1990–1999
“Porque Isto Não Se Fez em Qualquer Canto”
October 1996


“Porque Isto Não Se Fez em Qualquer Canto”

Nenhum de nós jamais precisa hesitar em defender esta Igreja, sua doutrina (…). Ela é verdadeira. É a obra de Deus.

Queridos irmãos, recebemos bons conselhos esta noite. Desde que nos reunimos em abril passado, viajei bastante entre nosso povo. Determinei-me a, enquanto tiver forças para fazê-lo, viajar e conhecer os santos que amo, tanto jovens quanto adultos. Nos últimos meses, participei de muitas reuniões com mais de 300.000 santos dos últimos dias em 17 nações diferentes. Viajamos de costa à costa nos Estados Unidos e bastante na Asia e Europa. Não gosto de viajar. Fico muito cansado. Sei bem o que são as diferenças de fuso horário. Mas gosto muito de olhar no rosto e apertar as mãos dos santos dos últimos dias fiéis e agradeço àqueles que me possibilitaram fazê-lo.

Ao viajar pelo mundo, tenho a oportunidade de ser entrevistado por representantes da mídia. Isso é sempre preocupante, porque não se sabe que perguntas farão. Os repórteres são pessoas de muita habilidade, que sabem fazer perguntas surpreendentes. Não é bem o que eu chamaria de uma situação confortável, mas significa uma oportunidade de contar ao mundo um pouco da nossa história. Como Paulo disse a Festo: “porque isto não se fez em qualquer canto”. (Atos 26:26)

Temos algo que o mundo precisa conhecer, e tais entrevistas dão-nos a oportunidade de falar sobre isso.

Uma das mais longas foi a que concedi ao Sr. Mike Wallace, do programa “60 Minutes” da CBS. Agradeço ao Senador Orrin Hatch, Willard Marriott Jr. e Steve Young, que participaram desse programa.

Milhões de pessoas viram o resultado no último domingo de Páscoa. Os editores do programa filtraram cerca de 15 minutos das muitas horas de filmagem que tivemos.

Passei a ter profundo respeito pelo Sr. Wallace. Ele é um profissional muito capaz. Foi cortês, respeitoso, incisivo em suas perguntas, um repórter persistente e calejado, com muita experiência, mas um cavalheiro no melhor sentido da palavra.

Encontrei-o pela primeira vez em um almoço no Harvard Club, em Nova York, há cerca de um ano. Depois, ele veio a Salt Lake City em duas ocasiões e entrevistou-me detalhadamente em meu escritório. Pensei em ler partes da entrevista hoje à noite, conforme gravadas, com suas perguntas e minhas respostas de improviso, exatamente como foram dadas e sem alterações, com exceção de alguns cortes feitos devido ao limite do tempo. Acrescento entre parênteses alguns comentários. Faço isso com a intenção de reafirmar a posição da Igreja em diversos assuntos diferentes e significativos de interesse geral. Em sua maior parte, os trechos a seguir não foram exibidos no programa.

Aqui estão as perguntas do Sr. Wallace e minhas respostas de improviso:

Sr. Wallace: “O senhor se preocupa com as idéias erradas a respeito da Igreja Mórmon?”

Resposta: “Existem ainda muitas idéias a nosso respeito que persistem. Não somos muito conhecidos. Desenvolvemo-nos no oeste. A Igreja originou-se em Palmyra, Estado de Nova York. O senhor já ouviu falar de nossa migração para o oeste (…) onde estabelecemos cerca de 300 ou 400 comunidades diferentes. (…) Gostaríamos de que (…) as pessoas nos conhecessem pelo que somos e pelo que estamos tentando alcançar”.

Pergunta: “Existem conflitos entre suas convicções a respeito de famílias e do papel das mulheres na família e as aspirações de algumas mulheres de ocuparem posições de liderança em sua Igreja?

Resposta: “Existem algumas mulheres que acham que as mulheres devem ter o sacerdócio. Temos uma grande organização para as mulheres. Creio que é a maior organização de mulheres do mundo — a Sociedade de Socorro. Elas têm suas próprias líderes, que presidem sua própria organização. Elas desenvolvem um tremendo programa de educação entre as mulheres. Acho que elas estão felizes. Fazem um trabalho grandioso”. (…)

Sr. Wallace: “Desde a Segunda Guerra Mundial, parece que nos estamos tornando menos unidos, mais egoístas, mais centrados em nós mesmos, menos voltados para a comunidade. As famílias não parecem ter tanto significado, e a moral foi por água abaixo. Por quê?”

