1990–1999
A Sociedade de Socorro
April 1998


A Sociedade de Socorro

Irmãs, vocês devem parar de pensar que apenas assistem à Sociedade de Socorro e começar a sentir que pertencem a ela!

Meu propósito é dar total apoio à Sociedade de Socorro, encorajando todas as mulheres a entrar para essa organização e freqüentá-la, bem como incentivar os líderes do sacerdócio, em todos os níveis, a ajudá-la de tal modo que ela floresça.

A Sociedade de Socorro recebeu esse nome e foi organizada por profetas e apóstolos que agiam sob inspiração divina. Ela possui uma história ilustre e sempre ofereceu apoio e sustento aos necessitados.

O toque suave das mãos das irmãs curam e encorajam, ao passo que as mãos dos homens, embora bem intencionadas, nunca conseguem fazer o mesmo.

A Sociedade de Socorro inspira as mulheres e ensina-lhes a preencher a vida com as coisas de que necessitam: coisas “amáveis, de boa fama ou louváveis”.1 A Primeira Presidência recomenda que as mulheres freqüentem essa organização “porque no trabalho da Sociedade de Socorro elas encontram valores intelectuais, culturais e espirituais que não encontram em nenhuma outra organização, valores esses suficientes para suprir todas as necessidades corriqueiras de seus membros”.2

A Sociedade de Socorro ajuda as mães a criarem as filhas e a cultivar nos maridos, filhos e irmãos a cortesia e a coragem e, na verdade, todas as virtudes essenciais para fazer do homem uma pessoa digna. É tão benéfico para os homens e rapazes que a Sociedade de Socorro prospere quanto o é para as mulheres e moças.

Há alguns anos, a irmã Packer e eu estávamos na Tchecoslováquia, naquela época, atrás da Cortina de Ferro. Não era fácil conseguir vistos e tomávamos muito cuidado para não comprometer a segurança e bem-estar dos membros que por gerações haviam lutado para manter viva a sua fé sob inefáveis condições de opressão.

A reunião mais memorável de todas deu-se numa sala num segundo andar. As persianas estavam fechadas. Mesmo à noite, as pessoas chegavam em horários diferentes; cada uma vinha de um lugar para não chamar a atenção.

Doze irmãs freqüentavam as reuniões. Cantávamos hinos de Sião extraídos de hinários publicados há mais de cinqüenta anos! Só as letras, sem acompanhamento. A lição de Viver Espiritual, dada com reverência, era tirada de um manual escrito à mão. As poucas páginas de literatura da Igreja que podíamos conseguir para elas eram datilografadas à noite, doze cópias carbono por vez, a fim de compartilhar um pouco das preciosas páginas com o maior número possível de membros.

Eu disse àquelas irmãs que elas pertenciam à maior e, sem dúvida, à mais importante organização feminina da Terra. Citei o Profeta Joseph Smith quando ele e os Irmãos organizaram a Sociedade de Socorro, com as seguintes palavras:

“Agora viro a chave (a seu favor) (…).”

Esta sociedade está organizada “de acordo com a natureza das mulheres (…) Vocês agora estão em posição de poder agir segundo a compaixão que possuem (…).

Se viverem (esses) privilégios, não se poderá impedir que os anjos as acompanhem (…).

Se as irmãs desta Sociedade obedecerem aos conselhos do Deus onipotente, dados por intermédio das autoridades da Igreja, elas terão poder para dar ordens às rainhas que houver em seu meio.”3

O Espírito estava lá. A irmã que dirigia a reunião com reverência e brandura chorou abertamente.

Disse-lhes que quando voltasse aos E.U.A., eu tinha uma designação de falar na conferência da Sociedade de Socorro e perguntei-lhes se poderia transmitir alguma mensagem delas. Várias irmãs escreveram bilhetes; cada frase, sem exceção, foi escrita com intento de dar alguma coisa, não de pedir. Nunca esquecerei o que uma das irmãs escreveu: “Um pequeno círculo de irmãs envia seu amor e seus pensamentos a todas as irmãs e pede ao Senhor que nos ajude a seguir em frente”.

As palavras círculo de irmãs inspiraram-me. Pude vê-las sentadas num círculo maior do que aquela sala, circundando o mundo. Tive a mesma visão que tiveram os apóstolos e profetas de antigamente. A Sociedade de Socorro é mais do que um círculo hoje; ela é como um tecido de renda envolvendo os continentes.

A Sociedade de Socorro trabalha sob a direção do Sacerdócio de Melquisedeque, pois “todas as outras autoridades ou ofícios da igreja são apêndices desse sacerdócio”.4 Ela foi organizada “segundo o padrão do sacerdócio”.5

Vocês, irmãs, podem ficar surpresas em saber que raramente, ou talvez nunca, se discutam as necessidades dos homens nas reuniões dos quóruns do sacerdócio. Eles certamente não estão preocupados com eles próprios. Os irmãos falam sobre o evangelho, o sacerdócio e a família!

