2010–2019
Continuamente Agarrados
Outubro 2013


Continuamente Agarrados

Que nos mantenhamos continuamente agarrados à barra de ferro que conduz à presença de nosso Pai Celestial.

Meu pai se lembra do dia exato, até da hora exata em que sua família — pai, mãe e quatro filhos — saíram da Igreja, muitos para nunca mais voltar nesta vida. Ele tinha 13 anos de idade, era um diácono, e naqueles dias as famílias frequentavam a Escola Dominical pela manhã e depois a reunião sacramental à tarde. Numa bela manhã de primavera, depois de voltar para casa dos serviços de adoração da manhã de domingo e da refeição do meio do dia em família, sua mãe virou-se para seu pai e perguntou simplesmente: “Querido, você acha que devemos ir à reunião sacramental nesta tarde ou devemos levar a família para um passeio no campo?”

A ideia de que havia uma opção à reunião sacramental nunca havia ocorrido a meu pai, mas ele e seus três irmãos adolescentes se animaram e passaram a prestar muita atenção. O passeio daquela tarde de domingo foi provavelmente uma atividade familiar agradável, mas aquela pequena decisão foi o início de um novo rumo, que por fim levaria a família para longe da Igreja e de sua segurança e de suas bênçãos, para um caminho diferente.

Como lição aos que hoje talvez se sintam tentados a escolher um caminho diferente, o profeta Leí do Livro de Mórmon compartilhou uma visão com sua família em que ele viu “inumeráveis multidões de pessoas, muitas delas se empurrando para alcançar o caminho que conduzia à árvore junto à qual [ele se] achava.

E (…) elas começaram a andar pelo caminho que conduzia à árvore.

E (…) se levantou uma névoa de escuridão, (…) tão densa que os que haviam iniciado o caminho se extraviaram dele e, sem rumo, perderam-se”.1

Leí então viu o segundo grupo que estava “avançando com esforço; e chegaram e conseguiram segurar a extremidade da barra de ferro; e empurraram-se através da névoa de escuridão, apegados à barra de ferro, até que chegaram e comeram do fruto da árvore”. Infelizmente, “depois de haverem comido do fruto da árvore, olharam em redor como se estivessem envergonhados”, por causa daqueles que estavam em “um grande e espaçoso edifício” e que tinham uma “atitude [que] era de escárnio e apontavam o dedo para aqueles que haviam chegado e comiam do fruto”. Aquelas pessoas então “desviaram-se por caminhos proibidos e perderam-se”.2 Não foram capazes ou talvez não tiveram a disposição de perseverar até o fim.

Houve, porém, um terceiro grupo de pessoas que não apenas conseguiu alcançar a árvore da vida, mas também não se afastou. A respeito dessas pessoas, as escrituras dizem que elas “avançavam, continuamente agarradas à barra de ferro, até que chegaram; e prostraram-se e comeram do fruto da árvore”.3 A barra de ferro representava para aquele grupo de pessoas a única segurança que elas podiam encontrar, e elas se agarraram continuamente à barra, recusando-se a largá-la, mesmo por algo tão simples quanto um passeio pelo campo na tarde de domingo.

A respeito desse grupo de pessoas, o Élder David A. Bednar ensinou: “A expressão-chave desse versículo é ‘continuamente agarradas’ à barra de ferro. (…) Talvez esse terceiro grupo tenha lido, estudado e examinado constantemente as palavras de Cristo (…) Esse é o grupo do qual devemos procurar fazer parte”.4

Aqueles de nós que hoje são membros da Igreja de Deus fizeram convênio de seguir Jesus Cristo e de obedecer aos mandamentos de Deus. No batismo, fizemos o convênio de ser uma testemunha do Salvador,5 de socorrer os fracos e os necessitados,6 de guardar os mandamentos de Deus e de nos arrepender, quando necessário, porque como o Apóstolo Paulo ensinou: “Todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus”.7

Todas as semanas, temos a oportunidade de frequentar a reunião sacramental, na qual podemos renovar esses convênios partilhando do pão e da água na ordenança do sacramento. Esse simples ato permite que novamente nos comprometamos a seguir Jesus Cristo e a nos arrepender quando cometemos um erro. A promessa de Deus para nós, em troca, é que Seu Espírito nos será um guia e proteção.

Em Pregar Meu Evangelho, nossos missionários ensinam que a revelação e o testemunho vêm quando frequentamos as reuniões de domingo: “Ao assistirmos às reuniões da Igreja e adorarmos juntos, fortalecemo-nos uns aos outros. Sentimo-nos renovados pelo convívio com amigos e familiares. Nossa fé é fortalecida ao estudarmos as escrituras e aprendermos mais a respeito do evangelho restaurado”.8

Alguém pode perguntar: por que temos três reuniões separadas no domingo e por que temos a necessidade delas? Analisemos brevemente essas três reuniões:

  • A reunião sacramental nos dá a oportunidade de participar da ordenança do sacramento. Renovamos nossos convênios, recebemos uma maior medida do Espírito e temos a bênção adicional de sermos instruídos e edificados pelo Espírito Santo.

