Conferência Geral
Esperança em Cristo
Conferência Geral de Abril de 2021


Esperança em Cristo

Ansiamos por ajudar todos os que se sentem sozinhos ou deslocados. Gostaria de mencionar sobretudo as pessoas que estão atualmente solteiras.

Irmãos e irmãs, nesta época de Páscoa, nossa atenção se volta à gloriosa Ressurreição de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Lembramo-nos do convite do Salvador: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei.

Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para a vossa alma.

Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve”.1

O convite do Salvador para nos achegarmos a Ele é feito a todos, não apenas para irmos até Ele, mas também para pertencermos à Sua Igreja.

No versículo que precede esse amoroso convite, Jesus ensina que o modo de se alcançar isso é procurar segui-Lo. Ele declarou: “Ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar”.2

Jesus deseja que saibamos que Deus é um Pai Celestial amoroso.

Saber que somos amados por nosso Pai Celestial nos ajudará a saber quem somos e que pertencemos à Sua grande família eterna.

Um artigo da Mayo Clinic observou recentemente: “Sentir-se incluído é muito importante. (…) Quase todos os aspectos de nossa vida se estruturam em torno de pertencermos a algo”. O relatório acrescenta: “Não podemos dissociar nossa saúde física e mental” — e eu acrescentaria nossa saúde espiritual — “da importância de nos sentirmos parte de algo”.3

Na noite anterior ao Seu sofrimento no Getsêmani e à Sua morte na cruz, o Salvador Se reuniu com Seus discípulos para a Última Ceia. Ele lhes disse: “No mundo tereis aflição, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo”.4 Antes do pôr do sol do dia seguinte, Jesus Cristo havia sofrido e “[morrido na cruz] por nossos pecados”.5

Imagino como os homens e as mulheres fiéis que O seguiam devem ter se sentido em Jerusalém quando o sol se pôs e a escuridão e o medo os envolveram.6

Assim como esses antigos discípulos há quase 2 mil anos, muitos de nós também podemos nos sentir solitários de vez em quando. Tenho vivenciado essa solidão desde a morte de minha preciosa esposa, Barbara, há mais de dois anos e meio. Sei o que é estar cercado por familiares, amigos e conhecidos, mas ainda me sentir solitário, porque o amor da minha vida não está mais ao meu lado.

A pandemia da Covid-19 intensificou essa sensação de isolamento e solidão para muitas pessoas. Apesar dos desafios que enfrentamos na vida, podemos, como naquela primeira manhã de Páscoa, despertar para uma nova vida em Cristo, com novas e maravilhosas possibilidades e novas realidades ao nos voltarmos para o Senhor em busca de esperança e acolhimento.

Sinto pessoalmente a dor daqueles que não se sentem incluídos. Ao assistir às notícias do mundo todo, vejo muitas pessoas que parecem estar passando por essa solidão. Creio que é porque talvez elas não saibam que são amadas pelo Pai Celestial e que todos pertencemos à Sua família eterna. Acreditar que Deus nos ama e que somos Seus filhos nos traz consolo e segurança.

Por sermos filhos espirituais de Deus, todos temos origem, natureza e potencial divinos. Cada de um de nós “é um filho (ou uma filha) gerado em espírito por pais celestiais que o amam”.7 Essa é nossa identidade! É quem realmente somos!

Nossa identidade espiritual é aprimorada à medida que entendemos nossas muitas identidades mortais, incluindo a herança étnica, cultural ou nacional.

Esse senso de identidade espiritual e cultural, amor e pertencimento pode inspirar esperança e amor por Jesus Cristo.

Falo de esperança em Cristo não apenas como um pensamento positivo. Na verdade, falo da esperança como uma expectativa que se cumprirá. Tal esperança é essencial para superarmos as adversidades, fomentarmos a resiliência e a força espirituais e sabermos que somos amados por nosso Pai Eterno e que somos Seus filhos que pertencem à Sua família.

Quando temos esperança em Cristo, aprendemos que, ao precisarmos fazer e cumprir convênios sagrados, nossos maiores desejos e sonhos podem se realizar por meio Dele.

O Quórum dos Doze Apóstolos vem se reunindo em espírito de oração e com o desejo de compreender como ajudar todos os que se sentem sozinhos ou deslocados. Ansiamos por ajudar as pessoas que se sentem assim. Gostaria de mencionar sobretudo as pessoas que estão atualmente solteiras.

Irmãos e irmãs, mais da metade dos adultos na Igreja hoje são viúvos, divorciados ou ainda não se casaram. Alguns se perguntam sobre suas oportunidades e seu lugar no plano de Deus e na Igreja. Devemos compreender que a vida eterna não é simplesmente uma questão de estado civil atual, mas de discipulado e de ser “valentes no testemunho de Jesus”.8 A esperança de todos os solteiros é a mesma de todos os membros da Igreja restaurada do Senhor: ter acesso à graça de Cristo por meio da “obediência às leis e ordenanças do Evangelho”.9

Gostaria de lembrar que existem alguns princípios importantes que precisamos entender.

