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23 Toda armadilha


“Toda armadilha”, capítulo 23 de Santos: A História da Igreja de Jesus Cristo nos Últimos Dias, Volume 1, O Estandarte da Verdade, 1815–1846, 2018

Capítulo 23: “Toda armadilha”

Capítulo 23

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Nota promissória

Toda armadilha

Jonathan Crosby trabalhou em sua casa nova em Kirtland durante o outono de 1836. Em novembro, ele já havia erguido as paredes e colocado o teto, mas a casa ainda tinha um piso inacabado e nenhuma janela ou porta. Como o bebê chegaria em breve, Caroline insistia para que ele terminasse a casa o mais rápido possível. As coisas corriam bem com a proprietária da casa, a irmã Granger, mas Caroline estava ansiosa para sair dos aposentos apertados e ir para sua própria casa.1

Enquanto Jonathan trabalhava rapidamente para tornar a casa habitável antes de o bebê nascer, os líderes da Igreja anunciaram seus planos para começar a Sociedade de Previdência de Kirtland, um banco de vila criado para impulsionar a economia em dificuldades de Kirtland e arrecadar dinheiro para a Igreja. Como outros bancos pequenos nos Estados Unidos, ele fornecia empréstimos aos mutuários para que pudessem comprar propriedades e bens, ajudando assim a economia local a crescer. À medida que os mutuários pagavam esses empréstimos com juros, o banco gerava lucro.2

Os empréstimos seriam emitidos na forma de notas promissórias garantidas pela reserva limitada de moedas de prata e ouro da Sociedade de Previdência. Para criar essa reserva de dinheiro vivo, o banco vendia ações para investidores, que se comprometiam a fazer os pagamentos de suas ações em longo prazo.3

No início de novembro, a Sociedade de Previdência de Kirtland tinha mais de 30 acionistas, inclusive Joseph e Sidney, que investiram grande parte de seu próprio dinheiro no banco.4 Os acionistas elegeram Sidney como presidente da instituição e Joseph como tesoureiro, tornando-o responsável pelas contas do banco.5

Com os planos para o banco prontos, Oliver foi para o Leste para comprar materiais para imprimir as notas promissórias e Orson Hyde foi pedir uma licença da assembleia legislativa do estado para que eles pudessem operar o banco legalmente. Enquanto isso, Joseph pediu a todos os santos que investissem na Sociedade de Previdência, citando escrituras do Velho Testamento que exortavam os antigos israelitas a levar seu ouro e sua prata para o Senhor.6

Joseph sentiu que Deus aprovava seus esforços e prometeu que tudo ficaria bem se os santos obedecessem aos mandamentos do Senhor.7 Confiando nas palavras do profeta, mais santos investiram na Sociedade de Previdência embora outros eram mais cuidadosos com relação à compra de ações de uma instituição inexperiente. A família Crosby pensou em comprar ações, mas o alto custo da construção de sua casa os deixou sem dinheiro de sobra.8

Por volta do início de dezembro, Jonathan finalmente instalou janelas e portas na casa, e ele e Caroline se mudaram. O interior da casa ainda estava inacabado, mas eles tinham um bom fogão para mantê-los aquecidos e alimentados. Jonathan também cavou um poço nas proximidades de onde eles poderiam retirar água facilmente.

Caroline estava feliz por ter seu próprio lar e, em 19 de dezembro, ela deu à luz um menino saudável enquanto uma forte nevasca rodopiava do lado de fora.9


O inverno envolveu Kirtland e, em janeiro de 1837, a Sociedade de Previdência de Kirtland abriu suas portas para os negócios.10 No primeiro dia, Joseph emitiu notas novinhas, recém-tiradas da tipografia, com o nome da instituição e sua assinatura na parte da frente.11 À medida que mais santos faziam empréstimos, muitas vezes usando suas terras como garantia, as notas começaram a circular em torno de Kirtland e de outros lugares.12

Phebe Carter, que havia se mudado recentemente do nordeste dos Estados Unidos para Kirtland, não investiu na Sociedade de Previdência nem fez um empréstimo. Mas ela se beneficiou da prosperidade prometida. Ela tinha quase 30 anos, era solteira e não tinha família em Kirtland para se apoiar. Assim como outras mulheres em sua situação, ela tinha poucas opções de emprego, mas conseguia ganhar uma quantia modesta costurando e dando aulas, como fizera antes de se mudar para Ohio.13 Se a economia de Kirtland melhorasse, as pessoas teriam mais dinheiro para gastar em roupas novas e educação.