  • A Escola Dominical nos permite “[ensinar] a doutrina do reino uns aos outros”9 para que todos possam ser “edificados e juntos se [regozijar]”.10 Sentimos grande força e paz em nossa vida pessoal quando compreendemos as doutrinas do evangelho restaurado.

  • As reuniões do sacerdócio são uma ocasião para que os homens e os rapazes “[aprendam] seu dever”11 e sejam “instruídos mais perfeitamente”,12 e as reuniões da Sociedade de Socorro proporcionam às mulheres da Igreja uma oportunidade de “aumentar sua fé (…), fortalecer a família e o lar, e auxiliar os necessitados”.13

Da mesma forma nossas moças e crianças têm suas próprias reuniões e classes nas quais aprendem o evangelho ao se prepararem para as importantes responsabilidades que virão. Em cada uma dessas reuniões incomparáveis, porém interligadas, aprendemos a doutrina, sentimos o Espírito e servimos uns aos outros. Embora possa haver exceções devido à distância, ao custo da viagem ou à saúde, devemos nos esforçar para frequentar todas as nossas reuniões de domingo. Prometo que bênçãos de grande alegria e paz advirão por meio da adoração durante nossa programação de três horas de reuniões no domingo.

Nossa família se comprometeu a frequentar todas as reuniões dominicais. Descobrimos que isso fortalece nossa fé e aprofunda nossa compreensão do evangelho. Aprendemos que nos sentimos bem sobre nossa decisão de frequentar as reuniões de domingo, especialmente quando voltamos para casa e continuamos a guardar o Dia do Senhor. Até mesmo quando estamos de férias ou viajando frequentamos todas as nossas reuniões de domingo. Uma de nossas filhas recentemente nos escreveu dizendo que ela havia assistido às reuniões da Igreja em uma cidade para a qual tinha viajado e depois acrescentou: “Sim, papai, assisti a todas as três reuniões dominicais”. Sabemos que ela foi abençoada por sua decisão justa.

Cada um de nós tem muitas escolhas a fazer sobre como vamos santificar o Dia do Senhor. Sempre haverá algumas atividades “boas” que podem e devem ser sacrificadas pela escolha “muito boa” da frequência às reuniões da Igreja. Essa, na verdade, é uma das maneiras pelas quais o adversário “engana [nossas] almas e [nos] conduz cuidadosamente ao inferno”.14 Ele usa atividades “boas” como substituto das “muito boas” ou “excelentes”.15

O empenho de nos agarrarmos continuamente à barra de ferro significa que sempre que possível frequentamos nossas reuniões de domingo: a reunião sacramental, a Escola Dominical e as reuniões do sacerdócio ou da Sociedade de Socorro. Nossos filhos e jovens frequentam suas respectivas reuniões da Primária, dos Rapazes e das Moças. Nunca devemos ficar escolhendo quais reuniões iremos frequentar. Simplesmente nos agarramos à palavra de Deus adorando e frequentando nossas reuniões de domingo.

O empenho de nos agarrarmos continuamente à barra de ferro significa que nos esforçamos para cumprir todos os mandamentos de Deus, fazemos nossas orações diárias em família e individualmente e estudamos as escrituras diariamente.

O empenho de nos agarrarmos continuamente à barra faz parte da doutrina de Cristo, conforme é ensinada no Livro de Mórmon. Exercemos fé em Jesus Cristo, arrependemo-nos de nossos pecados e mudamos nosso coração, depois seguimos Cristo às águas do batismo e recebemos o dom confirmador do Espírito Santo, que é um guia e consolador, e então, como Néfi ensinou, “[prosseguimos] com firmeza, [banqueteando-nos] com a palavra de Cristo” até o fim da vida.16

Irmãos e irmãs, somos um povo que faz convênios. De boa vontade fazemos e guardamos convênios, e a bênção prometida é a de que receberemos “tudo o que [o] Pai possui”.17 À medida que nos agarrarmos continuamente à barra de ferro, cumprindo nossos convênios, seremos fortalecidos para resistir às tentações e aos perigos do mundo. Seremos capazes de navegar por esta vida mortal com todas as suas dificuldades e todos os seus desafios até chegarmos à árvore que tem o “mais precioso e mais desejável [de] todos os frutos”.18

Meu pai teve a felicidade de se casar com uma mulher que o incentivou a voltar à Igreja em sua juventude e a começar novamente a progredir ao longo do caminho. A vida fiel deles abençoou todos os seus filhos e a geração seguinte de netos e agora de bisnetos.

Assim como a simples decisão de frequentar ou não uma das reuniões do dia de adoração fez uma diferença significativa na vida da família de meus avós, nossas decisões diárias vão repercutir em nossa vida de modo muito significativo. Uma decisão aparentemente pequena como a de frequentar ou não a reunião sacramental pode ter consequências de longo alcance, até eternas.

Decidamos ser diligentes e ganhar as grandes bênçãos e a proteção que advêm de nos reunirmos e de guardarmos nossos convênios. Que nos mantenhamos continuamente agarrados à barra de ferro que conduz à presença de nosso Pai Celestial, é minha oração no sagrado nome de Jesus Cristo. Amém.