restaurado por mensageiros celestes ao Profeta Joseph Smith, certo?” Respondi que sua afirmação era correta. Ele então disse: “Aqui vai minha pergunta. Toda semana, na reunião do sacerdócio, ouço o bispo e outros líderes do sacerdócio lembrarem, pedirem e implorarem que os homens façam suas visitas de ensino familiar e cumpram seus deveres do sacerdócio. Se sua igreja realmente tem o sacerdócio restaurado de Deus, por que há tantos homens em sua igreja quanto há na minha, que não diferem no cumprimento de seus deveres religiosos?” De imediato, deu-me um branco na mente. Fiquei sem uma resposta adequada para meu pai.

Creio que meu pai estava errado ao julgar a validade da afirmação de que a Igreja tinha autoridade divina por causa das falhas dos homens com quem ele convivia na ala. Mas, para mim, sua pergunta carregava o pressuposto correto de que os homens que possuem o santo sacerdócio de Deus devem ser diferentes dos outros. Os homens que possuem o sacerdócio não são inerentemente melhores que os outros, mas devem agir de modo diferente. Os homens que possuem o sacerdócio devem não apenas receber a autoridade do sacerdócio, mas também tornar-se condutores dignos e fiéis do poder de Deus. “Sede limpos, vós que portais os vasos do Senhor” (D&C 38:42).

Nunca me esquecerei das lições sobre a autoridade e o poder do sacerdócio que aprendi com meu pai, um homem bom que não era de nossa religião, que esperava mais dos homens que afirmavam possuir o sacerdócio de Deus. A conversa que tive com meu pai, naquela tarde de domingo, há muitos anos, produziu em mim o desejo de ser um “bom rapaz”. Eu não queria ser um mau exemplo e uma pedra de tropeço para o progresso de meu pai no aprendizado do evangelho restaurado. Simplesmente queria ser um bom rapaz. O Senhor precisa que todos nós, portadores de Sua autoridade, sejamos honrados, virtuosos e bons, em todos os momentos e em todos os lugares.

Talvez se interessem em saber que, alguns anos depois, meu pai foi batizado. E no devido momento, tive a oportunidade de conferir-lhe o Sacerdócio Aarônico e o de Melquisedeque. Uma das grandes experiências pessoais de minha vida foi observar meu pai receber a autoridade e, por fim, o poder do sacerdócio.

Compartilho com vocês essa pungente lição que aprendi com meu pai para salientar uma verdade simples. O recebimento da autoridade do sacerdócio pela imposição de mãos é um começo importante, mas não é o suficiente. A ordenação confere autoridade, mas exige-se retidão para agirmos com poder, ao nos esforçarmos para elevar almas, ensinar e testificar, abençoar, aconselhar e levar adiante a obra de salvação.

Nesta gloriosa época da história da Terra, nós, portadores do sacerdócio, precisamos ser homens justos e instrumentos eficazes nas mãos de Deus. Precisamos erguer-nos como homens de Deus. Seria bom que aprendêssemos com Néfi, neto de Helamã e o primeiro dos doze discípulos chamados pelo Salvador no início de Seu ministério entre os nefitas, e seguíssemos seu exemplo: “E [Néfi] ensinou-lhes muitas coisas. E (…) Néfi ensinou com poder e grande autoridade” (3 Néfi 7:17).

“Por Favor, Ajude Meu Marido a Compreender”

Ao término das entrevistas de recomendação para o templo, que eu realizava como bispo e presidente de estaca, geralmente perguntava às irmãs casadas como é que eu poderia prestar-lhes serviço e ajudar sua família. A resposta constante que eu ouvia daquelas mulheres fiéis era instrutiva, mas também alarmante. As irmãs raramente reclamavam ou criticavam, mas geralmente respondiam assim: “Por favor, ajude meu marido a compreender sua responsabilidade como líder do sacerdócio no lar. Fico feliz em tomar a iniciativa no estudo das escrituras, na oração em família e na noite familiar, e vou continuar a fazê-lo. Mas gostaria que meu marido participasse igualmente e provesse a sólida liderança do sacerdócio que só ele pode oferecer. Por favor, ajude meu marido a aprender a ser um patriarca e um líder do sacerdócio que presida e proteja nosso lar”.

Com frequência, reflito na sinceridade daquelas irmãs e em seu pedido. Os líderes do sacerdócio ouvem preocupações semelhantes hoje em dia. Muitas esposas suplicam que o marido tenha não apenas a autoridade do sacerdócio, mas também o poder do sacerdócio. Elas anseiam em dividir igualmente a tarefa com um marido fiel e companheiro do sacerdócio na criação de um lar centralizado em Cristo e enfocado no evangelho.

Irmãos, prometo que se ponderarmos fervorosamente o pedido daquelas irmãs, o Espírito Santo vai ajudar-nos a vermos a nós mesmos, como realmente somos (ver D&C 93:24) e a reconhecer as coisas que precisamos mudar e melhorar. E a hora de agir é agora!

Ser um Exemplo de Retidão

Quero reiterar os ensinamentos do Presidente Thomas S. Monson, que nos convidou, como portadores do sacerdócio, a ser “exemplos de retidão”. Ele nos lembrou muitas vezes que estamos a serviço do Senhor e que temos direito a Sua ajuda, sob a condição de sermos dignos (ver “Exemplos de Retidão”, A Liahona, maio de 2008, p. 65). Possuímos a autoridade do sacerdócio que foi trazida de volta à Terra nesta dispensação por mensageiros celestes, sim, por João Batista, e por Pedro, Tiago e João. Portanto, todo homem que recebe o Sacerdócio de Melquisedeque pode seguir sua linha pessoal de autoridade diretamente até o Senhor Jesus Cristo. Espero que sejamos gratos por essa maravilhosa bênção. Oro para que sejamos limpos e dignos de representar o Senhor ao exercer Sua sagrada autoridade. Qualifiquemo-nos todos para o poder do sacerdócio.

Testifico que o santo sacerdócio foi realmente restaurado na Terra, nestes últimos dias, e que ele se encontra em A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Também testifico que o Presidente Thomas S. Monson é o sumo sacerdote que preside o sumo sacerdócio da Igreja (ver D&C 107:9, 22, 65–66, 91–92) e a única pessoa na Terra que possui todas as chaves do sacerdócio e tem autoridade para exercê-las. Presto solene testemunho dessas verdades, no sagrado nome do Senhor Jesus Cristo. Amém.