Sinto-me grata por estar aqui em Logan, Utah, na Universidade Estadual de Utah. Quando meu marido, Jack, e eu passamos de carro pelo desfiladeiro Sardine e entramos neste vale esta noite, de certa forma senti como se estivesse voltando para casa. Quero dizer-lhes por quê.
Foi Aqui Que Comecei a Saber Por Mim Mesma
Há vários anos, era um lindo dia de outono quando colocamos os nossos pertences no carro da família. Eu estava indo para a faculdade com a minha irmã gêmea, e nossa mãe ia levar-nos de carro e nos deixar em Logan para frequentarmos a Universidade Estadual de Utah. Tínhamos visto fotografias deste belo campus e, em algumas das fotos, as árvores cresciam inclinadas. Foi-nos dito que não há vento em Logan, simplesmente as árvores crescem desse jeito. Mesmo assim, estávamos animadas. Colocamos no carro todas as nossas roupas e nossos sapatos, bem como alimentos para encher nossas prateleiras. Mal podíamos ver pelas janelas. Quando entramos neste vale, eu estava muito nervosa. Mal podia esperar pela aventura que me aguardava.
No campus, era possível sentir a emoção no ar, quando os alunos descarregavam os carros e levavam seus pertences para os dormitórios e apartamentos. Para minha irmã e eu, era a primeira vez que iríamos morar longe de casa, e nos sentimos independentes quando penduramos as roupas no armário e organizamos nosso quarto. Tínhamos dois pôsteres na parede. Um deles dizia: “Confia no Senhor de todo o teu coração, e não te estribes no teu próprio entendimento” (Provérbios 3:5). Nosso irmão mais velho nos deu o outro pôster, que dizia: “Lábios que tocam bebidas alcoólicas jamais tocarão os meus”.
Quando o carro estava vazio, ficamos na calçada, em frente do Salão Moen, segurando os últimos pertences que estavam no banco traseiro. Lá estávamos nós, com os braços cheios de potes de pêssego em calda, acenando para despedir-nos de nossa mãe. Então, quando o carro dela sumiu de vista, a realidade nos atingiu em cheio. Olhamos uma para a outra, com lágrimas correndo pelo rosto, e dissemos: “O que foi que fizemos? O que estávamos pensando? Como foi que algo que parecia ser apenas mais uma aventura passou a parecer tão assustador e intimidador?” Mal sabia eu que nos dias e anos que passaria naquele campus, eu tomaria decisões que definiriam o restante de minha vida. Foi ali que descobri que eu tinha minhas próprias crenças e me deparei com a necessidade de defender minha fé. Fiz amizades para toda a vida. Minhas orações se tornaram mais sinceras. Meu testemunho começou a crescer. Aprendi que defender meus padrões e empenhar-me ao máximo acadêmica e espiritualmente eram decisões pessoais.
Quem era eu na verdade? Ao longo daqueles anos, muitas vezes senti a derrota e o fracasso — e de vez em quando provei da esperança e do sucesso. Foi um processo de crescimento que passou da saudade de casa — uma saudade excruciante — para a emocionante independência. Senti-me como Amon e seus irmãos, no Livro de Mórmon, que tiveram ao mesmo tempo “sofrimentos (…) e (…) aflições e (…) incomensurável alegria” (Alma 28:8). Hoje percebo que precisei deixar meu lar confortável para progredir e aprender aquelas lições de vida. Não é de se admirar que este lugar, Cache Valley, esta universidade e este campus sejam tão belos para mim. Pois foi aqui que eu comecei a conhecer-me e, nesse processo de autoconhecimento, vim a conhecer o Salvador. Em sua vida, o que vocês vieram a conhecer e onde aprenderam isso?
Gostaria de falar-lhes hoje a respeito do processo de “vir a conhecer”.
