2002
O Êxodo na Israel Antiga e Moderna
Abril de 2002


O Êxodo na Israel Antiga e Moderna

As escrituras concedidas tanto à Israel antiga quanto moderna falam do poder da mão do Senhor para libertá-la.

Existem inúmeros paralelos instrutivos entre o êxodo dos israelitas do Egito sob a direção de Moisés e o êxodo dos santos dos últimos dias nos Estados Unidos sob a liderança de Brigham Young. Há muito que podemos aprender com esses homens e mulheres valentes da Israel antiga e moderna.

Em geral, os relatos históricos e as representações artísticas retratam bem o que os pioneiros fizeram. Mas poucos escritores se dedicaram a fundo a explicar os motivos que impulsionaram esses homens e mulheres. E menos pessoas ainda estudaram as semelhanças entre as jornadas dos pioneiros e o êxodo do Egito. Uma semelhança óbvia é que ambos os grupos tinham um lago salgado e um rio Jordão. Mas havia muitas outras semelhanças bastante significativas. A antiga Israel e a Israel moderna estão intimamente ligadas.

Os Josés

A antiga Israel teve líderes antes de Moisés, e a Israel moderna teve um profeta- presidente antes de Brigham Young. (1801–1877) Os precursores de cada grupo também guardam semelhanças entre si. Um nome comum a ambos é José — José que foi vendido ao Egito e o Profeta Joseph Smith. (1805–1844) Poucos profetas no Velho Testamento são mais importantes para os santos dos últimos dias do que José do Egito. Muitos de nós são descendentes dele por meio de seus filhos Efraim e Manassés. O Livro de Mórmon revela:

“Uma parte do que restou da túnica de José fora preservada e não se havia estragado. (…) Assim como este remanescente das vestes (…) foi preservado, também um remanescente da semente (…) será preservado pela mão de Deus, que o tomará para si.” (Alma 46:24)

Os pioneiros eram remanescentes dessa semente preciosa. Eles sabiam que Joseph Smith fora escolhido pelo Senhor para assumir as responsabilidades da tribo de José, filho de Jacó. Séculos antes, José tinha profetizado sobre Joseph Smith e descrito a relação entre eles:

“Sim, José verdadeiramente disse: Assim me diz o Senhor: Um vidente escolhido levantarei eu do fruto de teus lombos. E gozará de grande estima entre o fruto de teus lombos. A ele ordenarei que faça um trabalho para seus irmãos, o fruto de teus lombos, que lhes será de grande benefício, levando-os a conhecer os convênios que fiz com teus pais.

E dar-lhe-ei o mandamento de não fazer qualquer outro trabalho, exceto o que eu lhe ordenar. E fá-lo-ei grande a meus olhos, porque fará o meu trabalho.” (2 Néfi 3:7–8)

Não só Joseph Smith Jr. tinha o mesmo nome que José, mas o pai do Profeta também. Mais uma vez cito José do Egito:

“Eis que o Senhor abençoará este vidente [Joseph Smith]; (…) porque esta promessa que obtive do Senhor para o fruto de meus lombos será cumprida. (…)

E seu nome será igual ao meu e será chamado pelo nome de seu pai. E ele será semelhante a mim; porque aquilo que o Senhor fizer através de sua mão, pelo poder do Senhor, levará meu povo à salvação.” (2 Néfi 3:14–15; ver também Tradução de Joseph Smith, Gênesis 50:26–38.)

José, filho de Jacó, e Joseph Smith tinham ainda mais em comum. Com a idade de 17 anos, José tomou conhecimento de seu destino grandioso. (Ver Gênesis 37:2–11.) Com a mesma idade, Joseph Smith foi informado sobre seu destino no tocante ao Livro de Mórmon. Aos 17 anos, foi visitado pelo anjo Morôni pela primeira vez, que comunicou ao menino-profeta que “Deus tinha uma obra a ser executada por [ele]”. Ele iria traduzir um livro escrito em placas de ouro que continha a plenitude do evangelho eterno. Seu “nome seria considerado bom e mau entre todas as nações, tribos e línguas”. (Joseph Smith—História 1:33; ver também os versículos 34–41.)

