1990–1999
O Bálsamo de Gileade

Outubro 1995


O Bálsamo de Gileade


Irmãs, testefico que um de nossos papéis mais importantes, como membros da Sociedade de Socorro, é o de amparar umas às outras, para que, todas nós estejamos mais aptas a ajudar nossa família.

Minha men­sa­gem de hoje é sim­ples. Gostaria de dizer-lhes que amo muito a Sociedade de Socorro. Conheço o amor, a paz e a har­mo­nia que ela traz à vida das mulhe­res da Igreja. A Sociedade de Socorro tem sido uma fonte de ener­gia para minha vida: aju­dou-me a edu­car meus filhos, é nela que estão minhas ami­za­des mais che­ga­das, esti­mu­la-me a apren­der e a cres­cer no evan­ge­lho. Ajuda-me a con­cen­trar minha aten­ção em Jesus Cristo e naqui­lo que Ele quer que eu faça.


Quando fui cha­ma­da para ser a pre­si­den­te geral da Sociedade de Socorro, rece­bi alguns con­se­lhos do Presidente Thomas S. Monson. Quero com­par­ti­lhar com vocês um pouco do que ele me disse:


“Estamos em um perío­do de mudan­ças no mundo e na Igreja; per­ce­be­mos mudan­ças no esti­lo de vida fami­liar, nas carac­te­rís­ti­cas da famí­lia. Sabemos que em mui­tas delas ape­nas um dos pais está pre­sen­te; há famí­lias em que exis­tem difi­cul­da­des entre o mari­do e a mu­lher; além disso, per­ce­be­mos a inva­são das dro­gas e suas con­se­qüên­cias, bem como outros pro­ble­mas que pro­vo­cam ten­sões nas famí­lias. Nesta hora de neces­si­da­de você foi cha­ma­da ( … ) para diri­gir a orga­ni­za­ção que pode repre­sen­tar uma influên­cia bené­fi­ca que pode ofe­re­cer o bál­sa­mo de Gileade para unir todas as irmãs da Igreja.”


Quero falar sobre os con­se­lhos do Presidente Monson. Quero falar sobre nos­sas famí­lias, sobre a Sociedade de Socorro e sobre como essa notá­vel orga­ni­za­ção pode ser o bál­sa­mo de Gileade para todas nós, sobre­tu­do aju­dan­do-nos em nossa casa.


Conheço duas pro­fes­so­ras visi­tan­tes que, mal haviam che­ga­do a uma casa, viram as duas filhas ado­les­cen­tes da irmã que esta­vam visi­tan­do entrar cor­ren­do na sala e anun­ciar que esta­vam de saída para a reu­nião das Moças. O mari­do, que tam­bém esta­va sain­do para uma reu­nião, segu­rou o filho de três anos, que que­ria a todo o custo acom­pa­nhar as irmãs mais velhas. Duas outras meni­nas dis­cu­tiam na sala ao lado sobre a qual vídeo iriam assis­tir. Quando todas as por­tas se fecha­ram, a mãe come­çou a cho­rar. Aquela tinha sido uma longa sema­na, disse ela.


As pro­fes­so­ras visi­tan­tes, usan­do de sabe­do­ria, deram àque­la espo­sa e mãe ata­re­fa­da a chan­ce de falar. Ela con­tou-lhes sobre a sema­na que havia tido e sobre o quan­to sen­tia a falta da mãe, recém-fale­ci­da. As três con­ver­sa­ram, fala­ram de seus conhe­ci­men­tos do evan­ge­lho e das difi­cul­da­des para apli­cá-lo no dia-a-dia. As pro­fes­so­ras visi­tan­tes—uma era sol­tei­ra e a outra divor­cia­da—elo­gia­ram aque­la irmã por tudo o que ela esta­va fazen­do pelo bem-estar de sua famí­lia.


A mãe sen­tiu-se melhor. Os laços de ami­za­de estrei­ta­ram-se. Todos pas­sa­ram a sen­tir-se melhor. Seguindo o ver­da­dei­ro espí­ri­to da Sociedade de Socorro, as pro­fes­so­ras visi­tan­tes for­ta­le­ce­ram a irmã e seu lar. Sinto-me melhor. Por quê? Porque essa his­tó­ria con­fir­ma o que conhe­ço—a Sociedade de Socorro é, de fato, um bál­sa­mo que nos une, que nos ajuda na vida em famí­lia. Irmãs, tes­ti­fi­co que um de nos­sos papéis mais impor­tan­tes, como mem­bros da Sociedade de Socorro, é o de ampa­rar umas às outras, para que todas nós este­ja­mos mais aptas a aju­dar nossa famí­lia. Nós nos reu­ni­mos, apren­de­mos umas com as ou­tras, vol­ta­mos para casa e for­ta­le­ce­mos nossa famí­lia. É muito sim­ples, mas, ao mesmo tempo, como é pro­fun­do ter­mos uma orga­ni­za­ção capaz de ser o nosso bál­sa­mo de Gileade!