Para Phebe, porém, a decisão de vir para Kirtland tinha sido espiritual, não econômica. Seus pais se opuseram ao seu batismo e, depois de anunciar seus planos de se reunir com os santos, sua mãe protestou. Ela disse: “Phebe, você vai voltar para mim se descobrir que o mormonismo é falso?”

“Sim, mãe, vou”, prometeu Phebe.14

Mas ela sabia que havia encontrado o evangelho restaurado de Jesus Cristo. Alguns meses depois de chegar em Kirtland, ela recebeu uma bênção patriarcal de Joseph Smith Sênior, que lhe assegurou grandes recompensas na Terra e no céu. “Seja consolada, pois os teus problemas acabaram”, disse-lhe o Senhor. “Terás uma vida longa e verás dias bons.”15

A bênção confirmou os sentimentos que Phebe teve quando deixou sua casa. Sentindo-se muito triste para se despedir pessoalmente, ela escreveu uma carta e a deixou na mesa da família. “Não fiquem preocupados com sua filha”, dizia a carta. “Creio que o Senhor vai cuidar de mim e me dará o que for melhor.”16

Phebe tinha fé nas promessas de sua bênção patriarcal. Sua benção dizia que ela seria mãe de muitos filhos e se casaria com um homem com sabedoria, conhecimento e entendimento.17 Mas até então Phebe não tinha perspectivas de casamento e sabia que era mais velha do que a maioria das mulheres que se casaram e começaram a ter filhos.

Certa noite, em janeiro de 1837, Phebe estava visitando amigos quando ela conheceu um homem de cabelos escuros e olhos azuis claros. Ele era alguns dias mais velho do que ela e havia retornado recentemente a Kirtland depois de marchar com o Acampamento de Israel e servir missão no sul dos Estados Unidos.

Seu nome, ela ficou sabendo, era Wilford Woodruff.18


Durante o inverno, os santos de Kirtland continuaram a pedir emprestado grandes somas de dinheiro para comprar propriedade e bens. Os empregadores, às vezes, pagavam os trabalhadores com notas promissórias, que podiam ser usadas como papel-moeda ou resgatadas por dinheiro vivo no escritório da Sociedade de Previdência de Kirtland.19

Logo depois que a Sociedade de Previdência começou a funcionar, um homem chamado Grandison Newell começou a acumular notas promissórias. Residente de longa data de uma cidade vizinha, Grandison odiava Joseph e os santos. Ele tinha desfrutado de algum destaque no condado até a chegada dos santos e agora ele frequentemente procurava maneiras, legais ou não, de persegui-los.20

Se os membros da Igreja o procurassem para pedir emprego, ele se recusava a contratá-los. Se os missionários pregassem perto de sua casa, ele organizava um grupo de homens para lhes atirar ovos. Quando o Dr. Philastus Hurlbut começou a reunir declarações caluniosas contra Joseph, Grandison ajudou a financiar seu trabalho.21

No entanto, apesar de seus esforços, os santos continuaram se reunindo na região.22

A abertura da Sociedade de Previdência de Kirtland deu a Grandison uma nova oportunidade de ataque. Preocupado com o crescente número de bancos em Ohio, a assembleia legislativa do estado se recusou a conceder uma licença a Orson Hyde. Sem essa autorização, a Sociedade de Previdência não poderia se considerar um banco, mas ainda poderia receber depósitos e conceder empréstimos. Seu sucesso dependia de os acionistas fazerem os pagamentos de suas ações para que a instituição pudesse manter suas reservas. No entanto, poucos acionistas tinham dinheiro vivo suficiente para fazer isso e Grandison suspeitava que as reservas da Sociedade de Previdência eram pequenas demais para mantê-la por muito tempo.23

Na esperança de o negócio entrar em colapso se um número suficiente de pessoas resgatasse as notas por moedas de ouro ou prata, Grandison viajou pelo interior comprando notas da Sociedade de Previdência.24 Ele então levou sua pilha de notas promissórias para o escritório da Sociedade de Previdência e exigiu dinheiro em troca. Se eles não fizessem a troca, ele ameaçou apresentar uma acusação formal.25

Encurralados, Joseph e os líderes da Sociedade de Previdência não tinham escolha senão trocar as notas e esperar por mais investidores.


