Desjejum na Noite de Natal
Há cerca de 18 anos, na véspera de Natal, eu era uma jovem mãe amargurada pela consciência pungente da grande distância entre a realidade de meu lar e o que eu considerava um Natal ideal: o Natal ideal conforme mostrado na televisão e nas revistas, o Natal das belas decorações, das refeições elaboradas e das crianças felizes e sorridentes. Eu esforçara-me ao máximo para terminar de embalar os presentes e limpar a casa, tentando ao mesmo tempo fazer reinar a paz e a ordem na casa ao cuidar de meus três filhos pequenos, um dos quais era um bebê um tanto irritadiço. Havia um peso tão grande em meu coração naquela noite: eu estava arrasada.
Estava começando a escurecer. O bebê estava sentado, e eu tentava alimentá-lo e arrumá-lo. Era quase a hora do jantar, mas não havia uma mesa com velas, um banquete quente e nada pronto no forno. Nesse momento, meu marido, que estava fazendo compras de última hora, entrou na cozinha e colocou na pia mistura em pó para panquecas, suco de laranja gelado e um pacote de salsichas. A sua maneira, estava dizendo-me que tinha consciência de que eu estava no meu limite e que, caso necessário, ele estava em condições de preparar nossa ceia de Natal.
Assim, naquela noite de Natal, a ceia de nossa família mais pareceu um desjejum. Nem recordo o sabor dos alimentos, mas lembro-me bem da sensação de ser amada e compreendida. A partir daquele ano, fizemos sempre nossa ceia de Natal da mesma forma. Nossos filhos talvez não compreendam o significado disso; contudo, a refeição típica de um desjejum norte-americano é nossa tradição natalina e assim continuará.
O pequeno ato de serviço realizado por meu marido naquela véspera de Natal há tantos anos pode parecer insignificante, mas ensinou-me que, por meio de gestos simples e atenciosos no cotidiano, nossa vida pode ser transformada. Por meio de nosso próprio serviço abnegado e o de nosso próximo, o Espírito pode agir em nosso coração e Cristo pode entrar em nossa vida, o que representa a essência desta época do ano. Talvez as decorações dêem o tom, mas é o amor e o serviço que constituem o verdadeiro significado do Natal.
Toni Hakes é membro da Ala Willow Canyon VIII, Estaca Sandy Utah Leste.