Encontre um Local Onde Você Possa Vir a Conhecer por Si Mesmo
Quando saímos da presença de nosso Pai Celestial e de nosso lar confortável na existência pré-mortal para vir a esta Terra, estávamos dispostos a aprender e a ser testados. Agora, nesta Terra, talvez nos perguntemos: “O que foi que eu fiz?” Estamos aqui para trilhar um caminho. Estamos vivendo o plano de nosso Pai Celestial — o plano de salvação, a plenitude do evangelho. É um plano de felicidade! Joseph Smith disse que o plano de salvação é “uma das melhores dádivas do céu para a humanidade”.1
Esta experiência da mortalidade que achávamos que seria apenas uma grande aventura pode às vezes ser assustadora e intimidadora — e extremamente difícil! O véu nos impede de lembrar o que sabíamos antes. Agora andamos pela fé, mas com o conhecimento de que, com a ajuda do Senhor, podemos vir a conhecer o que sabíamos outrora. Nosso Pai Celestial nos ama imensamente. Fomos criados com o propósito não apenas de retornar a Sua presença, mas de realmente tornar-nos como Ele é. Estamos agora relembrando quão bem O conhecíamos. Brigham Young disse: “Vocês conheciam Deus, nosso Pai Celestial, muito bem, (…) porque não há alma que não tenha morado em Sua casa e habitado com Ele ano após ano [na existência pré-mortal]; mas vocês estão [agora nesta Terra] buscando conhecê-Lo, quando, na verdade, simplesmente esqueceram o que sabiam”.2
Nós O conhecíamos, naquela ocasião, mas é somente por meio de nosso esforço que viremos a conhecê-Lo aqui. Não estamos sozinhos em nossa jornada, pois Ele disse: “Estarei a vossa direita e a vossa esquerda e meu Espírito estará em vosso coração e meus anjos ao vosso redor para vos suster” (D&C 84:88).
Alma conheceu o Salvador e depois ensinou o povo nas águas de Mórmon. “Pregou-lhes arrependimento e redenção e fé no Senhor” (Mosias 18:7). Foi ali que as pessoas fizeram o convênio batismal de “servir de testemunhas de Deus em todos os momentos e em todas as coisas e em todos os lugares (…) para que [tivessem] a vida eterna” (Mosias 18:9). Cresceram na fé, aprenderam a guardar o dia do Senhor, aprenderam a trabalhar com as próprias mãos para seu sustento “e andaram retamente diante de Deus, ajudando-se uns aos outros, tanto material como espiritualmente” (Mosias 18:29; ver versículos 20–29).
Lemos também: “E aconteceu que tudo isto se passou em Mórmon, sim, junto às águas de Mórmon, no bosque que existia perto das águas de Mórmon; sim, as paragens de Mórmon, as águas de Mórmon, o bosque de Mórmon, quão belos são eles aos olhos dos que ali vieram a ter conhecimento de seu Redentor” (Mosias 18:30).
Por que, nessa escritura, nos sentimos atraídos às águas de Mórmon pela paisagem que as rodeia? De que modo essa descrição nos faz sentir a respeito daquele lugar, as águas de Mórmon? Talvez devamos refletir sobre a paisagem que nos cerca e o papel que ela desempenha em nossa jornada para que venhamos a conhecer nosso Redentor.
Agora é a hora. Se ainda não fizeram isso, este é o momento de buscar o lugar em que possam vir a conhecer seu Redentor. Onde são suas águas de Mórmon? Quão belo a seus olhos é esse lugar?
Para encontrar esse lindo lugar, vocês podem fazer a si mesmos estas quatro perguntas.
1. Vir a Conhecer o Espírito Santo
Pergunta número 1: Como [virei] a conhecer o Espírito Santo?