Embora tivesse pouco dinheiro, Wilford Woodruff comprou 20 cotas de ações da Sociedade de Previdência de Kirtland.26 Seu bom amigo Warren Parrish era o secretário da Sociedade de Previdência. Wilford tinha viajado para o Oeste com Warren e sua esposa, Betsy, como parte do Acampamento de Israel. Após a morte de Betsy no surto de cólera, Warren e Wilford serviram missão juntos antes de Warren retornar a Kirtland e se tornar escrevente e amigo de confiança de Joseph.27

Desde sua missão, Wilford havia mudado de lugar para lugar, muitas vezes vivendo da bondade de amigos como Warren. Mas, depois de conhecer Phebe Carter, ele começou a pensar em casamento, e investir na Sociedade de Previdência seria uma maneira de ele se estabelecer financeiramente antes de iniciar uma família.

No final de janeiro, no entanto, a Sociedade de Previdência estava enfrentando uma crise. Enquanto Grandison Newell estava tentando aniquilar suas reservas, os jornais da região publicavam artigos dando margem a dúvidas sobre sua legitimidade. Como outros em todo o país, alguns santos também especularam com terras e bens, na esperança de enriquecerem com pouco esforço. Outros ignoraram o pagamento exigido de suas ações. Em pouco tempo, muitos trabalhadores e empresas em Kirtland e arredores se recusaram a aceitar as notas promissórias da Sociedade de Previdência.28

Temendo o fracasso, Joseph e Sidney fecharam temporariamente a Sociedade de Previdência e viajaram para outra cidade para tentar fazer parceria com um banco já estabelecido.29 Mas o mau começo da Sociedade de Previdência havia abalado a fé de muitos membros da Igreja, levando-os a questionar a liderança espiritual do profeta que estimulou o investimento.30

No passado, o Senhor revelara escritura por intermédio de Joseph, tornando mais fácil para eles exercer a fé de que ele era um profeta de Deus. Mas, quando as declarações de Joseph sobre a Sociedade de Previdência não se cumpriram e os investimentos deles começaram a desaparecer, muitos santos ficaram preocupados e criticaram Joseph.

Wilford continuou a confiar que a Sociedade de Previdência seria bem-sucedida. Depois que o profeta se associou a outro banco, ele retornou a Kirtland e respondeu às reclamações de seus críticos.31 Mais tarde, na conferência geral da Igreja, Joseph falou aos santos sobre por que a Igreja tomou dinheiro emprestado e estabeleceu instituições como a Sociedade de Previdência.

Os membros da Igreja haviam começado o trabalho dos últimos dias pobres e desamparados, ele lhes lembrou, porém o Senhor lhes ordenara que sacrificassem seu tempo e seus talentos para se unirem a Sião e construir um templo. Esses esforços, embora caros, foram vitais para a salvação dos filhos de Deus.32 Para levar adiante a obra do Senhor, os líderes da Igreja tinham que encontrar uma maneira de financiá-la.

Ainda assim, Joseph lamentou o quanto deviam aos credores. “Estamos em dívida com eles, com certeza, mas nossos irmãos no exterior só precisam vir com seu dinheiro”, admitiu ele. Ele acreditava que, se os santos se reunissem em Kirtland e consagrassem suas propriedades ao Senhor, isso contribuiria muito para aliviar a Igreja de sua carga de dívida.33

Enquanto Joseph falava, Wilford sentiu o poder de suas palavras. “Oh, que elas possam ser escritas em nosso coração como se fosse com uma caneta de ferro”, pensou ele, “para permanecerem para sempre e assim podermos aplicá-las em nossa vida”. Ele se perguntava como alguém poderia ouvir o profeta falar e ainda duvidar de que ele havia sido chamado por Deus.34

No entanto, as dúvidas persistiram. Até meados de abril, as condições econômicas de Kirtland pioraram quando uma crise financeira assolou a nação. Anos de empréstimos excessivos enfraqueceram os bancos na Inglaterra e nos Estados Unidos, causando medo generalizado do colapso econômico. Os bancos cobraram as dívidas e alguns pararam totalmente de conceder empréstimos. O pânico logo se espalhou de cidade em cidade enquanto os bancos fechavam, os negócios fracassavam e o desemprego disparava.35

Nesse clima econômico, uma instituição com problemas como a Sociedade de Previdência de Kirtland tinha poucas chances. Joseph não podia fazer muito para resolver o dilema, contudo alguns achavam mais fácil culpá-lo do que culpar a crise financeira nacional.