Se as irmãs seguirem esse padrão, não ficarão preocupadas com as supostas necessidades das mulheres. Ao servirem sua família e sua organização, todas as necessidades serão atendidas, hoje e na eternidade; toda negligência será eliminada; cada injúria será corrigida, hoje e na eternidade.

Há muitas causas comunitárias que merecem nosso apoio. Algumas são falhas porque corroem aqueles valores essenciais à felicidade familiar. Não se envolvam em nenhuma causa que, na verdade, não preencha suas necessidades. Não se desviem do curso estabelecido pela presidência geral da Sociedade de Socorro. Seu propósito básico é o de ajudar a levar as mulheres e as famílias a Cristo.

Como presidente de missão, fui a uma conferência da Sociedade de Socorro da missão. Nossa presidem te da Sociedade de Socorro, membro relativamente novo, falou algo sobre corrigir certas coisas. Algumas Sociedades de Socorro locais haviam-se desviado das orientações recebidas e ela, então, pediu que as irmãs procurassem se ater mais à direção dada pela presidência geral da Sociedade de Socorro.

Uma irmã na congregação levantou-se e disse com arrogância que elas não iriam seguir seu conselho porque consideravam-se uma exceção. Um tanto constrangida, a presidente virou-se para mim, buscando ajuda. Eu não sabia o que fazer. Eu não estava interessado em enfrentar uma mulher tão rebelde como aquela; por isso, fiz-lhe sinal que continuasse. Em seguida, veio a revelação!

Essa adorável presidente da Sociedade de Socorro, miúda e com uma leve deficiência física, disse com voz bondosa, porém firme: “Querida irmã, não gostaríamos de cuidar primeiro da exceção. Cuidaremos primeiro da regra, depois, veremos a exceção”. As correções foram aceitas.

O conselho dessa irmã é bom para a Sociedade de Socorro, para o sacerdócio e para as famílias. Quando você cria uma regra e coloca a exceção na mesma frase, a exceção será aceita primeiro.

Os irmãos sabem que pertencem ao quórum do sacerdócio. Muitas irmãs, no entanto, pensam que a Sociedade de Socorro é só uma aula a que elas assistem.

O mesmo sentimento de pertencer à Sociedade de Socorro em vez de apenas assistir a uma aula deve ser colocado no coração de cada mulher. Irmãs, vocês devem parar de pensar que apenas assistem à Sociedade de Socorro e começar a sentir que pertencem a ela!

A despeito de todo o poder e autoridade que os homens possam ter e de toda a sabedoria e experiência que acumulem, a segurança da família, a integridade da doutrina, as ordenanças, os convênios e, na verdade, o futuro da Igreja, são também responsabilidade das mulheres. As defesas do lar e da família são muito mais reforçadas quando a esposa, a mãe e as filhas pertencem à Sociedade de Socorro.

Nenhum homem recebe a plenitude do evangelho sem uma mulher a seu lado, pois, nenhum homem, disse o Profeta, pode conseguir a plenitude do sacerdócio sem o templo do Senhor.6 E ela está lá, ao lado dele, naquele local sagrado. Ela compartilha de tudo o que ele recebe. O homem e a mulher recebem individualmente as ordenanças pertencentes à investidura; mas o homem não pode receber as ordenanças mais elevadas, as ordenanças de selamento, sem a mulher a seu lado. Nenhum homem atinge a posição de exaltação divina de uma paternidade digna a não ser pela dádiva de sua esposa.

No lar e na Igreja, as irmãs devem ser estimadas por sua própria natureza. Tomem cuidado ou vocês poderão inadvertidamente fomentar influências e atividades que procuram eliminar as diferenças femininas e masculinas que a natureza criou. Um homem ou um pai pode fazer muito do que normalmente é tido como trabalho da mulher. Por sua vez, uma mulher ou mãe, em época de necessidade, pode fazer muita coisa, a maioria delas normalmente consideradas de responsabilidade do homem, sem colocar em risco seus papéis distintos. Ainda assim, os líderes, especialmente os pais, devem reconhecer que existe uma distinção entre a natureza masculina e a feminina essencial para o estabelecimento do lar e da família. Quaisquer distúrbios, fraquezas ou inclinações que eliminem essas diferenças destroem a família e reduzem as probabilidades de felicidade para todos os envolvidos.

Há uma diferença no modo como funciona o sacerdócio no lar comparado com a maneira pela qual ele atua na Igreja. Na Igreja, servimos mediante um chamado. No lar, servimos por escolha. Um chamado na Igreja geralmente é temporário e, depois, somos desobrigados. Nosso papel no lar e na família, que é baseado em escolhas, é para sempre.