O pre­si­den­te Boyd K. Packer, em um dis­cur­so para as mulhe­res da Igreja, citou a Primeira Presidência:


“Pedimos a nos­sas irmãs da Sociedade de Socorro que nunca se esque­çam de que per­ten­cem a uma orga­ni­za­ção única no mundo todo, pois foram orga­ni­za­das sob a ins­pi­ra­ção do Senhor. ( … ) Nenhuma outra orga­ni­za­ção de mulhe­res em toda a Terra sur­giu dessa manei­ra.” (A Liahona, março de 1981, p. 163.)


A orien­ta­ção divi­na con­ti­nua sendo dada ainda hoje, quan­do os líde­res do sacer­dó­cio nos acon­se­lham, quan­do nos lide­ram, quan­do nos esti­mu­lam e nos ins­pi­ram. Sou grata ao nosso pro­fe­ta, Gordon B. Hinckley, e às Autoridades Gerais desta Igreja, que reve­ren­ciam o tra­ba­lho da Sociedade de Socorro.


Honramos a tare­fa que nos foi con­fia­da de demons­trar cari­da­de, de desen­vol­ver o tes­te­mu­nho do evan­ge­lho de Jesus Cristo, de for­ta­le­cer as famí­lias da Igreja e de nos con­cen­trar­mos em viver o evan­ge­lho. Fazemo-lo em nos­sas reu­niões, em nossa casa, em nos­sos rela­cio­na­men­tos. Da pers­pec­ti­va espi­ri­tual, isso repre­sen­ta o bál­sa­mo de Gileade, aque­la influên­cia bené­fi­ca men­cio­na­da pelo Presidente Monson, uma influên­cia que dá paz à alma. O bál­sa­mo está conos­co todo o tempo e é ele que faz a dife­ren­ça.


A paz espi­ri­tual é bas­tan­te rara em nos­sos dias. Para mui­tos, este é um perío­do de con­fu­são, de sinais tro­ca­dos, de prio­ri­da­des inver­ti­das. Sempre have­rá pro­ble­mas e ten­sões que des­viam nossa aten­ção do tra­ba­lho a ser feito para o Senhor. Lembrem-se, irmãs, a Sociedade de Socorro é a orga­ni­za­ção que o Senhor for­mou para as mulhe­res. É muito mais do que uma aula aos domin­gos. O ser­vi­ço na Sociedade de Socorro glo­ri­fi­ca todas nós. Uma irmã resi­den­te no Estado de Virgínia escre­veu:


“Já servi em quase todos os cha­ma­dos [da Sociedade de Socorro] e pas­sei a ter um pro­fun­do amor por essa auxi­liar, que me tem aju­da­do a ins­truir-me em diver­sos aspec­tos. Vejo esses anos como os mais espi­ri­tuais e agra­dá­veis de minha expe­riên­cia na Igreja. A Sociedade de Socorro ensi­nou-me que sou uma pes­soa de valor.” (Loretta H. Ison, Big Stone Gap, Virgínia.)


Na Sociedade de Socorro, temos sem­pre em mente as vir­tu­des rela­ti­vas às mulhe­res, às mães, às famí­lias e a um viver reto. Em paz com essa orien­ta­ção defi­ni­da por Deus, as irmãs da Sociedade de Socorro podem tra­zer o bál­sa­mo de Gileade para o nosso con­tur­ba­do tempo. Temos os recur­sos espi­ri­tuais da fé, da espe­ran­ça e da com­pai­xão para usar como bál­sa­mo.


O bál­sa­mo de Gileade era uma erva aro­má­ti­ca usada anti­ga­men­te para curar e acal­mar. Feito de uma árvo­re ou arbus­to que cres­cia em abun­dân­cia nos arre­do­res de Gileade, era uma espe­cia­ria muito comum, sem­pre muito requi­si­ta­da. Seu poder tor­nou-se fami­liar pelas pala­vras deste hino:


Há um bál­sa­mo em Gileade


Que cica­tri­za as feri­das,


Há um bál­sa­mo em Gileade


Que cura a alma feri­da pelo ⌦peca­do.