Primeiro, as escrituras e os profetas modernos confirmam que todos os que forem fiéis no cumprimento dos convênios do evangelho terão a oportunidade de exaltação. O presidente Russell M. Nelson ensinou: “No devido tempo e à maneira do Senhor, nenhuma bênção será negada a Seus santos fiéis. O Senhor julgará e recompensará cada pessoa de acordo com seu sincero desejo, bem como suas ações”.10

Segundo, o tempo e a maneira precisos em que as bênçãos da exaltação são concedidas não foram revelados em sua totalidade, mas, apesar disso, elas estão garantidas.11 O presidente Dallin H. Oaks explicou que algumas das circunstâncias “da mortalidade serão corrigidas no Milênio, quando será completado tudo que estiver incompleto no grande plano de felicidade para todos os filhos dignos do Pai”.12

Isso não significa que todas as bênçãos serão adiadas para o Milênio; algumas já foram recebidas e outras continuarão a ser recebidas até esse dia.13

Terceiro, esperar no Senhor implica obediência contínua e progresso espiritual em direção a Ele. Esperar no Senhor não significa simplesmente esperar o tempo passar. Nunca devemos pensar que estamos em uma sala de espera.

Esperar no Senhor significa que devemos agir. Aprendi ao longo dos anos que nossa esperança em Cristo aumenta quando servimos ao próximo. Ao servirmos como Jesus serviu, naturalmente aumentamos nossa esperança Nele.

O crescimento pessoal que podemos alcançar agora enquanto esperamos no Senhor e em Suas promessas é um elemento sagrado e inestimável de Seu plano para cada um de nós. As contribuições que podemos fazer agora para ajudar a edificar a Igreja na Terra e coligar Israel são muito necessárias. O estado civil de uma pessoa nada tem a ver com sua capacidade de servir. O Senhor honra aqueles que servem e esperam Nele com paciência e fé.14

Quarto, Deus oferece a vida eterna a todos os Seus filhos. Todos aqueles que aceitarem a graciosa dádiva do arrependimento oferecida pelo Salvador e viverem Seus mandamentos receberão a vida eterna mesmo que não alcancem todas as suas características e perfeições na mortalidade. Aqueles que se arrependerem constatarão a prontidão do Senhor para perdoar, como Ele assegurou: “Sim, e tantas vezes quantas o meu povo se arrepender, perdoá-lo-ei de suas ofensas contra mim”.15

Em última análise, a capacidade, os desejos e as oportunidades de uma pessoa em questões de arbítrio e escolha, incluindo a dignidade para se receber bênçãos eternas, são questões que somente o Senhor pode julgar.

Quinto, nossa confiança nessas garantias está enraizada em nossa fé em Jesus Cristo, por cuja graça todas as coisas relativas à mortalidade são corrigidas.16 Todas as bênçãos prometidas foram possibilitadas por Ele que, por Sua Expiação, “desceu abaixo de todas as coisas”17 e “[venceu] o mundo”.18 Ele “sentou-se à mão direita de Deus para reclamar do Pai os direitos de misericórdia que tem sobre os filhos dos homens (…); portanto, ele advoga a causa dos filhos dos homens”.19 No fim, “os santos encher-se-ão com sua glória e receberão sua herança”20 como “coerdeiros com Cristo”.21

Nosso desejo é que esses princípios ajudem todos a ter mais esperança em Cristo e um sentimento de pertencimento.

Nunca se esqueçam de que vocês são filhos de Deus, nosso Pai Eterno, agora e para sempre. Ele os ama, e a Igreja quer recebê-los e precisa de vocês. Sim, precisamos de vocês! Precisamos de sua voz, bondade, retidão, talentos e habilidades.

Há muitos anos, falamos de “jovens adultos solteiros”, “jovens adultos” e “adultos”. Essas designações podem ter utilidade administrativa às vezes, mas podem inadvertidamente mudar nossa percepção das outras pessoas.

Existe uma maneira de evitar essa tendência humana que pode nos separar uns dos outros?

O presidente Nelson pediu que nos referíssemos a nós mesmos como membros de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Isso abrange todos nós, não é mesmo?

O evangelho de Jesus Cristo tem o poder de nos unir. Em última análise, somos mais parecidos do que diferentes. Como membros da família de Deus, somos verdadeiramente irmãos e irmãs. Paulo declarou: “E [Deus] de um só sangue fez toda a geração dos homens, para habitar sobre toda a face da terra”.22

A vocês, presidentes de estaca, bispos e líderes dos quóruns e das irmãs, peço que considerem cada membro de sua estaca, ala, quórum ou organização como um membro que pode contribuir e servir em chamados e participar de muitas maneiras.

Todos os membros em nossos quóruns, organizações, alas e estacas têm dons e talentos concedidos por Deus que podem ajudar a edificar Seu reino agora.

Vamos chamar nossos membros que são solteiros para servir, elevar e ensinar. Descartem velhos conceitos e ideias que às vezes contribuíram de maneira não intencional para os sentimentos deles de solidão, exclusão ou inaptidão para o serviço.

Neste fim de semana de Páscoa, presto meu testemunho de nosso Salvador, Jesus Cristo, e da esperança eterna que Ele oferece a mim e a todos os que acreditam em Seu nome. Presto esse testemunho humildemente em Seu sagrado nome, sim, Jesus Cristo. Amém.

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