2000–2009
Boas Tradições
Abril 2008


Boas Tradições

As tradições que estamos criando em nossa família vão ajudar nossos filhos a seguirem os profetas vivos?

Que eu me lembre, meu pai sempre usou um belo anel de rubi na mão esquerda. O anel foi passado para o meu único irmão. Suponho que isso se tornará uma tradição em nossa família — um legado passado de geração em geração. Será uma boa tradição, associada a lembranças queridas.

Cada um de nós tem tradições na família. Algumas são seculares. Outras têm um grande significado. As tradições mais importantes estão ligadas ao modo como vivemos e perdurarão à medida que a vida de nossos filhos for influenciada e moldada. No Livro de Mórmon, lemos a respeito dos lamanitas, que foram fortemente influenciados pelas tradições de seus pais. O rei Benjamim disse que eles eram um povo que não sabia nada sobre os princípios do evangelho: “ou nem sequer [neles acreditavam] quando lhes [eram ensinados], por causa das tradições de seus pais, que não [eram] corretas” (Mosias 1:5).

Que tipo de tradições nós temos? Algumas talvez venham de nossos antepassados e agora as estejamos passando para nossos próprios filhos. Será que elas são o que queremos que sejam? Elas têm como base a retidão e a fé? São principalmente seculares ou eternas em sua natureza? Estamos conscientemente criando boas tradições, ou aceitando passivamente o que a vida nos traz? Nossas tradições estão sendo criadas em resposta às vozes ensurdecedoras do mundo ou influenciadas pela voz mansa e delicada do Espírito? As tradições que estamos criando em nossa família vão ajudar nossos filhos a seguirem os profetas vivos ou tornar isso difícil para eles?

Como devemos determinar quais serão nossas tradições? As escrituras nos dão um excelente padrão. Em Mosias 5:15 lemos: “Portanto, quisera que fôsseis firmes e inamovíveis, sobejando sempre em boas obras.”

Gosto muito dessa frase porque sabemos que as tradições se formam com o tempo, ao repetirmos certas práticas muitas e muitas vezes. Quando somos firmes e inamovíveis em fazer o bem, nossas tradições são firmemente alicerçadas na retidão. Mas tenho uma pergunta. Como determinamos o que é bom ou, melhor dizendo, o que é bom o bastante? Outra escritura que nos dá um pouco mais de informação se encontra em 3 Néfi 6:14. Fala das pessoas “que se haviam convertido à verdadeira fé; e não se afastaram dela, pois eram firmes e constantes e inabaláveis, desejando guardar com todo o empenho os mandamentos do Senhor]”.

Sabemos que nossa conversão à “verdadeira fé” é algo que precede nossa capacidade de permanecer firmes e inamovíveis em guardar os mandamentos. Essa conversão é a firme crença de que Jesus Cristo é nosso Redentor. Um testemunho disso se encontra no Livro de Mórmon, que é um outro testamento de Jesus Cristo. Ele segue lado a lado com a Bíblia em proclamar a divindade e missão de Jesus Cristo, assim como a veracidade do fato de que o Pai Celestial vive. Todos os profetas desses livros sagrados dão seu testemunho pessoal dessas coisas e também ensinam como devemos viver para sermos participantes da Expiação e encontrarmos paz e felicidade.

Há somente uma forma de nos convertermos: é por meio do testemunho do Espírito quando estudamos essas escrituras que testificam de Jesus Cristo. E também quando oramos e jejuamos. Só alcançamos a conversão quando temos um imenso desejo de saber a verdade. Nossa motivação deve ser a de buscar abertamente a verdade, não a de justificar nossas ações encontrando erros nas escrituras, nos ensinamentos dos profetas ou na própria Igreja. Nosso empenho deve ser o de ouvir as interpretações do Espírito, em vez de dar ouvidos ao que o mundo diz. Devemos estar desejosos de abrir a mente e o coração, aceitar a maneira do Senhor e, se necessário, mudar nossa vida. Nossa conversão pessoal virá quando começarmos a viver da forma que o Senhor espera que vivamos, firmes e inamovíveis em guardar todos os mandamentos, não apenas aqueles que são convenientes. Isso então se torna um processo de refinamento ao tentarmos tornar cada dia um pouco melhor que o anterior. Assim, nossas tradições se tornam boas tradições.

Convido todos a refletir por um momento nas tradições que temos em nossa vida e como elas podem afetar nossa família. Nossas tradições quanto à observância do Dia do Senhor, oração familiar, estudo das escrituras em família, serviço e atividade na Igreja, assim como os padrões de respeito e lealdade que temos em casa terão um grande efeito em nossos filhos e no futuro deles. Se a forma como agimos como pais se baseia nos ensinamentos das escrituras e dos profetas modernos, não erraremos. Se, toda vez que tivermos uma dificuldade, nosso coração se voltar primeiro e sempre para o Pai Celestial em busca de orientação, estaremos em local seguro. Se nossos filhos souberem de que lado estamos, e nós sempre estivermos do lado do Senhor, saberemos que estamos fazendo o que é certo.

É importante que trabalhemos continuamente para fazer essas coisas. Não seremos perfeitos nisso, e nossa família nem sempre reagirá positivamente, mas estaremos construindo um alicerce seguro de boas tradições no qual nossos filhos poderão apoiar-se. Eles podem-se apegar-se a esse alicerce quando as coisas ficarem difíceis e voltar para ele caso se desviem do caminho por algum tempo.

No fim da vida, meu pai passou muito mais coisas para nós, seus filhos, do que um anel de rubi. Seu corpo estava velho e cansado, mas na realidade ele foi um pilar de força, um exemplo de retidão e verdade. As tradições que ele manteve na vida nos fortalecem hoje, embora ele não esteja mais conosco. Ele era “firme e inamovível, desejando guardar com todo o empenho os mandamentos do Senhor”.

Podemos fazer isso por nossos filhos? Que legado estamos deixando para eles hoje? Qual será esse legado amanhã? Isso pode começar conosco. O coração e a vida deles estarão repletos de tradições que os ajudarão a aceitar e seguir o Senhor e os profetas modernos? Nós, como famílias, seremos capazes de reivindicar as bençãos prometidas: “para que Cristo, o Senhor Deus Onipotente, possa selar-[nos] como seus, a fim de que [sejamos] levados ao céu e [tenhamos] salvação sem fim e vida eterna” (Mosias 5:15)?

Irmãos e irmãs, sei que podemos! Sei que Deus nos ama e que está esperando para ajudar-nos a nos aproximar Dele. Cada um de nós pode saber que essas coisas são verdadeiras. Sei que são! Sei que Deus vive; Jesus Cristo é Seu Filho e nosso Redentor. O evangelho de Jesus Cristo é verdadeiro; as escrituras contêm o evangelho e testificam do evangelho. Temos um profeta vivo e verdadeiro hoje — o Presidente Thomas S. Monson. Ele foi preparado para liderar a Igreja do Senhor atualmente.

Ao nos tornarmos “firmes e inamovíveis” em guardar os mandamentos do Senhor, asseguraremos as bênçãos do céu para nós e nossa família.

Oro para que sintamos isso fortemente em nosso coração e nossa vida, em nome de Jesus Cristo. Amém.