Resposta: “O maior problema está em nossos lares. Os pais não têm cumprido suas responsabilidades. É evidente. Uma nação não será maior que a força de seus lares. Caso se queira reformar uma nação, tem-se de começar pelas famílias, com pais que ensinem a seus filhos princípios e valores positivos que os levem a empreendimentos que valham a pena. Esse é o problema básico que está acontecendo nos Estados Unidos. Estamos fazendo um tremendo esforço para desenvolver mais solidariedade dentro das famílias. Não há maior responsabilidade para os pais, neste mundo, do que criar seus filhos da maneira certa, e não haverá maior satisfação com o passar dos anos do que ver os filhos crescerem em integridade e honestidade e darem um rumo à vida. (…)”

Pergunta: “Sua Igreja tem um código de saúde muito rígido. Por que isso faz parte de uma religião?”

Resposta: “O corpo é o templo do espírito. O corpo é sagrado. Foi criado à imagem de Deus. É algo de que se deve cuidar e que se deve usar para bons propósitos. Deve-se cuidar dele, e chamamos a isso de Palavra de Sabedoria, que é um código de saúde muito útil para esse propósito”.

Sr. Wallace: “Para alguns, principalmente para os que não são mórmons, seus ensinamentos exigem conformismo, são inflexíveis. São essas as reclamações que se escutam”.

Resposta: “Ah, sim, pode-se escutar esses tipos de reclamações. Não concordo com elas. Não há base nelas. Nosso povo tem uma imensa liberdade. São livres para viver sua vida como queiram”.

Pergunta: “São mesmo?”

Resposta: “Completamente. Com certeza. Eles têm de fazer escolhas. É a eterna batalha que vem acontecendo desde a guerra nos céus, mencionada em Apocalipse. As forças do mal contra as forças do bem. Todos exercemos o livre-arbítrio nas escolhas que fazemos”.

Sr. Wallace: “Vocês também têm um código moral”.

Resposta: “Cremos na castidade antes do casamento e fidelidade total após o casamento. Isso resume tudo. Esse é o caminho da felicidade na vida. Esse é o modo de se ter satisfação. Traz paz ao coração e paz ao lar”.

Pergunta: “Alguns dos estudantes com quem conversamos dizem que o código de saúde é fácil, se comparado com a abstinência sexual antes do casamento. (…) Eles dizem que não fumar e não beber é uma regra bem específica, mas que é difícil saber quais são os limites no que diz respeito ao sexo. (…) [bem] eles estão confusos, alguns deles, sobre os limites”.

Resposta: “Acho que eles sabem. Qualquer rapaz ou moça que tenha crescido nesta Igreja sabe quais são os limites. Quando percebe que está escorregando, começa a exercer um pouco de auto-disciplina. Se o problema for sério, leve-o ao Senhor. Fale com Deus a respeito dele. Divida sua carga com Ele. Ele dar-lhe-á forças. Ele o ajudará. Eles sabem disso. Tenho certeza que sabem”.

Sr. Wallace: “Por que só os homens podem dirigir a Igreja?”

Resposta: “A Igreja não é só dirigida por homens. Os homens têm seu lugar na Igreja. Os homens possuem os ofícios do sacerdócio na Igreja. Mas as mulheres têm um lugar enorme na Igreja. Elas possuem sua própria organização que teve início em 1842, fundada pelo Profeta Joseph Smith. É chamada de Sociedade de Socorro, porque seu propósito inicial era ajudar os necessitados. Ela veio a tornar-se, creio eu, a maior organização feminina do mundo, com mais de três milhões de membros. As mulheres têm seus próprios cargos, sua própria presidência, sua própria junta diretiva. Isso chega até as menores unidades da Igreja em todas as partes do mundo”.

Sr. Wallace: “Mas elas não têm o poder”.

Resposta: “Elas têm o cargo. Elas têm a responsabilidade. Elas controlam sua organização”.

Pergunta: “Mas vocês governam a organização. Os homens a controlam. Não estou querendo …”

Resposta: “Os homens possuem o sacerdócio, sim. Mas minha mulher é minha companheira. Nesta Igreja, os homens não andam nem à frente nem atrás de sua mulher, mas ao lado. Eles são iguais nesta vida, em um grande empreendimento”.

Sr. Wallace: “Por que os mórmons parecem ter tantos filhos?”