Na Igreja existe uma linha distinta de autoridade. Servimos onde formos chamados por aqueles que nos presidem.

No lar há uma parceria entre o marido e a mulher, e o jugo entre eles é igual, as decisões são tomadas em conjunto e eles sempre trabalham unidos. Enquanto o marido, o pai, tem a responsabilidade de liderar com dignidade e inspiração, sua esposa não fica atrás dele, nem à frente, mas a seu lado.

As presidências da Sociedade de Socorro, das Moças e da Primária são todas membros da ala e dos conselhos de estaca, e a unidade que elas possuem vem da Sociedade de Socorro. Se os líderes ignorarem as contribuições e influência dessas irmãs, tanto nas reuniões de conselho como em casa, o trabalho do sacerdócio será limitado e fraco.

Nem os irmãos, agindo como quórum do sacerdócio, nem essas irmãs que se assentam em conselhos, jamais devem perder, nem por um minuto, a perspectiva do papel do lar.

Para atender às necessidades de um número cada vez maior de famílias desestruturadas, a Igreja tenta influenciar e oferecer atividades que compensem o que está faltando nesses lares.

Os líderes do sacerdócio e das auxiliares, especialmente os pais, devem usar de sabedoria e inspiração para garantir que essas atividades, tanto para líderes como para membros, não exijam muito tempo e dinheiro. Se isso acontecer, sobrará muito pouco tempo e dinheiro para os pais e será difícil para eles influenciar seus próprios filhos. Tenham muito cuidado para apoiar e não para substituir o lar.

Na época atual, em que os pais se sentem sobrecarregados e não conseguem dar conta de tudo, eles devem julgar com sabedoria e inspiração até que ponto sua família deve ter atividades, as mais variadas, fora de casa. Os líderes do sacerdócio, reunidos em conselho, devem prestar muita atenção ao que as irmãs e mães dizem a esse respeito.

As Sociedades de Socorro fortes exercem uma grande influência sobre as irmãs, protegendo e curando mães e filhas, irmãs solteiras, mães sozinhas, irmãs idosas e enfermas.

Vocês, irmãs, que foram chamadas para servir na Primária ou nas Moças podem perder as aulas da Sociedade de Socorro, mas não a sociedade em si; vocês pertencem a ela. Muitos irmãos servem no Sacerdócio Aarônico e perdem as reuniões do seu próprio quórum. Não se sintam rejeitadas; nunca reclamem desse serviço abnegado.

Vimos quando nossos filhos, e agora nossos netos, foram estudar ou trabalhar em outros lugares, longe da família. Eles têm um ou dois filhos pequenos e praticamente nada de bens materiais para estabelecer um lar.

Que consolo saber que, não importa onde estejam, a família da Igreja espera por eles. Desde o dia em que chegam a esse novo local, eles passarão a fazer parte de um quórum do sacerdócio e uma Sociedade de Socorro. Lá ela encontrará uma avó, uma pessoa para quem poderá telefonar em vez de à sua mãe, quando o prato que estiver cozinhando não estiver dando certo, ou com quem poderá aconselhar-se para saber se uma criança irrequieta está realmente doente. Ela encontrará a mão firme e sábia de avós substitutos. Eles dirão palavras de consolo quando a saudade de casa persistir por muito tempo. A jovem família encontrará segurança: o marido nos quóruns, a esposa na Sociedade de Socorro. Ambos tendo como propósito definitivo garantir que a família seja eterna.

Canta-se este hino na Sociedade de Socorro:

Irmãs em Sião, sempre unidas seremos

Que Deus nos bendiga em nosso labor

Na Terra seu Reino nós construiremos

Seus filhos servindo com eterno amor

Missão qual dos anjos a nós hoje é dada

E, sendo mulheres, é nosso esse dom:

Servir com ternura na obra sagrada

Fazendo o que é nobre, amável e bom.

Que santo propósito, obra bendita:

Consolo aos aflitos e pobres levar.

Confiemos no Espírito, luz infinita,

Que força e saber há de sempre nos dar.7

Termino como comecei: Meu propósito é dar total apoio à Sociedade de Socorro e prestar testemunho de que Jesus é o Cristo, que foi por intermédio da inspiração que ela foi organizada e invocar uma bênção sobre as irmãs que pertencem a essa organização. Em nome de Jesus Cristo. Amém.

  1. Articles of Faith 1:13.

  2. A Centenary of Relief Society, 1942, p.7.

  3. History of the Church, 4:607,605.

  4. D&C 107:5

  5. Sarah M. Kimball, “Autobiografia”, Woman’s Exponent, primeiro de setembro de 1883, p. 51.

  6. Ver D&C 131:1-3.

  7. Emily H. Woodmansee, Irmãs em Sião, Hinos de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, n° 200.