(Recreational Songs, 1949, ⌦p. 130.)


Como pre­si­den­te, dese­jo que cada irmã da Igreja reco­nhe­ça a impor­tân­cia de seu ser­vi­ço e seja mag­ni­fi­ca­da em seu tra­ba­lho no reino de Deus na Terra. Irmãs, nosso cha­ma­do é sagra­do. Quando nos dedi­ca­mos aos pro­pó­si­tos da Sociedade de Socorro, mui­tos dos pro­ble­mas que afli­gem nossa famí­lia e nossa comu­ni­da­de alte­ram-se de modo radi­cal.


O pró­prio nome da “Sociedade de Socorro” des­cre­ve o pro­pó­si­to que cul­ti­va­mos: pro­ver socor­ro. Nós, mulhe­res, temos mui­tas vezes o dese­jo e a ten­dên­cia natu­ral de con­ser­tar o que está que­bra­do, mas não somos a “socie­da­de das solu­ções”. Somos a Sociedade de Socorro. Conhecemos o poder e a força do fruto do Espírito des­cri­to em Gálatas: amor, gozo, paz, lon­ga­ni­mi­da­de, benig­ni­da­de, bon­da­de, fé (5:22; grifo da auto­ra). Podemos acal­mar um cora­ção afli­to, ainda que não con­si­ga­mos resol­ver o pro­ble­ma. Podemos trans­mi­tir tran­qüi­li­da­de e con­fian­ça, gen­ti­le­za e calma.


Quando o Profeta Joseph Smith esta­va sofren­do na cadeia de Liberty, escre­veu sobre o bál­sa­mo que rece­beu dos ami­gos. Disse ele:


“Somente aque­les que esti­ve­ram entre as pare­des de uma pri­são, sem que hou­ves­se moti­vo para tanto⌦( … ) podem ter uma peque­na idéia do quan­to a voz de um amigo é doce; qual­quer sinal de ami­za­de des­per­ta e põe em ação os sen­ti­men­tos de soli­da­rie­da­de. ( … ) Nesse momen­to a voz da ins­pi­ra­ção entra fur­ti­va­men­te e sus­sur­ra: ( … ) ‘A paz seja com a tua alma’” (History of the Church, ⌦3: 293).


Joseph reco­nhe­cia o papel que cada um de nós desem­pe­nha ao dar apoio, socor­rer e acal­mar, de modo que as cala­mi­da­des da vida sejam silen­cia­das e a voz do Senhor seja ouvi­da.


Esse é o bál­sa­mo que as mulhe­res da Sociedade de Socorro apli­cam hoje. Em nossa igre­ja, pelo mundo afora, há inú­me­ras irmãs que colo­cam a famí­lia em pri­mei­ro lugar; mulhe­res que lêem e pon­de­ram as escri­tu­ras, que seguem o con­se­lho do pro­fe­ta vivo, mulhe­res que estão ser­vin­do onde foram cha­ma­das, em tra­ba­lhos que vão desde orga­ni­zar acam­pa­men­tos para Lauréis até ensi­nar as Regras de Fé às crian­ças da Primária e rece­ber as irmãs na reu­nião da Sociedade de Socorro aos domin­gos—e o mundo é aben­çoa­do por sua influên­cia.


Muitas vezes nossa con­tri­bui­ção é silen­cio­sa, uma irmã por vez. Sempre foi assim. Penso em Maria, que lavou os pés de Cristo depois de uma jor­na­da quen­te e poei­ren­ta e, antes de pas­sar ungüen­to em Seus pés, secou-os com os pró­prios cabe­los. (Ver João 12:3.) Penso em Dorcas, às vezes cha­ma­da de irmã da Sociedade de Socorro do Novo Testamento, por­que sua vida cheia de boas obras fez com que as mulhe­res cho­ras­sem quan­do mor­reu. Rogaram a Pedro que lhe devol­ves­se a vida. (Ver Atos 9:36–39.) Penso em Helen, que tra­ba­lha comi­go no escri­tó­rio geral da Sociedade de Socorro. Incansável, pacien­te, afá­vel e pres­ta­ti­va, Helen é uma fonte de paz. Ela con­for­ta-me por­que sei que esta­rá sem­pre ali, como sem­pre este­ve.