Resposta: “Nós não determinamos o tamanho das famílias. Isso fica a cargo do pai e da mãe, do marido e da mulher. Esperamos que esse seja o assunto mais sério da vida deles, a criação de seus filhos. (…)”

Pergunta: “Há quem diga que o mormonismo teve início como uma seita. Vocês não gostam de ouvir isso”.

Resposta: “Não sei o que isso significa, realmente. Mas se tiver conotações negativas, não o aceito no que se aplica a esta Igreja. As pessoas podem ter aplicado o termo no início. Temos uma Igreja grandiosa atualmente. Há somente seis igrejas nos Estados Unidos com mais membros do que esta. Somos os segundos em número de membros no Estado da Califórnia. Estamos nos espalhando pelo mundo. Estamos em mais de 150 nações. Esta é uma organização grande, forte e viva, com enorme influência. (…) Temos membros no mundo dos negócios, nos altos círculos educacionais, na política, no governo, em todos os lugares. Somos pessoas comuns, tentando fazer um trabalho extraordinário”.

Sr. Wallace: “Custa caro ser mórmon”.

Resposta: “Não é caro. Vivemos a lei do Senhor — o dízimo”.

Pergunta: “Mas dez por cento de seu bruto vai para a Igreja e ninguém controla como esse dinheiro é gasto. O mórmon comum, quero dizer”.

Resposta: “O mórmon comum tem muito a ver com isso. Ele é um membro da Igreja (…)”

Sr. Wallace: “Mas ele não determina como o dinheiro será gasto”.

Resposta: “Se ele for bispo, ele é responsável pelas despesas de sua ala. Muito do dinheiro volta para as unidades locais. Para que esse dinheiro é usado? Para os propósitos da Igreja”.

Pergunta: “Quais são exatamente os propósitos da Igreja?”

Resposta: “Construir capelas. Cerca de 375 por ano. Pensem nisso. Novos edifícios a cada ano para acomodar as necessidades de um número crescente de membros. Ele é usado para educação. Nós mantemos a maior universidade particular pertencente a uma igreja, a Universidade Brigham Young, com 27.000 alunos no campus principal, assim como em outros. Mantemos um grande programa de instituto de religião, no qual temos grupos de estudantes nas maiores universidades dos Estados Unidos. Nossos institutos estão na UCLA, USC, HarYard, Yale, Princeton, Universidade de Nova York, Universidade de Massachusetts, no Massachusetts Institute of Technology, e assim por diante.

No tocante às finanças da Igreja, todos os nossos fundos passam por cuidadosas auditorias. Temos uma equipe de auditores que são contadores profissionais, independentes de qualquer entidade da Igreja e que se reportam somente à Primeira Presidência da Igreja. Tentamos ser muito cuidadosos. Tenho no armário, atrás de minha escrivaninha, uma moeda da viúva que me foi dada em Jerusalém há muitos anos. Guardo-a como um lembrete constante da santidade dos fundos com os quais lido. Eles provêm da viúva, são sua oferta, assim como o dízimo do homem rico, e devem ser usados com cuidado e prudência para os propósitos do Senhor. Tratamos deles com cuidado e os protegemos e tentamos de todos os modos possíveis fazer com que sejam usados como achamos que o Senhor os usaria para o desenvolvimento de Seu trabalho e a melhoria do povo”.

Sr. Wallace: “Os rapazes e as moças dão dois anos de sua vida para servir como missionários?”

Resposta: “As moças servem por dezoito meses. O trabalho é cansativo e muito difícil. Não é fácil ir para Nova York, Londres ou Tóquio e bater às portas e enfrentar pessoas que nunca viram antes. Mas é bom para eles, de pelo menos duas ou três maneiras. Em primeiro lugar, cria um sentido de dependência do Senhor. (…) Dá [a um rapaz] força e capacidade. Caso ele vá para outro país, travará conhecimento com outra língua; ele aprende a falar a língua do povo. Onde quer que ele vá, ele aprenderá a conhecer as pessoas entre as quais serve e trará com ele um pouco de sua cultura, de seu modo de fazer as coisas, com admiração e respeito por eles e por suas condições de vida e sua situação. Não há nada como essa experiência, quando se pensa que temos quase 50.000 no campo, e que esse número está sempre mudando e afetando a vida de centenas de milhares de pessoas. (…) Posso caminhar pelas ruas de Salt Lake City com o senhor e encontrar pessoas que falam fluentemente o japonês, chinês, sueco, norueguês, finlandês, espanhol e português, e que têm amor no coração pelas pessoas entre as quais serviram”.

