1990–1999
A Ressurreição
April 1990


A Ressurreição

“Graças a ele, nosso Salvador, Jesus Cristo, o Filho do Deus vivo, nós, cada um de nós, viveremos novamente — livres, das eternas correntes da morte.”

Queridos irmãos, sinto-me feliz, hoje, em poder expressar o amor genuíno dos membros da Igreja da Área Norte da América do Sul e de vossos maravilhosos filhos missionários jovens e velhos, que constantemente me dizem: “Élder Hammond, quando vir nosso querido profeta, não se esqueça de dizer-lhe que o amamos. E, quando falar numa conferência geral da Igreja, diga aos santos que nosso amor ao Salvador está firmemente unido ao deles.” Eles são todos tão maravilhosos, e eu me sinto feliz por poder atender a seu amoroso pedido.

Gostaria, nesta ocasião, de falar especialmente aos jovens do mundo todo. Acho que eles, de alguma forma, possuem uma habilidade especial para entender coisas importantes. Posso ilustrar com uma pequena história?

Há muitos anos, estávamos realizando a noite familiar e debatíamos o princípio da ressurreição. Ao tentar explicar em termos simples tudo o que ele envolve, notei que nossos filhos pequenos me olhavam com uma expressão perplexa em seus rostinhos. Desculpando-me, resmunguei que era muito difícil compreender essas coisas. Foi quando Lezlee, nossa filha que então tinha cinco anos, preocupada com o meu desconforto, disse: “Não se preocupe, pai; eu entendo o senhor.” E passou a demonstrar seu recém-adquirido conhecimento do evangelho. Deitando-se no chão, ereta e imóvel, com os braços esticados, ela foi levantando vagarosamente até ficar em pé, e exclamou: “É simples, a gente afunda para cima.”

Portanto, desejo falar-vos sobre a ressurreição de nosso Salvador, Jesus Cristo, porque, no domingo de Páscoa, celebraremos sua ressurreição dos mortos e todos nós devemos conhecer a bela história de tão admirável evento.

Aconteceu no domingo de manhã. Profunda escuridão ainda pesava sobre a cidade santa, Jerusalém. Maria Madalena entrou no horto e se aproximou da tumba onde o corpo de Jesus de Nazaré fora recentemente colocado.

Dois dias antes o Cristo humilde, dependurado numa cruz de madeira, entregou seu espírito, e a vida mortal terminou para o Filho Unigênito de Deus na carne.

José de Arimatéia, membro do Sinédrio, discípulo de Jesus, pediu ao procurador romano, Pôncio Pilatos, permissão para remover o corpo da cruz. A permissão foi concedida. O corpo foi tirado da cruz e José, com a ajuda de Nicodemos, que numa ocasião anterior, durante a noite, questionara o Mestre, preparara gentilmente o corpo para o sepultamento, de acordo com o costume dos judeus. Esses homens, bons e dedicados, colocaram o corpo numa tumba recentemente aberta, que pertencia a José. Depois, uma pedra foi empurrada até a entrada, e o selo romano foi nela colocado, para não suceder que, vindo os discípulos, “o furtem, e digam ao povo: Ressuscitou dos mortos”. (Mateus 27:64.)

Maria Madalena se aproximou da tumba, mas, para seu espanto, a grande pedra havia sido removida. O corpo de seu amado Mestre desaparecera. Ela correu para avisar os apóstolos da nova tragédia, dizendo: “Levaram o Senhor do sepulcro, e não sabemos onde o puseram.” (João 20:2.)

Pedro, o apóstolo chefe, e João, o apóstolo amado, correram até o sepulcro. A história de Maria foi confirmada. A tumba estava vazia, exceto pelos panos de linho que envolviam o corpo. Entristecidos, os dois apóstolos voltaram para casa.

“E Maria estava chorando fora, junto ao sepulcro. Estando ela pois chorando, abaixou-se para o sepulcro.” (Versículo 11.) Dois anjos vestidos de branco estavam sentados dentro da tumba. Vendo sua grande dor, perguntaram: “Mulher, por que choras?” Ela respondeu com amargura: “Porque levaram o meu Senhor, e não sei onde o puseram.” (Vers. 13.)

Ainda chorando, Maria voltou-se para trás e, com os olhos anuviados, e viu Jesus em pé, ali perto. E ele lhe disse: “Mulher, por que choras? Quem buscas? Pensando que fosse o jardineiro, ela replicou: “Senhor, se tu o levaste, dize-me onde o puseste, e eu o levarei.” (Vers. 15.)

Numa voz impregnada de amor e ternura, ele pronunciou uma única palavra: “Maria.” Já não havia como se enganar com a voz; era Jesus. Com uma emoção que está além de nossa compreensão, a mulher só conseguiu exclamar “Raboni”, que significa Mestre.

Lá estava ele — vivo! Ressuscitado dos mortos, para nunca mais morrer! Seu corpo perfeito para sempre unido ao espírito. O Cristo eterno!

Para crédito das gentis e dedicadas mulheres de todo o mundo, como primeira testemunha terrena de sua ressurreição dos mortos, nosso Redentor escolheu uma mulher, Maria Madalena.

Ao contemplarmos os eventos que levaram à morte de Jesus Cristo, nossa tendência é entristecer-nos com os horríveis sofrimentos que lhe infligiram homens iníquos, as terríveis chibatadas que lhe foram impostas, os cravos pregados em suas mãos e pés, a agonia na cruz, e finalmente seu amoroso coração, esmagado pelos pecados da humanidade.

Mas ele não está morto! Já ressuscitou! É o primeiro fruto da ressurreição. Sem ele, nossa vida terminaria com a morte. Ficaríamos consignados ao túmulo, mofando no pó para sempre. Graças ao Salvador, Jesus Cristo, o Filho de Deus, viveremos novamente — livres das eternas cadeias da morte.

Para os pais que colocaram o corpo mortal de um filho amado no túmulo, ou para vós que perdestes mãe ou pai, marido ou mulher, digo que deveis ter esperança. Se formos fiéis até o fim, eles não estarão perdidos para nós, a não ser por um momento. E depois, como será alegre aquela reunião, pois a misericórdia do Senhor no-los trará, triunfantes, do túmulo.

E assim, queridos jovens de todo o mundo, ao nos aproximarmos da celebração da Páscoa, lembrai-vos da história de Jesus saindo do túmulo como ser perfeito e glorificado. Lembrai-vos de que ele tornou possível para todos nós que ressuscitemos e voltemos a viver com ele no reino celestial de Deus, por toda a eternidade! Se vos lembrardes, compreendereis o amor dele por nós, e vosso amor por ele crescerá e se tornará cada vez mais intenso.

Este é o meu humilde testemunho da gloriosa ressurreição do Senhor Jesus, que proclamo com o meu profundo amor a ele e vós. Em nome de Jesus Cristo, amém.