Um rapaz adolescente teve uma experiência pessoal quando era ainda criança, com menos de três anos de idade. Ele foi adotado por uma família de membros da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Seu ambiente mudou drasticamente. Ele saiu de seu lar, na Europa Oriental, e foi morar no leste dos Estados Unidos — uma terra com uma nova família, uma nova língua e novos sentimentos. Aos domingos, sua nova família o levava para o berçário. Foi na Igreja, no fim do corredor, naquela sala do berçário que ele sentiu: foi ali que ele veio a conhecer uma segurança e um amor que nunca sentira antes. Foi sua primeira experiência de realmente reconhecer o Espírito. Hoje, já adolescente, ele vai às vezes até o fim do corredor, até aquela mesma sala do berçário, para ouvir, ver e sentir o Espírito que sentiu ali certa vez. Quão belo é aquele berçário aos olhos daquela criança, que ali veio a conhecer o Espírito Santo.
Mórmon diz: “E a mansidão e a humildade resultam na presença do Espírito Santo, o Consolador, que nos enche de esperança e perfeito amor” (Morôni 8:26).
Mórmon descrevia o que o Salvador viria a descrever: “Tu receberás meu Espírito, o Espírito Santo, o Consolador, que te ensinará as coisas pacíficas do reino” (D&C 36:2).
No livro de Alma, aprendemos como os filhos de Mosias vieram a conhecer o Espírito Santo. Diz ali:
“Haviam examinado diligentemente as escrituras para conhecerem a palavra de Deus.
Isto, porém, não é tudo; haviam-se devotado a muita oração e jejum” (Alma 17:2–3).
Depois, saíram a ensinar. Eram rapazes comuns que tinham uma coragem extraordinária, por causa do Espírito Santo e do desejo de conhecer a palavra de Deus.
Amon disse: “E uma porção desse Espírito habita em mim, dando-me conhecimento e também poder segundo minha fé e desejos que estão em Deus” (Alma 18:35).
O pai de Lamôni sentiu o Espírito por meio dos ensinamentos de Aarão e disse: “[Darei] tudo quanto possuo; sim, abandonarei o meu reino para poder receber essa grande alegria” (Alma 22:15).
Tanto Lamôni quanto o pai de Lamôni sentiram o Espírito Santo, quando lhes foi ensinado o plano de salvação. Hoje em dia, os missionários, cheios do Espírito Santo, ensinam essa mensagem no mundo inteiro. Para aqueles de vocês que serviram missão: lembram-se de como sentiam a força do Espírito quando se erguiam e prestavam testemunho da veracidade do evangelho de Jesus Cristo?
Uma missionária a caminho do aeroporto disse: “Tenho medo de voltar para casa. E se eu não sentir o Espírito tão forte depois de minha missão como sinto agora?”
Eu disse a ela: “Se convidarmos o Espírito Santo em nossa vida e vivermos de modo a sermos dignos Dele, Ele sempre estará conosco”.
2. Vir a Conhecer a Veracidade do Livro de Mórmon
Pergunta número 2: Como [virei] a saber que o Livro de Mórmon é verdadeiro?
Em um devocional na BYU–Idaho, em junho de 2004, o Élder Clayton M. Christensen, professor da Faculdade de Administração de Empresas de Harvard, relatou a decisão que tomou de saber se o Livro de Mórmon era verdadeiro. Depois de formar-se na BYU, ele recebeu uma bolsa de estudos para estudar na Universidade Oxford, na Inglaterra. Foi então que chegou à conclusão de que “nem sequer sabia se o Livro de Mórmon era verdadeiro. [Ele] já tinha lido o Livro de Mórmon, [até] aquela época, sete vezes na vida, e a cada uma das sete vezes, tinha chegado ao final do livro, tinha se ajoelhado em oração e pedido a Deus que [lhe] dissesse se o livro era verdadeiro: mas não havia recebido resposta. Ao meditar sobre o motivo por que não recebera resposta, deu-se conta de que em todas as sete vezes anteriores, [ele] lera por designação, quer de seus pais ou de um professor da BYU ou de [seu] presidente da missão ou do professor do seminário, e [seu] objetivo era o de terminar o livro. Daquela vez, porém, [ele] precisava desesperadamente saber por [si mesmo] se o Livro de Mórmon era verdadeiro. Até aquele ponto de [sua] vida, havia [se] apoiado na crença que tinha em muitas das doutrinas da Igreja e na confiança que tinha nos pais, porque sabia que eles sabiam que o livro era verdadeiro, e [ele] confiava neles. Mas, por fim, ao chegar a Oxford, pela primeira vez na vida sentiu que precisava desesperadamente saber se o livro era verdadeiro”.