Já tive o pri­vi­lé­gio de conhe­cer mui­tas de vocês. Obrigada pelo amor cons­tan­te que demons­tram umas para com as outras, pelo exem­plo que dão, pelo ser­vi­ço que pres­tam. Obrigada por esten­de­rem as mãos e tra­ze­rem umas às outras para este cír­cu­lo de irmãs que é o cora­ção e a alma de um ramo, de uma ala, de uma esta­ca.


A quin­ta pre­si­den­te geral da Sociedade de Socorro, Emmeline B. Wells, des­cre­veu a influên­cia das irmãs dizen­do: “O sol nunca se põe na Sociedade de Socorro” (“R.S. Reports: Alpine Stake”, Woman’s Exponent, Agosto de 1904, p. 21.)


Já esti­ve em mui­tas reu­niões da Sociedade de Socorro, em várias par­tes do mundo, e sei que o Senhor não tem tra­ba­lha­do­res melho­res do que as boas irmãs das con­gre­ga­ções. Nosso bál­sa­mo de Gileade assu­me várias for­mas, por­que nós o apli­ca­mos com as mãos e o cora­ção.


Lembro-me do rela­tó­rio que rece­bi de uma irmã, do Estado da Geórgia, desig­na­da para ava­liar os danos que uma enchen­te arra­sa­do­ra cau­sa­ra nas casas dos mem­bros de sua esta­ca. Com a lama che­gan­do-lhe aos tor­no­ze­los, entrou na cozi­nha de uma das casas e abriu um armá­rio. Dentro dele, enro­la­da, havia uma cobra vene­no­sa. Ela fechou rapi­da­men­te a porta e ten­tou um outro armá­rio: viu-se cara a cara com outra cobra. Consternada, cor­reu para o andar de cima, onde encon­trou um jaca­ré. Eu clas­si­fi­ca­ria seu tra­ba­lho como cari­da­de herói­ca.


Uma mãe do Estado da Carolina do Norte, assis­ti­da por irmãs volun­tá­rias da Sociedade de Socorro duran­te o perío­do em que esti­ve­ra doen­te, disse: “As irmãs ensi­na­ram-me o valor de uma alma e mos­tra­ram-me que mesmo no fundo do poço, des­po­ja­das de todos os papéis que desem­pe­nha­mos, de títu­los e res­pon­sa­bi­li­da­des, somos sem­pre pre­cio­sas para nosso Pai Celestial e umas para as outras; ensi­na­ram-me que a cari­da­de nunca falha”.


Onde quer que este­ja­mos, pode­mos sem­pre ter conos­co o bál­sa­mo de Gileade e espa­lhá-lo. Pode ser algo muito sim­ples, como sen­tar-se ao lado de uma pes­soa que pre­ci­sa de você. Pode ser um comen­tá­rio pon­de­ra­do duran­te uma lição, res­pon­den­do tal­vez à ora­ção de outra pes­soa. Pode ser um olhar enco­ra­ja­dor, a ajuda a uma crian­ça que quer beber água no bebe­dou­ro, o envio de uma carta, ler as escri­tu­ras com alguém. Ou tal­vez visi­tar uma pes­soa de quem você sen­tiu falta nas últi­mas reu­niões ou alguém que a voz mansa e deli­ca­da men­cio­nou em seu cora­ção. Essas peque­nas ações ins­pi­ram-nos, reti­ram as apa­ras de nos­sos pro­ble­mas. De fato, “de peque­nas coi­sas pro­vêm as gran­des”. (D&C 64:33) Tanto aque­le que doa como aque­le que rece­be são aben­çoa­dos.


Nossa força no evan­ge­lho, como irmãs da Sociedade de Socorro, é mais visí­vel e mais deci­si­va em casa. As mulhe­res são o cora­ção de um lar. Seja qual for a sua situa­ção, você é o cen­tro da casa. Peço-lhes insis­ten­te­men­te que san­ti­fi­quem suas casas, que tenham como prio­ri­da­de for­ta­le­cer e sus­ten­tar a famí­lia.


