Fortalecidas na Caridade
Esse dom multiplica-se quando usado. Tanto aquele que doa como o que recebe são abençoados, pois a caridade purifica e santifica todos os que ela toca.
Sou grata por estar aqui hoje com vocês, irmãs, notáveis mulheres desta Igreja. Vocês representam muitas partes diferentes do mundo, muitas línguas, costumes e culturas. E, ainda assim, sua retidão é constante e abrangente. Independentemente de quando se tenham filiado à Igreja ou onde assistam às reuniões, sua retidão evidencia-se em sua bondade. Suas contribuições e exemplos refletem o amor que têm a Deus.
Numa entrevista de rádio, perguntaram-me: “Se você pudesse desejar alguma coisa para as mulheres, o que seria?” Respondi: “Gostaria que as mulheres soubessem o quanto são bondosas. Gostaria que elas se sentissem valorizadas por sua própria bondade”.
Enquanto falo a vocês, não posso deixar de pensar em minha mãe, falecida há 26 anos. Como muitas de vocês, aprendi muito com minha mãe. Ela ensinou-me a importância de falar corretamente, das boas maneiras, da limpeza e educação. Era uma mulher encantadora. Ensinou-me os princípios do evangelho e as doutrinas do reino de Deus. Ela foi um exemplo de grande fé, muita esperança e pura caridade.
Duvido que minha mãe, tivesse, imaginado que sua filha, da pequena comunidade de Cardston, falaria numa transmissão via satélite a mulheres de todo o mundo, e que eu estaria compartilhando ensinamentos que recebi em casa. Muito tempo passou desde a época em que estávamos juntas, mas ainda posso sentir minha mãe bem perto de mim. Isso me leva a perguntar, irmãs: Como podemos avaliar os efeitos de nossos atos, de nossa ajuda ou influência?
Durante o tempo em que venho servindo neste chamado, tenho orado ao Senhor para que me ajude a entender o coração das mulheres de Sua Igreja. O coração é a chave para nossa influência, pois ele conta e mede cada gentileza, cada ato de serviço, cada demonstração de interesse, as vezes que elevamos, elogiamos, ensinamos ou animamos uns aos outros. Estou aqui por saber que o coração das mulheres da Sociedade de Socorro está cheio de amor. Vi exemplos em cada ramo, ala e estaca que visitei; tenho recebido cartas que falam da bondade das mulheres desta Igreja e prestam testemunho de que “A Caridade Nunca Falha”.
A caridade é a obra do coração.
O Salvador disse que “(…) o grande mandamento da lei (…)” é “(…) amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento”. (Mateus 22:36–37). Quando amamos o Salvador com nossa mente, alma e coração, amamos o próximo e a caridade se faz presente.
Isso não é novidade para vocês, pois passam os dias fazendo o bem ao próximo — a sua família e aos vizinhos, às irmãs, até mesmo a estranhos. Seus esforços para ajudar e servir o próximo tornaram-se uma parte tão integrante de seu estilo de vida pessoal que, na maior parte do tempo, são espontâneos, instintivos e imediatos.
Muitas de vocês pensam que estou descrevendo uma outra pessoa. Podem estar dizendo: “Nada tenho de extraordinário. Sou apenas uma pessoa comum”.
Eu diria o mesmo. “Sou apenas uma mulher comum com as mesmas alegrias e frustrações de toda mulher.” Algumas vezes as frustrações são grandes; as alegrias, simples, como encontrar os pares certos de meias na secadora. Todas nós trabalhamos para sentirmos paz e regozijo. Uma de nossas maiores ferramentas nesse processo é a caridade.
Encontramos, nas escrituras, muitos exemplos de mulheres cujo empenho diário refletia caridade. Com o coração cheio do puro amor de Cristo, elas atendiam aos necessitados rápida e efetivamente.
Rebeca, que se tornou mais tarde a esposa de Isaque e mãe de Jacó e Esaú, foi exatamente esse tipo de mulher. Durante seus afazeres normais diários, ela foi bondosa com o servo de Abraão que visitava sua cidade, tendo a importante incumbência de encontrar uma esposa para Isaque.
O Senhor conhecia o coração de Rebeca; Ele sabia qual a sua reação diante da necessidade de alguém. Ele respondera à oração do servo para que a jovem que deveria tornar-se esposa de Isaque lhe oferecesse água.
Lemos em Gênesis: “(…) eis que Rebeca (…) saía com o seu cântaro sobre o seu ombro (…) e desceu à fonte.” (Gen. 24:15). Vocês conhecem a história. O servo pediu-lhe um pouco de água … Árvores genealógicas inteiras dependiam de sua resposta.
Ela disse: “Bebe, meu senhor (…)”.