Oxford é uma das mais antigas universidades do mundo. Ele morava num prédio que tinha sido construído em 1410. Disse que era “belo de se ver, [mas] horrível de se morar”. Havia simplesmente um pequeno buraco na parede de pedra [no qual] fora encaixado [um aquecedor]. Ele decidiu comprometer-se a ler o Livro de Mórmon todas as noites, das onze horas à meia-noite, para descobrir se era verdadeiro. Disse que “[se] perguntou se valeria a pena gastar tanto tempo assim, pois estava em um programa acadêmico muito puxado, estudando econometria aplicada, e queria terminar o programa em dois anos, quando a maioria das pessoas o terminava em três; e [ele] simplesmente não sabia se poderia dar-[se] ao luxo de reservar uma hora por dia para aquela tarefa. Mas [ele] o fez”. Começou “às 11h, ajoelhando-se ao lado da cadeira, junto ao aquecedor, [para orar] em voz alta. Expressou a Deus como estava desesperado para saber se o livro era verdadeiro, dizendo que, se Ele [lhe] revelasse que o livro era verdadeiro, pretendia dedicar a vida à edificação de Seu reino. E [disse ao Senhor] que se o livro não fosse verdadeiro, [ele] precisava saber disso com certeza também, porque devotaria a vida à busca da verdade. Em seguida, sentou-[se] na cadeira e (…) leu a primeira página do Livro de Mórmon. Quando chegou ao fim daquela página, parou e pensou no que lera na página e [se] perguntou: ‘Será que isso poderia ter sido escrito por um charlatão que tentava enganar as pessoas, ou teria sido realmente escrito por um profeta de Deus? E o que significava para mim em minha vida?’ (…) Depois, pondo o livro de lado, ajoelhou-[se] em oração para pedir novamente a Deus, em voz alta: ‘Por favor, diz-[me] se este livro é verdadeiro’.Depois, sentou-se na cadeira, pegou o livro, virou a página e leu outra, fazendo uma pausa no fim da página, para repetir o que fizera. Fez isso por uma hora, todas as noites, dia após dia, naquele quarto frio e úmido do Queen’s College de Oxford.
Quando chegou aos capítulos finais de 2 Néfi, certa noite, depois de fazer [sua] oração, sentar-[se] em [sua] cadeira e abrir o livro, um espírito belo, cálido e amoroso encheu de súbito aquele quarto, cercando-[o] e penetrando-[lhe] a alma, envolvendo-[o] num sentimento de amor que [ele] jamais imaginara poder sentir. Começou a chorar e (…) não conseguia parar, porque ao olhar por entre as lágrimas para as palavras do Livro de Mórmon, sentiu a veracidade [daquelas] palavras, que antes jamais imaginara poder compreender. Viu as glórias da eternidade e vislumbrou o que Deus tinha reservado para [ele] como um de Seus filhos. [Ele] não queria parar de chorar. Aquele espírito permaneceu com [ele] durante toda aquela hora. E em todas as noites, depois disso, ao orar e sentar-[se] com o Livro de Mórmon junto ao aquecedor de [seu] quarto, aquele mesmo espírito voltava, e isso mudou [seu] coração e [sua] vida para sempre”.
Hoje, ele conta que relembra o conflito que vivenciou, “ao questionar se poderia dar-[se] ao luxo de passar uma hora todos os dias sem estudar, para descobrir se o Livro de Mórmon era verdadeiro”. Disse que “em todos os seus anos de estudo, aquele foi o conhecimento mais útil que já obteve na vida”.