Minha irmã e eu mui­tas vezes con­ver­sa­mos sobre nossa famí­lia. Somos filhas de bons pais. Minha mãe era dedi­ca­da à Sociedade de Socorro em Cardston, na Província de Alberta, no Canadá. Na infân­cia e na ado­les­cên­cia, obser­vei a influên­cia das irmãs da Sociedade de Socorro em nossa ala. Hoje per­ce­bo que elas esta­vam sem­pre pre­sen­tes em minha vida. Meu que­ri­do pai tinha um tes­te­mu­nho ina­ba­lá­vel, e aos oiten­ta e oito anos deu sua últi­ma bên­ção do sacer­dó­cio. Meus avós eram nos­sos vizi­nhos, o que não é muito comum hoje em dia. Meu avô era o patriar­ca da esta­ca e eu trans­cre­via as bên­çãos para ele. Esse ser­vi­ço foi um pri­vi­lé­gio mara­vi­lho­so em minha vida. Minha irmã Jean e eu temos lem­bran­ças tran­qüi­las e feli­zes do tempo em que morá­va­mos com nos­sos pais.


O lar pode ser um refú­gio sagra­do no mundo. Oferece-nos não ape­nas abri­go físi­co, mas tam­bém a segu­ran­ça de per­ten­cer a algum lugar, uma sen­sa­ção de pro­xi­mi­da­de com os outros mem­bros da famí­lia. As famí­lias moram num lar. São com­pos­tas de mães, filhas, tias e avós. Incluem tam­bém os avós, tios, irmãos, filhos e pais.


A famí­lia nos pro­por­cio­na nos­sos maio­res pra­ze­res e, às vezes, as dores mais dila­ce­ran­tes. É um ambien­te de apren­di­za­do cons­tan­te, uma esco­la na qual nunca nos for­ma­re­mos e onde sem­pre pode­re­mos apren­der algu­ma coisa. Aprendemos ali a pre­zar a paz espi­ri­tual que obte­mos ao exer­cer o prin­cí­pio da cari­da­de, da paciên­cia, da par­ti­lha, da inte­gri­da­de, da bon­da­de, da gene­ro­si­da­de, do auto­con­tro­le e do ser­vi­ço. São mais do que sim­ples valo­res fami­lia­res: são o modo de vida do Senhor.


O obje­ti­vo da Sociedade de Socorro da Igreja, apre­sen­ta­do em nosso manual, é aju­dar as mulhe­res e suas famí­lias a virem a Cristo. Isso sig­ni­fi­ca tra­zer a influên­cia de Jesus Cristo para den­tro de casa. Significa tam­bém con­cen­trar-se em Seu evan­ge­lho e ter pra­zer em seguir Seus man­da­men­tos. Significa rever o modo como usa­mos o tempo e ter empe­nho em unir e har­mo­ni­zar a famí­lia.


Vocês sabem que isso não é fácil. Os meios de comu­ni­ca­ção comen­tam a frag­men­ta­ção e até mesmo a dis­so­lu­ção da famí­lia. As pres­sões eco­nô­mi­cas obri­gam as famí­lias a tomar deci­sões difí­ceis. Somos empur­ra­dos em diver­sas dire­ções e, mesmo assim, temos de man­ter-nos fir­mes nos prin­cí­pios do evan­ge­lho. Nosso esfor­ço pode pas­sar des­per­ce­bi­do e ser pouco valo­ri­za­do, mas vale a pena, irmãs. As famí­lias são a estru­tu­ra de nossa vida, aqui e na eter­ni­da­de. O fato de serem sela­das indi­ca até que ponto são fun­da­men­tais para o plano do Senhor. E as mulhe­res têm um papel pri­mor­dial na famí­lia. Somos nós que damos o tom; somos o exem­plo para a con­du­ta diá­ria; deter­mi­na­mos a forma como as pes­soas serão tra­ta­das; somos pro­fes­so­ras, con­se­lhei­ras, con­fi­den­tes, defen­so­ras, ponto de apoio e com­pa­nhei­ras.


O desem­pe­nho da Sociedade de Socorro, ao colo­car a famí­lia em pri­mei­ro lugar, é sig­ni­fi­ca­ti­vo. As “aulas para as mães” foi a pri­mei­ra lição padro­ni­za­da da Sociedade de Socorro. Essas lições, que come­ça­ram em 1901, faziam parte do curso ori­gi­nal de Educação para as Mães. A inten­ção era aju­dar as irmãs a lidar com as obri­ga­ções domés­ti­cas, a edu­car os filhos, a ensi­nar o evan­ge­lho e a viver uma vida exem­plar. Exatamente como faze­mos hoje.


