2010–2019
O ensino no lar — Uma prazerosa e sagrada responsabilidade
Abril de 2018


O ensino no lar — Uma prazerosa e sagrada responsabilidade

Rogo pela ajuda do céu ao nos esforçarmos para ser professores semelhantes a Cristo em nosso lar.

Minha querida esposa, Julie, e eu criamos seis filhos preciosos, e nossa casa recentemente se tornou um ninho vazio. Como sinto falta de ter nossos filhos o tempo todo em nossa casa! Sinto falta de aprender com eles e de ensiná-los.

Hoje dirijo minhas palavras a todos os pais e a todos os que desejam ser pais. Muitos de vocês estão criando seus filhos atualmente. Para outras pessoas, esse momento pode chegar em breve. E para outras ainda, a paternidade pode ser uma bênção futura. Oro para que todos nós reconheçamos a prazerosa e sagrada responsabilidade que é ensinar um filho.1

Como pais, fazemos com que nossos filhos conheçam o Pai Celestial e Seu Filho, Jesus Cristo. Ajudamos nossos filhos a fazer sua primeira oração. Damos orientação e apoio ao entrarem no caminho do convênio2 por meio do batismo. Nós os ensinamos a obedecer aos mandamentos de Deus. Nós os instruímos a respeito do plano que Ele tem para Seus filhos e os ajudamos a reconhecer os sussurros do Espírito Santo. Contamos a eles histórias de profetas antigos e os incentivamos a seguir os profetas atuais. Oramos pelo sucesso deles e sofremos com eles durante suas provações. Testificamos para nossos filhos a respeito das bênçãos do templo e nos empenhamos para prepará-los bem para servir uma missão de tempo integral. Damos conselhos com amor à medida que nossos filhos se tornam pais. Mas, mesmo assim, nunca deixamos de ser seus pais. Nunca deixamos de ser seus professores. Nunca somos desobrigados desse chamado eterno.

Vamos refletir hoje sobre algumas das maravilhosas oportunidades que temos de ensinar nossos filhos em nosso lar.

O ensino na noite familiar

Começaremos com a noite familiar, uma alta prioridade no lar cheio de fé em que fui criado. Não me lembro de lições específicas que foram ensinadas na noite familiar, mas me lembro bem de que nunca passamos uma semana sem fazê-la.3 Eu sabia o que era importante para meus pais.4

Lembro-me de uma de minhas atividades favoritas na noite familiar. Meu pai convidava um de seus filhos para fazer “O teste”. Ele dava ao filho uma série de instruções do tipo: “Primeiro, vá até a cozinha, abra e feche a geladeira. Depois corra até meu quarto e pegue um par de meias em minha cômoda. Então volte aqui, dê três pulos e diga: ‘Papai, consegui!’”

Eu adorava quando chegava a minha vez. Eu queria fazer tudo corretamente e apreciava o momento em que poderia dizer: “Papai, consegui!” Essa atividade ajudou a aumentar minha confiança e fez com que fosse mais fácil para um menino inquieto prestar atenção quando meu pai ou minha mãe ensinavam um princípio do evangelho.

O presidente Gordon B. Hinckley aconselhou: “Se você tem alguma dúvida sobre a virtude da noite familiar, experimente-a. Reúna seus filhos à sua volta, ensine-os, preste testemunho a eles, leiam as escrituras e passem um bom tempo juntos”.5

Sempre haverá oposição para que a noite familiar não aconteça.6 A despeito disso, convido vocês a encontrar uma maneira de contornar os obstáculos e a fazer com que a noite familiar seja uma prioridade — e a fazer com que a diversão seja um ingrediente fundamental.

O ensino na oração familiar

A oração familiar é uma ótima oportunidade de ensino.

Amo a forma como o pai do presidente N. Eldon Tanner o ensinou durante uma oração familiar. O presidente Tanner disse o seguinte:

“Lembro-me de uma noite em que estávamos ajoelhados em oração familiar e meu pai disse ao Senhor: ‘Eldon fez algo hoje que não deveria ter feito; ele está arrependido, e se o Senhor o perdoar, ele não voltará a fazê-lo’.