Pergunta: “Por que se espera que os membros da Igreja tenham suprimentos de comida, roupas e combustível para um ano?”

Resposta: “Ensinamos a auto-suficiência como um princípio de vida; ensinamos que temos de cuidar de nós mesmos e de nossas próprias necessidades. Encorajamos nosso povo a ter alguma coisa, a planejar, a ter alguma comida à mão, a abrir uma caderneta de poupança, se possível, para um momento de dificuldade. As catástrofes abatem-se sobre as pessoas quando menos se espera: desemprego, doença, coisas desse tipo. O indivíduo, conforme ensinamos, deve fazer tudo que puder por si mesmo. Quando tiver exaurido seus recursos, deve voltar-se para sua família a fim de que ela o ajude. Quando a família não puder fazê-lo, a Igreja assumirá a responsabilidade. E quando a Igreja assume, nosso grande desejo é cuidar primeiramente de suas necessidades imediatas e, a seguir, ajudá-lo pelo tempo necessário, mas, ao mesmo tempo, ajudá-lo a ser treinado, conseguir emprego, encontrar uma forma de caminhar sozinho novamente. Esse é o objetivo deste grande programa de bem-estar. (…)”

Sr. Wallace: “Por que Salt Lake City é uma cidade tão limpa?”

Resposta: “Esperamos que ela reflita o povo que a habita”.

Sr. Wallace: “É surpreendente andar pelas ruas de Salt Lake City”. [Ele acabara de chegar de Nova York.]

Resposta: “Esperemos que continue assim. Espero que isso reflita, até certo ponto, os ensinamentos da Igreja. Veja como é bela a Praça do Templo bem aqui no centro da cidade; ela é o próprio centro. Veja o magnífico templo e o grande tabernáculo. Foram construídos por pessoas de visão, de cultura, com refinamento e dotes artísticos. Não são trabalhos de charlatães. São fruto do trabalho de pessoas que tinham uma grande visão para as coisas belas”.

Sr. Wallace: “Os Mórmons, Senhor Presidente, chamam-no de um ‘Moisés vivo’, um profeta que literalmente se comunica com Jesus. Como o senhor faz isso?”

Resposta: “(…) Devo dizer primeiramente que há uma imensa história por trás desta Igreja, uma história de profecia, de revelação e (…) decisões que estabeleceram o padrão da Igreja, de modo que não haja problemas que se repitam e que exijam revelações especiais. Mas existem coisas que surgem ocasionalmente, onde a vontade do Senhor [é necessária e] é procurada, e nessas circunstâncias acho que a melhor maneira que conheço para descrever o processo é compará-lo à experiência do Profeta Elias, descrita em I Reis. Elias falou com o Senhor e houve um vento, um grande vento, mas o Senhor não estava no vento. Houve um terremoto, mas o Senhor não estava no terremoto. Houve um fogo, mas o Senhor não estava no fogo. E depois do fogo, uma voz mansa e delicada, que descrevo como os sussurros do Espírito. Digo categoricamente que as coisas de Deus são compreendidas pelo Espírito de Deus, e deve-se ter, buscar e cultivar esse Espírito, e aí temos o entendimento, e ele é real. Posso dar-lhe testemunho disso”.

Pergunta: “Por que sua Igreja é tão ativa na divulgação da palavra, fazendo com que os missionários batam a portas onde talvez não sejam bem-vindos e para onde, certamente, não foram convidados?”

Resposta: “Cremos no que o Senhor disse: ‘Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura. (Marcos 16:15) Acreditamos nesse mandamento. Cremos ser nossa responsabilidade tentar cumpri-lo. Estamos fazendo isso com toda a energia e os recursos que temos”.

Sr. Wallace: “Como o senhor vê os não-mórmons?”

Reposta: “Com amor e respeito. Tenho muitos amigos não-mórmons. Eu os respeito. Tenho muita admiração por eles”.

Pergunta: “Apesar do fato de eles ainda não terem visto a luz?”

Resposta: “Sim. A todos que não são membros desta Igreja, digo que reconhecemos suas virtudes e tudo o que têm de bom. Tragam isso com vocês e vejam se podemos acrescen-tar-lhes algo”.

Sr. Wallace: “Fale-me de Brigham Young.”

Resposta: “Brigham Young teve uma visão profética. Será que alguém duvida disso, olhando ao redor aqui neste lugar? Não. E é assim que acontece com esta Igreja. Ela é guiada por revelação. Cremos em tudo o que Deus tem revelado, em tudo o que Ele revela agora, e cremos que Ele ainda revelará muitas grandes e importantes coisas pertencentes ao Reino de Deus para abençoar Seus filhos e filhas, onde quer que se encontrem”.