Ambos os “Josés” sofreram perseguição. O José da antigüidade foi preso após ser acusado injustamente de um crime que não cometera. (Ver Gênesis 39:11–20.) Joseph Smith foi encarcerado com base em acusações distorcidas e falsas.

Os irmãos de José arrancaram-lhe a túnica multicolorida na tentativa cruel de convencer o pai de que José morrera. (Ver Gênesis 37:2–33.) A vida de Joseph Smith foi interrompida cruelmente, em grande parte devido à traição de falsos irmãos.

Na antigüidade, quando toda a terra do Egito passava por um período de “fome, clamou o povo a Faraó por pão; e Faraó disse a todos os egípcios: Ide a José; o que ele vos disser, fazei”. (Gênesis 41:55) Nos últimos dias, as pessoas que estiverem com fome do alimento que só o evangelho pode conceder novamente serão nutridas — por Joseph. O Senhor declarou: “Esta geração, porém, receberá minha palavra por teu intermédio [Joseph Smith]”. (D&C 5:10) Hoje podemos “[banquetear-nos] com as palavras de Cristo” (2 Néfi 32:3) graças a Joseph Smith.

Moisés E Brigham Young

Moisés e Brigham Young tinham muito em comum. Antes de tornarem-se grandes líderes, eram sábios seguidores. Moisés havia sido preparado nas cortes do Egito, ganhara muita experiência militar e recebera outras responsabilidades. (Ver Flavius Josephus, Antiquities of the Jews, traduzido por William Whiston, 2.10.1–2; ver também Atos 7:22; Hebreus 11:24–27.) Brigham Young também foi preparado para seu papel de liderança. Na marcha do Acampamento de Sião ele observara a liderança do Profeta Joseph Smith em circunstâncias difíceis. (Ver History of the Church, 2:61–134, pp. 183–185.) Brigham Young ajudou na saída do Profeta Joseph Smith de Kirtland. (Ver History of the Church, 3:1–2; ver também Elden J. Watson, editor, Manuscript History of Brigham Young, 1801–1844 [1968], pp. 23–24.) Ele também esteve à frente da ida dos santos perseguidos de Missouri para Nauvoo. (Ver History of the Church, 3:250–252, p. 261; ver também John K. Carmack, “Missouri Era: Residue of Wisdom”, em Regional Studies in Latter-day Saint Church History: Missouri, editado por Arnold K. Garr e Clark V. Johnson [1994], pp. 2–3.)

Tanto no caso dos israelitas como no dos santos, a lei civil e a eclesiástica estavam concentradas nas mãos da mesma pessoa. Moisés assumiu essa responsabilidade por seu povo. (Ver Joseph Smith, Teachings of the Prophet Joseph Smith, sel. por Joseph Fielding Smith [1976], p. 252). Brigham Young, o Moisés moderno, (ver D&C 103:16)1liderou o deslocamento dos santos dos últimos dias rumo ao oeste, com a bênção do Senhor. (Ver D&C 136.) Moisés e Brigham Young seguiram métodos de governo semelhantes. (Ver Êxodo 18:17–21; D&C 136:1–3.) Brigham Young organizou um enorme grupo de homens, mulheres e crianças numa migração ordeira para o oeste dos Estados Unidos.

Lamentamos que os líderes de ambos os grupos tenham tido que enfrentar dissensões de pessoas próximas. A certa altura, Moisés sofreu oposição de seus amados irmãos Aarão e Miriã. (Ver Números 12:1–11.) Os líderes dos últimos dias também se defrontaram com contendas no seio de seus seguidores. (Ver History of the Church, 1:104–5, p. 226.) No entanto, a mesma forma unificada de governo voltará quando o Senhor Se tornar o “Rei grande sobre toda a terra” (Salmos 47:2; ver também Zacarias 14:9) e governar Sião e Jerusalém. (Ver Isaías 2:1–4.)