Isso me influenciou a não repetir o erro — muito mais do que uma punição física”.7

Quando eu era pequeno, às vezes ficava irritado com nossas orações familiares aparentemente excessivas, e pensava: “Não acabamos de orar alguns minutos atrás?” Agora, como pai, sei que nunca é demais fazer orações em família.8

Sempre fico impressionado com o modo como o Pai Celestial apresenta Jesus Cristo como Seu Filho Amado.9 Gosto de orar por meus filhos chamando-os pelo nome, ao mesmo tempo em que eles me ouvem expressar ao Pai Celestial o quanto eu os amo. Parece não haver melhor momento para expressar amor por nossos filhos do que quando oramos com eles ou quando os abençoamos. Quando as famílias estão unidas em humilde oração, lições poderosas e duradouras são ensinadas.

Prontidão para ensinar

O ensino dos pais se assemelha a um médico de plantão. Precisamos estar sempre prontos para ensinar nossos filhos, pois nunca sabemos quando a oportunidade surgirá.

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Jesus ensina a mulher samaritana junto à fonte

Somos como o Salvador, cujos ensinamentos muitas vezes “[não foram dados] em uma sinagoga, mas em locais informais, no dia a dia — fazendo uma refeição com Seus discípulos, retirando água de um poço ou passando por uma figueira”.10

Há vários anos, minha mãe contou que as duas melhores conversas que ela teve com meu irmão mais velho, Matt, a respeito do evangelho, aconteceram certa vez enquanto ela estava dobrando roupas e outra vez quando ela estava o levando ao dentista. Uma das muitas coisas que admirava em minha mãe era sua prontidão para ensinar seus filhos.

Seu ensino como mãe nunca teve um fim. Enquanto eu servia como bispo, minha mãe, que na época tinha 78 anos, disse que eu precisava cortar o cabelo. Ela sabia que eu precisava ser um exemplo e não hesitou em me falar. Amo você, mãe!

Como pai, sinto-me motivado a estudar e a ponderar as escrituras individualmente para ser capaz de responder com prontidão quando meus filhos ou netos surgirem com uma oportunidade de ensino.11 “Alguns dos melhores momentos de ensino começam com uma pergunta ou preocupação no coração de um [membro da família].”12 Estamos ouvindo durante esses momentos?13

Amo o convite do apóstolo Pedro: “Estai sempre preparados para responder a qualquer [e eu adicionaria a palavra filho] que vos perguntar a razão da esperança que há em vós”.14

Quando eu era adolescente, meu pai e eu gostávamos de desafiar um ao outro para ver quem tinha o aperto de mão mais forte. Apertávamos a mão um do outro o mais forte que podíamos até que alguém fizesse uma careta de dor. Isso não parece tão divertido agora, mas, por alguma razão, naquela época era. Após certo duelo, meu pai olhou em meus olhos e disse: “Você tem mãos fortes, filho. Espero que suas mãos tenham sempre a força necessária para nunca tocar uma moça de forma inapropriada”. Ele então me convidou a permanecer moralmente limpo e a ajudar outras pessoas a fazer o mesmo.

O élder Douglas L. Callister compartilhou o seguinte a respeito de seu pai: “Certo dia, enquanto voltava do trabalho para casa, meu pai disse espontaneamente: ‘Paguei meu dízimo hoje. Escrevi ‘obrigado’ na papeleta do dízimo. Sou muito grato ao Senhor por abençoar nossa família’”.

O élder Callister então prestou a seguinte homenagem a seu pai e professor: “Ele ensinou tanto atos quanto atitudes de obediência”.15

Acredito que seja sábio nos perguntarmos de vez em quando: “O que ensinarei, ou o que estou ensinando, a meus filhos por meio de meus atos e minhas atitudes de obediência?”

O ensino no estudo das escrituras em família

O estudo das escrituras em família é um ambiente ideal para o ensino da doutrina no lar.

O presidente Russell M. Nelson disse: “Não somente os pais devem agarrar-se à palavra do Senhor, mas têm uma ordem divina para ensiná-la aos filhos”.16

À medida que Julie e eu criávamos nossos filhos, procurávamos ser consistentes e criativos. Certo ano, decidimos ler o Livro de Mórmon em espanhol em família. Será que foi por isso que o Senhor chamou cada um de nossos filhos que serviram uma missão de tempo integral para uma missão de língua espanhola? Es posible.