Logo os credores estavam perseguindo Joseph e Sidney constantemente. Um homem impetrou uma ação contra eles devido a uma dívida não paga, e Grandison Newell trouxe falsas acusações criminais contra Joseph, alegando que o profeta estava conspirando contra ele. A cada dia que passava, o profeta ficava mais preocupado com a possibilidade de ser preso ou morto.36

Wilford e Phebe agora estavam noivos, e haviam pedido a Joseph que os casasse. Mas, no dia do casamento deles, Joseph não estava em lugar nenhum, deixando Frederick Williams para realizar a cerimônia.37


Logo após o desaparecimento de Joseph, Emma recebeu uma carta dele, assegurando-lhe que estava em segurança.38 Ele e Sidney haviam fugido de Kirtland, distanciando-se daqueles que desejavam prejudicá-los. Sua localização era secreta, mas Newel Whitney e Hyrum sabiam como entrar em contato com eles e os aconselhavam de longe.39

Emma sabia dos perigos que Joseph enfrentava. Quando sua carta chegava, alguns homens — provavelmente amigos de Grandison Newell — examinavam o carimbo do correio, tentando saber onde ele estava. Outros espionavam sua loja, que estava em dificuldades.

Embora Emma continuasse otimista, ela se preocupava com as crianças. O filho deles de um ano, Frederick, era muito jovem para entender o que estava acontecendo, mas Julia, de 6 anos, e Joseph, de 4 anos, ficaram ansiosos quando souberam que o pai não viria logo para casa.40

Emma sabia que ela tinha que confiar no Senhor, principalmente agora que muitas pessoas em Kirtland estavam começando a duvidar e desacreditar. “Se eu não tivesse mais confiança em Deus do que alguns que posso nomear, eu seria um caso triste de fato”, Emma escreveu a Joseph no final de abril. “Mas ainda acredito que, se nos humilharmos e formos tão fiéis quanto pudermos, seremos libertos de toda armadilha que possa ser colocada aos nossos pés.”41

Mesmo assim, ela temia que os credores de Joseph aproveitassem sua ausência para se apoderarem de qualquer posse ou dinheiro que pudessem. “Para mim, é impossível fazer qualquer coisa, já que todos têm muito mais direito do que eu a tudo o que dizem ser teu”, lamentou ela.

Emma estava pronta para que ele voltasse para casa. Havia poucas pessoas em quem ela confiava agora e ela estava relutante em dar qualquer coisa a alguém que não ajudasse a pagar as dívidas de Joseph. E, para piorar a situação, ela temia que seus filhos tivessem sido expostos ao sarampo.

“Gostaria que fosse possível você ficar em casa quando eles estivessem doentes”, escreveu ela. “Você precisa se lembrar deles, porque todos se lembram de você.”42


Em meio a essa turbulência, Parley e Thankful retornaram a Kirtland para o nascimento de seu bebê. Como Heber havia profetizado, Thankful deu à luz um menino, a quem deram o nome de Parley. Mas ela sofreu muito durante o trabalho de parto e morreu poucas horas depois. Não podendo cuidar de seu filho recém-nascido sozinho, Parley o colocou nos braços de uma mulher que podia amamentar o bebê e voltou para o Canadá. Ali ele começou a planejar uma missão para a Inglaterra com a ajuda de membros como Joseph Fielding, que tinha escrito sobre o evangelho restaurado aos amigos e parentes do outro lado do oceano.43

Depois de terminar sua missão no Canadá, Parley voltou para Ohio e se casou com uma jovem viúva em Kirtland chamada Mary Ann Frost. Ele também recebeu uma carta de Thomas Marsh, o presidente do Quórum dos Doze Apóstolos, pedindo que ele adiasse a missão para a Inglaterra até que os apóstolos pudessem se reunir como quórum naquele verão em Kirtland.44

Enquanto Parley esperava que os outros apóstolos se reunissem, Joseph e Sidney voltaram para Kirtland e tentaram resolver suas dívidas e aliviar as tensões entre os membros da Igreja.45

Alguns dias depois, Sidney visitou Parley e lhe disse que viera cobrar uma dívida vencida. Algum tempo antes, Joseph havia emprestado 2 mil dólares a Parley para comprar algumas terras em Kirtland. Para reduzir suas próprias dívidas, Joseph vendeu a dívida de Parley para a Sociedade de Previdência, e Sidney agora estava cobrando o dinheiro.