A jornada do Egito para o Monte Sinai demorou cerca de três meses. (Ver Êxodo 19:1.) A viagem de Winter Quarters para o vale do Grande Lago Salgado também durou aproximadamente três meses. (111 dias) O destino final para cada grupo foi descrito pelo Senhor como uma terra que manaria leite e mel.2Os pioneiros transformaram seu ermo num campo fértil e fizeram o deserto florescer como a rosa — exatamente como Isaías profetizara séculos antes. (Ver Isaías 32:15–16; 35:1.)

Milagres Em Comum

Ambos os grupos testemunharam muitos milagres em comum que são lembrados todos os anos. A comemoração da Páscoa está relacionada às viagens dos antigos israelitas. E, a cada mês de julho, repetimos as heróicas histórias de nossos pioneiros. Ambos os grupos atravessaram ermos, montanhas e vales de desertos selvagens. Os antigos israelitas saíram do Egito passando pelas águas partidas do Mar Vermelho “como por terra seca”. (Hebreus 11:29) Os pioneiros partiram do leste dos Estados Unidos atravessando as abundantes águas do rio Mississipi, que estavam congeladas como que para tornar-se uma estrada de gelo.

O livro de Êxodo mostra que, miraculosamente, foram enviadas codornizes para alimentar o povo faminto da antiga Israel. (Ver Êxodo 16:13; Números 11:32; Salmos 105:40.) Os pioneiros passaram por uma experiência equivalente. Depois que o último deles foi expulso de Nauvoo, muitos estavam doentes e alguns haviam morrido. Suas provisões eram escassas. Às margens do rio perto de Montrose, Iowa, em 9 de outubro de 1846, muitas codornizes voaram miraculosamente para o acampamento. Eles cozinharam as aves e alimentaram cerca de 640 pessoas necessitadas. (Ver Stanley B. Kimball, “Nauvoo West: The Mormons of the Iowa Shore”, BYU Studies, inverno de 1978, p. 142.)3

Também foi um milagre o fato de um assentamento permanente ter subsistido no vale do Grande Lago Salgado. Gaivotas que salvaram plantações foram parte desse milagre.

Deus preservou a antiga Israel das pragas infligidas ao Egito. (Ver Êxodo 15:26.) Da mesma forma, Deus preservou os santos da praga da Guerra Civil norte-americana, que causou mais mortes de americanos que qualquer outro conflito.

Força Espiritual Em Comum

As tribulações tanto dos antigos israelitas como dos santos modernos forjaram grande força espiritual. Ambos os grupos passaram por provas de fé, durante as quais os fracos desfaleceram e os fortes receberam alento para perseverarem até o fim. (Ver Éter 12:6; D&C 101:4–5; 105:19.) Eles tiveram de abandonar o lar e os bens terrenos e aprender a confiar totalmente em Deus. A antiga Israel recebeu proteção do Senhor, que “ia adiante deles, de dia numa coluna de nuvem, e de noite numa coluna de fogo”. (Êxodo 13:21; ver também o versículo 22; Números 14:14; Deuteronômio 1:33; Neemias 9:19.) O mesmo pode ser dito sobre a forma como o Senhor zelou pelos pioneiros. (Ver History of the Church, 3:xxxiv; ver também Thomas S. Monson, em Conference Report, abril de 1967, p. 56.)