Pergunta: “Como o senhor sabe, alguns céticos dizem que as maiores mudanças nas diretrizes da Igreja são resultado de pressões políticas, não necessariamente de revelações de Deus. Por exemplo, o fim da poligamia, dizem os céticos, não foi devido a uma revelação, mas sim porque Utah queria tornar-se um estado [dos Estados Unidos]”.

Resposta: “Um dos propósitos de um profeta é buscar a sabedoria e o desejo do Senhor e ensinar Seu povo de acordo com eles. Assim aconteceu com Moisés quando guiou os filhos de Israel para fora do Egito. Assim aconteceu com os profetas do Velho Testamento quando as pessoas enfrentavam opressão, problemas e dificuldades. Este é o propósito de um profeta: dar respostas ao povo para os dilemas nos quais se encontrem. É isso que acontece. É isso que vemos acontecer. Será que isso é um caso de conveniência política? Não. Liderança inspirada? S^im”.

Sr. Wallace: “Os maus-tratos a crianças é um grande problema na Igreja Mórmon, Senhor Presidente?

Resposta: “Espero que não seja um grande problema. (…) Esse é um problema sério que está crescendo em todo o mundo. É algo terrível. É algo maligno. É algo repreensível. É algo de que tenho falado repetidamente”.

Pergunta: “O que vocês estão fazendo para reduzi-lo?”

Resposta: “Estamos fazendo tudo a nosso alcance. Estamos ensinando nosso povo. Estamos falando a respeito do assunto. Organizamos um curso com instruções para nossos bispos de todo o país. Durante todo o ano passado, fizemos funcionar um programa educacional. Instalamos uma linha telefônica para eles, na qual podem conseguir aconselhamento profissional e ajuda para esse tipo de problema. Editamos uma publicação a respeito de maus-tratos de crianças, do cônjuge e dos idosos, tratando do assunto como um todo. Estamos preocupados com isso. Estou profundamente preocupado com as vítimas. Meu coração está com elas. Quero fazer todo o possível para diminuir seu sofrimento, para deter essa coisa maldosa e maligna. (…) Não conheço outra organização neste mundo que tenha tomado mais medidas, tentado mais ou feito mais para resolver esse problema, para enfrentá-lo, para conseguir uma mudança. Reconhecemos sua natureza terrível e queremos ajudar nosso povo, estar atento, assisti-lo”.

Sr. Wallace: “Um sociólogo disse que a raiz do problema está no fato de que os homens de sua Igreja têm autoridade sobre as mulheres, de modo que seus líderes tendem a condoer-se dos homens que infligem os maus-tratos e não das vítimas”.

Resposta: “Esta é a opinião de uma pessoa. Não creio que tenha fundamento. Acho que os homens desta Igreja, os bispos desta Igreja, os oficiais desta Igreja estão tão preocupados com o bem-estar das mulheres da Igreja, como com o dos homens da Igreja e com o das crianças da Igreja. Não hesitaria um minuto para dizer isso. Tenho confiança nisso. Já vivi bastante. Conheço esta Igreja inteiramente, por dentro e por fora, há muito, muito tempo. Tenho 85 anos de idade atualmente, e vivi nela toda a minha vida. Acho que sei como ela funciona. Acho que conheço a atitude das pessoas. Há problemas aqui e ali, erros aqui e ali. Mas, de um modo geral, o trabalho é maravilhoso, e muita coisa boa tem sido alcançada. O bem-estar das mulheres e crianças é levado tão a sério quanto o bem-estar dos homens da Igreja, se não o for ainda mais”.

Isso é tudo da entrevista que o tempo me permite. Agora, para concluir, desejo dizer que nenhum de nós jamais precisa hesitar em defender esta Igreja, sua doutrina, seu povo, sua organização divina e sua responsabilidade divina. Ela é verdadeira. É a obra de Deus. As únicas coisas que podem atrapalhar esta obra são a desobediência dos membros a sua doutrina e a seus padrões. Isso coloca uma enorme responsabilidade sobre nós. Este trabalho será julgado pelo que o mundo vê como nosso comportamento. Deus nos dá o desejo de andarmos com fé, a disciplina para fazermos o que é certo em todos os momentos e em todas as circunstâncias, a resolução de fazermos de nossa vida uma declaração desta causa diante de todos os que nos vêem. Em nome de Jesus Cristo. Amém.