Parley disse a Sidney que ele não tinha os 2 mil dólares, mas se ofereceu para devolver as terras como forma de pagamento. Sidney lhe disse que ele teria que desistir de sua casa, bem como das terras, para pagar a dívida.46

Parley se sentiu ofendido. Quando Joseph lhe vendeu as terras pela primeira vez, disse a Parley que ele não seria prejudicado no negócio. E o que dizer da bênção de Heber Kimball prometendo-lhe inúmeras riquezas e ausência de dívidas? Então Parley sentiu como se Joseph e Sidney estivessem tirando tudo o que ele possuía. Se ele perdesse suas terras e seu lar, o que ele e sua família fariam?47

No dia seguinte, Parley enviou uma carta furiosa a Joseph. “Estou plenamente convencido de que toda a cena de especulação em que estamos envolvidos é do diabo, o que deu origem a mentir, enganar e se aproveitar do próximo”, escreveu ele. Parley disse a Joseph que ele ainda acreditava no Livro de Mórmon e em Doutrina e Convênios, mas ele estava transtornado pelas ações do profeta.

Ele exigiu que Joseph se arrependesse e aceitasse as terras como o pagamento da dívida. Caso contrário, ele teria que tomar medidas legais.

“Estarei sob a dolorosa necessidade de prestar queixa contra você por extorsão, cobiça e por se aproveitar de seu irmão”, advertiu ele.48


Em 28 de maio, poucos dias após Parley enviar a carta para Joseph, Wilford Woodruff foi ao templo para uma reunião de domingo. Enquanto a discórdia aumentava em Kirtland, Wilford continuava sendo um dos maiores aliados de Joseph. Mas Warren Parrish, que havia trabalhado lado a lado com Joseph durante anos, começou a criticar o profeta por seu papel na crise financeira e estava se tornando rapidamente um líder dos dissidentes.

Wilford orou para que o espírito de discórdia na Igreja se dissipasse.49 Mas ele não ficaria em Kirtland por muito mais tempo para ajudar. Pouco tempo antes, ele havia sido inspirado a levar o evangelho para as Ilhas Fox, na costa nordeste do estado do Maine, perto da casa dos pais de Phebe. Ele esperava que, no caminho, ele tivesse a oportunidade de ensinar o evangelho a seus próprios pais e sua irmã mais nova. Phebe se juntaria a ele para conhecer sua família e levá-lo mais ao norte para conhecer a dela.50

Wilford estava muito ansioso para estar com a família, mas não conseguia evitar sua preocupação com Joseph e a situação da Igreja em Kirtland. Tomando um assento no templo, ele viu Joseph ao púlpito. Em face a tanta oposição, o profeta parecia abatido. Ele havia perdido milhares de dólares na crise da Sociedade de Previdência, muito mais do que qualquer outra pessoa.51 E, ao contrário de muitos outros, ele não abandonou a instituição quando ela começou a fracassar.

Olhando para a congregação, Joseph se defendeu de seus críticos, falando em nome do Senhor.

Enquanto Wilford ouvia, ele pôde ver que o poder e o Espírito de Deus repousavam sobre Joseph. Ele também sentiu o poder descer sobre Sidney e os outros que foram ao púlpito e testificaram a respeito da integridade de Joseph.52 Mas, antes do encerramento da reunião, Warren se levantou e denunciou Joseph na frente da congregação.

O coração de Wilford ficou apertado ao ouvir o discurso inflamado. “Oh, Warren, Warren”, lamentou ele.53

Notas

  1. Jonathan Crosby, Autobiography [Autobiografia], p. 15; Caroline Barnes Crosby, Reminiscences [Memórias], pp. 53–54; ver também Lyman e outros, No Place to Call Home [Nenhum Lugar para Chamar de Lar], p. 46.

  2. Historical Introduction to Constitution of the Kirtland Safety Society Bank [Introdução histórica à constituição do banco da Sociedade de Previdência de Kirtland], 2 de novembro de 1836, em JSP, D5, p. 300; “Parte 5: 5 de outubro de 1836–10 de abril de 1837”, em JSP, D5, pp. 285–290; Staker, Hearken, O Ye People [Escutai, ó Povo], p. 463. Tópico: Sociedade de Previdência de Kirtland.

  3. Kirtland Safety Society Notes [Notas da Sociedade de Previdência de Kirtland], 4 de janeiro–9 de março de 1837, em JSP, D5, pp. 331–340; Staker, Hearken, O Ye People, pp. 463–464; Historical Introduction to Constitution of the Kirtland Safety Society Bank, 2 de novembro de 1836, em JSP, D5, p. 302.