As escrituras concedidas a ambas as sociedades falam da força da mão do Senhor para libertá-los. Aos antigos israelitas, Moisés disse: “Lembrai-vos deste mesmo dia, em que saístes do Egito, da casa da servidão; pois com mão forte o Senhor vos tirou daqui”. (Êxodo 13:3)

Aos santos dos últimos dias, foi revelada uma escritura semelhante: “Pois eu, o Senhor, estendi minha mão para exercer os poderes do céu; não podeis vê-lo agora, mas em pouco o vereis e sabereis que eu sou”. (D&C 84:119)

Os filhos de Israel tinham um tabernáculo portátil onde faziam convênios e ordenanças para fortalecerem-se ao longo da jornada.4Muitos santos dos últimos dias receberam a investidura no Templo de Nauvoo antes da penosa jornada para o oeste.

Os israelitas celebraram com gratidão seu êxodo do Egito. Os santos dos últimos dias comemoraram seu êxodo com o estabelecimento da sede mundial da Igreja restaurada no cume dos montes. Todos os que se regozijaram atribuíram sua libertação a Deus. (Ver Jeremias 23:7–8.)

Os Princípios Eternos Do Evangelho

As escrituras ao alcance da Israel antiga e moderna contêm os princípios eternos do evangelho. Vocês devem conhecer bem a profecia de Isaías: “Então serás abatida, falarás de debaixo da terra, e a tua fala desde o pó sairá fraca, e será a tua voz debaixo da terra, como a de um que tem espírito familiar, e a tua fala assobiará desde o pó”. (Isaías 29:4)

Poderia haver melhores palavras para descrever o Livro de Mórmon do que dizer que ele falaria “debaixo da Terra” a fim de “[assobiar] desde o pó” para as pessoas de nossos dias?

Outras passagens do Velho Testamento prenunciaram a chegada do Livro de Mórmon. Uma delas veio-me à mente quando participei de uma reunião de oração em janeiro de 1997 na Casa Branca, em Washington, D.C. Durante uma recepção informal que antecedeu o desjejum, eu estava conversando com um rabino judeu muito conhecido e erudito de Nova York. Nossa conversa foi interrompida por outro rabino, que perguntou a seu colega de Nova York se ele se lembrava da passagem que fazia referência à vara de Judá e à vara de José, que um dia se tornariam uma só. Meu amigo fez uma pausa, segurou o queixo com ar pensativo e respondeu: “Acho que está no livro de Ezequiel”.

Nesse momento, não consegui conter-me. “Tente o capítulo 37 de Ezequiel”, intervim. “Lá está a escritura que o senhor está procurando.”

Meu amigo rabino, muito surpreso, perguntou: “Como sabe disso?”

“Essa doutrina”, respondi, “é importantíssima em nossa teologia.” E é mesmo. Gostaria de citá-la:

“Tu, pois, o filho do homem, toma um pedaço de madeira, e escreve nele: Por Judá e pelos filhos de Israel, seus companheiros. E toma outro pedaço de madeira, e escreve nele: Por José, vara de Efraim, e por toda a casa de Israel, seus companheiros.

E ajunta um ao outro, para que se unam, e se tornem uma só vara na tua mão.” (Ezequiel 37:16–17)

Os santos da Israel moderna em todo o mundo contam com a bênção de ter a Bíblia e o Livro de Mórmon como um único volume em suas mãos. Jamais devemos subestimar o valor desse privilégio. Isaías descreveu o espírito do Livro de Mórmon como “familiar”. (Ver Isaías 29:4.) Isso tem significado especial para as pessoas que conhecem o Velho Testamento, principalmente as que têm intimidade com o idioma hebraico. O Livro de Mórmon é pródigo em hebraísmos — tradições, simbolismos, expressões idiomáticas e figuras literárias. É familiar porque mais de 80 por cento de suas páginas provêm do mesmo período histórico que partes do Velho Testamento.