Hoje ele adora voltar a Oxford. Diz que “a maioria das pessoas que estão ali são estudantes ou turistas que desejam ver uma bela universidade”. No entanto, ele adora “voltar para lá porque é um lugar sagrado, no qual [ele] pode olhar para as janelas do quarto em que morou, e pensar: “Este foi o lugar em que descobri que Jesus é o Cristo, que Ele é m7eu Redentor vivo, e que Joseph Smith foi o profeta da restauração da Igreja verdadeira”.
O Élder Christensen disse: “Alguns de vocês provavelmente vieram aqui para Rexburg já sabendo por si mesmos que esta é a igreja de Deus. Mas para aqueles que ainda estão vivendo pelo testemunho de outros, convido-os a reservar uma hora todos os dias para descobrir por si mesmos se o livro é verdadeiro, porque isso vai mudar seu coração, como mudou o meu”.3
Em João 5:39, lemos: “Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam”.
O Élder Bruce C. Hafen disse: “Podemos ter vida eterna se quisermos, mas somente se não houver nenhuma outra coisa que desejemos mais do que isso”.4
É preciso esforço para virmos a conhecer a verdade. Quanto mais nos esforçarmos, maior será a recompensa. Morôni disse: “E quando receberdes estas coisas, eu vos exorto a perguntardes a Deus, o Pai Eterno, em nome de Cristo, se estas coisas não são verdadeiras; e se perguntardes com um coração sincero e com real intenção, tendo fé em Cristo, ele vos manifestará a verdade delas pelo poder do Espírito Santo” (Morôni 10:4).
3. Vir a Conhecer o Plano do Pai Celestial
Pergunta número 3: Como [virei] a conhecer o plano pessoal que o Pai Celestial tem para mim?
Todos fazemos escolhas em nosso caminho de volta ao Pai Celestial. Seu plano para nós é um plano de felicidade. Joseph Smith disse: “A felicidade é a razão de ser e o propósito de nossa existência”.5 Nosso Pai Celestial quer que sintamos alegria. Cada um de nós traça a sua própria rota. Somos diferentes. Nossa personalidade, nossos talentos e atributos físicos e emocionais diferem uns dos outros. Alguns nos foram concedidos por Deus. Muito vem da disciplina pessoal. Nossos desejos podem vencer nossas fraquezas.
Eis um exemplo: Uma menina da segunda série foi diagnosticada como portadora de deficiência de aprendizado de memória visual. O psicólogo da escola disse: “Devido a essa incapacidade de lembrar e memorizar, ela sempre será a última da classe”. Os pais decidiram não dizer à filha que ela tinha aquela deficiência. Em seu empenho de simplesmente se sair bem na escola, ela teve que trabalhar arduamente para fazer o que seria fácil para a maioria. Estava cercada de boas amigas que tiravam boas notas na escola. Isso contribuiu para que se empenhasse mais. Levou mais tempo para ela aprender a tabuada, na terceira série, e as capitais dos Estados Unidos, na quinta. Matriculou-se nos cursos avançados no curso médio e continuou progredindo. As horas e mais horas que passou estudando foram uma prova de sua dedicação. Hoje, ela é enfermeira em uma unidade de terapia intensiva cardiológica, e é muito boa no que faz! Ela e seu Pai Celestial tinham um plano.
Outra história: Há aproximadamente um ano, visitei uma classe de moças. A professora pediu-nos que escrevêssemos nossas dez prioridades mais altas. Rapidamente comecei a escrever. Tenho de admitir que meu primeiro pensamento começava assim: “Número um: limpar a gaveta de lápis da cozinha”. Quando nossas listas estavam completas, a líder das Moças pediu que todas nós compartilhássemos o que havíamos escrito. Abby, que tinha recentemente feito doze anos, estava sentada a meu lado. Esta é a lista de Abby:
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1.
Cursar a faculdade na Universidade de Utah.
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2.
Tornar-me decoradora de interiores.
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3.
Fazer uma missão na Índia.
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4.
Casar-me no templo com um missionário que retornou do campo.
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5.
Ter cinco filhos e uma casa.