  4. Mortgage to Peter French, Oct. 5, 1836 [Financiamento de Peter French, 5 de outubro de 1836], em JSP, D5, pp. 293–299; Kirtland Safety Society, Stock Ledger, 1836–1837 [Sociedade de Previdência de Kirtland, livro de contabilidade, 1836–1837]; “Parte 5: 5 de outubro de 1836–10 de abril de 1837”, em JSP, D5, pp. 285–286; Staker, Hearken, O Ye People, p. 464.

  5. Historical Introduction to Constitution of the Kirtland Safety Society Bank, 2 de novembro de 1836, em JSP, D5, p. 303; JSP, D5, p. 304, nota 91; “Minutes of a Meeting” [Ata de uma reunião], LDS Messenger and Advocate [Mensageiro e Advogado da Igreja], março de 1837, vol. 3, pp. 476–477; Staker, Hearken, O Ye People, p. 465.

  6. Historical Introduction to Kirtland Safety Society Notes [Introdução histórica às notas da Sociedade de Previdência de Kirtland], 4 de janeiro–9 de março de 1837, em JSP, D5, p. 331; Joseph Smith History, 1838–56, volume B-1, 750 [História de Joseph Smith, 1838–1856, volume B-1, p. 750]; Articles of Agreement for the Kirtland Safety Society Anti-Banking Company, Jan. 2, 1837 [Artigos de contrato da empresa antibancária da Sociedade de Previdência de Kirtland, 2 de janeiro de 1837], em JSP, D5, pp. 324, 329–331; ver também Isaías 60:9, 17; 62:1.

  7. Woodruff, Journal [Diário], 6 de janeiro de 1837.

  8. Jonathan Crosby, Autobiography, pp. 14–15.

  9. Caroline Barnes Crosby, Reminiscences, p. 39.

  10. “Parte 5: 5 de outubro de 1836–10 de abril de 1837”, em JSP, D5, p. 286; Kirtland Safety Society Notes, 4 de janeiro–9 de março de 1837, em JSP, D5, pp. 331–335.

  11. Woodruff, Journal, 6 de janeiro de 1837; Kirtland Safety Society Notes, 4 de janeiro–9 de março de 1837, em JSP, D5, pp. 331–340.

  12. Editorial, LDS Messenger and Advocate, julho de 1837, vol. 3, p. 536; Willard Richards to Hepzibah Richards, Jan. 20, 1837 [Willard Richards para Hepzibah Richards, 20 de janeiro de 1837], Levi Richards Family Correspondence [Correspondência da família de Levi Richards], Biblioteca de História da Igreja; Historical Introduction to Mortgage to Peter French [Introdução histórica ao financiamento de Peter French], 5 de outubro de 1836, em JSP, D5, p. 295; “Parte 5: 5 de outubro de 1836–10 de abril de 1837”, em JSP, D5, p. 286; Staker, Hearken, O Ye People, p. 481.

  13. Ulrich, “Leaving Home” [Sair de Casa], p. 451; ver também Kirtland Safety Society, Stock Ledger, 1836–1837.

  14. Tullidge, Women of Mormondom [As Mulheres do Mormonismo], p. 412.

  15. Woodruff, Journal, abril de 1837. Tópico: Bênçãos patriarcais.

  16. Phebe Carter to Family, circa 1836 [Phebe Carter para a família, aprox. 1836], em Wilford Woodruff Collection [Coletânea de Wilford Woodruff], Biblioteca de História da Igreja.

  17. Woodruff, Journal, abril de 1837.

  18. Woodruff, Journal, 10 de abril de 1837.

  19. Staker, Hearken, O Ye People, pp. 481–484.

  20. Hall, Thomas Newell, pp. 132–134; Adams, “Grandison Newell’s Obsession” [A Obsessão de Grandison Newell], pp. 160–163.

  21. “The Court of Common Pleas” [O Tribunal de Apelações Comuns], Chardon Spectator and Geauga Gazette, 30 de outubro de 1835, p. 2; Eber D. Howe, Statement [Declaração de Eber D. Howe], 8 de abril de 1885; Maria S. Hurlbut, Statement [Declaração de Maria S. Hurlbut], 15 de abril de 1885, em Collection of Manuscripts about Mormons [Coletânea de Manuscritos sobre os Mórmons], 1832–1854, Museu de História de Chicago; Adams, “Grandison Newell’s Obsession”, pp. 168–173.