As verdades e princípios eternos do evangelho foram e são importantes para o povo da Israel antiga e moderna. O Dia do Senhor, por exemplo, foi honrado por diferentes motivos no decorrer das gerações. Da época de Adão até Moisés, o Dia do Senhor foi observado como um dia de descanso dos trabalhos da criação. (Ver Êxodo 20:8–11; 31:16–17.) Da época de Moisés até a Ressurreição do Senhor, o Dia do Senhor também comemorava a libertação dos israelitas de seu cativeiro no Egito. (Ver Deuteronômio 5:12–15; Isaías 58:13; Ezequiel 20:20; 44:24; Mosias 13:19.) Nos últimos dias, os santos honraram o Dia do Senhor em lembrança da Expiação de Jesus Cristo. (Ver Atos 20:7; I Coríntios 16:2; Apocalipse 1:10; D&C 59:9–19.)

A restauração do sacerdócio reforçou o princípio do dízimo, aludindo aos ensinamentos do Velho Testamento contidos em Gênesis e Malaquias. (Ver Gênesis 14:20; Malaquias 3:8–12.) Os santos da Israel moderna sabem calcular seu próprio dízimo com base numa instrução bastante simples: “E depois disso, os que assim tiverem pagado o dízimo pagarão a décima parte de toda a sua renda anual; e isto será uma lei permanente para eles, para meu santo sacerdócio, diz o Senhor”. (D&C 119:4)

Ainda falando das verdades eternas do evangelho, nenhuma é mais vital do que as relacionadas à adoração no templo. Elas são outro elo entre a Israel antiga e moderna.

Sempre que teve um povo na Terra obediente à Sua palavra, o Senhor deu-lhe o mandamento de construir templos para que fossem administradas as ordenanças do evangelho e outras manifestações espirituais pertinentes à exaltação e à vida eterna. (Ver o Guia para Estudo das Escrituras, “Templo, a Casa do Senhor”, p. 205.)

O templo mais conhecido da antiga Israel é o de Salomão. Sua fonte batismal e oração dedicatória constituem modelos usados nos templos ainda hoje. (Ver II Crônicas 4:15; 6:12–42; D&C 109.) As escrituras do Velho Testamento fazem referência a vestes especiais (ver Êxodo 28:4; 29:5; Levítico 8:7; I Samuel 18:4) e ordenanças (ver Êxodo 19:10, 14; II Samuel 12:20; Ezequiel 16:9) relacionadas aos templos. (Ver D&C 124:37–40.) Como somos gratos pelo fato de o Senhor ter decidido restaurar as bênçãos mais elevadas do sacerdócio a Seus filhos e filhas fiéis. Ele disse: “Pois digno-me revelar a minha igreja coisas que têm sido mantidas ocultas desde antes da fundação do mundo, coisas pertinentes à dispensação da plenitude dos tempos”. (D&C 124:41)

A verdade revelada que chamamos de Palavra de Sabedoria foi recebida pelo Profeta Joseph Smith em 1833. Todos os santos dos últimos dias a conhecem como um dos traços característicos de nossa Igreja. O versículo final dessa revelação constitui outro elo com a antiga Israel: “E eu, o Senhor, faço-lhes uma promessa de que o anjo destruidor passará por eles, como os filhos de Israel, e não os matará”. (D&C 89:21) Essa alusão à Páscoa mostra que o Senhor queria que os santos obedientes da Israel moderna recebessem a mesma proteção física e espiritual que Ele havia concedido aos seguidores fiéis no passado.

O Convênio, a Dispersão E a Coligação

Outros ensinamentos divinos reverenciados por ambas as sociedades incluem a doutrina do convênio abraâmico e a da dispersão e coligação de Israel. Há cerca de 4.000 anos, Abraão recebeu do Senhor a promessa de que seriam oferecidas bênçãos a toda a sua posteridade mortal. (Ver D&C 132:29–50; Abraão 2:6–11.) Entre outras, estavam incluídas as promessas de que o Filho de Deus nasceria por meio de sua linhagem, de que certas terras seriam herdadas por sua posteridade e de que as nações e tribos da Terra seriam abençoadas por meio de sua semente. Afirmações e reafirmações desse convênio permeiam o Velho Testamento. (Ver Gênesis 26:1–4, 24, 28; 35:9–13; 48:3–4.)