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6.
Enviar meus filhos para a missão e para a faculdade.
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7.
Tornar-me uma avó que sabe fazer biscoitos.
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8.
Mimar os netos.
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9.
Aprender mais sobre o evangelho e desfrutar a vida.
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10.
Voltar a viver com o Pai Celestial.
Dá para acreditar?! Eu digo: “Obrigada, Abby, por me ensinar a ter uma visão do plano do Pai Celestial para cada um de nós”. Fazemos um plano e o colocamos em prática da melhor maneira que pudermos. Haverá desvios. Pode haver uma ponte caída aqui, e às vezes a estrada pode estar bloqueada acolá, ou talvez nos percamos, mas podemos voltar para o caminho.
O Presidente Thomas S. Monson disse: “Se fizerem algo que não saiu conforme (…) planejado, quase sempre vocês podem consertá-lo, superar o problema ou aprender com ele”.6 Talvez imaginem que não haja um meio de voltar para o caminho. O adversário sorri com isso. Quero assegurar-lhes de que há um caminho de volta. O Salvador disse: “Eu [estendo] o braço sobre eles, dia após dia” (2 Néfi 28:32). E também: “Pois eis que esta é minha obra e minha glória: Levar a efeito a imortalidade e vida eterna do homem” (Moisés 1:39). Gosto de pensar que Deus trabalha ainda mais arduamente do que nós para levar-nos de volta.
Primeiro, Ele espera que encontremos nosso lugar em Seu plano e façamos tudo o que pudermos para colocá-lo em prática, obedecendo aos mandamentos e permanecendo em lugares santos. Se nossa meta final for a exaltação, nosso plano de lá chegar começará a dirigir cada decisão que tomarmos. Não caminharemos sozinhos. Ele nos ama e nos conhece pessoalmente. Está envolvido em cada detalhe de nossa vida e, às vezes, podemos sentir Sua mão em nossas costas ao trilharmos o caminho.
4. Vir a Conhecer o Pai e o Filho
Pergunta número 4. Como [virei] a conhecer o Pai e Seu Filho Amado?
O processo de virmos a conhecer o Pai e Seu Filho é o propósito de nossa existência.
O Salvador, quando orava ao Pai, disse: “E a vida eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste” (João 17:3).
Lamã e Lemuel “[desconheciam] os procedimentos daquele Deus que os havia criado” (1 Néfi 2:12). C. S. Lewis disse: “Enquanto você for orgulhoso, não conseguirá conhecer Deus”.7 O adversário deseja que não venhamos a conhecer Deus. Ele também deseja que percamos a sensibilidade, que fiquemos confusos, cercados pelo barulho, pelas distrações e por tudo que nos impeça de ter aqueles serenos momentos em que buscamos pessoalmente o Senhor. O envolvimento extremo em qualquer coisa é outra das ferramentas de Satanás. Só nós mesmos podemos criar tempo suficiente para conhecer o Senhor.
Se formos humildes, submissos ou mansos, vamos aproximar-nos do Senhor. Francis Webster, que percorreu a desolada trilha do Wyoming com a Companhia Martin de carrinhos de mão, em 1856, disse o seguinte em defesa do grupo: “Cada um de nós saiu dali com o conhecimento absoluto de que Deus vive, porque O conhecemos em nossos momentos extremos”.8
Passamos a conhecer o Salvador quando permitimos que Ele entre em nossa vida. Tornamo-nos mais desejosos de perdoar e mais dispostos a servir quando Ele faz parte de nossa vida. Quando nosso coração está aberto e receptivo, tornamo-nos mais semelhantes a Ele. É nesse momento que descobrimos que Ele esteve conosco o tempo todo. Sentimos paz. Nossas provações não são mais fardos, mas bênçãos, porque pavimentaram o caminho que nos conduziu até Ele.
Paulo disse: “Também nos gloriamos nas tribulações; sabendo que a tribulação produz a paciência,
e a paciência a experiência, e a experiência a esperança.