Fiquei profundamente comovido quando o irmão Brian K. Ashton me contou que ele e seu pai leram juntos todas as páginas do Livro de Mórmon em seu último ano do Ensino Médio. O irmão Ashton ama as escrituras. Elas estão escritas em sua mente e em seu coração. Seu pai plantou essa semente quando o irmão Ashton era adolescente, e essa semente17 cresceu até se tornar uma árvore profundamente enraizada na verdade. O irmão Ashton fez o mesmo com seus filhos mais velhos.18 Recentemente, seu filho de 8 anos perguntou a ele: “Pai, quando vou ler o Livro de Mórmon com você?”

O ensino por meio do exemplo

Por último, nosso ensinamento mais impactante como pais é nosso exemplo. Somos aconselhados a ser “o exemplo dos fiéis, na palavra, no trato, na caridade, no espírito, na fé, na pureza”.19

Durante uma viagem recente, Julie e eu fomos à igreja e vimos esse versículo na prática. Um rapaz, que estava prestes a ir para a missão, falou em uma reunião sacramental.

Ele disse: “Todos vocês acham que meu pai é um bom homem na Igreja, mas…” Ele fez uma pausa e fiquei curioso com o que ele iria dizer em seguida. Ele continuou e disse: “Ele é um homem ainda melhor em casa”.

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A Família Stewart

Posteriormente agradeci a esse rapaz pela inspirada homenagem que ele havia prestado a seu pai. Fiquei sabendo depois que seu pai era o bispo da ala. Embora esse bispo estivesse servindo fielmente à sua ala, seu filho sentia que seu melhor trabalho era realizado em casa.20

O élder D. Todd Christofferson aconselhou: “Temos muitas oportunidades para ensinar (…) a nova geração, e devemos devotar nossos melhores pensamentos e esforços para tirar o maior proveito dessas oportunidades. E o mais importante, devemos continuar a incentivar e a ajudar os pais a serem professores melhores e mais consistentes, (…) principalmente pelo exemplo”.21

É dessa forma que o Salvador ensina.22

No ano passado, em uma viagem com nossos dois filhos mais jovens, Julie sugeriu que fizéssemos batismos vicários no Tempo de St. George e no Templo de San Diego. Reclamei, pensando: “Vamos ao templo quando estamos em casa, agora estamos de férias. Por que não fazemos algo que se pareça mais com as férias?” Após os batismos, Julie queria tirar fotos no exterior do templo. Murmurei em silêncio — novamente. Vocês podem imaginar o que aconteceu em seguida: tiramos fotos.

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A família Durrant no Templo de San Diego Califórnia
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A família Durrant no Templo de St. George Utah

Julie quer que nossos filhos tenham lembranças de como ajudamos nossos antepassados, e eu também. Não precisávamos de uma lição formal a respeito da importância dos templos. Estávamos vivendo isso — graças a uma mãe que ama o templo e quer que seus filhos tenham esse mesmo amor.

Quando os pais demonstram amor um pelo outro e são exemplos de retidão, os filhos são eternamente abençoados.

Conclusão

Que todos os que se empenham em dar o melhor de si ao ensinar em seu lar encontrem paz e alegria em seus esforços. E se acreditam que podem melhorar ou que precisam de mais preparação, sigam com humildade as orientações do Espírito e estejam prontos para agir.23

O élder L. Tom Perry disse: “A saúde de qualquer sociedade, a felicidade de seu povo, sua prosperidade e sua paz, todas essas coisas têm uma raiz comum no ensino dos filhos no lar”.24

Sim, minha casa agora se tornou um ninho vazio, mas ainda estou de plantão, pronto e ansioso para encontrar outras oportunidades preciosas de ensinar meus filhos crescidos, seus filhos e, espero que algum dia, os filhos deles.

Rogo pela ajuda do céu ao nos esforçarmos para ser professores semelhantes a Cristo em nosso lar. Em nome de Jesus Cristo. Amém.