Embora certos aspectos desse convênio já se tenham cumprido, muitos ainda não foram. O Livro de Mórmon ensina que nós, da Israel moderna, estamos entre o povo do convênio do Senhor. (Ver 1 Néfi 14:14; 15:14; 2 Néfi 30:2; Mosias 24:13; 3 Néfi 29:3; Mórmon 8:15.) E o mais notável é que ele ensina que o convênio abraâmico será integralmente cumprido apenas nos últimos dias! (Ver 1 Néfi 15:12–18.) O Senhor mais uma vez conferiu o convênio abraâmico, dessa vez ao Profeta Joseph Smith, para ser uma bênção para ele e sua posteridade por seu intermédio. (Ver D&C 124:58.)

Sabiam que Abraão é citado em mais versículos das revelações modernas do que no Velho Testamento?5Abraão — esse grande patriarca do Velho Testamento — está intrinsecamente ligado a todos os que se filiarem à Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.6

As doutrinas relativas à dispersão e coligação da casa de Israel também são algumas das primeiras lições ensinadas no Livro de Mórmon. Em 1 Néfi, lemos: “E depois que a casa de Israel houvesse sido dispersa, ela seria novamente reunida; (…) os ramos naturais da oliveira, ou melhor, os remanescentes da casa de Israel, seriam enxertados, ou seja, viriam a conhecer o verdadeiro Messias, seu Senhor e seu Redentor”. (10:14)

Os santos da Israel moderna sabem que Pedro, Tiago e João foram enviados pelo Senhor com “as chaves de [Seu] reino e uma dispensação do evangelho para os últimos tempos; e para a plenitude dos tempos”, com as quais Ele “[reuniria] todas as coisas, tanto as que estão no céu como as que estão na Terra”. (D&C 27:13; comparar com Efésios 1:10.)

As viagens e tribulações de nossos pioneiros tiveram conseqüências eternas. Sua missão não se restringia a uma imigração internacional ou uma migração transcontinental com carroções e carrinhos de mão. Eles viriam a lançar os alicerces de um trabalho eterno que iria “encher a Terra”. (Joseph Smith, citado em Wilford Woodruff, The Discourses of Wilford Woodruff, sel. por G. Homer Durham [1946], p. 39.) Eles desempenharam um papel fundamental para o cumprimento da profecia de Jeremias: “Ouvi a palavra do Senhor, ó nações, e anunciai-a nas ilhas longínquas, e dizei: Aquele que espalhou a Israel o congregará e o guardará, como o pastor ao seu rebanho”. (Jeremias 31:10)7

A mensagem foi recebida. Foram mandados missionários desde o início para as “ilhas longínquas” para começar a obra do Senhor. O resultado é que a Igreja foi estabelecida nas Ilhas Britânicas e nas ilhas da Polinésia Francesa antes mesmo da chegada dos pioneiros ao vale do Grande Lago Salgado.

A linhagem de José, por meio de Efraim e Manassés, é a semente designada para liderar a coligação de Israel. Os pioneiros sabiam — por meio das bênçãos patriarcais e do Velho Testamento, além das escrituras e revelações da Restauração — que a tão esperada coligação de Israel se iniciaria com eles. Cabia a eles, portanto, fazê-la acontecer.

Resumo

Os primeiros conversos de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias foram os pioneiros da Israel moderna. A despeito da época ou do lugar em que os santos vivam, todos os membros fiéis da Igreja receberão a recompensa que merecerem. “Todas as coisas são suas, seja a vida ou a morte, as coisas presentes ou as coisas futuras, todas são deles e eles são de Cristo e Cristo é de Deus.” (D&C 76:59)

A Israel antiga e a moderna seguem uma mensagem eterna do Velho Testamento: “Saberás, pois, que o Senhor teu Deus (…) guarda a aliança e a misericórdia até mil gerações aos que o amam e guardam os seus mandamentos”. (Deuteronômio 7:9)8

Sobre nossos ombros recai a responsabilidade de conservar a fé em nossa própria geração. Compete apenas a nós fazê-lo! Nós, da Israel moderna, somos destinados a ser “um reino sacerdotal e o povo santo”. (Êxodo 19:6) Sabemos que somos filhos do convênio. (Ver Atos 3:25; 3 Néfi 20:25–26.) Somos remanescentes da semente que agora será coligada e recolhida nos celeiros eternos de Deus. (Ver Alma 26:5.)