E a esperança não traz confusão, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Romanos 5:3–5).
C. S. Lewis chamou os que chegaram ao conhecimento de Cristo de “novos homens”. Ele disse: “Há novos homens espalhados aqui e ali por todo o mundo. (…) De tempos em tempos os encontramos. [O rosto e a voz] deles diferem dos nossos, sendo mais fortes, mais serenos, mais felizes e mais radiantes. Eles começam por onde a maioria de nós termina. (…) Não chamam a atenção para si mesmos. Tendemos a achar que estamos sendo bondosos com eles, quando na verdade são eles que estão sendo bondosos conosco. Eles nos amam mais do que os outros homens, mas precisam menos de nós. (…) Geralmente parecem ter muito tempo: perguntamo-nos de onde vem esse tempo. (…)
“(…) O processo de tornar-nos novos homens implica em perder o que chamamos de ‘nós mesmos’.Precisamos sair de dentro de nós mesmos e ir para Cristo. A vontade Dele deve tornar-se a nossa, e Seus pensamentos, os nossos pensamentos”.9
O Processo de Vir a Conhecer Por Si Mesmo
O processo de vir a conhecer o Espírito Santo, a veracidade do Livro de Mórmon, o plano do Pai Celestial para cada um de nós e o Pai e o Filho é algo muito belo.
Há um padrão em cada desejo de vir a conhecer. Conseguem vê-lo?
Néfi definiu esse padrão ao dizer: “Não vos lembrais das coisas que o Senhor disse? —Se não endurecerdes vosso coração e me pedirdes com fé, acreditando que recebereis, guardando diligentemente os meus mandamentos, certamente estas coisas vos serão dadas a conhecer” (1 Néfi 15:11).
Conseguem perceber o processo?
Néfi diz que esse processo inclui:
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Ter um coração humilde.
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Pedir com fé; convidar a ajuda do Senhor por meio da oração.
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Agir com diligência para guardar os mandamentos e fazer a vontade do Senhor.
- •
Reconhecer a mão do Senhor. É assim que isso nos será dado a conhecer. Ver a mão Dele em sua vida é a confirmação de Seu amor. Quanto mais reconhecemos Sua mão em nossa vida, mais envolvido Ele estará. É assim que passamos a conhecer o Salvador tal como O conhecíamos.
As pessoas que estavam junto às águas de Mórmon aumentaram sua fé por meio da oração. Por meio da diligência, agiram e aprenderam a guardar o dia do Senhor. Aprenderam a trabalhar com as próprias mãos e a servir ao próximo, espiritual e temporalmente. Os filhos de Mosias examinaram as escrituras e se entregaram a muita oração e jejum. Eles pagaram o preço para virem a conhecer.
Fiquei impressionada ao saber que o Élder Christensen orou em voz alta e prometeu ao Senhor que se Ele lhe revelasse a veracidade do Livro de Mórmon, ele dedicaria a vida à edificação do reino. Ele foi diligente e, com seu sacrifício noturno, veio a saber.
Abby criou um plano e com diligência o está colocando em prática. Sua meta de voltar a viver com o Pai Celestial vai confirmar suas decisões diárias. Ela está vindo a saber que o Senhor tem um plano para ela.
O processo de vir a conhecer por nós mesmos é muito pessoal. Podemos vivenciar esse “vir a conhecer” muitas vezes em nossa vida. É o processo de lembrar-nos do que conhecíamos. Saibam disto: Vocês realmente O conhecem, e se tiverem dúvidas de que Ele os conhece, simplesmente perguntem. O hino da Primária “Oração de uma Criança” começa assim: “Meu Pai Celeste, estás mesmo aí? Ouves e atendes da criança a oração?”10 Testifico que sim! Ele atende! O Senhor pode nos ensinar, se perguntarmos. Ajoelhem-se em oração e perguntem em voz alta: “Sou realmente Teu filho ou Tua filha? Tu me amas?” Em seguida, escutem. Há algo que nos torna muito humildes no processo de perguntar. Perguntar é um ato de fé.