  22. Young, Account Book [Livro contábil], janeiro de 1837; “Our Village” [Nossa vila], LDS Messenger and Advocate, janeiro de 1837, vol. 3, p. 444; Staker, Hearken, O Ye People, p. 482; ver também Agreement with David Cartter, Jan. 14, 1837 [Acordo com David Cartter, 14 de janeiro de 1837], em JSP, D5, pp. 341–343; e Agreement with Ovid Phinney and Stephen Phillips, Mar. 14, 1837 [Acordo com Ovid Phinney e Stephen Phillips, 14 de março de 1837], em JSP, D5, pp. 344–348. Tópico: Oposição no início da Igreja.

  23. An Act to Prohibit the Issuing and Circulating of Unauthorized Bank Paper [Um ato para proibir a emissão e circulação de papel não autorizado de banco], 27 de janeiro de 1816, Statutes of the State of Ohio [Estatutos do Estado de Ohio], pp. 136–139; “Parte 5: 5 de outubro de 1836–10 de abril de 1837”, em JSP, D5, pp. 288–289.

  24. Staker, Hearken, O Ye People, pp. 468–477.

  25. Staker, Hearken, O Ye People, p. 484; JSP, D5, p. 287, nota 19; p. 329, nota 187.

  26. Kirtland Safety Society, Stock Ledger, 219; Staker, Hearken, O Ye People, p. 391.

  27. Woodruff, Journal, 28 de junho de 1835; JSP, D4, p. 72, nota 334; “Parrish, Warren Farr”, Biographical Entry [Lançamento bibliográfico], site Documentos de Joseph Smith, josephsmithpapers.org; ver também Staker, Hearken, O Ye People, pp. 465, 480.

  28. Kimball, “History” [História], pp. 47–48; Staker, Hearken, O Ye People, pp. 482–484; “A New Revelation—Mormon Money” [Uma nova revelação — O dinheiro mórmon], Cleveland Weekly Gazette [Jornal Semanal de Cleveland], 18 de janeiro de 1837, p. 3; “Mormon Currency” [A moeda mórmon], Cleveland Daily Gazette [Jornal Diário de Cleveland], 20 de janeiro de 1837, p. 2; “Rags! Mere Rags!!” [Papéis! Meros papéis!!], Ohio Star [Estrela de Ohio], 19 de janeiro de 1837; Jonathan Crosby, Autobiography, p. 16; Woodruff, Journal, 24 de janeiro e 9 de abril de 1837; “Parte 5: 5 de outubro de 1836–10 de abril de 1837”, em JSP, D5, pp. 287–290.

  29. “Bank of Monroe” [Banco de Monroe], Painesville Republican [O Republicano de Painesville], 9 de fevereiro de 1837, p. 2; “Monroe Bank”, Painesville Telegraph [O Telégrafo de Painesville], 24 de fevereiro de 1837, p. 3; “Kirtland—Mormonism” [Kirtland — Mormonismo], LDS Messenger and Advocate, abril de 1837, vol. 3, pp. 490–491; “Parte 5: 5 de outubro de 1836–10 de abril de 1837”, em JSP, D5, p. 291; Staker, Hearken, O Ye People, pp. 492–501.

  30. Woodruff, Journal, 10 e 17 de janeiro de 1837; 19 de fevereiro de 1837; Charges against Joseph Smith Preferred to Bishop’s Council, May 29, 1837 [Acusações contra Joseph Smith apresentadas ao conselho do bispo, 29 de maio de 1837], em JSP, D5, pp. 393–397.

  31. Woodruff, Journal, 19 de abril de 1837.

  32. Woodruff, Journal, 6 de abril de 1837.

  33. Joseph Smith, Discourse, Apr. 6, 1837 [Joseph Smith, discurso, 6 de abril de 1837], em JSP, D5, pp. 352–357.

  34. Woodruff, Journal, 6 de abril de 1837.

  35. “For the Republican” [Para o republicano], Painesville Republican, 16 de fevereiro de 1837, pp. 2–3; Staker, Hearken, O Ye People, p. 498; “Joseph Smith Documents from October 1835 through January 1838” [Documentos de Joseph Smith de outubro de 1835 a janeiro de 1838], em JSP, D5, p. xxx.