Atualmente, na Sociedade de Socorro, temos uma lição por mês, que se con­cen­tra nas neces­si­da­des da famí­lia e do lar. Mas não nos dete­mos aí. A famí­lia e o lar são o ponto de refe­rên­cia para todas as lições.


Por estar tão pró­xi­ma de nosso cora­ção, algu­mas vezes a famí­lia nos faz sofrer. Veja o exem­plo de Leí e Saria. Como será que se sen­tiam com as fre­qüen­tes bri­gas entre Lamã e Lemuel? O que José pen­sou de seus irmãos quan­do eles o ven­de­ram para os ismae­li­tas, que o leva­ram para o Egito? Será que a rai­nha Ester real­men­te que­ria ouvir de seu tio Mardoqueu: “( … ) e quem sabe se para tal tempo como este che­gas­te a este reino?” (Ester 4:14)


Família sig­ni­fi­ca res­pon­sa­bi­li­da­de para todos. Na últi­ma pri­ma­ve­ra, meu neto David, de sete anos, tele­fo­nou-me per­gun­tan­do se eu pode­ria ir à apre­sen­ta­ção de pri­ma­ve­ra de sua clas­se e disse: “Vou fazer um núme­ro sozi­nho”. Seria numa terça-feira, o dia em que estou mais ocu­pa­da, mas pro­me­ti que ten­ta­ria. Fui à apre­sen­ta­ção. Lá está­va­mos, os pais dele e eu, ten­tan­do iden­ti­fi­car nosso peque­no David no meio de uma cen­te­na de peque­nos ros­tos com ore­lhas de Mickey Mouse. David tinha real­men­te um solo. Todas as crian­ças tinham um solo! A recom­pen­sa veio no final do pro­gra­ma, quan­do ele pulou entre os ban­cos, dizen­do: “Vó, eu sabia que você vinha.”


Uma amiga con­tou-me recen­te­men­te que seu pai havia tido um der­ra­me. Ela pas­sou por um perío­do difí­cil, quan­do teve de deci­dir qual seria a melhor forma de cui­dar dele e ajudá-lo, con­si­de­ran­do tam­bém sua mãe, que esta­va em boas con­di­ções de saúde e ainda tinha a vida cheia de pro­mes­sas e de netos. Depois minha amiga falou sobre como aque­les dias a toca­ram. Ela disse: “Tenho per­ce­bi­do que gosto de apren­der com ele, vendo como ele lida com esse pro­ces­so difí­cil de enve­lhe­ci­men­to do corpo.”


Nos momen­tos mais difí­ceis, nossa famí­lia pode man­ter-nos está­veis. Aprendemos esta lição a par­tir de uma das expe­riên­cias mais vio­len­tas da his­tó­ria do mundo, a cru­ci­fi­ca­ção de Jesus Cristo, o Filho de Deus.


Lemos em João: “E junto à cruz de Jesus esta­vam sua mãe, e a irmã de sua mãe. ( … ) “(João 19:25) Estavam lá como haviam esta­do com Ele duran­te toda a Sua vida. Volto alguns anos no tempo e penso em Maria e José edu­can­do a crian­ça mais extraor­di­ná­ria do mundo. Vejo Maria con­for­tan­do o meni­no Jesus com pala­vras doces que nos vêm natu­ral­men­te: “Estou aqui.” E então, no mais dra­má­ti­co momen­to de todos os tem­pos, lá esta­va a mãe, Maria. Dessa vez ela não pôde abran­dar-Lhe a dor, mas pôde ficar a Seu lado. Jesus, em home­na­gem a ela, disse aque­las mara­vi­lho­sas pala­vras: “Mulher, eis aí teu filho. Depois disse ao dis­cí­pu­lo: Eis aí tua mãe.” (Versículos 26–27)


Minhas irmãs da Sociedade de Socorro, somos as por­ta­do­ras do bál­sa­mo de Gileade. Que a irman­da­de da Sociedade de Socorro as con­for­te e aben­çoe. Saibam que eu as apóio em tudo o que fazem por suas famí­lias. Que vocês pos­sam sen­tir a influên­cia bené­fi­ca, o bál­sa­mo da Sociedade de Socorro.


Despeço-me com meu tes­te­mu­nho de que Deus vive, de que Jesus Cristo é Seu Filho e de que o evan­ge­lho foi res­tau­ra­do nos últi­mos tem­pos. Em nome de Jesus Cristo. Amém. 9