Joseph Smith, quando era um rapaz de quatorze anos, num belo lugar de Nova York, no município de Palmyra, num bosque sagrado, perguntou com fé para vir a conhecer. Ele disse: “[Vi] dois Personagens; e eles realmente falaram comigo; (…) eu tivera uma visão; [e] eu sabia-o e sabia que Deus o sabia e não podia negá-la” (Joseph Smith—História 1:25). “E agora, depois dos muitos testemunhos que se prestaram dele, este é o testemunho, último de todos, que nós damos dele: Que ele vive!” (D&C 76:22).
Em Jerusalém, no sepulcro, no final do Sábado, quando alvorecia o primeiro dia da semana, Maria Madalena e a outra Maria foram saudadas por dois anjos num belo lugar do jardim. Os anjos disseram:
“Não tenhais medo; pois eu sei que buscais a Jesus, que foi crucificado.
“Ele não está aqui, porque já ressuscitou” ( Mateus 28:5–6).
Vindo a conhecer o Salvador ressuscitado, Jesus Cristo, passamos a saber que por meio de Sua Expiação, Ele vai aliviar toda dor. Ele proporciona alívio e consolo para todas as preocupações. Ele pode carregar nossos fardos e proporcionar paz a todo sentimento de incapacidade e todo desejo de mudar.
O Presidente Ezra Taft Benson disse: “Nada vai nos surpreender mais, quando passarmos para o outro lado do véu, do que dar-nos conta de que conhecemos nosso Pai Celestial e ver como Seu rosto nos é familiar”.11 Nós O conhecemos!
Aqui na Universidade Estadual de Utah estão minhas águas de Mórmon. Este campus é muito belo a meus olhos, porque foi aqui que comecei a vir a conhecer meu Redentor. Tenho orgulho de ser uma testemunha do Pai Celestial e do Salvador. Por meio do poder do Espírito Santo sei que Eles vivem. Vocês são pessoalmente preciosos para Eles. Vocês Os conheciam muito bem, antes de virem para esta Terra. Ao trilharem o caminho, perseverem. O abraço do Pai Celestial os aguarda. Amo vocês. Oro por vocês, como filhos Dele. Em nome de Jesus Cristo. Amém.
© 2011 Intellectual Reserve, Inc. Todos os direitos reservados. Aprovação do inglês: 2/11. Aprovação da tradução: 2/11. Tradução de Coming to Know. Portuguese. PD50031652 059
Exibir Referências
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1.
Joseph Smith, em History of the Church, vol. 2, p. 23.
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2.
Brigham Young, Discursos de Brigham Young, comp. por John A. Widtsoe 1954, p. 50 [tradução atualizada].
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3.
Clayton M. Christensen, “Decisions for Which I’ve Been Grateful” (Devocional na Brigham Young University–Idaho, 8 de junho de 2004), http://www.byui.edu/Presentations/Transcripts/Devotionals/2004_06_08_Christensen.htm.
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4.
Bruce C. Hafen, em Conference Report, abril de 2004, p. 101; ou A Liahona, maio de 2004, p. 97; itálicos no original.
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5.
Joseph Smith, em History of the Church, vol. 5, p. 134.
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6.
Thomas S. Monson, “Joy in the Journey”, em Awake, Arise, and Come unto Christ: Talks from the 2008 BYU Women’s Conference, 2009, p. 3.
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7.
C. S. Lewis, Mere Christianity, 1980, p. 124.
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8.
Francis Webster, citado em Gordon B. Hinckley, em Conference Report, outubro de 1991, p. 77; ou Ensign, novembro de 1991, p. 54.
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9.
Lewis, Mere Christianity, pp. 223–224.
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10.
“Oração de uma Criança”, Músicas para Crianças, pp. 6–7.
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11.
Ezra Taft Benson, “Jesus Christ—Gifts and Expectations” , em Speeches of the Year, 1974, 1975, p. 313.