Como santos da Israel moderna, falamos com uma só voz. Amamos a nosso Pai Celestial. Amamos ao Senhor Jesus Cristo, o Filho do Pai Celestial. Somos Seu povo. Tomamos Seu santo nome sobre nós. Sabemos que o Livro de Mórmon é a palavra de Deus e usamo-lo ao lado da Bíblia, como um só. Proclamamos que Joseph Smith é o grande Profeta da Restauração. E apoiamos o Presidente Gordon B. Hinckley como o profeta ungido por Deus hoje.

De um discurso proferido em serão do Sistema Educacional da Igreja realizado na Universidade Brigham Young em 7 de setembro de 1997.

Notas

  1. Acerca do papel de Brigham Young nesse êxodo, o Presidente Spencer W. Kimball (1895–1985) escreveu: “Desde Adão, houve êxodos e terras prometidas: Abraão, Jarede, Moisés, Leí e outros estiveram à frente de grupos. Como é fácil aceitar o fato de que homens de épocas distantes eram guiados pelo Senhor e considerar que aqueles mais perto de nós são meros humanos, incapazes de ações inspiradas. Pensemos por alguns instantes na prodigiosa jornada dos refugiados mórmons do Illionis para o vale do Lago Salgado. Poucos movimentos se comparam a esse, se é que se comparam. Costumamos ouvir que Brigham Young conduziu o povo para que desbravasse novos caminhos num deserto, escalasse montanhas raramente exploradas, cruzasse rios sem pontes e atravessasse territórios habitados por indígenas hostis. E embora Brigham Young tenha sido o instrumento do Senhor, não foi ele, mas o Senhor do céu que levou a Israel moderna a atravessar as planícies rumo à terra prometida”. (Faith Precedes the Miracle [1972], p. 28)

  2. Para os antigos israelitas, ver Êxodo 3:8, 17; 13:5; 33:3; Levítico 20:24; Números 13:27; 14:8; Deuteronômio 6:3; 11:9; 26:9, 15; 27:3; 31:20; Josué 5:6; Jeremias 11:5; 32:22; Ezequiel 20:6, 15; Tradução de Joseph Smith, Êxodo 33:1. Para os pioneiros, ver D&C 38:18–19.

  3. Uma pintura a óleo que retrata esse acontecimento é Pegando Codornizes, de C. C. A. Christensen, em exposição no Museu de Arte da Universidade Brigham Young.

  4. As ordenanças e convênios da antiga Israel são citados em I Coríntios 10:1–3; para os da Israel moderna, ver D&C 84:26–27. O tabernáculo da antiga Israel fora concebido como um templo móvel antes de o povo perder a lei maior. (Ver D&C 84:25; 124:38.)

  5. Abraão é citado em 506 versículos das escrituras, 289 das quais nas revelações modernas.

  6. O convênio também pode ser recebido por adoção. (Ver Mateus 3:9; Lucas 3:8; Gálatas 3:27–29; 4:5–7.)

  7. A palavra inglesa para coligar está relacionada ao verbo hebraico qabats, que significa “reunir, congregar”.

  8. Ver também Deuteronômio 11:1, 27; 19:9; 30:16; Josué 22:5; I João 5:2–3; Mosias 2:4. Outras escrituras do Velho Testamento fazem referência a recompensas para aqueles que obedecerem aos mandamentos de Deus ao longo de “mil gerações”. (Ver I Crônicas 16:15; Salmos 105:8.)