  36. Transcript of Proceedings [Transcrição de processos], 5 de junho de 1837, State of Ohio on Complaint of Newell v. Smith [Estado de Ohio na acusação de Newell v. Smith], condado de Geauga, Ohio, Court of Common Pleas Record Book T [Livro de registros T do Tribunal de Apelações Comuns], pp. 52–53, Geauga County Archives and Records Center [Centro de Registros e Arquivos do Condado de Geauga], Chardon, Ohio; Woodruff, Journal, 30 de maio de 1837; Hall, Thomas Newell, p. 135; Historical Introduction to Letter from Newel K. Whitney [Introdução histórica à carta de Newel K. Whitney], 20 de abril de 1837, em JSP, D5, pp. 367–369.

  37. Woodruff, Journal, 13 de abril de 1837; ver também “The Humbug Ended” [A farsa acabou], Painesville Republican, 15 de junho de 1837, p. 2.

  38. Historical Introduction to Letter from Emma Smith [Introdução histórica à carta de Emma Smith], 25 de abril de 1837, em JSP, D5, p. 371.

  39. Newel K. Whitney to Joseph Smith and Sidney Rigdon, Apr. 20, 1837 [Newel K. Whitney para Joseph Smith e Sidney Rigdon, 20 de abril de 1837], em JSP, D5, p. 370.

  40. Emma Smith to Joseph Smith, Apr. 25, 1837 [Emma Smith para Joseph Smith, 25 de abril de 1837], em JSP, D5, p. 372; Emma Smith to Joseph Smith, May 3, 1837 [Emma Smith para Joseph Smith, 3 de maio de 1837], em JSP, D5, p. 376. Tópico: A família de Joseph e Emma Hale Smith.

  41. Emma Smith to Joseph Smith, Apr. 25, 1837, em JSP, D5, p. 372.

  42. Emma Smith to Joseph Smith, Apr. 25, 1837, em JSP, D5, pp. 375–376. Tópico: Emma Hale Smith.

  43. Woodruff, Journal, 26 de março de 1837; Pratt, Autobiography, pp. 181–183; Givens and Grow, Parley P. Pratt, p. 92.

  44. Pratt, Autobiography, pp. 181–183, 188; condado de Geauga, Ohio, Tribunal de Sucessões, registros de casamento, 1806–1920, volume C, p. 220, 14 de maio de 1837, microfilme 873,464, coletânea de registros dos EUA e do Canadá, Biblioteca de História da Família; Givens and Grow, Parley P. Pratt, pp. 93–95; Thomas B. Marsh and David W. Patten to Parley P. Pratt, May 10, 1837 [Thomas B. Marsh e David W. Patten para Parley P. Pratt, 10 de maio de 1837], em Joseph Smith Letterbook [Livro Litúrgico de Joseph Smith], vol. 2, pp. 62–63.

  45. Pratt, Autobiography, p. 183; Historical Introduction to Notes Receivable from Chester Store [Introdução histórica às notas a receber da Chester Store], 22 de maio de 1837, em JSP, D5, pp. 383–384; Historical Introduction to Letter from Parley P. Pratt [Introdução histórica à carta de Parley P. Pratt], 23 de maio de 1837, em JSP, D5, pp. 386–387.

  46. Historical Introduction to Letter from Parley P. Pratt, 23 de maio de 1837, em JSP, D5, pp. 386–387.

  47. Ver Givens and Grow, Parley P. Pratt, pp. 97–98.

  48. Parley P. Pratt to Joseph Smith, May 23, 1837 [Parley P. Pratt para Joseph Smith, 23 de maio de 1837], em JSP, D5, pp. 389–391. A carta de Parley foi publicada no ano seguinte em um jornal antagônico. Para análise mais detalhada, ver Historical Introduction to Letter from Parley P. Pratt, 23 de maio de 1837, em JSP, D5, pp. 386–389; e Pratt, Autobiography, pp. 183–184.

  49. Woodruff, Journal, 28 de maio de 1831. Tópico: Dissensão na Igreja.

  50. Woodruff, Journal, 31 de maio e 16 de julho de 1837; Woodruff, Leaves from My Journal [Páginas de Meu Diário], p. 26; ver também Ulrich, House Full of Females [Uma Casa Cheia de Mulheres], pp. 17–18. Tópico: Primeiros missionários.

  51. “Joseph Smith Documents from October 1835 through January 1838”, em JSP, D5, p. xxxii.

  52. Woodruff, Journal, 28 de maio de 1837; West, Few Interesting Facts [Alguns Fatos Interessantes], p. 14.

  53. Woodruff, Journal, 28 de maio de 1837.