E depois acrescentou: “(…) Tirarei também água para os teus camelos, até que acabem de beber. E apressou-se e despejou o seu cântaro no bebedouro, e correu outra vez ao poço para tirar água, e tirou para todos os seus camelos”. (Gen. 24:18–20)
Seu irmão Labão convidou-o para hospedar-se com eles e só soube que se tratava de um servo de seu tio depois que ele se apresentou. Sua reação caridosa diante do estranho fora automática. Ela não parou para pensar: Estou servindo, tampouco levou em consideração a posição social daquele necessitado. Apressou-se em servir água — aos camelos.
Respeitosamente, ela praticou um ato de serviço, um simples ato, que deu origem a uma família de grande influência em todas as dispensações. Rebeca amava com dignidade e boa disposição, como uma filha de Deus. Lembrem-se da pergunta: Quem pode medir os efeitos de nossos atos de bondade?
Aprendemos com ela que a caridade, embora freqüentemente medida pelos atos, é na verdade a condição interior que nos leva a amar uns aos outros. Ela ofereceu água. Sua oferta foi uma expressão de caridade.
Recebi, recentemente, a carta de uma irmã que está servindo como missionária na Sibéria, contando como um pequeno grupo de irmãs da Rússia engajou-se nesse tipo de amor ativo. Sister Okelberry escreveu:
“ Sinto-me feliz em relatar que as mulheres da Sibéria captaram o propósito da Sociedade de Socorro. A irmã Kappenkova, membro da igreja há seis meses, aceitou o enorme desafio da presidente da Sociedade de Socorro daquele grupo do extremo norte da Rússia. Ela, juntamente com suas conselheiras, compreendeu a importância do trabalho das professoras visitantes e está ajudando as irmãs a servirem e edificarem-se umas às outras — salvando-as dos perigos da inatividade. Elas estão ensinando umas às outras valiosos princípios do evangelho e desenvolvendo preciosas habilidades de liderança como mães, esposas e mulheres da Igreja. As condições não são fáceis para elas. Mesmo assim, compreendem e já aceitaram plenamente as palavras imortais: ʻA Caridade nunca Falha.’ Tem sido uma honra para mim acompanhar essa evolução com meus próprios olhos.
Faltando apenas uma semana, curta e preciosa, para terminar meu trabalho como missionária, sei que minhas irmãs estarão em boas mãos — todas elas cuidam umas das outras.” (Carta de Michelle Okelberry 31 de janeiro de 1996)
Alma salientou a importância de “(…) ter sempre o amor de Deus no coração”. (Alma 13:29) A caridade é esse amor. A caridade é um dom do espírito, pois “todas as coisas boas vêm de Deus”. (Morôni 7:12) E esse dom multiplica-se quando usado. Tanto aquele que doa como o que recebe são abençoados, pois a caridade purifica e santifica todos os que ela toca, e “( … ) para todos os que a possuírem no último dia, tudo estará bem”. (Morôni 7:47)
Os atos de caridade mais significativos resultam quando uma pessoa dá de si e também quando recebe manifestações de caridade com atitude humilde. O Presidente Spencer W. Kimball ilustrou essa verdade por meio deste inspirado exemplo:
“As dádivas do [Salvador] eram excepcionais: olhos para o cego, ouvidos para o surdo, pernas para o aleijado; pureza para o impuro, força para o fraco e vida para os mortos. Esses dons eram perdão ao arrependido, esperança ao desesperado. Seus amigos davam-Lhe abrigo, alimento e amor. Ele doou-se a Si mesmo, doou Seu amor, Sua ajuda, Sua vida. Devemos empenhar-nos em doar como Ele doou. Doar de si mesmo é um dom sagrado.” [The Wondrous Gift (O Maravilhoso Dom] 1978, p. 2)
Tenho refletido sobre isto: “Doar de si mesmo é um dom sagrado”. “Devemos empenharmos em doar como Ele doou.” Que sábio conselho! Quando ofertamos nosso tempo, energia, dedicação e testemunho aos outros, estamos doando de nós mesmos. Compartilhamos coisas intangíveis, impossíveis de serem simplesmente deixadas na soleira da porta, mas que podem ser facilmente depositadas no coração.
Assim é com a bondade. Nada atrairá o Espírito do Senhor para suas reuniões, lares e relacionamentos pessoais mais rapidamente do que as demonstrações de bondade. “O amor é ( … ) benigno (…).” (I Cor. 13:4) Todos deveriam colocar a bondade em primeiro lugar na lista de coisas a fazer. Anotem todos os dias: “Ser bondosa”. A bondade pode ser demonstrada de diversas formas: ser prestativas, sendo pacientes no meio de uma multidão, sendo atenciosas com o marido e os filhos, sendo honestas com as irmãs. Confiem nelas e elas confiarão em vocês. Busquem-nas e tragam-nas ao grande círculo de irmãs que nós chamamos de Sociedade de Socorro. Quando desenvolvemos nossa bondade, armazenamos caridade e somos fortalecidas.
Certa irmã da Sociedade de Socorro, que se mudara para o Texas a fim de continuar os estudos e que ia mudar-se outra vez, escreveu-me há poucos meses. Ela contou sua experiência com as irmãs da ala, sobre como agiam prontamente, com boa vontade e o que a impeliu a escrever-me, contudo, não foi o quê elas faziam, e sim o por quê. As irmãs a amavam e ela sabia disso. Enquanto a ajudavam, multiplicando seus dons, também ela se fortalecia na caridade. Ouçam sua história; ela retrata todas vocês e sua bondade silenciosa:
“Enquanto escrevo estas palavras, diante da tela do meu computador, meus olhos vertem lágrimas de gratidão. Desde o primeiro dia em que fui à Ala Quatro Austin, fui tocada pelo espírito de amor e carinho que senti na Sociedade de Socorro. Essas irmãs são bem diferentes umas das outras. Há mulheres convertidas e outras que nasceram na Igreja; texanas nativas e irmãs vindas de outras partes do oeste dos Estados Unidos. Há entre elas mulheres casadas, divorciadas e solteiras; algumas mais abastadas, outras com poucos recursos. Isso, porém, parece não fazer diferença alguma. Eu não conseguiria relatar as inúmeras gentilezas que me fizeram. Não se trata de feitos estrondosos, mas de um acúmulo de pequenas bênçãos (…) Vir ao meu apartamento e levar meu cachorro para passear (…), oferecer-se para fazer reparos em algumas roupas (…) encontrar caixas para embalar meus pertences (…), incluir-me em suas orações pessoais. Neste Dia Santificado, a letra do hino ‘Irmãs em Sião’ (Hinos, n°200) não me sai do pensamento. Quero que saiba que as irmãs estão, de fato, construindo o reino de Deus, ‘Seus filhos servindo com terno amor’.” (Carta de Katherine Boswell, 11 de agosto de 1996)
Há alguma dúvida a respeito da justa influência das mulheres desta Igreja? Neste tabernáculo, no Texas, em pequenos ramos, em alas e estacas espalhadas por grandes áreas de todo o mundo, nossos esforços refletem o lema “A Caridade Nunca Falha”. Que promessa grandiosa! Ao mesmo tempo em que ela é ouvida aqui e registrada nos céus, lembremo-nos, irmãs, de que é esse o nosso lema e a nossa mensagem ao mundo. O importante não é o que fazemos, e sim o amor que nos motiva a fazê-lo.
O Presidente Joseph F. Smith falou a respeito de suas responsabilidades quando servia na Primeira Presidência: “Fui chamado para fazer o bem”.[Collected Discourses, Comp, por Brian H. Stuy, 5 vols.1992 5:92] Uma simples e sincera declaração. Como seguidoras de Jesus Cristo, também somos “chamadas para fazer o bem”. Irmãs, vocês fazem o bem de maneira notável; vocês são extremamente bondosas.
Belle Spafford, antiga Presidente Geral da Sociedade de Socorro, declarou: “A Sociedade de Socorro está apenas no limiar de sua missão divina”. [History of Relief Society (História da Sociedade de Socorro), 1966, p. 140]
Essa é também a minha opinião. Irmãs, estamos preparadas para galgar o caminho no cumprimento dessa missão, rumo a uma nova era de espiritualidade e luz. Podemos, em nossa vida diária, levar pessoas a Jesus Cristo? Nossa fé, esperança e caridade podem ser elementos de peso de uma influência significativa? Sim, um retumbante sim.
A irmã Clyde falou eloqüente-mente a respeito de sermos inabaláveis e corajosas em nossas convicções. Com seu notável talento para ensinar, a irmã Okazaki mos-trou-nos como decidir ter fé em Jesus Cristo. Acrescento a suas mensagens minha convicção de que seremos fortalecidas na caridade. Peço a todas as mulheres desta Igreja que nosso amor a Deus se reflita em nossa boa disposição para servir e receber ajuda. Ensinemos em nosso lar princípios como a consideração pelas pessoas, sacrifício e serviço. Oro, sinceramente para que compartilhemos os dons recebidos de Deus, estejam eles em nossa mente, na música, na habilidade atlética, na capacidade de liderança, na compaixão, no senso de humor, no semblante sereno, na versatilidade ou no júbilo. Com o coração cheio de caridade, podemos realizar um trabalho magnífico nestes últimos dias. Se assim o fizermos, seremos dignas da proclamação de Jesus Cristo: “(…) [Pois] isto é Sião — O PURO DE CORAÇÃO.” (D&C 97:21)
Presto-lhes meu testemunho das verdades aqui proferidas esta noite e do significado da vida de cada uma de vocês. Jesus Cristo é o cabeça desta Igreja; somos guiados por um profeta de Deus. Sou grata por essas bênçãos e pelos líderes do sacerdócio que trabalham diligente e efetivamente em nosso benefício. Eles também abençoam vidas com o coração cheio de caridade. Despeço-me com a alegria que sinto por este glorioso evangelho e com meu amor por todas vocês. Em nome de Jesus Cristo. Amém.